Rev. Paulo Brocco

Pregação no culto de encerramento do Presbitério Piratininga.

Batismo da irmã Raimunda Goveia"

"E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará"!

Fachada da IPC de Bonfim

Rua A Quadra A, nº 48, Casas Populares - Senhor do Bonfim - BA

Igreja em festa: Confraternização

IPC de Senhor do Bonfim em festa.

domingo, 26 de outubro de 2014

AÉCIO OU DILMA?

Hoje, finalmente, elegemos o presidente do Brasil para os próximos quatro anos. A campanha, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foi uma das mais lastimosas dos últimos tempos. Acusações, denúncias e brigas marcaram o pleito deste ano. Apesar de não ser um bom critério de veracidade, tomo por princípio acreditar em tudo o que um diz sobre o outro. Acho que ambos se conhecem bem. A contagem de votos revelará que Aécio ou Dilma ganhou as eleições. Ao mesmo tempo, porém, as urnas mostrarão que perdemos todos nós ao elegermos alguém tão descomprometido com a honradez e a ética no trato com o próximo.

Como cristão, sei dos meus deveres em relação às autoridades instituídas por Deus: Orar, honrar, pagar impostos, obedecer. As Escrituras normatizam a obediência civil como dever cristão, até o ponto em que essa obediência não represente ato de desobediência a Deus. Ao professar a fé cristã, submeti livre e voluntariamente minha consciência à Palavra de Deus. Assim, no que me concerne, tenho procurado fazer isso, além de ensinar os mesmos valores à minha família e igreja. Pretendo estender essa deferência ao novo mandatário do nosso país e espero que os demais cristãos façam o mesmo, “por temor ao SENHOR”.

Contudo, devo admitir que não é fácil. Sem incorrer na temerária atitude de julgar os outros – no caso, os dois candidatos – a partir de informações que, pelo jeito, jamais serão dadas como verdadeiras, confesso que, pra mim, o dever cristão de prestar obediência ao(à) meu(minha) presidente é tão ou mais difícil do que lutar contra outros tantos pecados que me atormentam.

Por exemplo, não me sinto confortável em honrar uma pessoa que, sabidamente, tem em seu entorno colaboradores metidos em casos de desvio do dinheiro público (os dois candidatos, de acordo com denúncias públicas, têm.). Trata-se de uma parte do dinheiro que poderia, se bem aplicada, ter evitado que minha família tivesse de se humilhar anos atrás, tentando que bons médicos atendessem de graça ao meu irmão (vítima de toxoplasmose), porque o SUS não oferecia esse acompanhamento e o profissional – que mais tarde cuidou gratuitamente do meu irmão – só atendia em hospitais particulares.

Também não é simples pra mim ter de me submeter a alguém cuja política externa parece caminhar em direção aos Estados Unidos, colocando nossas riquezas em subserviência aos interesses do Tio Sam. Igualmente, faz-me sofrer a constatação de que essas mesmas riquezas, hoje, patrocinam portos em Cuba e obras na Venezuela e Bolívia. Em minha simplicidade, acredito que as riquezas de um país deveriam servir ao povo desse país.

Alguém disse que é possível conhecer o caráter de um homem a partir dos inimigos que ele tem. Aplicando esse critério ao nosso presidente (seja quem for), e considerando que os vencidos hoje serão, logicamente, os seus adversários (inimigos políticos), não me sinto nem um pouco animado em posicionar-me ferozmente em sua defesa, como os valentes de Davi fizeram por seu rei.

Claro, há coisas boas. O controle da inflação e o investimento de programas sociais são ganhos inegáveis. O pouco que estudei sobre Filosofia Política me fez entender que um presidente deveria ser punido se não domasse a inflação, pois ela corrói nosso patrimônio, fazendo nossas economias irem pelo ralo. O investimento no social, garantindo uma distribuição de renda, no mínimo, razoável, também é parte das atribuições do mandatário maior de um Estado. Logo, não é herói o presidente que controla a inflação ou promove o bem estar social. É apenas alguém que fez o que dele se esperava.

Enfim, está feito. Temos um/a novo/a presidente. O que fazer, então? Obedecer a Deus, orando pelo eleito de hoje, cumprindo nossos deveres de cidadãos e fazendo tudo o que estiver ao nosso alcance para vivermos bem e em paz, jamais esquecendo que “o amor é o vínculo da perfeição” (Cl. 3.14).

Rev. Renato Arbués.

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Por que ir à igreja é tão importante?

As pessoas estão cansadas. Estão cansadas do casamento, da escola, do trabalho, da vida. Por estarem cansadas, as pessoas têm procurado fugir de tudo isso que, antes, parecia dar sentido à vida. Não querem mais se casar, fogem da escola, evitam procurar emprego e, tristemente, atentam contra a própria vida.

Um discurso muito repetido é que as instituições estão falidas. Família, escola, trabalho, já não atendem mais às expectativas do homem moderno. Como o homem moderno há muito perdeu a paciência para reedificar muros caídos, acabou por escolher a via mais rápida, a da destruição. Explico-me. Restaurar um casamento demanda muito tempo e uma volumosa carga de energia emocional. Quem tem tempo pra isso? A opção mais prática, sem dúvida, é o divórcio. Tal raciocínio estende-se para todas as demais instituições.

Mas, e quanto à igreja? Por que as pessoas estão cansadas de irem à igreja? Será que a Casa de Deus também se tornou uma instituição falida e, por isso, descartável? Creio que não.

Porque na igreja, eu posso ouvir a Palavra de Deus sendo pregada. É claro que os pregadores não são perfeitos, nem na sua vida, nem na sua pregação. Porém, foram separados por Deus e reconhecidos pela igreja como porta-vozes do Senhor. Como pregadores não exercem seu ofício em bancos ou clubes, mas, sim, nas diversas igrejas espalhadas pela face da terra, é para uma delas que me dirijo sistematicamente a fim de ouvir as maravilhosas verdades de Deus para minha vida.

Na igreja, minha família é recebida por outras famílias. Meus filhos são tratados como filhos pelos meus irmãos em Cristo. E eu posso fazer o mesmo com os filhos deles. Na igreja, encontro homens que enfrentam lutas iguais ou diferentes das minhas, mas que buscam no mesmo Deus os recursos para serem vencedores. É para a igreja que o Senhor envia aqueles que Ele ama. E, claro, é pra lá que eu vou.

Mas na igreja há pessoas difíceis também. Há irmãos que torcem por times bem melhores que o meu. E eles riem de mim sempre que meu clube do coração perde (o que costuma acontecer com frequência). Mas, também, a bem da verdade, há irmãos que torcem por times piores que o meu, aí, óbvio, sou eu quem dá risada quando eles perdem. No entanto, podemos fazer isso sem o receio de que tal atitude vá provocar uma briga ou uma ruptura nas nossas relações. De forma nenhuma. O mesmo se dá na política. Cada um tem seu preferido e, lógico, alguém sempre vai perder. Mas há algo maior que nos une, o amor, que é o vínculo da perfeição. Nada – nem time, nem política – pode nos separar do amor de Deus e do amor fraternal.

Eu ando bem cansado fisicamente, mas disposto a ter mais cinquenta anos com minha família, na minha escola, no meu trabalho. E, por crer na vida eterna, anseio pela eternidade na companhia dos meus irmãos em Cristo, com os quais convivo semanalmente na minha igreja.

Que Deus me conceda essa alegria!

Rev. Renato Arbués.

sábado, 18 de outubro de 2014

DIFERENTES ATÉ NA DIFERENÇA!

Diferenças fazem parte do universo que habitamos. Os países são diferentes, suas culturas, faunas e floras são diferentes. As pessoas são diferentes. Com a diferença vem a separação. Os países são separados por fronteiras naturais, linguísticas, culturais. As pessoas se separam por ideologias, religiões e costumes. Enfim, não seríamos quem somos se não fôssemos diferentes.

Na igreja, que é a reunião de todos os que são chamados para a santidade, a diferença também se manifesta. Embora na ekklesia o papel da diferença não seja separar, mas permitir que as pessoas se completem umas com as outras, o que temos visto ao longo da história é que o corpo de Cristo muitas vezes tem se fragmentado em divisões espúrias e desonrosas.

No século II, os gnósticos, os judaizantes e os montanistas foram os grandes perturbadores da paz. A Igreja precisou combatê-los ferozmente. Os gnósticos ensinavam que algumas pessoas (eles) recebiam revelações especiais de Deus, revelações a que nem os escritores bíblicos tiveram acesso. Os montanistas eram chamados de os partidários da “Nova Revelação” ou “Nova Profecia”. Diziam falar línguas estranhas, afirmavam possuir diversos dons (você já viu esse filme, né?), expulsavam demônios, proibiam casamentos e relações sexuais e incentivavam jejuns rigorosíssimos. Novamente, a Igreja teve de ser dura com esse pessoal, provocando o que para alguns historiadores eclesiásticos foi o primeiro cisma organizacional dentro do cristianismo. Os últimos, os judaizantes, queriam que os cristãos guardassem os sábados, fossem circuncidados etc, etc, etc. Outra briga feia.

Em 1054, a Igreja entra numa nova divisão, provocada pela diferença de visão entre o mundo ocidental e o oriental. Foi desse rompimento que surgiu a Igreja Cristã Ortodoxa (Oriental).

E a Reforma? Outro cisma. E na Reforma? Lutero e Zwínglio deram origens a movimentos distintos porque os dois não concordavam na interpretação da Santa Ceia do Senhor. O primeiro dizia que o fiel “comia” o próprio corpo de Cristo juntamente com o pão (consubstanciação), enquanto o segundo ensinava que a prensença de Cristo apesar de real era espiritual, não física.

Menos de um século depois da Reforma, nos Sínodos de Dort, na Holanda, em 1618-1619, vemos a Igreja Protestante se separando mais uma vez devido a diferenças entre o pensamento calvinista e o arminiano. Os efeitos dessa briga perduram até hoje, grosso modo, tendo de um lado as igrejas presbiterianas, de tradição calvinista, e igrejas batistas e pentecostais (no Brasil, principalmente) representando a visão arminiana. Isso não quer dizer que você não encontrará presbiterianos que sejam arminianos e/ou batistas calvinistas. Vai, e muito.

Enfim, como vimos, o povo de Deus não é imune às diferenças que surgem entre eles. Pelo contrário, brigam e se apegam às suas opiniões, sendo conduzidos, muitas vezes, mais pela paixão do que pela racionalidade dos argumentos.

Nos nossos dias, as diferenças continuam separando os filhos de Deus. Mas, honestamente, duvido que um dia alguém tenha coragem de mencionar as brigas de hoje, sobretudo, as que são provocadas por paixão a Dilma ou Aécio.

Que pena!

Rev. Renato Arbués.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

NO ÉDEN E HOJE

De acordo com o Livro do Gênesis, havia duas árvores no jardim do Éden, a do conhecimento do bem e do mal e a árvore da vida. Se elas possuíam poderes mágicos e por quanto tempo não poderiam ser experimentadas por Adão e Eva, Moisés não nos informa. Só sabemos que estavam lá e que um dia teriam sua finalidade revelada pelo Criador.

A primeira árvore se chamava árvore do conhecimento do bem e do mal; a segunda, árvore da vida. É intrigante pensar sobre o motivo que levou Satanás a oferecer a Eva uma e não outra. Por que tentar nossos primeiros pais com a árvore do conhecimento ao invés de fazer isso com a árvore da vida? O desejo de conhecer é maior do que o de viver mais? O que você preferiria? Conhecimento ou longevidade?

Bem, Eva quis a árvore do conhecimento do bem e do mal. Adão também. Para os dois, conhecer aquilo que apenas Deus conhecia, saber os mistérios não revelados, desvendar o que não fora dito pelo Criador interessou-lhes mais do que viver para sempre. Assim, aceitaram a oferta do tentador e comeram. Depois de comerem do fruto proibido, “abriram-se lhe, então os olhos” (Gn. 3.7). Seu desejo foi realizado.

Eu acho que essa árvore devia se chamar apenas árvore do conhecimento do mal, pois, o bem eles já conheciam. Moravam no Éden, já haviam sido instruídos por Deus sobre o matrimônio e o cuidado com o mundo. Os animais lhe serviam. Enfim, conheciam o plano de Deus para a sua felicidade. O que lhes faltava era o conhecimento do mal.

Tão logo seus olhos foram abertos, perceberam-se nus (Gn. 3.7). Eles já estavam nus, porém, depois do conhecimento que obtiveram, sentiram vergonha e constrangimento. Era o mal lhes oferecendo seus primeiros frutos. A relação homem-mulher nunca mais seria a mesma. Seria marcada pela vergonha, sensualidade, falta de respeito, depravação.

O que era natural transformou-se em imoral. A árvore fez isso? Sim. Mas não fez sozinha. A árvore potencializou o que estava embrionariamente contido na atitude curiosa e desobediente de Adão e Eva. A semente do mal brotou no coração e na mente de Eva. Para que produzisse fruto, era questão de tempo.

E assim chegamos aos dias de hoje. Diferença? Não creio, afinal, a curiosidade por descobrir os segredos continua marcando a existência humana, a preferência pelo mal ainda é maior do que pela vida eterna e o relacionamento entre homem e mulher continua marcado pela sensualidade, luxúria, pornografia.

E por quê? Porque ao invés de escolherem a vida eterna os homens continuam preferindo conhecer o mal. E o mal é bom (com o perdão do paradoxo), mas não dura para sempre!

Rev. Renato Arbués.

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Difícil?

Oséias teve um ministério difícil. Não que haja ministérios mais fáceis que outros. Servir a Deus é sempre prazeroso e bom, porém, a meu ver, há homens que receberam uma tarefa cujo fardo mostrou-se mais pesado que o da maioria dos fiéis. Oséias é um exemplo desse tipo de servo.

Contemporâneo de Amós, Oséias denunciou os mesmos pecados que seu companheiro combatia. Amós em Judá, Oséias em Israel e pecadores nos dois países. Circunstâncias da política externa, levaram Israel e Judá a formalizarem alianças com nações estrangeiras, o que era terminantemente proibido por Yahwéh. Essa proximidade com povos pagãos, além de produzir uma falsa noção de segurança, facilitou o mergulho do povo de Deus nas práticas da idolatria, paganismo e erotismo, comuns aos aliados de ocasião. Oséias condenou tal situação.

Depois da pregação do profeta, Israel esboçou um arrependimento, logo denunciado como mentiroso por Deus: “Que te farei, ó Efraim? Que te farei, ó Judá? Porque o vosso amor é como a nuvem da manhã e como o orvalho da madrugada que cedo passa” (Os. 6.4). Israel não havia se arrependido verdadeiramente. Tinha mais medo da disciplina do que amor a Deus. A cegueira espiritual impede que vejamos a santidade divina se manifestar na disciplina que corrige, cura e endireita.

O Rev. Hernandes Dias Lopes, comentando a passagem de Oséias 6, afirma que a conversão de Israel foi falsa por várias razões, dentre elas, destaca-se que “Israel queria livrar-se das consequências do pecado, e não do pecado”. Ou seja, o medo era superior ao amor. O cinismo venceu a sinceridade.

A verdadeira conversão é composta de dois elementos: NEGATIVO: Arrependimento; POSITIVO: fé. O arrependimento é o reconhecimento da culpa, enquanto a fé é a volta para Deus para depositar nEle sua inteira confiança.

Os judeus estavam preocupados em serem curados, e não em ser purificados. Viram a nação em dificuldades e queriam que Deus “consertasse” as coisas, mas não se chegaram a Ele com o coração quebrantado e disposto a renunciar seus pecados.

Queriam felicidade e não santidade, uma mudança de circunstâncias e não uma mudança de caráter. Derramaram lágrimas de remorso por seu sofrimento, mas não de arrependimento por seus pecados. Toda mudança de pensamento produz mudança de comportamento. Israel mudou o comportamento, mas não o pensamento. Resultado: Não conseguiu manter-se no caminho da santidade e, infelizmente, estava prestes a ser julgado por Deus.

Eis a condição de boa parte dos cristãos de hoje. As igrejas estão cheias. “Nunca antes na história deste país”, houve tantos crentes. Mas, ao que parece, “nunca antes na história deste país”, houve tanta imoralidade, tanta corrupção, tanta falta de poder espiritual. Bancos cheios, corações vazios.

Muitos crentes não mostram mudança genuína, não buscam a Deus para terem vida, não mostram reverência pelo culto solene. Estão mais preocupados em salvar a pele e a reputação, mostram paixão intensa pelas bênçãos de Deus e não pelo Seu trono, dedicam-se ao que é supérfluo e artificial, enquanto suas almas definham no limbo da indiferença com as coisas espirituais, o que, finalmente, as levará para o inferno.

“Desperta, ó tu que dormes”! Não é hora de alianças com aqueles que colocarão um jugo sobre nossos pescoços e darão de nossos filhos alimento para o Diabo. É hora de congregarmos, de estudarmos, juntos, a Palavra de Deus, para respondermos aos escarnecedores sobre a razão de nossa fé, enquanto calamos as suas bocas malditas com o nosso testemunho.

A Igreja poucas vezes foi tão vilipendiada. O evangelho raramente foi tão desrespeitado. Mas os ímpios sempre fizeram isso. Não há, pois, nenhuma novidade nessa conduta. O que é novo, e a passividade da igreja de hoje. O que nós estamos fazendo? Nós, que fomos amados de tal maneira que o Unigênito filho de Deus teve de morrer na cruz para nos redimir, como temos honrado tão grande sacrífico?

Oséias teve um ministério difícil, sim. Cumpre a nós mostrar que valeu a pena! É difícil ser fiel e zeloso das coisas sagradas. Mas, é preciso. Lembre-se, irmão, “um pendão real vos entregou o rei, a vós, soldados seus!”

Mostre a sua coragem!

Rev. Renato Arbués.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

LIDANDO COM A HIPOCRISIA!

Já deve ter acontecido com você. O indivíduo está na sua frente, afirmando algo que você sabe ser mentira, porém, ele o afirma com tanta veemência que, por pouco, você não fica convencido da “verdade”. É a hipocrisia se manifestando.

Hipocrisia é fingimento. A palavra foi-nos legada do latim, significando “a representação de um ator”. Nos tempos dos teatros gregos, “hypocrités” era o nome das máscaras que os atores usavam de acordo com o papel que representavam. Por extensão, o termo hipócrita designa uma pessoa que oculta a realidade atrás de uma máscara de aparência (ver http://lillyessence.blog.com).

Keith Stanovich, cientista cognitivo que fez carreira estudando a hipocrisia, afirma que “as únicas pessoas que não são hipócritas são a minúscula e talvez não existente minoria que é tão santa que jamais se entrega a seus instintos mais básicos.” Para Stanovich, nenhum de nós seria capaz de cumprir as expectativas que nos são impostas ou tolerar os erros dos outros sem a possibilidade do fingimento. Assim, continua ele, ser hipócrita é uma necessidade básica, relacionada à existência do indivíduo. Sem ela, as relações pessoais seriam impossíveis. Você pode concordar ou não com isso (eu não concordo), porém, trata-se de uma perspectiva que incomoda e parece ter o peso da realidade a seu favor.

Como a religião não se dá fora do contexto humano, é natural que a hipocrisia encontre aconchego entre os que professam uma fé, especialmente, entre os cristãos. Especialmente, por quê? Porque Jesus Cristo, inúmeras vezes, alertou-nos contra o perigo da hipocrisia. Na passagem mais clássica, em que o Mestre aborda esse tema – a parábola do joio e do trigo (Mt. 13.24-29) – Ele afirma que o cristão autêntico (trigo) e o falso cristão (joio) crescem juntos, sendo separados apenas no dia da colheira, pelos encarregados da ceifa.

La Rochefoucauld disse que “a hipocrisia é a homenagem que o vício presta à virtude”. A ironia esconde o triste fato de que os homens amam o mal e o erro. Afinal, ninguém precisa fingir ter ódio ou desprezo por uma pessoa, enquanto o amor e a consideração pelas necessidades alheias exigem um esforço hercúleo de representação por parte de alguns. Quem nunca “leu” na expressão de um “amigo” a falsidade, das duas uma: Ou tem amigos perfeitos ou é muito distraído!

Enfim, lidar com a hipocrisia é lidar com o coração, “pois do coração saem os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as imoralidades sexuais, os roubos, os falsos testemunhos e as calúnias” (Mt. 15.19). O homem mais sábio de todos, Salomão, aconselhou seriamente aos seus leitores: “Acima de tudo, guarde o seu coração, pois dele depende toda a sua vida” (Pv. 4.23). Por fim, ainda citando as Escrituras, veja como orou o salmista: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece as minhas inquietações. Vê se em minha conduta algo te ofende, e dirige-me pelo caminho eterno” (Sl. 139. 23-24).

Portanto, caro leitor, a melhor maneira de lidar com a hipocrisia é cuidando do coração. Do seu coração!

Rev. Renato Arbués.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Orientações ao cristão eleitor!

Caro irmão, antes de tudo, é importante que você se lembre de que, ao nascer de novo, você se tornou um membro do corpo de Cristo. Isso significa mais do que ser parte de uma igreja; significa que você é um com o Filho de Deus, devendo amá-lo sobre todas as coisas. E o amor a Jesus, segundo Ele, se manifesta na obediência aos Seus mandamentos: “Vós sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando” (Jo. 15.14). Uma palavra que resume o princípio exposto até aqui é coerência. O dicionário Houaiss define coerência como “ligação, nexo ou harmonia entre dois fatos ou duas ideias”. Fato 1: Cristo está em você. Fato 2: Você está em Cristo. Que haja nexo entre esses dois fatos. Portanto, “quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer (como votar), fazei tudo para a glória de Deus” (claro, grifos meus) (1 Co. 10.31).

Com o propósito apenas de ajudar, peço que você considere atentamente as orientações abaixo:

1. Não ignore o partido ao qual seu candidato está filiado. A maioria de nós diz votar em “pessoas” e não em “partidos”, mas essa não é uma atitude muito sábia. O político deve obediência ao estatudo do seu partido, assim, ele não poderá agir livremente, de acordo com sua convicção, se sua ideologia pessoal contradisser à do partido.

2. No nível de introdução à Filosofia Política, aprende-se que partidos de direita são liberais na economia (pouca intervenção do Estado e maior poder à iniciativa privada) e conservadores nos costumes (defesa da família, da propriedade privada), enquanto partidos de esquerda são conservadores na economia (maior intervenção do Estado) e liberais nos costumes (casamento entre pessoas do mesmo sexo, liberação da maconha). Há, ainda, os de centro-direita (PSDB) e centro-esquerda (PT). Ser de “centro” quer dizer ser “moderado”, ou seja, PSDB e PT são, sim, de direita e de esquerda, só que moderadamente, entende? Pesquise nos sites de cada um, procurando ler, especialmente, o Estatuto.

3. Não ignore a vida pregressa do candidato. Nessa eleição, há candidatos que respondem a mais de 5 processos na justiça. “Dos 92 congressistas que vão disputar as eleições de outubro, 36 (ou seja, 40% deles) são alvos de investigação na mais alta corte do país, onde tramitam as acusações criminais envolvendo congressistas e outras autoridades federais.” (fonte: congresso em foco). Pesquise no site: www.congressoemfoco.uol.com.br e você encontrará os nomes de todos eles.

4. Não ignore as propostas do seu candidato. Veja o que ele diz sobre família, educação, religião, saúde, segurança. Certifique-se de que o que ele promete é factível (capaz de ser realizado por ele ou por iniciativa dele) ou não se trata de um palavreado flácido para acalentar bovino (conversa mole pra boi dormir).

5. Não se venda, pois Cristo derramou o Seu precioso sangue por você. Quando alguém pensa no dinheiro que pode auferir, nas vantagens pessoais ou para sua família ao vender-se para um político, fatalmente, acaba na mesma condição de Judas, que, por 30 moedas de prata (aproximadamente R$ 50.000,00), “traiu a geração dos filhos de Deus”.

6. Lembre-se da humildade que deve caracterizar os filhos de Deus. Você não é a pessoa mais inteligente do mundo por votar em A ou em B, nem seu irmão deve ser visto por você como “burro ou alienado” por discordar da sua opinião. “Acima de tudo isso, porém, esteja o amor, que é o vínculo da perfeição” (Cl. 3.14).

7. Desconfie de sorrisos, tapinhas nas costas, bajulações em geral. Não faz muito tempo, andando pelo centro de Senhor do Bonfim, fui abordado por um senhor com um sorriso fácil, batendo em meus ombros e dizendo para o amigo que o acompanhava, em referência a mim: “Aqui, este é o meu pastor!”. Em 18 anos que estou aqui, esse rapaz nunca pisou os pés na igreja. Duvido até que ele saiba qual o nome da minha igreja ou onde ela fica. Mas, como cabo eleitoral, ele representou bem o seu papel. Cuidado, “fugi da aparência do mal”, aconselhou Paulo (1 Ts. 5.22).
Finalmente, busque em Deus a orientação necessária para votar em um bom candidato e leia, pesquise, converse com irmãos mais esclarecidos na arte política. Acredite, ele (o bom candidato) existe e é ministro de Deus para o nosso bem (Rm. 13).

Rev. Renato Arbués.


quinta-feira, 18 de setembro de 2014

OPÇÃO PELO MAL

Dias interessantes, os nossos. Sob todos os aspectos. O que era certo ontem, hoje é errado. O que era errado ontem, hoje é tolerável. O que era tolerável ontem, hoje é banalizado. A desestrutura moral parece ter afetado a sociedade em todas as suas instituições: igreja, escola, família, Estado, etc.

Na igreja, valores antes absolutos, vão, pouco a pouco, relativizando-se. Como exemplo, menciono a relação do crente com sua congregação. Não faz muito tempo, era impensável um crente passar uma semana sem congregar-se com os irmãos. Os prazos alargaram, porém. Hoje, os crentes regulam a sua presença na igreja de acordo com suas prioridades: Faculdade, trabalho, descanso, lazer. “Buscai, pois, em primeiro lugar todas as coisas” – parece ser o lema da igreja atual. “O reino de Deus (igreja, oração, leitura da Bíblia, culto doméstico, reunião de oração) com o tempo será acrescentado”. O mais impressionante, no entanto, é que as pessoas continuam a falar de si como comprometidas com Deus e o Seu reino. Pois é, nem a mentira e a hipocrisia incomodam mais a um bom número de cristãos de hoje.

Na escola, a coisa parece ir de mal a pior. Fala-se muito dos alunos. Também pudera, são desobedientes, irresponsáveis, inconsequentes, ingratos, irreverentes. Claro, alguns se salvam. Mas são poucos. Na escola também encontramos professores que tipificam o título desta pastoral: Reclamam o tempo todo do salário, reclamam dos alunos, reclamam da sala de aula; reclamam de tudo e de todos. Menos de si mesmos. E o ambiente escolar, antes nossa segunda casa, hoje mais parece um segundo inferno.

A família também vai ruim. Pais ausentes, filhos mimados, Deus esquecido. Família era um porto seguro, um paraíso. Representava segurança, carinho, amor. Hoje, as famílias abrigam sob o mesmo teto inimigos contumazes: marido x mulher, pais x filhos,  irmão x irmão. Basta escolher o dia e a hora e se preparar para o confronto. Lar como uma pequena igreja? Coisa rara.

E o Estado? Denúncia de corrupção, comprovação de corrupção, premiação à corrupção. Políticas públicas? Todas as que incentivam e promovam a imoralidade são patrocinadas e apoiadas pelos órgãos públicos. As que visam a manutenção de comportamentos e valores conservadores são rejeitadas e taxadas como “preconceituosas”, “retrógradas” e “inúteis”. Bem advertiu Isaías: “Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem, mal; que fazem da escuridade luz e da luz, escuridade; põem o amargo por doce e o doce, por amargo!” (Is. 5.20).

Que temos feito para melhorar tudo isso?

Rev. Renato Arbués.

sexta-feira, 27 de junho de 2014

SABER OU VIVER?

De acordo com o Livro do Gênesis, havia duas árvores no jardim do Éden, a do conhecimento do bem e do mal e a árvore da vida. Se elas possuíam poderes mágicos e por quanto tempo não poderiam ser experimentadas por Adão e Eva, Moisés não nos informa. Só sabemos que estavam lá e que um dia teriam sua finalidade revelada pelo Criador.

A primeira árvore se chamava árvore do conhecimento do bem e do mal; a segunda, árvore da vida. É intrigante pensar sobre o motivo que levou Satanás a oferecer a Eva uma e não outra. Por que tentar nossos primeiros pais com a árvore do conhecimento ao invés de fazer isso com a árvore da vida? O desejo de conhecer é maior do que o de viver mais? O que você prefereria? Conhecimento ou longevidade?

Bem, Eva quis a árvore do conhecimento do bem e do mal. Adão também. Para os dois, conhecer aquilo que apenas Deus conhecia, saber os mistérios não revelados, desvendar o que não fora dito pelo Criador interessou-lhes mais do que viver para sempre. Assim, aceitaram a oferta do tentador e comeram. Depois de comerem do fruto proibido, “abriram-se lhe, então os olhos” (Gn. 3.7). Seu desejo foi realizado.

Eu acho que essa árvore devia se chamar apenas árvore do conhecimento do mal, pois, o bem eles já conheciam. Moravam no Éden, já haviam sido instruídos por Deus sobre o matrimônio e o cuidado com o mundo. Os animais lhe serviam. Enfim, conheciam o plano de Deus para a sua felicidade. O que lhes faltava era o conhecimento do mal.

Tão logo seus olhos foram abertos, perceberam-se nus (Gn. 3.7). Eles já estavam nus, porém, depois do conhecimento que obtiveram, sentiram vergonha e constragimento. Era o mal lhes oferecendo seus primeiros frutos. A relação homem-mulher nunca mais seria a mesma. Seria marcada pela vergonha, sensualidade, falta de respeito, depravação.

O que era natural transformou-se em imoral. A árvore fez isso? Sim. Mas não fez sozinha. A árvore potencializou o que estava embrionariamente contido na atitude curiosa e desobediente de Adão e Eva. A semente do mal brotou no coração e na mente de Eva. Para que produzisse fruto, era questão de tempo.

E assim chegamos aos dias de hoje. Diferença? Não creio, afinal, a curiosidade por descobrir os segredos continua marcando a existência humana, a preferência pelo mal ainda é maior do que pela vida eterna e o relacionamento entre homem e mulher continua marcado pela sensualidade, luxúria, pornografia. Como exemplo, pensem nas festas juninas. Primeiro, nas de antigamente. Como eram as roupas? Vestido de chita, calça comprida remendada, chapéu de palha... Agora pense nas festas juninas de nossos dias? Como são as roupas para “curtir” o São João? Roupa, que roupa? Usam roupa? O uniforme é perna de fora, barriga de fora, tudo de fora!

E tudo isso em apenas três dias. Por que a pressa? Porque ao invés de escolherem a vida eterna os homens continuam preferindo conhecer o mal. E o mal é bom (com o perdão do paradoxo), mas não dura para sempre!

Rev. Renato Arbués.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

A TUA PRÓPRIA BOCA TESTIFICA CONTRA TI

Davi estava há dois dias em Ziclague, descansando da última batalha. Ao terceiro dia, chega um homem ao arraial “com as vestes rotas e terra sobre a cabeça”. Era um amalequita que havia conseguido fugir do arraial de Israel, devastado pelos filisteus. O homem trazia uma notícia: o rei Saul e seu filho, Jônatas, estavam mortos. Ele os havia matado.

A ironia da história fica por conta do desfecho. Ele aguardava ser recompensado por Davi. Com a morte de Saul, inimigo de Davi, este, finalmente, poderia reinar sobre Israel. “Davi vai ficar tão feliz, que me presenteará com ouro, roupas finas e, quem sabe, um cargo no palácio”, deve ter pensado o amalequita. Ao invés disso, Davi chamou um de seus soldados e deu a seguinte ordem: “Vem, lança-te sobre esse homem”. O soldado feriu o mensageiro, e este morreu. Essa história pode ser lida nos seus detalhes no Segundo Livro de Samuel, capítulo 1.

O rei Davi não suportou a impertinência de um homem que havia acabado de matar o “Ungido do Senhor” e que, ainda por cima, se vangloriava de tal fato. Quem conhece a história sabe que o amalequita estava mentindo. Saul havia cometido suicídio. O futuro rei de Israel – Davi – ficou tão furioso que ordenou a morte do mentiroso. Foi então que Davi pronunciou as palavras que dão título a essa mensagem: “A tua boca testificou contra ti” (2 Sm. 1.16).

É impossível ler essa história e não meditar nas inconsequências de nossas palavras. Por razões diferentes das do amalequita, os homens têm falado coisas que testificam contra si mesmos. São promessas não cumpridas, votos desfeitos, compromissos ignorados, juras falsas, calúnias, mentiras, ofensas...

Não faz muito tempo, um senhor de meia-idade teve de ouvir de um comerciante a seguinte frase: “Você? Você se diz crente? Mentira!”. A surpresa do comerciante se deveu ao não pagamento de uma dívida e à tentativa, por parte do “crente” de adquirir mais uns produtos.

“Você se diz crente?”, como deve ser constrangedor ouvir isso!

É bom que se afirme que vida cristã não é vida perfeita. Não se está defendendo aqui a absoluta necessidade de conduta perfeita a fim de evidenciar-se cristão. Isso seria uma mistura de legalismo com farisaísmo e “impossivismo”.

Como calvinistas, afirmamos as verdades bíblicas como às da Depravação Total e Pecaminosidade Humana. Além, claro, da maravilhosa doutrina da Graça Irresistível de Deus e da Santidade dos crentes. E como calvinistas cremos tanto na Soberania de Deus quanto na Responsabilidade dos Homens. Nossa santificação vem de Deus, mas isso não elimina nossa responsabilidade de buscá-la e vivê-la na obediência aos preceitos cristãos.

O apóstolo Paulo, como bom calvinista, equilibrava essas duas verdades com uma naturalidade desconcertante para alguns: “Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã; antes, trabalhei mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo” (1 Co. 15.10).

Os crentes de hoje se veem numa guerra. Estamos, sim, combatendo o bom combate. Mas, quem são os nossos inimigos? Satanás, o mais forte deles; o mundo, o mais “tristemente prazeroso”; e, a carne (a natureza humana), a quem somos mais vulneráveis. Se empenharmos todas as nossas forças na luta contra um desses inimigos – Satanás, por exemplo – ficamos expostos aos outros dois. Logo, precisamos, como ensinou Jesus, “vigiar e orar, para que não entreis em tentação”.

Portanto, tomemos cuidado a fim de não sermos derrotados por nós mesmos, pela nossa própria boca. Falemos sempre a verdade, cumpramos sempre a nossa palavra, sejamos leais e honestos, esforcemo-nos para sermos achados fiéis à Palavra que professamos.

Talvez se o amalequita tivesse vivido alguns anos mais tarde, nos dias de Salomão, e tivesse ouvido e obedecido os conselhos do Sábio Rei, quem sabe, não teria tido uma morte tão ingrata: “Não te precipites com a tua boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus [...]; Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo; porque não se agrada de tolos. Cumpre o voto que fazes. [...] Não consintas que a tua boca te faça culpado, nem digas diante do mensageiro de Deus que foi inadvertência...” (Ec. 5.1-6).

Rev. Renato Arbués.

sábado, 21 de junho de 2014

PODE FOFOCAR?

Por que as pessoas se preocupam tanto com a vida dos outros? Por que tantos comentários sobre os erros e acertos do próximo? Por que tanta investigação para saber os detalhes do que se passou com um irmão ou irmã?

Essas perguntas me ocorreram devido a quantidade de vezes que fui abordado com perguntas sobre esse ou aquele irmão, o que estaria acontecendo com essa ou aquela família, por que tal irmão está tão ausente?

Como membros da mesma família, é natural que certo interesse ocorra entre nós. É até esperado. Afinal, uma de minhas responsabilidades cristãs é orar pelo meu/minha irmão/irmã e procurar ajuda-lo nas suas dificuldades. Não há outra maneira de se fazer isso sem me aproximar do outro, sem saber algo a seu respeito, sem me inteirar de sua situação. As noites de reunião de oração são excelentes para isso. Na exposição de nossos pedidos, informamos a nossos irmãos algo sobre nossa vida. Os momentos sociais da igreja também permitem certa aproximação e, claro, há as visitas sociais que podemos e devemos manter como hábito saudável entre nós.

Contudo, parece haver entre os crentes uma curiosidade maldosa pela vida alheia. Um burburinho é facilmente percebido especialmente quando alguém está em apuros: “Você tá sabendo?”, “Me disseram que...”, “Estão dizendo...”. Frases como essas, a meu ver, estão longe de demonstrar piedade e preocupação com a vida do outro e, sim, revelam a pura malícia humana, na sua verve mais mesquinha.

A Bíblia adverte diversas vezes contra a postura de quem “adora” comentar o cotidiano do próximo: “Não andarás como mexeriqueiro (fofoqueiro) entre o teu povo...” (Lv. 19.16); “o mexeriqueiro (fofoqueiro) revela o segredo; mas o fiel de espírito o mantém em oculto” (Pv. 11.13). O Espírito Santo deixou clara a sua reprovação aos comentários maldosos ou não, feitos sem o consentimento do envolvido.

Pra mim, porém, a passagem que mais me instiga a evitar tal comportamento está na Primeira carta de Paulo aos coríntios: “Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado” (1 Co. 2.2). Com tanta coisa que ainda tenho para descobrir sobre a obra de Cristo, dificilmente teria tempo para me debruçar sobre as estripulias de alguém. Aliás, a menos que alguém queira compartilhar comigo algo de suas particularidades, procuro sempre me manter a distância dos eventos que se passam longe do meu teto.

Enfim, creio que saber por que há tanto interesse na vida alheia não é tarefa simples ou realizável nesta vida. Porém, é possível que tenhamos uma atitude mais positiva em relação ao nosso próximo. Ao invés de querer saber detalhes a respeito de nosso irmão, vamos orar por ele; antes de comentarmos erros, tentemos corrigir os nossos; no lugar de divulgarmos má fama de alguém, falemos do amor de Deus por pecadores IGUAIS a nós. E, sobretudo, vamos procurar saber mais de Cristo, e este crucificado. Sem dúvida, das maravilhas, está é e será sempre a maior.

Rev. Renato Arbués.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

País sem exército

Há alguns anos, nós reunimos as famílias da nossa igreja para considerarmos um assunto premente naqueles dias. Hoje, infelizmente, percebo que o assunto continua atual. É a instabilidade emocional que provoca conflitos nos relacionamentos conjugais, familiares, sociais. As pessoas estão inseguras, confusas e, consequentemente, não confiam mais umas nas outras, ou em Deus. No livro “A universidade da Palavra”, de Dick Eastman, publicado no Brasil pela editora Vida, encontramos uma abordagem interessante sobre esse assunto. Valendo-se de uma analogia entre uma cidade sem muros e uma pessoa sem domínio próprio, o autor lança luz sobre os problemas de ordem emocional que tanto nos aflige. O texto base é Provérbios 25.28: “como cidade derrubada, que não tem muros, assim é o homem que não tem domínio próprio”.

Na década de 80, o Johns Hopkins Medical Journal publicou um estudo interessante sobre a relação entre o temperamento e a saúde física. Durante 3 décadas, a Drª. Caroline Thomas, cardiologista, juntamente com sua equipe, avaliou cuidadosamente as características combinadas da saúde física e mental de 1337 estudantes de medicina que cursaram a Universidade Johns Hopkins naquele período.

Os resultados foram os seguintes. Aqueles que tendiam a ser melancólicos, tensos e exigentes tinham a pior história médica. 77,3% dessas pessoas haviam sofrido alguma doença grave. Por outro lado, dos classificados como de personalidade estável e cuidadosa, apenas 25% tinham algum problema grave de saúde. Conclusão: quanto mais dificuldades a pessoa tem com seu espírito (ou atitudes) tanto mais vulnerável se torna aos ataques físicos.

Voltando para o nosso texto. Por que Salomão comparou uma pessoa sem equilíbrio, sem domínio próprio, a uma cidade que não tem muros? Nos dias do AT, os muros de uma cidade representavam sua mais importante defesa. Vejam o caso da China. Para conter os ataques bárbaros, eles tiveram que construir as maravilhosas muralhas da China. Jericó também agiu assim. Jerusalém era cercada por muros. Enfim, os muros representavam defesa. Assim como para um homem o equilibro de suas emoções, o domínio próprio é sua principal defesa contra os males espirituais e físicos.

Vejamos algumas características semelhantes entre um homem sem domínio próprio e uma cidade sem muros:

Vulnerabilidade Crescente:
Um país sem defesa é vulnerável a constantes ataques, como as antigas cidades sem muros. Sem proteção, os habitantes da cidade ficavam vulneráveis aos invasores.

O mesmo é verdadeiro em relação a uma pessoa que não domina suas emoções. Nunca se sabe quando uma simples palavra irá causar uma explosão emocional. Há pessoas que, um simples pensamento que lhe ocorre à noite pode roubar completamente o seu sono. Repito: O homem que não controla suas emoções torna-se vulnerável a qualquer inimigo, real ou imaginário.

Atitude Errada:
Quando uma cidade israelita perdia seus muros, ela podia ser invadida por edomitas, midianitas, filisteus, amonitas. Qualquer um podia se aproveitar da situação.

O mesmo ocorre com uma pessoa instável emocionalmente. Ela começa a ver os que estão à sua volta, mesmo os amigos, como potenciais adversários. Não tarda muito, ela é atacada pela paranoia, distúrbio caracterizado pela mania de perseguição. A pessoa passa a ver inimigos por todos os lados: em casa, no trabalho, na igreja, na escola...

Pessoas e atitudes são vistas sempre como suspeitas. Conviver com alguém assim, não é tarefa das mais fáceis, com certeza.

Ansiedade:
Imagine o que seria treinar um exército numa cidade sem muros. Os soldados deveriam ficar em estado de alerta as 24 horas do dia. Ninguém podia descansar. A exaustão, física e emocional, acabaria sendo pior que uma guerra de verdade.

Uma pessoa que não controla seu espírito age exatamente igual. Torna-se um ser humano inseguro. Vê maldade em tudo o que os outros fazem. Quando uma pessoa assim passa por um grupo que está sorrindo, ela deduz que estão rindo dela; Se chega num ambiente em que pessoas conversavam e interrompem a conversa, ela imagina que estavam falando dela.

A ansiedade destrói a alegria de um lar, pois quebra os vínculos fraternos e de carinho entre uma família.

Há cura para isso?

Há, no AT as cidades tinham que reconstruir seus muros. Se você sofre por não conseguir dominar o seu espírito, faça o seguinte: Reconstrua-o com a ajuda de Deus. É possível. O Rei Salomão escreveu que: “O espírito firme sustém o homem na sua doença, mas o espírito abatido, quem o pode suportar?” (Pv. 18.14). Ele ainda aconselhou: “O ânimo sereno é a vida do corpo, mas a inveja é a podridão dos ossos” (Pv. 14.30).

Peça a ajuda de Deus para reconstruir sua vida. Peça a Ele que o faça forte o bastante para controlar suas emoções. Com certeza, Ele ouvirá sua oração. Confie em Deus. Sempre!

Rev. Renato Arbués.


sábado, 7 de junho de 2014

Exceder os fariseus

Mateus 5.20: “Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus”.

Quando o Senhor Jesus pronunciou o sermão da montanha, estavam sentados em volta dele os seus discípulos, uma multidão de ouvintes que lhe seguiam e escutavam com prazer Suas palavras.

Era o começo da igreja. Ali estavam os apóstolos que um dia se sentarão em Seu reino em doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel. Porém, um deles era “um diabo”. Ali também havia uma multidão de seguidores, embora um pouco mais tarde, muitos deles também abandonariam Jesus quando suas esperanças de prosperidade e sucesso na terra fossem frustradas.

Mas, naquele momento, todos diziam crer em Jesus. E demonstravam isso através de sua presença ali e por sua atenção dedicada à pregação da Palavra.

Isso é precisamente o que ainda hoje vemos acontecer quando nos reunimos na igreja. Essa igreja, aqui e agora, esse grupo de pessoas, são o sal da terra e a luz do mundo (Mt. 5.14-15).

Então, para esses discípulos, para essa igreja e também para nossos filhos, Jesus acaba de falar sobre a justiça que deve haver entre eles, como prova de que aqui realmente se congregam futuros cidadãos do Reino dos Céus.

Não. Jesus não está ensinando que somos salvos mediante a justiça própria. Isso nos é totalmente impossível. Cristo é o Salvador. Somente Ele. E o homem é justificado pela fé em Cristo, e não por obras da Lei. Porém quem confessa que busca sua justiça em Jesus e que a encontra nEle, segundo suas firmes promessas; quem isso professa deve confirmar isso por frutos agora; e frutos abundantes, muito mais que os que eram produzidos pelos escribas e fariseus.

Trata-se de exigências enormes para aqueles judeus que rodeavam a Jesus no monte. Não havia ninguém então mais cumpridor da Lei do que os escribas e fariseus. Mas Jesus exige de pescadores e camponeses que mostrem uma justiça mais abundante que a dos doutores da Lei, e sob a ameaça de serem rechaçados como servos inúteis, caso não conseguissem.

Num sentido literal, os escribas e os fariseus tinham justiça. Mas era uma justiça externa, da porta pra fora, como diríamos. Se o mandamento dizia: “Não matarás”, eles o tomavam ao pé da letra e não matavam. Porém Jesus também toma estritamente o ódio ao irmão, manifestado em insultos e xingamentos, como parte desse mandamento também.

Os escribas e fariseus levavam a sério o mandamento que dizia: “Não adulterarás”. Eles não adulteravam. Mas Jesus proibiu também entre Seu povo olhares maldosos, cheios de cobiça, classificando tudo isso como adultério.

Os escribas e fariseus respeitavam grandemente a proibição de divorciar-se. Porém Jesus não queria permitir nenhuma carta de repúdio mais em Sua igreja. A “dureza de coração” devia ser quebrada pela pregação da Palavra e pelo Espírito Santo.

Escribas e fariseus sabiam amar e cuidar do próximo. Porém, na Igreja de Jesus, também se exige amor aos inimigos. É, pois, de se perguntar: “As regras na igreja de Jesus são mais rigorosas do que na igreja dos escribas e fariseus?”. Absolutamente não. Aqueles a quem Jesus perdoou uma dívida de 10.000 talentos não devem torturar a seus irmãos por 100 moedas.

O fato de os fariseus exigirem até o último centavo de seus devedores, não poderia ser de outra maneira, pois eles também davam a Deus o que pertencia a Ele até o último centavo. E sabemos que, quem é severo consigo mesmo também será com os outros. Mas aquele que sabe que vive pela graça, não pode fazer outra coisa senão mostrar graça e perdão.

Por isso, nossa justiça deve ser muito maior que a dos fariseus. Isso é possível. Pois nosso Senhor Jesus Cristo nunca exige de Sua igreja o que é totalmente impossível. Seu jugo é suave e sua carga é leve.

Nossa justiça será maior quando tivermos olhos para ver e praticar as obras que são fruto do Espírito Santo. Essa justiça existe onde vivem e trabalham os verdadeiros filhos de Deus.

A justiça que agrada a Deus é proveniente do coração. Deus julga nossos atos, sim. Mas Ele também considera nossos motivos. Não é o bastante fazer o bem; é importante considerar acerca do motivo que nos leva a praticá-lo.

Pessoas podem fazer coisas boas mesmo tendo um coração sujo. Hittler era incapaz de machucar um gato de estimação; ao mesmo tempo comandou o assassinato de milhões de judeus. Saddam Houssein era extremamente generoso com os netos, mas implacável com os filhos e netos de seus oponentes.

Portanto, a justiça do crente deve superar a dos hipócritas, dos fariseus. Isso será possível quando tivermos motivos nobres, razões verdadeiras, causas corretas. É possível viver assim. É possível cumprir a vontade de Deus. É possível entrar no Reino dos Céus.

Rev. Renato Arbués.


quinta-feira, 5 de junho de 2014

QUEM QUER DINHEIRO? OU CURA, OU UM AMOR...

Gostaria de compartilhar uma das coisas mais absurdas já escritas. Pior, escrita por igrejas que pretendiam convidar pessoas para assistirem a seus cultos.     Trata-se de um anúncio colocado em dois jornais que atendem à colônia brasileira da costa leste dos Estados Unidos, o Brazilian Voice e o Brazilian Times:

Desemprego, caminhos fechados, dificuldades financeiras, depressão, vontade de suicidar, solidão, casamento destruído, desunião na família, vícios (cocaína, crack, álcool, etc), doenças incuráveis (câncer, aids, etc), dores constantes (de cabeça, coluna, pernas), insônia, desejos homossexuais, perturbações espirituais (você vê vultos, ouve vozes, tem pesadelos, foi vítima de bruxaria, macumba, inveja ou olho grande), má sorte no amor, desânimo total, obesidade, etc... Nós! Sim, nós temos a solução para você! (Fonte: Revista Ultimato, janeiro de 93, p. 14).
               
Antes de ler o que a Palavra de Deus ensina sobre isso, sinceramente, me responda: Há alguém que não tenha problemas com um ou mais desses itens? Eu, por exemplo, sofro muitas dores de coluna e algumas dificuldades financeiras...

“Teologias são criadas por teólogos”, disse alguém. O óbvio ululante esconde uma crítica à diversidade de ensinamentos ministrados que, na verdade, não passariam por um crivo de autenticidade se confrontados com a Santa Palavra de Deus. Em matéria de fé, RARAMENTE o novo é melhor. No entanto, igrejas inteiras resolveram abandonar as antigas doutrinas da graça e abraçar doutrinas novas, estranhas; verdades reveladas a alguns iluminados que gozam do suposto (e duvidoso) privilégio de serem iluminados.

O apóstolo Paulo, escrevendo aos gálatas, advertiu contra essa tendência: “Há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema (maldito). Assim, como já dissemos, e agora repito, se alguém vos prega evangelho que vá além daquele que recebestes, seja anátema” (Gl. 1.7-9). Paulo diz que se ele mesmo ou um anjo vindo do céu ensinasse uma “verdade” diferente daquela já ensinada, deveriam ser rejeitados!

E que evangelho foi pregado por Paulo? Leiamos 2 Co. 15.3-4: “Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras”. Esse é o evangelho bendito, revelado pelo Santo Espírito do Senhor. Cristo morreu pelos nossos pecados, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia. E para quê? Ora, ouçamos a resposta dada pelo próprio Filho de Deus: “Porque eu desci do céu, não para fazer a minha própria vontade, e sim a vontade daquele que me enviou. E a vontade de quem me enviou é esta: que nenhum eu perca de todos os que me deu; pelo contraio, eu o ressuscitarei no último dia. De fato, a vontade de meu Pai é que todo homem que vir o Filho e nele crer tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo. 6.38-40).

Hoje, as pessoas não estão mais interessadas em ouvir o antigo e sublime evangelho. Elas estão à procura de novidade, de algo que responda às suas questões mais urgentes e banais. É como diz a música: “Você tem fome de quê?”.

Os iluminados perceberam que as pessoas estão mais interessadas em doutrinas que tragam alívio imediato para suas dores e soluções para seus problemas, especialmente os financeiros. Então passaram ensinar outro evangelho que não o apresentado com simplicidade e verdade pelas Escrituras Sagradas.

Por exemplo, os filhos de Deus agora são chamados filhos do Rei, e é nessa condição que devem viver. A perspectiva de uma vida cristã com restrições, sofrimentos e tribulações por amor a Cristo não corresponde ao verdadeiro plano de Deus para Seus filhos amados, dizem. Ao contrário, Ele deseja que Seus filhos sejam em tudo bem-sucedidos, vitoriosos e triunfantes. Afinal, toda espécie de mal – incluindo as doenças e a pobreza – é fruto da ação direta de Satanás e, portanto, destinada apenas aos que se encontram sob o seu domínio, nunca aos verdadeiros crentes.

Descobriu-se que a razão para existirem muitos crentes que ainda padecem desses males é a sua ignorância quanto a seus direitos como filhos de Deus e ao poder divino disponível nas palavras daqueles que conhecem os segredos da confissão positiva. Méritos para um dos promotores dessa pregação, o norte-americano Kenneth Hagin.

Eu creio com todas as minhas forças que Deus é o Senhor do Universo e que pode todas as coisas. Eu oro para que Ele abençoe minha família e supra todas as nossas necessidades, tanto materiais quanto as espirituais. Quando alguém me pede (e mesmo sem pedir), eu oro a Deus para que, segundo a Sua santa vontade, ajude a pessoa com quem estou tratando, e creio firmemente que Ele pode atender à minha oração. Mas, daí a afirmar que Deus só demonstra o Seu amor para o Seu povo quando Ele enriquece, cura e afasta qualquer tipo de mal de suas vidas, peraí... É uma irresponsabilidade. É dizer o que a Bíblia não diz.

Prestem atenção a um trecho da história de Jacó, registrada em Gn. 31. Jacó estava falando com Labão de onde veio a sua riqueza: “Vinte anos eu estive trabalhando, as tuas ovelhas e as tuas cabras nunca perderam as crias, e não como os carneiros de teu rebanho. O que era despedaçado pelas feras, eu sofri o dano, da minha mão o requerias. De maneira que eu andava, de dia consumido pelo calor, de noite, pela geada; e o meu sono me fugia dos olhos” (Gn. 31.38-40). A riqueza de Jacó não veio de palavras poderosas ou de bênçãos sobrenaturais: veio do trabalho! Trabalho abençoado por Deus. Mas trabalho com muito esforço!

E quanto Ana? Uma mulher que não podia ter filhos. Ela foi à igreja e orou, pedindo um filho ao Senhor. Quando recebeu, ela orou e disse essas palavras sobre o Deus que a abençoou: “Não há santo como o SENHOR; porque não há outro além de ti; e Rocha não há, nenhuma como o nosso Deus. O Senhor é quem tira a vida e a dá; faz descer à sepultura e faz subir. O SENHOR EMPOBRECE E ENRIQUECE; ABAIXA E TAMBÉM EXALTA (1 Sm. 2.2, 6-7.

O apóstolo Paulo escreveu sobre as tribulações: “que ninguém se inquiete com as tribulações. Porque vós mesmos bem sabeis que estamos destinados a isso” (1 Ts. 3.3). Isso o quê Paulo? Tribulações!

Ou seja, as lutas, as tribulações, fazem parte da vida do crente tanto quanto as vitórias e as alegrias. Deus nos dá tanto um quanto outro. E ele continua sendo Deus! O nosso Deus!

Mas, e por que aquelas igrejas fazem anúncios daquela maneira? Por que as pessoas anunciam que basta irem à igreja para terem seus problemas resolvidos, suas doenças curadas, bastando apenas um “pequeno” gesto de sacrifício, geralmente manifestado numa contribuição financeira. Sim, porque o deus pregado hoje em dia é louco por dinheiro!

Mas, para responder a pergunta e finalizar essa meditação, tenho a dizer que, igrejas anunciam solução para todos os tipos de problemas em troca de uma ofertinha, simplesmente porque elas preferem dar ouvidos às palavras do DIABO. Sim, Satanás foi bastante inteligente quando disse uma coisa pra Deus. Acompanha comigo Jó 2.4: “Então, Satanás respondeu ao SENHOR: Pele por pele, e tudo quanto o homem tem dará pela sua vida”. Respondido?

 Rev. Renato Arbués.

terça-feira, 3 de junho de 2014

Sem tempo pra nada

Apropriação do tempo
Eclesiastes 3.9-11

Nos versos anteriores, Salomão fala sobre o tempo. “Há tempo para tudo”, diz ele, após considerar pacientemente cada uma das principais atividades humanas. Depois disso, o pregador propõe uma questão desconfortável: Qual o proveito de todas essas atividades? Por que dividimos tão bem (?) o nosso tempo para conseguirmos executar nossas tarefas, se, afinal, sequer termos certeza de que desfrutaremos do fruto de nosso trabalho?

De que adianta nascer se você eventualmente vai morrer? De que adianta plantar se haverá um tempo em que arrancar será preciso? Pra que colocar tanto empenho na árdua tarefa de ajuntar pedras a fim de construir algo se quando chega a guerra ou as intempéries naturais tudo vai se espalhar?

Homens reclamam que lavam o carro hoje e amanhã já está sujo. As mulheres se queixam da rotina doméstica: lavam e passam o tempo todo. E quando pensam que o serviço terminou... Surpresa: Há uma pilha de louças e roupas esperando por elas.

O pregador disse que observou essas coisas: “Vi o trabalho que Deus impôs aos filhos dos homens, para com ele os afligir” (3.10). O que isso quer dizer? Em primeiro lugar significa que antes de reclamar precipitadamente das coisas, precisamos considerar que essas coisas foram estabelecidas por Deus. Portanto, elas cumprem um propósito, um objetivo santo e sábio. Deus é que estabelece nossas atividades.

Você já considerou que lavar carros e pratos pode ser um serviço para o Senhor? (Difícil acreditar, não?)

Ele tem feito cada coisa “ser no seu próprio tempo” (3.11). A palavra traduzida por  "apropriado, formoso" é a palavra hebraica para "lindo, bonito". Ela é usada para descrever a beleza de Sara (Gn. 12.11, 14), Raquel (Gn. 29.17), Ester (Et. 2.7), e as filhas de Jó (Jó 42.15). Também é usada para descrever tanto homens como mulheres – José era descrito como um homem bonito (Gn. 39.6).

Então há algo a considerar. Nossas atividades cumprem um propósito divino. E esse propósito divino é belo, formoso. Um lindo projeto. Infelizmente, o pecado impossibilita que vejamos os desígnios de Deus como belos e perfeitos. O pecado nos deixou tão incapacitados para as coisas espirituais que nos faz tratar coisas importantes como lixo e o que é lixo como algo importante nas nossas vidas.

Quer exemplos? Veja como sua família trata o horário do culto doméstico. Agora compare com o horário da novela ou do jornal. Quer mais? Observe como o seu esposo cuida do carro. Ele lava (ou manda lavar), não deixa ficar sem gasolina, verifica o óleo, o extintor, manda alinhar...  Agora compare com o cuidado que ele dispensa à vida acadêmica de seus filhos. Ele lê o boletim? Vai à escola? Ensina e cobra a lição? Mais exemplos? As mulheres gastam (elas diriam “investem”) um tempo razoável “fazendo” as unhas e o cabelo. É o mesmo tempo empregado para preparar-se para uma reunião da SAFPC ou de oração?

O problema é que não conseguimos ver a história inteira da nossa vida. E porque não vemos a história inteira, não enxergamos a beleza de nossa história. Deus criou-nos com uma insatisfação para essa vida "debaixo do sol". Deus nos fez para sempre desejar conhecer a história completa. Ele também colocou a eternidade em nossos corações. Que é a boa nova. A má notícia é que, não podemos dominar essa eternidade em nós - , sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até ao fim.

Você nunca terá todas as respostas em sua vida. E isto por desígnio divino. Deus estruturou assim o caminho: Ele colocou a eternidade nos corações dos homens, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até ao fim.

Qual o significado de Deus ter colocado a eternidade em nosso coração? Isto significa que Deus deu-nos um senso da vida eterna - um senso que nos faz pensar e imaginar uma vida além da nossa vida curta. Isto também significa que o homem deseja a vida eterna.

Isto significa que o homem tem a vontade de compreender o programa completo de Deus. O homem tem adotado a ciência e a filosofia bem como a teologia na busca das respostas. Seria bom entendermos toda criação. Mas, o máximo que temos conseguido é priorizar a criatura ao invés do Criador.

"Nosso Pai celestial providenciou estalagens deleitáveis para nossa longa jornada, mas ele toma grande cuidado para que não confundamos tais estalagens com nossa casa” (C. S. Lewis).

Há um caminho longo para casa - uma profunda chamada do espírito humano para uma vida melhor. Este desejo que nós não conseguimos realizar é parte do plano de Deus. Falaremos dele depois.

Rev. Renato Arbués.