No mundo antigo, os muros que
circundavam uma cidade representavam sua principal defesa. De nada adiantava um
exército numeroso, com armas modernas e homens bem preparados, caso suas
muralhas estivessem em ruínas. Reis investiam fortunas na construção de paredes
sólidas, capazes de suportar os potentes ataques dos aríetes inimigos e
proporcionar a sensação de segurança dos habitantes. Não por acaso, Salomão
comparou os muros de uma cidade com o domínio próprio: “Como cidade derribada, que não tem muros, assim é o homem que não tem
domínio próprio” (Pv. 25.28).
Domínio próprio é a habilidade que
o homem tem de saber-se controlar, de conter seus impulsos para a gula, a
inveja, a vingança, o ódio, a imoralidade, o consumismo. Assim, parece natural
identificar essa habilidade com a nossa mente. É utilizando a razão que
decidimos que determinada atitude é certa ou não; é por ela que escolhemos
nossos caminhos e os consequentes resultados. Portanto, ter domínio próprio
implica cuidar bem da mente, enchendo-a de parâmetros santos e espirituais.
Uma cidade sem muros deixava os
moradores ansiosos. Sem a proteção principal, qualquer inimigo podia prevalecer
contra a cidade. Ora, a analogia com o nosso estado de espírito é explícita.
Quando perdemos a razão, qualquer pensamento negativo pode produzir ansiedade.
Uma pessoa ansiosa não dorme, não tem apetite, não consegue sequer manter sua
vida devocional. Perde o domínio.
Com tijolos e cimento pode-se
construir um muro. Obviamente, para reconstruir nosso equilíbrio espiritual
precisaremos de outros materiais e outras ações. Mas, com que tipo de material
é possível reconstruir nossa paz de Espírito? Como restaurar o controle de
nossas emoções? É possível desenvolver pensamentos assim como desenvolvemos músculos?
Em primeiro lugar, se quiséssemos
fortalecer outras partes do corpo, começaríamos pelos exercícios físicos.
Seguindo essa lógica, creio que devemos iniciar exercitando a mente também. A
atividade por excelência da razão humana é pensar. Pensamos o dia todo nas mais
diferentes coisas. Pensamos em ir a algum lugar, em mudar de casa, em fazer um
lanche, em comprar uma roupa etc. Mas, será que temos pensado nas coisas lá do
alto?
Os cristãos, há séculos, tentam
alcançar a tão sonhada “mente cristã”. O que seria isso? Seria conseguir pensar
nos assuntos cotidianos a partir de uma perspectiva bíblica, espiritual. Para
isso, é preciso que alimentemos nossa razão com a Teologia, a Ética Cristã, as
Virtudes do Espírito. Paulo disse: “Finalmente,
irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo,
tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma
virtude há e se algum louvor existe, seja
isso o que ocupe o vosso pensamento” (Fp. 4.8).
Sabemos o nome de dezenas de
candidatos. Conseguimos citar nomes e histórias de mais de 20 personagens de
novelas. Conhecemos o líder do campeonato brasileiro e projetamos o campeão com
base no desempenho de cada time. Mas, a maioria de nós simplesmente não sabe quantas
são as bem-aventuranças; poucos conseguem identificar onde na Bíblia se
encontra a oração do Pai Nosso; Quem saberia dizer o real significado de
guardar o “Dia do Senhor”?
A menos que nos dediquemos e
invistamos boa parte do nosso tempo na difícil tarefa de fortalecer nossa vida
espiritual, seremos como cidades sem muros, totalmente indefesos diante das
investidas mais comuns do nosso inimigo mais forte, o pecado.
“Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscais as
coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus. Pensai nas
coisas lá do alto, nã nas que são aqui da terra; porque morrestes, e a vossa
vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus.” (Cl. 3.1-3).
Confie sempre em Deus e jamais
permita que o desespero vença você. Como? Comece cuidando da sua mente: tenha
critério quando ligar a sua televisão, comprar um livro, procurar um amigo para
conversar. Lembre-se: Se o diabo viesse até nós de chifre e tridente na mão,
certamente, correríamos. Por isso, ele vem bem vestido, falando mansamente, nos
fazendo rir e demonstrando muita sabedoria (deste mundo, claro).
Cabe a você decidir: Quer ser um vencedor ou derrotado?
Pense nisso.
Rev. Renato Arbués.
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