segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Muros e ansiedade


No mundo antigo, os muros que circundavam uma cidade representavam sua principal defesa. De nada adiantava um exército numeroso, com armas modernas e homens bem preparados, caso suas muralhas estivessem em ruínas. Reis investiam fortunas na construção de paredes sólidas, capazes de suportar os potentes ataques dos aríetes inimigos e proporcionar a sensação de segurança dos habitantes. Não por acaso, Salomão comparou os muros de uma cidade com o domínio próprio: “Como cidade derribada, que não tem muros, assim é o homem que não tem domínio próprio”  (Pv. 25.28).

Domínio próprio é a habilidade que o homem tem de saber-se controlar, de conter seus impulsos para a gula, a inveja, a vingança, o ódio, a imoralidade, o consumismo. Assim, parece natural identificar essa habilidade com a nossa mente. É utilizando a razão que decidimos que determinada atitude é certa ou não; é por ela que escolhemos nossos caminhos e os consequentes resultados. Portanto, ter domínio próprio implica cuidar bem da mente, enchendo-a de parâmetros santos e espirituais.

Uma cidade sem muros deixava os moradores ansiosos. Sem a proteção principal, qualquer inimigo podia prevalecer contra a cidade. Ora, a analogia com o nosso estado de espírito é explícita. Quando perdemos a razão, qualquer pensamento negativo pode produzir ansiedade. Uma pessoa ansiosa não dorme, não tem apetite, não consegue sequer manter sua vida devocional. Perde o domínio.

Com tijolos e cimento pode-se construir um muro. Obviamente, para reconstruir nosso equilíbrio espiritual precisaremos de outros materiais e outras ações. Mas, com que tipo de material é possível reconstruir nossa paz de Espírito? Como restaurar o controle de nossas emoções? É possível desenvolver pensamentos assim como desenvolvemos músculos?

Em primeiro lugar, se quiséssemos fortalecer outras partes do corpo, começaríamos pelos exercícios físicos. Seguindo essa lógica, creio que devemos iniciar exercitando a mente também. A atividade por excelência da razão humana é pensar. Pensamos o dia todo nas mais diferentes coisas. Pensamos em ir a algum lugar, em mudar de casa, em fazer um lanche, em comprar uma roupa etc. Mas, será que temos pensado nas coisas lá do alto?

Os cristãos, há séculos, tentam alcançar a tão sonhada “mente cristã”. O que seria isso? Seria conseguir pensar nos assuntos cotidianos a partir de uma perspectiva bíblica, espiritual. Para isso, é preciso que alimentemos nossa razão com a Teologia, a Ética Cristã, as Virtudes do Espírito. Paulo disse: “Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento(Fp. 4.8).

Sabemos o nome de dezenas de candidatos. Conseguimos citar nomes e histórias de mais de 20 personagens de novelas. Conhecemos o líder do campeonato brasileiro e projetamos o campeão com base no desempenho de cada time. Mas, a maioria de nós simplesmente não sabe quantas são as bem-aventuranças; poucos conseguem identificar onde na Bíblia se encontra a oração do Pai Nosso; Quem saberia dizer o real significado de guardar o “Dia do Senhor”?

A menos que nos dediquemos e invistamos boa parte do nosso tempo na difícil tarefa de fortalecer nossa vida espiritual, seremos como cidades sem muros, totalmente indefesos diante das investidas mais comuns do nosso inimigo mais forte, o pecado.

“Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscais as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus. Pensai nas coisas lá do alto, nã nas que são aqui da terra; porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus.” (Cl. 3.1-3).

Confie sempre em Deus e jamais permita que o desespero vença você. Como? Comece cuidando da sua mente: tenha critério quando ligar a sua televisão, comprar um livro, procurar um amigo para conversar. Lembre-se: Se o diabo viesse até nós de chifre e tridente na mão, certamente, correríamos. Por isso, ele vem bem vestido, falando mansamente, nos fazendo rir e demonstrando muita sabedoria (deste mundo, claro).

Cabe a você decidir: Quer ser um vencedor ou derrotado?

Pense nisso.

Rev. Renato Arbués.


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