Afinal,
o que querem os crentes? A pergunta é “plagiada”. Quando Freud investigou, por assim dizer, as condições de vida e o que
exigiam as mulheres, ele questionou: “Afinal,
o que querem as mulheres”. Seu questionamento era cheio de ironia e
reprimenda. Nossa indagação, frise-se, não é feita com ironia. Talvez com um
tom de advertência.
Voltemos à questão. Se somos
crentes, é porque fomos chamados por Deus, regenerados por Seu Santo Espírito,
justificados sob a base da justiça de Cristo (bênção apropriada por meio da fé)
e, também por meio da obra do Espírito Santo, vivemos em santidade, rumo à
perfeição, conforme nos orienta o apóstolo Paulo (Fp. 3).
Podemos simplificar a resposta.
Somos crentes porque Deus quis. É assim que o apóstolo João entendia o fato de
alguém servir a Deus. Para João, “nós o
(a Deus) amamos, porque Ele nos amou primeiro” (1 Jo. 4.19).
Entre a complexidade da primeira
resposta e a objetividade da segunda, é possível escolher uma terceira, que
abranja as duas e acrescente algo mais. É a resposta que já conhecemos e
aceitamos. Também a subscrevemos, se somos cristãos presbiterianos. É a
resposta que o Catecismo Maior de
Westminster oferece:
Pergunta 1: Qual é o fim principal do
homem?
Resposta: O fim supremo e principal do
homem é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre.
Você percebeu que a pergunta se
refere ao fim (objetivo, finalidade) do homem, independentemente de ele (o
homem) aceitar a existência e o senhorio de Deus, ou não. Todo homem precisa
ter, como objetivo de vida, render glórias a Deus e desfrutar (gozar) dEle para
sempre. Se isso é exigido até mesmo do homem que não conhece a Deus, o que
devem fazer os que são feitos “filhos de
Deus, a saber, os que crêem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem
da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” (Jo. 1.12-13)?
Glorificar a Deus, eis o que os
crentes devem querer. Mas, o que é e como conseguir glorificar a Deus?
O verbo “glorificar”, aparece 13
vezes no hebraico bíblico. Ele é derivado do substantivo “glória”. A palavra
descreve “beleza” no sentido de realçar a aparência característica da pessoa.
Portanto, glorificar a Deus é ressaltar, num mundo imundo, a dignidade do
Senhor nosso Deus.
Para isso, precisamos saber quais
as características da pessoa a quem vamos glorificar. Quem é o nosso Deus?
A primeira afirmação bíblica
acerca de Deus é a de que “no princípio
criou Deus os céus e a terra” (Gn. 1.1). E, quando a obra criadora é
finalizada, o texto sagrado afirma o seguinte: “Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom” (Gn. 1.31).
Descobrimos, então, que nosso Deus além de poderoso, é caprichoso. Quando Ele
decidiu fazer algo, Ele fez muito bem feito.
E será dessa forma que o filho
de Deus irá glorificar o Seu Nome. O cristão deve mostrar ao mundo, e a si
mesmo, que há algo a ser feito, e que precisa ser muito bem feito para a glória
de Deus. Salomão compreendeu isso. Ele escreveu: “Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas
forças...” (Ec. 9.10).
Meu irmão, cada uma das pessoas
amadas por Deus, recebe dEle uma comissão, uma obra, um serviço, um ministério.
Chame como quiser. E para a execução desse serviço, Deus também outorga os
talentos, as habilidades necessárias. Paulo ensina: “E a graça foi concedida a cada um de nós segundo a proporção do dom de
Cristo. Por isso, diz: Quando ele subiu às alturas, levou cativo o cativeiro e
concedeu dons aos homens” (Ef. 4.7-8).
Por essa razão, há dois tipos de
pessoas que não têm lugar no Reino de Deus: os inúteis (os que não fazem nada) e os incompetentes (os que fazem mal feito). Os primeiros (os inúteis) são transformados pelo
Espírito Santo e passam a produzir frutos vistosos, maravilhosos e profícuos.
Quando aos últimos (os incompetentes),
o mesmo Deus os aperfeiçoa, de maneira que são capazes das maiores realizações
na força do Santo Espírito.
Eu não sei pra que tipo de
missão você foi chamado. Eu sei que, se você é crente, algum tipo de vocação, e
as habilidades para desenvolvê-la, você, meu irmão, possui. Não permita que as
ocupações com este mundo impeçam você de glorificar o nome de Deus. Você é
crente para isso!
A Bíblia também diz que Deus “não é homem para mentir” (Nm. 23.19).
Logo, todo o que pretende glorificar a Deus, realçando Suas características,
deve ouvir o ensino de Paulo: “Por isso,
deixando a mentira, fale cada um a
verdade com o seu próximo, porque somos membros uns dos outros” (Ef. 4.25).
Enfim, se o que os crentes querem é glorificar a Deus,
devem fazer isso vivendo de maneira que agradem ao Senhor, manifestando em suas
vidas a beleza do Pai das Luzes, a fim de calarmos o nosso adversário.
Reflita bem, cristão. Afinal, como filho de Deus, o
que você quer?
Rev. Renato Arbués.