Rev. Paulo Brocco

Pregação no culto de encerramento do Presbitério Piratininga.

Batismo da irmã Raimunda Goveia"

"E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará"!

Fachada da IPC de Bonfim

Rua A Quadra A, nº 48, Casas Populares - Senhor do Bonfim - BA

Igreja em festa: Confraternização

IPC de Senhor do Bonfim em festa.

sábado, 29 de setembro de 2012

O QUE QUEREM OS CRENTES?


             Afinal, o que querem os crentes? A pergunta é “plagiada”. Quando Freud investigou, por assim dizer, as condições de vida e o que exigiam as mulheres, ele questionou: “Afinal, o que querem as mulheres”. Seu questionamento era cheio de ironia e reprimenda. Nossa indagação, frise-se, não é feita com ironia. Talvez com um tom de advertência.

                Voltemos à questão. Se somos crentes, é porque fomos chamados por Deus, regenerados por Seu Santo Espírito, justificados sob a base da justiça de Cristo (bênção apropriada por meio da fé) e, também por meio da obra do Espírito Santo, vivemos em santidade, rumo à perfeição, conforme nos orienta o apóstolo Paulo (Fp. 3).

                Podemos simplificar a resposta. Somos crentes porque Deus quis. É assim que o apóstolo João entendia o fato de alguém servir a Deus. Para João, “nós o (a Deus) amamos, porque Ele nos amou primeiro” (1 Jo. 4.19).

                Entre a complexidade da primeira resposta e a objetividade da segunda, é possível escolher uma terceira, que abranja as duas e acrescente algo mais. É a resposta que já conhecemos e aceitamos. Também a subscrevemos, se somos cristãos presbiterianos. É a resposta que o Catecismo Maior de Westminster oferece:

Pergunta 1: Qual é o fim principal do homem?
Resposta: O fim supremo e principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre.

                Você percebeu que a pergunta se refere ao fim (objetivo, finalidade) do homem, independentemente de ele (o homem) aceitar a existência e o senhorio de Deus, ou não. Todo homem precisa ter, como objetivo de vida, render glórias a Deus e desfrutar (gozar) dEle para sempre. Se isso é exigido até mesmo do homem que não conhece a Deus, o que devem fazer os que são feitos “filhos de Deus, a saber, os que crêem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” (Jo. 1.12-13)?

                Glorificar a Deus, eis o que os crentes devem querer. Mas, o que é e como conseguir glorificar a Deus?

                O verbo “glorificar”, aparece 13 vezes no hebraico bíblico. Ele é derivado do substantivo “glória”. A palavra descreve “beleza” no sentido de realçar a aparência característica da pessoa. Portanto, glorificar a Deus é ressaltar, num mundo imundo, a dignidade do Senhor nosso Deus.

                Para isso, precisamos saber quais as características da pessoa a quem vamos glorificar. Quem é o nosso Deus?

                A primeira afirmação bíblica acerca de Deus é a de que “no princípio criou Deus os céus e a terra” (Gn. 1.1). E, quando a obra criadora é finalizada, o texto sagrado afirma o seguinte: “Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom” (Gn. 1.31). Descobrimos, então, que nosso Deus além de poderoso, é caprichoso. Quando Ele decidiu fazer algo, Ele fez muito bem feito.

                E será dessa forma que o filho de Deus irá glorificar o Seu Nome. O cristão deve mostrar ao mundo, e a si mesmo, que há algo a ser feito, e que precisa ser muito bem feito para a glória de Deus. Salomão compreendeu isso. Ele escreveu: “Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças...” (Ec. 9.10).

                Meu irmão, cada uma das pessoas amadas por Deus, recebe dEle uma comissão, uma obra, um serviço, um ministério. Chame como quiser. E para a execução desse serviço, Deus também outorga os talentos, as habilidades necessárias. Paulo ensina: “E a graça foi concedida a cada um de nós segundo a proporção do dom de Cristo. Por isso, diz: Quando ele subiu às alturas, levou cativo o cativeiro e concedeu dons aos homens” (Ef. 4.7-8).

                Por essa razão, há dois tipos de pessoas que não têm lugar no Reino de Deus: os inúteis (os que não fazem nada) e os incompetentes (os que fazem mal feito). Os primeiros (os inúteis) são transformados pelo Espírito Santo e passam a produzir frutos vistosos, maravilhosos e profícuos. Quando aos últimos (os incompetentes), o mesmo Deus os aperfeiçoa, de maneira que são capazes das maiores realizações na força do Santo Espírito.

                Eu não sei pra que tipo de missão você foi chamado. Eu sei que, se você é crente, algum tipo de vocação, e as habilidades para desenvolvê-la, você, meu irmão, possui. Não permita que as ocupações com este mundo impeçam você de glorificar o nome de Deus. Você é crente para isso!

                A Bíblia também diz que Deus “não é homem para mentir” (Nm. 23.19). Logo, todo o que pretende glorificar a Deus, realçando Suas características, deve ouvir o ensino de Paulo: “Por isso, deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo, porque somos membros uns dos outros” (Ef. 4.25).

Enfim, se o que os crentes querem é glorificar a Deus, devem fazer isso vivendo de maneira que agradem ao Senhor, manifestando em suas vidas a beleza do Pai das Luzes, a fim de calarmos o nosso adversário.

Reflita bem, cristão. Afinal, como filho de Deus, o que você quer?

Rev. Renato Arbués.



sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Nossa Sagrada Família


Todo mundo já viu um quadro com esse título. José, Maria e Jesus são retratados como símbolos “perfeitos” da Trindade. A harmonia dessa família é um espelho da relação amorosa e íntima existente entre as três pessoas da Trindade.

Como símbolo, não há problema algum em se falar assim. A família, não há dúvida, foi “inspirada” no modelo trinitário. Ela deve ser reprodutora do padrão divino. Um padrão em que há amor, respeito, divisão do trabalho, objetivos comuns, conversas. Várias vezes no Evangelho lemos Jesus dizer que amava o Pai. Em outras ocasiões, Ele dizia que era preciso “ir” para o que o outro Consolador pudesse “vir” (respeito). Também é claro que, na nossa salvação, cada pessoa da Trindade realiza uma “tarefa” distinta (o Pai enviou o Filho; o Filho morreu na cruz; o Espírito aplica a obra redentora na vida do cristão). O objetivo? Ora, salvar o pecador, sim; mas, também, que toda a glória fosse oferecida a Deus. Por fim, desde o relato da Criação, encontramos passagens bíblicas que falam do “conselho”, do “conselho da Sua vontade”. Ora, “conselho” nada mais é do que uma decisão tomada em conjunto.

Assim, parece óbvio que não só a família de José, Maria e Jesus era um tipo da Trindade. A minha família também o é. A sua, idem. As famílias de todos os que serviram e servem a Deus são chamadas para refletir a beleza da relação trinitária. Não por acaso, Deus disse as benditas palavras à família de Abraão: “[...] em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn. 12.3). Que privilégio, pois, termos uma família que represente a Trindade! Que graça maravilhosa a de Deus, em não apenas nos dar o prazer de viver em comunhão, mas de abençoar essa comunhão de tal maneira que outros – que vivem em conflito ou que não têm família – sejam “benditos em nós”.

Tal verdade deveria nos encher de alegria, gratidão e amor a Deus. Ainda mais considerando a situação do mundo que vivemos. Quantos há que não sabem o que significa “viver em família”? Quantos, neste momento em que você lê essas palavras podendo olhar para o lado e ver ser/sua esposo/esposa, abraçar o seu filho, quantos não podem fazer isso porque foram privados da comunhão familiar ou ainda não a puderam experimentar? Quantos estão de coração partido pela dor da perda de um ente querido?

Por isso, pense bem, meu irmão ou minha irmã, pense muito bem em como você vive sua vida familiar. O tempo passa muito rápido. Infelizmente, talvez não alcancemos todas as coisas que almejamos; muitos projetos serão deixados para trás nessa vida. O que parece tão certo e seguro hoje, amanhã pode se tornar “pó e cinza”.

Será que vale a pena “correr tanto atrás do vento” à custa de momentos de comunhão com nossa família? Será que dinheiro, títulos, diplomas, vão nos marcar tanto quanto uma conversa carinhosa com nosso filho?

Certamente, você não se lembra de quantas vezes já foi chamado de senhor ou senhora, de doutor, professor, chefe, patrão ou coisa que o valha ao longo da vida. Não se lembra porque muitas dessas vezes foram meras formalidades, palavras destituídas de sentimentos como carinho e respeito. Porém, nunca se esquecerá daquele momento singular em que seu filho o chamou de “papai ou mamãe” pela primeira vez!

O tempo passa. E você aprenderá de uma maneira muito dolorosa que a nossa sagrada família não dura para sempre. Que as palavras de Jesus – “até que a morte os separe” – também se referem a nós. E, então, quando esse dia chegar, você só terá duas coisas em que se apoiar: na certeza da ressurreição e, portanto do reencontro, e nas lembranças dos bons momentos vividos.

Pense nisso!

Rev. Renato Arbués.


segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Aos incautos navegantes...

Incauto navegante! Segundo o Aurélio, incauto é um sujeito “imprudente, ingênuo”. Péssimas qualidades para um navegante. No hinário Novo Cântico, este hino é o de número 308 e é vinculado ao nome de Sarah Poulton Kalley. Considerando que essa senhora viveu de 1825 a 1907, fica ainda mais forte a força da expressão “incauto navegante”. Imagine uma viagem de barco cujo comandante fosse um sujeito reconhecidamente imprudente!

Ler essas palavras remete o pensamento quase que instantaneamente aos versos do conhecido poema de Fernando Pessoa: “Navegar é preciso; viver não é preciso”. Os historiadores nos lembram que, na verdade, essa frase foi dita pelo general romano Pompeu (106-48 a. C.) aos marinheiros que, amedrontados, se recusavam a viajar. “Navigare necesse; vivere non est necesse”, num latim caipira.

No hino de Sarah Kalley, a vida é descrita como cheia de tormentas. Os navegantes incautos são os homens que vivem sem considerarem o rumo para onde vão nem os perigos a que estão submetidos. A qualquer momento o barco da vida pode topar com um iceberg (lembra do Titanic?) ou com outro barco e afundar; ou, quem sabe, deparar-se com piratas, ou enfrentar uma tempestade e virar. Enfim, viver é algo perigoso, sobretudo se não temos uma boa bússola para nos mostrar a direção e o caminho mais seguro.

Na poesia de Fernando Pessoa, há quem diga que o “preciso” da frase deve ser entendido como “necessário”. Assim, o que importa não é viver, mas como viver! É preciso correr riscos, aventurar-se no bravio mar. Se a vida corre perigo, paciência! Afinal, viver não é necessário mesmo. Contudo, outros intérpretes dizem que no famoso verso, o sentido de “preciso” não é o de necessário, mas o de “exatidão, precisão”. Navegar, então, é algo mais seguro do que viver, pois na navegação dispomos de bússolas, astrolábio (esse é antigo!), computadores, mapas etc. Eu também, modestamente, acho que o “preciso” do poema tem o sentido de exatidão.

Bom, mas o que importa realmente pra esta pastoral é dizer pra você, leitor, que, se você for um navegante incauto, cuidado! São muitas as tormentas que podem naufragar levar o seu “barco” para o fundo do mar: a violência urbana, os males da alma, as doenças, o trânsito... Mas, o maior perigo a que você está exposto é o “das trevas do pecado”. Esse, além de fazê-lo naufragar, pode mandá-lo para uma fornalha bem quente, que consumirá lentamente toda a velha madeira de seu barquinho.

E se você, leitor, não for um viajante incauto, devo lembrá-lo do nosso dever: “resplandeçam nossas luzes através do escuro mar, pois nas trevas do pecado, almas podem naufragar!”. Pregue a Palavra. Seja luz. Salve os incautos que vivem com você. Não seja desobediente à ordem divina: “Sê tu uma bênção”.

Pense nisso!

Rev. Renato Arbués.

domingo, 23 de setembro de 2012

A ARTE COMO REFÚGIO

A arte é um excelente refúgio. Nela, além da beleza, encontramos alento para as ansiedades e a agitação, constantes em nossa maneira de viver. Quem não se acalma ouvindo uma bela melodia clássica? Quem não viaja ao admirar um belo quadro? Enfim, a arte - todo tipo de boa arte – é um presente do bom Deus para a humanidade.

Na arte encontramos temas para reflexão também. A arte, embora não precise ter essa finalidade como principal função, pode transmitir valores morais, pode discutir temas complexos e atuais e, assim, servir-nos de consciência crítica. Para ficar num exemplo, cito o título de uma canção de Tom Jobim e Vinícius de Moraes: “Se todos fossem iguais a você”.  Conhece? Se não, aqui vai um trecho da letra:

Se todos fossem iguais a você
Que maravilha viver
Uma canção pelo ar [...]
Existiria a verdade,
Verdade que ninguém vê
Se todos fossem no mundo iguais a você”.

Ler essas palavras produz um efeito paradoxal em mim. De um lado, a admiração pela poesia, pelo capricho na escolha das palavras, pela simplicidade que diz muito, enfim, admiração pelo gênio do artista. Por outro lado, numa leitura mais objetiva, menos idealizada, surge a inquietação: “Se todos fossem iguais a mim seria uma maravilha viver?”.

Nós todos queremos viver bem. Queremos paz, trabalho, segurança, descanso, entre outras coisas. Para conseguir esse objetivo é que nos relacionamos com outras pessoas o tempo todo, no trabalho, em casa, na igreja, na escola, na rua. E aí nasce uma interrogação gigantesca: “Se todos nós queremos viver bem, se todos procuram os mesmos objetivos, por que, então, vivemos tão mal?”

Porque as pessoas são diferentes. Porque a minha idéia de felicidade diverge da sua. Porque sua maneira de analisar os fatos é diferente da minha. Porque vemos o mundo com “óculos” distintos. Às vezes andamos na mesma estrada esperando atingir destinos diferentes; outras vezes, trilhamos caminhos opostos e esperamos chegar no mesmo lugar. Impossível, não? Então é isso. Nossa vida não é uma maravilha porque somos diferentes.

Mas, e esse “mas” não tem intenção nenhuma de ser chato, se todos no mundo fossem iguais a você? É isso mesmo, e se todas as pessoas do mundo acordassem sendo iguaizinhas a você? Viveríamos maravilhosamente bem? O mundo seria melhor? Ou não?

Imagine se na hora do almoço todas as pessoas comessem como você come. Pense em como seria nosso trânsito se todos dirigissem da mesma forma que você dirige. Você é tímido? Imagine um mundo só de pessoas tímidas? Você fala alto? Imagine uma reunião em que todas as pessoas gritassem o tempo todo? Você é autoritário? Imagine um debate eleitoral em que todos – candidatos e eleitores – defendessem suas idéias e opções do mesmo jeito que você faz. Você é simpático e sorridente? Imagine um jogo de futebol em que os jogadores conversassem mais ou menos assim:

- Por gentileza, poderia tocar a bola pra mim?
- Naturalmente. Assim que conseguir driblar meu oponente e, claro, pedir a ele que não se ofenda com meu drible, passarei a bola para você, meu amigão!

Você conseguiria viver num mundo cheio de você?

Conceda-me o direito à franqueza: É claro que não seria um mundo maravilhoso. Não por todo o mundo ser igual a você, não é isso. É que, na verdade, para sermos felizes, nós precisamos do outro. E precisamos que outro seja diferente para nos completar. Para preencher o que falta em nós. Para corrigir nossos erros ou para ser corrigido. Precisamos do diferente para sermos atraídos por ele; precisamos do outro até para tentar explicar a razão dessa diferença. Enfim, precisamos do outro para vivermos maravilhosamente bem.

Só me resta, desconfortavelmente, pedir desculpa ao poeta – ou à sua memória – por discordar da sua canção. Se todos no mundo fossem iguais a você, o mundo não seria maravilhoso, seria tedioso. Mas que a canção é bonita, ah, isso é!

É maravilhosa essa tal de arte, não?

Rev. Renato Arbués.


sábado, 22 de setembro de 2012

O QUE PODE ACONTECER QUANDO SE DORME DEMAIS!


Cena 1: O operário acorda às 6h30. Atrasado, não consegue tomar o café da manhã. Sai correndo na direção do ponto de ônibus. Demora 1h até chegar ao edifício que ajuda a construir. Como está trabalhando no regime de “turnão”, pega direto das 8h às 14h, sem pausa para o almoço. Do trabalho, vai ao banco, pagar umas contas. Muita gente, fila longa, demora, atraso. Ônibus lotado, congestionamento, chuva. Tudo o que ele quer é chegar logo a sua casa, tomar um banho e, enfim, jantar. Está faminto. Finalmente, às 19h, consegue tomar um longo banho, trocar-se e sentar-se à frente da TV para acompanhar as notícias do dia. 20h. A esposa anuncia o jantar. O homem se levanta rapidamente, puxa uma cadeira, segura os talheres, faz uma rápida oração e olha com fúria para a comida, como quem vai devorá-la em menos de 15 segundos. 30 minutos depois, a esposa volta e, surpresa, vê o prato intacto: O marido nem tocou na comida. O que aconteceu? Nada, de tão cansado, ele dormiu.

Cena 2: Era o grande amor da vida dele. Desde criança, era apaixonada por ela. A menina mais linda da rua se tornou a mais linda da escola e, depois, a mais linda do mundo. Seu grande amor. Finalmente, depois de anos, ele conseguiu marcar um encontro. No dia combinado, um sábado, ao voltar do trabalho por volta das 14h, almoçou em um segundo. Tirou o carro da garagem, separou todo o material que precisaria: Flanela, shampoo para carro, “pretinho”, querosene, aspirador de pó, pasta para encerar, jornal. Levou quase três horas para deixar a máquina no ponto. Hora de tomar banho. 40 minutos depois, a escolha da roupa. Nessa tarefa, ele demorou infinitos 30 minutos. Entre vestir, se olhar no espelho, trocar a camisa ou a calça, ajeitar o cabelo e decidir-se pelo perfume, lá se foi mais uma hora. O relógio já marcava 19h45. O encontro se daria às 20h30. A ideia era um jantar romântico, depois um cinema e, se tudo desse certo, o pedido de namoro. 22h, a mãe entra no quarto e vê o filho esparramado na cama. O que aconteceu? Nada, de tão cansado, ele dormiu.

Cena 3: Nada dava certo naquela casa. O pai e a mãe pareciam um israelita e uma palestina. Dos 5 filhos, um estava desempregado. Há 20 anos. Outro estava tentando reconstruir o casamento. O terceiro descobriu um câncer e lutava desesperadamente pela vida. O caçula saiu de casa após envolver-se com drogas. Fazia quase 6 meses que não dava notícias. Temiam pelo pior. A única que podia fazer alguma coisa era a irmã, a quarta filha. Por meio de uma colega de trabalho, ouviu falar de Jesus e quis conhecê-lo. Combinou de ir ao culto no próximo domingo. Se alguém podia ajudar aquela família, certamente, esse alguém chamava-se Jesus, o Filho de Deus. Ela estava convicta de que sua vida seria transformada. A amiga lhe falara que a Palavra de Deus ressuscitava os mortos e tinha poder de modificar a história humana. Tal promessa incendiou seu coração e provocou um sincero desejo de ouvi-la. Enfim, chegou o domingo, 19h30. Oração, cânticos, leitura congregacional, apresentação do grupo de louvor, solo, coral e a mensagem. O pastor naquela noite estava iluminado. Palavra clara, fiel ao texto, objetiva e confortadora. Durante 40 minutos, o Espírito Santo usou o ministro como um porta-voz. Ao final do culto, porém, a menina estava do mesmo jeito que entrou: Sozinha, aflita, desesperada. Nada havia mudado. Parece que só ela aquela noite não fora edificada pela mensagem. O que aconteceu? Nada, de tão casada, ela dormiu.

Rev. Renato Arbués.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

SONHOS: O QUE FAZER COM ELES?

No livro “O Triste Fim de Policarpo Quaresma”, de Lima Barreto, o protagonista é traído e morto por sua maior paixão: o Brasil! Policarpo Quaresma era um patriota, no sentido mais exagerado da palavra. Ele idolatrava seu país. Idealizava uma era em que sua pátria seria o centro do mundo. Estudou, trabalhou, juntou recursos, deu a vida para ver concretizado o seu ideal. O que aconteceu? Ele foi tratado como louco, ridicularizado, desprezado, enxovalhado, preso e acabou morrendo sem desfrutar dos dias em que seu país se tornaria o melhor de todos. Coitado. Morreu sem ver o seu sonho se realizar.
A certa altura da sua vida, um pouco desiludido com o rumo que as coisas tomavam e já pensando em desistir de tudo, Policarpo Quaresma travou o seguinte diálogo com um amigo:
- É bom sonhar. Sonhar consola” - disse Ricardo Coração dos Outros.
- Consola, talvez; mas faz-nos também diferentes dos outros, cava abismo entre os homens” - respondeu o patriota.
Inevitavelmente, eu e você teremos que concordar com duas premissas desse diálogo: 1º) É bom sonhar - e todos nós sonhamos com alguma coisa e desejamos tornar reais nossos sonhos; e, 2º) Sonhar nos faz diferentes - a diferença entre mim e você, e entre você e as pessoas, é o modo como tratamos nossos sonhos. Uns lutam com todas as armas disponíveis para alcançar seus objetivos; outros, em algum ponto da jornada, desistem. São derrotados pelas circunstâncias.
Não precisávamos, a bem da verdade, de Policarpo Quaresma para chegar a essas conclusões. Antes dele, a Bíblia já falava sobre isso.
Jó, em um de seus momentos de reflexão, avalia a vida do homem e conclui: “O homem vive breve tempo, e cheio de inquietação” (Jó 14.1). Nossos dias são curtos. Mas nem por isso são tranqüilos. São “cheios de inquietação”.
A princípio, sonhamos com nosso futuro, imaginando qual será nossa profissão, com quem vamos nos casar, onde viveremos etc. Temos, assim, um início de vida inquieto. Decisões precisam ser tomadas numa fase em que a maioria de nós não está preparada pra tanta responsabilidade.
Porém, ao mesmo tempo em que tudo isso nos angustia, também nos consola. Quando pensamos em como será nosso futuro, na bela casa que teremos, no bom profissional que nos tornaremos, enfim, esses pensamentos têm o poder de nos tranqüilizar. Vejam o que disse Salomão: “Nada há melhor para o homem do que comer, beber e fazer que a sua alma goze (desfrute) o bem do seu trabalho...” (Ec. 2.24). Sonhar pode consolar!
Entretanto, você já deve ter percebido como as pessoas têm projetos diferentes umas das outras. Eu, provavelmente, vejo o mundo sob uma perspectiva distinta da sua, pelo menos em alguma área. É esse fato que explica certas escolhas diversas que fazemos, os discursos opostos que eu e você aceitamos. Por isso, sonhar, enquanto consola, também cava abismos entre os homens.
E qual de nós pode dizer que alcançará todos os seus sonhos? O sábio rei Salomão disse um dia: “Se é amor ou se é ódio que está à sua espera, não o sabe o homem. Tudo lhe está oculto no futuro” (Ec. 9.1).
É aqui que os sonhos nos fazem diferentes, cavam abismos entre nós. Uns jamais desistem de seus projetos, embora as circunstâncias da vida lhes sejam contrárias; outros temem tanto as coisas ocultas do futuro que desistem dos seus sonhos em algum trecho da jornada.
Que pena! Quantos sonhos lindos foram abandonados pelo simples receio do desconhecido.
Imagine o que teria acontecido se Lutero tivesse desistido de seu sonho de reformar a Igreja? Se João Calvino, quando fracassou pela primeira vez, abandonasse o sonho de “reformar” Genebra? Se Martin Luther King não acalentasse sonhos de dias melhores (I have a dream).
A resposta é simples: se esses homens tivessem desistido de seus sonhos, as coisas boas que eles fizeram jamais teriam chegado até nós!
E você, o que você faz dos seus sonhos?
Permita-me, mais uma vez, fazer uso das palavras de Salomão: “Semearei pela manhã a tua semente e à tarde não repouses a mão, porque não sabes qual prosperará; se esta, se aquela ou se ambas igualmente serão boas” (Ec. 11.6).
Não seja tragado pelo abismo que nos leva a todos!

Rev. Renato Arbués.

sábado, 8 de setembro de 2012

Ídolos e Idolatria


Há duas semanas, morreu Neil Armstrong, o primeiro homem a pisar na Lua. Apesar do feito extraordinário, sabe-se que Armstrong era um homem modesto, avesso aos holofotes. Não gostava de aparecer em público, não dava autógrafos, detestava ser visto como herói. Para ele, o que fizera era parte de seu dever como oficial das forças aéreas americanas. Viveu assim, morreu do mesmo jeito.

Foi difícil para Armstrong ter sua vontade respeitada. Pagou um preço alto, o de ser considerado arrogante e prepotente. Se era, não sabemos. O que sabemos é que ele desejou intensamente o anonimato. Não conseguiu.

Neste ano, finalmente, depois de mais de 100 anos, o Corinthians ganhou um título. Internacional, claro. Milhares de pessoas choraram, gritaram, se emocionaram. Nas ruas, o que mais se ouvia eram frases de um idioma particular, da mesma família que o português: “Vai Curíntias”, “É nóis”, “Aí, Japão,  nóis tá aí em dezembro, mano”.

No meio de tanta euforia, chamou a atenção o tratamento dedicado ao jogador que fez os dois gols que deram o título ao time. "Iluminado”, “Guerreiro”, “Decisivo”, “Gênio”. E, quando chegou a vez do herói comentar a sua contribuição, foi modesto: “Fiz o meu. Toda a equipe ajudou.” O sorriso e a expressão desmentiam a humildade declarada.

Anos 2000. Depois de muito tentar, Luís Inácio Lula da Silva foi eleito presidente do Brasil. Segundo ele, recebeu uma “herança maldita” de Fernando Henrique Cardoso. Mas, conseguiu êxito na condução da política econômica, avançou – e muito – nas questões sociais e, quando deixou o governo, bateu o recorde de popularidade.

Dono de um carisma inigualável, aceitava de muito bom grado todos elogios. Quando não os tinha, sabia exatamente de quem era a culpa: dos preconceituosos, da elite conservadora, dos ricos. Não por acaso, seus discursos normalmente começavam assim: “Nunca na história desse país...” E lá vinha algum feito que só ele foi capaz de realizar.

Enfim, parece que os homens podem ser divididos em dois grandes grupos: ídolos e idólatras. Como seres humanos, precisamos ficar sempre alertas contra a tentação de construirmos ídolos e adorá-los ou, pior, de nos tornarmos ídolos e sermos adorados por supostas qualidades que manifestamos.

Contra isso, Tiago escreveu: “Quem entre vós é sábio e inteligente? Mostre em mansidão de sabedoria, mediante condigno proceder, as suas obras” (Tg. 3.13). A humildade cristã está na mansidão de sabedoria, no usar as virtudes doadas por Deus de forma a engrandecê-lO, a abençoar o próximo, a divulgar a mensagem real aos perdidos.

O antídoto contra a idolatria é um condigno proceder. Condigno significa proporcional ao mérito. Que méritos temos, a não ser os que nos são dados pela graça divina? “Pois quem é que te faz sobressair? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te vanglorias, como se o não tiveras recebido?” (1 Co. 4.6).

Cuidado com a vaidade. Foge da idolatria. Ama o Senhor Deus e faze o bem. Com humildade.

Rev. Renato Arbués.


quarta-feira, 29 de agosto de 2012

VOCÊ CONHECE O SENHOR DEUS?


As pessoas gostam de dizer que conhecem a Deus. Elas dizem que Deus é grande em sabedoria, maravilhoso em poder, cheio de misericórdia, amor; contudo, são poucos os que chegam a um conhecimento adequado do Ser de Deus, de Sua Natureza, de Seus atributos, como estão revelados nas Escrituras Sagradas. Os autores bíblicos sabiam bem quem era Deus. Como Moisés que escreveu: “Ó Senhor, quem é como Tu entre os deuses? Quem é como Tu glorificado em santidade, terrível em louvores, operando maravilhas?” (Êx. 15.11).

Você já pensou sobre Deus? Você acha que conhece o Senhor? Se você alguma vez pensou sobre quem é Deus, você deve ter considerado que houve tempo, se é que se pode chamar “tempo”, em que Deus habitava só. Não existia o céu, não existia a terra, não existiam os anjos, nem o universo. Não havia nada, nem ninguém, senão Deus.

Durante uma eternidade passada, Deus esteve só: completo, suficiente, satisfeito em Si mesmo, de nada necessitando. Se universo, seres humanos, anjos, lhe fossem necessários, teriam sido chamados à existência desde toda a eternidade. Ao serem criados, nada acrescentaram a Deus essencialmente. A glória de Deus não pode ser aumentada nem diminuída: “Eu o Senhor não mudo...” (Ml. 3.6). Pense comigo: O que é perfeito é completo. Como você pode pensar que Deus é perfeito se lhe falta alguma coisa? Como Deus poderia ser melhor porque nós o adoramos? Ora, se Deus puder ser melhorado, Ele não seria perfeito, concorda?

Isso significa que Deus não estava sob coação, nem obrigação, nem necessidade alguma de criar o mundo. Resolver criar o mundo foi um ato puramente soberano de Sua parte. Se você estiver pensando: “bom, então por que Deus criou o mundo, se Ele não ganhou nada com isso?”. Calma! Quem vai responder a essa pergunta será o próprio Deus. Leia atentamente o que Ele mandou Paulo escrever sobre esse assunto: “nele, digo, no qual fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho de sua vontade” (Ef. 1.11).

Entendeu? Deus criou por um ato de vontade. Se você quiser ouvir de maneira mais clara, eu diria: Deus criou porque quis. E pronto! Você vai dizer “ainda não estou convencido!”. Tudo bem, então leiamos mais um texto. O salmista Davi escreveu: “Tudo o que o Senhor quis, Ele o fez, no céu e na terra, no mar e em todos os abismos” (Sl. 135.6). Prestou atenção? O que foi que Deus fez? Ele fez tudo o que quis.

Caro amigo, Deus não ganha nada, nem sequer com a nossa adoração. Deus não precisava das glórias dadas pelos crentes. Ele já era suficientemente glorioso em Si mesmo antes da criação do mundo!

É impossível submeter o Todo-poderoso a quaisquer obrigações para com a criatura. Deus não ganha nada da nossa parte. Preste atenção no seguinte texto bíblico, leia com calma: “Se fores justo, que darás a Deus, ou que receberá Deus da tua mão? A tua impiedade faria mal a outro tal como tu; e a tua justiça aproveitaria a um filho do homem” (Jó 35.7-8).

Nada que o homem faça pode afetar a Deus, que é bem-aventurado em Si mesmo. Nossa obediência não dá nenhum proveito a Deus.

É desonroso ouvir alguém dizendo: “Deus me abençoou por que viu que eu mereço”! Deus viu o que a pessoa merece? Como assim? Eu louvo a Deus porque Ele nunca me deu o que eu merecia. Pelo contrário, Ele sempre me deu o que eu não merecia! Deus me deu vida (o que eu fiz pra merecer nascer?); Ele me deu a salvação em Cristo (o que eu fiz pra merecer ser salvo?); Ele me deu saúde (o que eu fiz pra ser saudável?).

Vou fazer uma pergunta direta a você. Peço apenas que você me responda diretamente. Você é um pecador? Você comete pecado? Não tenho certeza do que você falou. Mas, pelo que dizem as Escrituras, e pra mim elas são a Palavra de Deus, todo homem é pecador.

Pois bem, e o que o pecador merece? Leia comigo: “porque o salário do pecado é a morte...” (Rm. 6.23). Prestou atenção? Sabe o que todo pecador merece? A morte, o inferno! Louvo sempre ao meu Deus porque Ele não me dá o que eu mereço. Ele derrama suas bênçãos incontáveis sobre mim!

Aprenda isso sobre Deus. Ele não ganha nada cuidando de você e de mim. No entanto, Ele o faz. Se faz, faz por amor, por bondade, por prazer! Louve a Deus, meu amigo. Louve sempre a Deus. Porque é Ele quem enche de bênçãos nossas vidas.


Rev. Renato Arbués.

Adaptado do livro “Os Atributos de Deus”, de A. W. Pink.




segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Muros e ansiedade


No mundo antigo, os muros que circundavam uma cidade representavam sua principal defesa. De nada adiantava um exército numeroso, com armas modernas e homens bem preparados, caso suas muralhas estivessem em ruínas. Reis investiam fortunas na construção de paredes sólidas, capazes de suportar os potentes ataques dos aríetes inimigos e proporcionar a sensação de segurança dos habitantes. Não por acaso, Salomão comparou os muros de uma cidade com o domínio próprio: “Como cidade derribada, que não tem muros, assim é o homem que não tem domínio próprio”  (Pv. 25.28).

Domínio próprio é a habilidade que o homem tem de saber-se controlar, de conter seus impulsos para a gula, a inveja, a vingança, o ódio, a imoralidade, o consumismo. Assim, parece natural identificar essa habilidade com a nossa mente. É utilizando a razão que decidimos que determinada atitude é certa ou não; é por ela que escolhemos nossos caminhos e os consequentes resultados. Portanto, ter domínio próprio implica cuidar bem da mente, enchendo-a de parâmetros santos e espirituais.

Uma cidade sem muros deixava os moradores ansiosos. Sem a proteção principal, qualquer inimigo podia prevalecer contra a cidade. Ora, a analogia com o nosso estado de espírito é explícita. Quando perdemos a razão, qualquer pensamento negativo pode produzir ansiedade. Uma pessoa ansiosa não dorme, não tem apetite, não consegue sequer manter sua vida devocional. Perde o domínio.

Com tijolos e cimento pode-se construir um muro. Obviamente, para reconstruir nosso equilíbrio espiritual precisaremos de outros materiais e outras ações. Mas, com que tipo de material é possível reconstruir nossa paz de Espírito? Como restaurar o controle de nossas emoções? É possível desenvolver pensamentos assim como desenvolvemos músculos?

Em primeiro lugar, se quiséssemos fortalecer outras partes do corpo, começaríamos pelos exercícios físicos. Seguindo essa lógica, creio que devemos iniciar exercitando a mente também. A atividade por excelência da razão humana é pensar. Pensamos o dia todo nas mais diferentes coisas. Pensamos em ir a algum lugar, em mudar de casa, em fazer um lanche, em comprar uma roupa etc. Mas, será que temos pensado nas coisas lá do alto?

Os cristãos, há séculos, tentam alcançar a tão sonhada “mente cristã”. O que seria isso? Seria conseguir pensar nos assuntos cotidianos a partir de uma perspectiva bíblica, espiritual. Para isso, é preciso que alimentemos nossa razão com a Teologia, a Ética Cristã, as Virtudes do Espírito. Paulo disse: “Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento(Fp. 4.8).

Sabemos o nome de dezenas de candidatos. Conseguimos citar nomes e histórias de mais de 20 personagens de novelas. Conhecemos o líder do campeonato brasileiro e projetamos o campeão com base no desempenho de cada time. Mas, a maioria de nós simplesmente não sabe quantas são as bem-aventuranças; poucos conseguem identificar onde na Bíblia se encontra a oração do Pai Nosso; Quem saberia dizer o real significado de guardar o “Dia do Senhor”?

A menos que nos dediquemos e invistamos boa parte do nosso tempo na difícil tarefa de fortalecer nossa vida espiritual, seremos como cidades sem muros, totalmente indefesos diante das investidas mais comuns do nosso inimigo mais forte, o pecado.

“Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscais as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus. Pensai nas coisas lá do alto, nã nas que são aqui da terra; porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus.” (Cl. 3.1-3).

Confie sempre em Deus e jamais permita que o desespero vença você. Como? Comece cuidando da sua mente: tenha critério quando ligar a sua televisão, comprar um livro, procurar um amigo para conversar. Lembre-se: Se o diabo viesse até nós de chifre e tridente na mão, certamente, correríamos. Por isso, ele vem bem vestido, falando mansamente, nos fazendo rir e demonstrando muita sabedoria (deste mundo, claro).

Cabe a você decidir: Quer ser um vencedor ou derrotado?

Pense nisso.

Rev. Renato Arbués.


terça-feira, 14 de agosto de 2012

A FIRME VONTADE DE DEUS!


“Tudo quanto o Senhor quis, ele o fez, nos céus e na terra, o mar e em todos os abismos” (Sl. 135.6)
O salmo 135 é um louvor a majestade de Deus. O salmista convida todos os que assistem na casa do Senhor a louvar o Seu bendito nome porque Ele é o grande Deus. No verso 5, ele afirma: “Com efeito, eu sei que o Senhor é grande e que o nosso Deus está acima de todos os deuses”. Em seguida, uma série de ações divinas são mencionadas para confirmar a verdade de que não há ninguém que possa contrariar o desejo de Deus. Nações são destruídas juntamente com suas divindades porque a vontade do Senhor o quis.
Mas, afinal, o que quer dizer vontade? Um forte desejo ou uma determinação? Quando falamos da vontade de Deus, queremos dizer que ela não é senão expressão do seu Ser onipotente e onisciente. Se Deus é onipotente, Ele realizará tudo o que está incluído nos Seus propósitos; e se Ele é onisciente, não cometerá erros nos seu plano original, nem terá necessidade de alterar o seu propósito original.
De acordo com Benjamim Warfield: “Na infinita sabedoria do Senhor de toda a terra, cada evento se realiza com precisão no seu próprio lugar. Nada, por pequeno e estranho que seja, ocorre sem estar prescrito, ou fora do controle de Deus”.
Assim, o que quer que aconteça na história da humanidade, acontece em virtude do fato de estar de acordo com o eterno plano de Deus. Pense comigo: “Se alguma coisa ocorre contra a vontade de Deus, então Satanás e o homem devem ser iguais ou superiores ao Criador!”. Sim, porque imagine uma situação: Deus ordena uma coisa, mas eu faço outra. Isso quer dizer que eu tenho poder para contrariar uma ordem divina. Logo, parece que meu Deus não é tão onipotente e poderoso como dizem as Escrituras Sagradas.
Mas alguém pode objetar que um Deus assim não pode ser bom, pois Ele permite que muita coisa ruim aconteça e que muitas pessoas boas morram e vão para o inferno. O que podemos dizer? À luz da Bíblia, Deus será visto de modo perfeitamente consistente tanto quanto condena uns, como quando perdoa outros; tanto quanto revela seu soberano juízo e justiça sobre os pecadores que não se arrependem, como quando declara Sua graça soberana, perdoando livremente àqueles que escolheu em Cristo Jesus, antes da fundação do mundo.
Neste momento, convém ler o que Paulo escreveu aos romanos, no capítulo 9.15: “Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia, e me compadecerei de quem me aprouver ter compaixão”. Ora, como alguém pode argumentar contra a Palavra de Deus?
Novamente, alguém poderá objetar: “Mas, pastor, Deus pode até chamar uns para o céu, mas não posso aceitar que Ele escolha alguém para o inferno!”. Pra uma pessoa que pensa assim, eu tenho uma palavra. Aliás, uma confissão. Eu também tive muita dificuldade para aceitar essa verdade. Até que percebi que, antes de aceitar alguma coisa, eu preciso entender. Não é uma atitude sábia rejeitar antes de conhecer. Para facilitar o entendimento dessa verdade, vamos ler mais um texto de Paulo.
Rm. 9.10-13: “E não ela somente, mas também Rebeca ao conceber de um só, Isaque, nosso pai. E ainda não eram gêmeos nascidos, nem tinham praticado o bem ou o mal (para que o propósito de Deus quanto à eleição prevalecesse, não por obras, mas por aquele que se chama), já lhe fora dito a ela: O mais velho será servo do mais moço. Como está escrito: Amei a Jacó, porém me aborreci de Esaú”.
Em outras palavras: Sem levar em conta o bem ou o mal em relação aos dois homens (Jacó e Esaú), Deus fez de Jacó o objeto do seu amor e Esaú o objeto de sua ira. Por quê? Para que seu propósito divino, de acordo com a eleição (ou escolha de pessoas ou eventos que realizam sua vontade), “ficasse firme”.
O Deus das Escrituras não se desculpa pelo fato de ter determinado deixar a maioria dos homens passar a eternidade sob o seu juízo, dando-lhes exatamente aquilo que merecem, ao mesmo tempo em que, também, determinou ordenar para a salvação alguns que, igualmente, são merecedores do juízo, porque é do seu agrado agir assim para mostrar sua natureza de graça, misericórdia e amor na presença dos anjos eleitos.
Mais uma vez, vamos ao texto sagrado: “Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançar a salvação mediante nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Ts. 5.9).
Em suma, a vontade de Deus prevalece em tudo, incluindo na vida e na morte, na salvação ou condenação. Continuaremos esse estudo no próximo programa.

Rev. Renato Arbués.
 Adaptado do livro “TULIP”, Duane Edward Spencer, Casa Editora Presbiteriana, 1992.


segunda-feira, 13 de agosto de 2012

ABRAÇO DA JIBÓIA



Conta-se o caso de um artista de circo que treinara uma jibóia a enlaçar-lhe o corpo, desenlaçando-se depois.

Uma noite, durante a apresentação, ele percebeu horrorizado, que o enorme réptil lhe apertava o corpo cada vez mais. O homem gritou por socorro, mas a platéia julgou que isso fizesse parte do show. Só deram pelo fato quando viram o homem desfalecendo e morrer no abraço da serpente.

Ouviu-se depois alguém dizer, ao abandonar o circo:

"Não importa o quanto se conheça esse animal, cobra é sempre cobra".

Reflexão: Da mesma forma, não importa o quanto se conheça o pecado, não se deve brincar com ele. Pecado é sempre pecado e, no fim, ele vai acabar matando quem se envolver com ele. Porque “o salário do pecado é a morte” (Rm. 6.23).

Rev. Renato Arbués.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Como votar


Estamos vivendo dias empolgantes. Nossa cidade vive um autêntico frenesi no que concerne às eleições municipais. “É tempo de mudança!”, grita um candidato. “Precisamos continuar o bom trabalho”, responde o outro. “Diga não a tudo isso. O novo é melhor”, vocifera ainda um terceiro.

O entusiasmo é total. E contagiante, também. A ponto de alguns mais “exaltados” quase chegarem às “vias de fato” na defesa de seu candidato. Há os que, educados demais para trocarem socos e/ou empurrões, preferem ficar na esfera dos argumentos, a favor ou contra, mas sempre de forma cortês, educada.

É flagrante o fato de que se está considerando a disputa para prefeito. Tratássemos dos postulantes ao cargo de vereador e faltaria espaço nesta pastoral para enumerar metade dos slogans empregados na apresentação dos célebres concorrentes.

Se fiz você pensar que o assunto deste texto é eleição, perdoe-me, por favor. Não vou discuti-la sequer por um parágrafo. Não hoje. Hoje, pretendo avaliar a conduta descomedida de uma parte dos eleitores cristãos. Sim, ainda que a ação em pauta seja a escolha de um prefeito ou vereador, seja ela praticada por um filho de Deus, tratar-se-á de uma ação cristã. E como tal deve ser abalizada pelas Escrituras Sagradas.

Quanto à escolha de candidatos, o que dizem as Escrituras? Na época do registro do texto sagrado, claro, não havia eleições para escolha de mandatários. Pelo menos não nos moldes de hoje. Mas há na Bíblia princípios indicativos para que o cristão se posicione quanto esse aspecto importante de sua vida. Vamos a eles.

Escrevendo a Timóteo, o apóstolo Paulo orienta: “Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas, orações, intercessões, ações de graças, em favor de todos os homens, em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranquila e mansa, com toda piedade e respeito” (1 Tm. 2.1). O que essas palavras significam? Significam que nós, cristãos, devemos orar por nossas autoridades (prefeitos, vereadores...). Ora, a depender do critério utilizado na escolha de um candidato, o cristão jamais poderá pedir a Deus que abençoe o mandato de seu representante, caso eleito. Por quê?

Voto dado em troca de favores, trata-se, pela ética cristã, de voto “sujo”, desonesto, corrupto. Portanto, indigno de um filho de Deus. Então, com que cara um adorador pediria ao seu Senhor que abençoasse um homem que o corrompeu? Mais. Jesus ensinou que, aquele que não é fiel no pouco, também não o será no muito. Aplique esse princípio à situação que está sendo considerada. Um político que corrompe um crente ou uma igreja poderá, facilmente e sem escrúpulos, corromper uma cidade toda! Você, cristão, clamaria por bênção em favor de alguém potencialmente tão contrário aos ensinamentos bíblicos?

Em outra ocasião, o mesmo apóstolo Paulo mostrava-se indignado com alguns conflitos vistos dentro de uma igreja. Ele diz que divergência de opinião era até aceitável, uma vez que sua figura predileta para descrever a igreja é a de um corpo. O corpo humano, diz Paulo, tem vários órgãos e cada um com uma função específica. O conjunto de tão diferentes elementos é que dá vida ao ser humano. Essa analogia foi aplicada ao convívio social dos cristãos na cidade de Corinto. Eles estavam brigando. A igreja estava dividida em 3 ou 4 partes distintas! E como o velho apóstolo tratou desse problema? Ele disse: “Porquanto, havendo entre vós ciúmes e contendas, não é assim que sois carnais e andais segundo o homem?” (1 Co. 3.3).

É incrível como os cristãos de hoje simplesmente ignoram esse texto não o aplicando à realidade atual. Chega a ser uma cena “bisonha” a de dois crentes discutindo apaixonadamente sobre que candidato é melhor. A cena não é ridícula por discutirem a melhor opção para a cidade. Isso é legítimo e correto. A estranheza fica por conta de que tais disputas conseguem “separar” aqueles por quem Cristo morreu.

Você que lê esse texto, responda: É possível cultuar ao Santo Deus, estando irado com o irmão ao lado? E qual o motivo da ira? O simples fato de um votar em X e o outro, em Y. Que isso ocorra, é patético, desalentador, vergonhoso. Pior. É contrário ao que prescreveu Jesus: “Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta” (Mt. 5.23-24). Você consegue enxergar o ponto?

Vote. Procure saber qual o melhor nome para ocupar o cargo de prefeito da nossa cidade. Selecione um bom homem para receber seu voto para vereador. Informe-se, questione, interrogue, procure conhecer projetos e sua viabilidade, estude. Faça tudo o que se espera de um cidadão. Mas não se esqueça: Você é um cidadão cristão!

Pense nisso!


Rev. Renato Arbués.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Oh, Graça Maravilhosa!


Somos presbiterianos. Nosso sistema doutrinário tem na Soberania de Deus a mais importante de todas as doutrinas. É ela que sustenta todo a nossa fé. É por ela que podemos confiar no Pacto Eterno, na Salvação, na Perseverança dos Santos, na Santa Igreja. Mesmo a Presciência tem seu fundamento nos decretos eternamente planejados e firmados na Soberana decisão do Pai.

Porém, como presbiterianos, também estimamos a Graça Divina. Graça essa soberanamente administrada em nossas vidas, suprindo todas as nossas necessidades, aliviando nossas ansiedades, respondendo as mais íntimas dúvidas que acolhemos. Se a Soberania divina é o alicerce da nossa fé, a graça maravilhosa é o teto, que nos protege das chuvas do desânimo, do calor do orgulho e do frio do egoísmo.

“Sendo justificados gratuitamente por Sua graça” (Rm. 3.24);“Porque pela graça sois salvos” (Ef. 2.8); “Que nos salvou, e nos chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o Seu propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos eternos” (2 Tm. 1.9). Sem a graça de Deus não seríamos quem somos, não teríamos o que temos, não esperaríamos o que nos está reservado, e não desfrutaríamos da confortante e santa presença do Senhor em nossa vida. Tudo nos vem pela Graça. E só ela nos basta.

A graça. A graça maravilhosa que nos tirou das trevas e nos colocou no reino da luz. A graça que superabundou onde havia pecado. A graça que acalma nosso coração nos momentos de desespero e de dor. É somente pela graça que somos salvos, santificados, amados e, finalmente, glorificados. Como é linda a nossa fé, além de coerente, inteligente, fidedigna, ainda tem o mérito de nos consolar por meio da verdade eterna e redentora, presenteada aos eleitos pelo Santo Espírito de Deus.

Em tempos difíceis, precisamos ouvir o excelente conselho de Jeremias: “Prefiro trazer à memória o que me pode trazer esperança” (Lm. 3.21). Não sei você, mas eu, honestamente, jamais precisei tanto de esperança quanto nesses dias. Sempre que vejo famílias sofrendo por falta de diálogo, de humildade, de submissão à vontade de Deus; sempre que vejo jovens sedentos pelos frutos do pecado, cegos pelo deus deste século; sempre que vejo a desilusão, a fraqueza espiritual, a falta de objetivos; enfim, em cada novo amanhecer, a menos que tenhamos bem firme em nossa memória o que nos pode trazer esperança – a graça de Deus – há muito teríamos desistido.

Como bom presbiteriano, exalto a graça de Deus em minha vida e confesso que, sem ela, não passaria de um simples miserável, condenado justamente pela santidade divina. Contudo, ao Soberano Senhor de todas as coisas aprouve estender Sua compaixão e misericórdia a mim,  me salvando graciosa e gratuitamente. Hoje, “já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim” (Gl. 2.20).

Lembre-se disso, meu irmão. Quando se sentir desanimado, reflita sobre a Graça Maravilhosa. Ela é, sem dúvida, nossa maior fonte de esperança e reavivamento em dias tão difíceis.

Amém.


Rev. Renato Arbués.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

COM VERGONHA


Somos uma nação evangélica. Pelo menos foi isso que os dados do Censo 2010 divulgados pelo IBGE disseram. Há 30 anos, os que se diziam católicos representavam 89% da população brasileira. Hoje, são 65%. Enquanto isso, nos anos 1980, 7% da população se dizia evangélica. Hoje esse índice está em 22%.

No Censo anterior, de 2000, os números eram bem parecidos. A população católica representava 73,8%; os evangélicos, 15,45%. No entanto, o terceiro grupo “religioso” significativo, era o dos sem religião, 7,3%.

Os sem religião formam uma categoria à parte. Geralmente, são jovens, filhos de pais crentes, que se afastaram do convívio da igreja mas, conforme dizem, continuam amando a Deus e seguindo Seus princípios. Do jeito deles, claro.

Esses números nos fazem pensar. Se somarmos os 65% de católicos com os 22% de evangélicos, teremos 87% da população brasileira praticante do cristianismo. É gente pra caramba.

Um estrangeiro cristão, ao ler esses números, deve pensar que o Brasil é uma maravilha. Pouca violência, famílias felizes, igualdade, muito amor e paz. Eu, porém, pergunto a você: Seu mundo é assim? Você se sente seguro andando pelas ruas da nossa cidade? Sente que há igualdade, em particular, no que diz respeito à distribuição da justiça?

Penso que vamos ficar chocados quando os números referentes aos sem religião forem divulgados. Seguramente, essa categoria já deve bater a casa dos dois dígitos. A julgar pelo que vemos, ou melhor, pelo que não vemos nos bancos das igrejas, o número cresceu. E muito.

Felizmente, o IBGE ainda não criou a categoria dos sem compromisso. Aí, nós, os 87% de cristãos que há no Brasil, ficaríamos reduzidos a ____ % (complete você).

Pense nisso.

Rev. Renato Arbués.


segunda-feira, 2 de julho de 2012

Você ou o inferno!


Meditação baseada em Romanos 9.3:

Religião estranha, esse cristianismo. Como é possível entender uma doutrina que ensina que o fiel deve batalhar para manter um bom relacionamento com o Seu Deus, por meio de horas e horas de estudo bíblico, de oração, de participação em cultos públicos e outras atividades espirituais e, de repente, apenas por amor aos demais fiéis, desejar distanciamento desse Deus?

Pois é, por mais complicado que seja compreender algo assim, é exatamente isso que Paulo nos ensina. O apóstolo amava seus compatriotas com tamanha intensidade que, se preciso, a fim de vê-los salvos, seria capaz de separar-se de Cristo. Mais: O velho discípulo disse que seria melhor ser maldito (anátema) do que ver seus irmãos perdidos.

É difícil aceitar ou entender, mas não é nenhuma novidade. A essência do evangelho está no amor a Deus e ao próximo. A evidência maior do amor é a disposição em fazer o outro feliz. No caso de Deus, o que O deixa feliz é a nossa obediência (Jo. 14.15; 15.14). Todo aquele que diz amar a Deus deve obedecê-lo.

Devemos obedecer à ordem de congregar-nos (Hb. 10.25), de meditar na Palavra (Sl. 119.97), de orar (1 Ts. 5.17), de participarmos da Santa Ceia (1 Co. 11.23-32), de santificarmos (Hb. 12.14), de cuidar dos órfãos e das viúvas (Tg. 1.27) e de evangelizar os que estão perdidos (Mt. 28.18-20).

O bem-estar do outro deve ser colocado acima do nosso. Cristo fez isso quando Se entregou para morrer naquela cruz horrível. Ele não veio para fazer a Sua vontade, mas a do Pai. Jesus estava sempre colocando a satisfação do outro (do Pai, dos eleitos) acima da sua. Cristo é o nosso exemplo. O que Ele fez, devemos fazer também.

Dessa forma, o desejo de Paulo está de acordo com o que o homem de Nazaré nos ensinou. As palavras de Paulo foram: “Porque eu mesmo desejaria ser anátema, separado de Cristo, por amor de meus irmãos, meus compatriotas, segundo a carne” (Rm. 9.3).

Infelizmente, essa não é uma atitude muito comum entre os evangélicos de hoje. Estamos tão absortos nos nossos problemas, nas nossas dificuldades, na nossa vida que, raramente, temos tempo para preocupar-nos com a vida do outro, quanto mais desejar salvá-la, se para isso for necessário investir tempo e/ou recursos pessoais.

Imagine – mesmo que seja uma tarefa por demais difícil – uma família em que o homem desejasse ir para o inferno a ver sua esposa infeliz; em que uma mulher desejasse perder a comunhão com Cristo a deixar esfriar o romance com o esposo; em que os filhos desejassem a condenação a desobediência aos pais. Que família, não é mesmo?

Por que não pode ser assim, se somos filhos de Deus? Se temos Cristo como Salvador e Senhor de nossas vidas, por que não conseguimos imitá-lo justamente no ponto principal de Seu ministério, o amor?

Não espere sua esposa começar a seguir o exemplo de Cristo, homem, comece você a amá-la acima de tudo. Mulher, não espere a mudança do seu marido. Mude você! Filho, não espere ter pais dedicados a você, dedique sua vida a seus pais.

Se for muito difícil fazer isso, peça ajuda a Deus. Para Ele, não há impossíveis.

Rev. Renato Arbués.


sábado, 30 de junho de 2012

Dois prefeitos do mesmo partido?


Ouvi dizer que um partido político em nossa cidade está dividido. Duas pessoas apresentaram candidatura ao cargo de prefeito. Uma tem o apoio do Diretório Municipal. Outra, afirma ter a aprovação do Diretório Estadual e Nacional. Nenhuma delas desiste. Segundo declarações de ambas, se preciso for, a última palavra será da Justiça.

Feliz é a cidade que desfruta do privilégio de ter pessoas tão comprometidas com o bem público, a ponto de esquecerem anos e anos de companheirismo. Quando os antigos gregos lançaram as bases da Democracia, tenho certeza de que pensavam em pessoas assim. “O homem é um animal político”, afirmava Aristóteles. Isso quer dizer que sua realização está não em seus desejos, sua ambição pessoal, mas, sim, no bem-estar coletivo, no progresso da pólis, na prosperidade dos habitantes de uma cidade.

Quando ouvirmos falar de crentes que priorizam o bem da congregação ao seu próprio, também teremos motivos de nos alegrarmos. Quando os homens entenderem que, para serem felizes, precisam fazer os outros felizes, a sociedade terá paz e prosperará. Nós, que somos filhos de Deus, precisamos aprender a cuidar do outro para que eles cuidem de nós, também. Temos de amar para sermos amados. Temos de compartilhar para conquistarmos.

Oxalá as motivações dos nossos políticos sejam as mais nobres.

E tomara que Deus nos faça entender a essência do evangelho: Amar a Deus e ao próximo!

Rev. Renato Arbués.




sexta-feira, 29 de junho de 2012

CONVERSA NA FOGUEIRA


Uma das características mais interessantes de Jesus era a Sua prontidão em conversar com as pessoas. Aqui e ali nos evangelhos, lemos diálogos interessantíssimos de Cristo com as pessoas comuns da Palestina. Mulheres viúvas, excluídos sociais, mendigos, sacerdotes, crianças, enfim, qualquer pessoa interessava a Jesus.

Eu me lembro da minha infância em fazendas no interior de Goiás. O dia de trabalho terminava por volta das 16h. Um pouco de brincadeiras, banho e jantar. Depois vinha a hora mais aguardada do dia: a fogueira no terreiro.

A expectativa não pela fogueira, claro, mas pelas conversas ao seu redor. Os mais velhos conversavam conosco. Contavam histórias. Histórias de terror, geralmente. O medo entorpecia, mas, era extremamente divertido. Ouvia meu pai, meu avô, meus tios, os vizinhos. Era uma Ágora sem a preocupação com o destino da cidade. Era simplesmente, o prazer de conversar.

Hoje, não há mais fogueiras. Há televisões. Cada vez mais modernas, elas é que falam. Contam histórias de romance, de terror, de aventura. Mas, falta alguma coisa, algum tempero especial foi perdido: a interação entre as pessoas. Somos meros espectadores, números do IBOPE.

Por que não conversamos mais?

Se Jesus estivesse entre nós fisicamente, será que Ele assistiria televisão ou prefereria uma boa conversa?

Rev. Renato Arbués.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

ORAÇÃO


Orar.

Por que será que alguns cristãos não conseguem desenvolver um hábito uma vida devocional significativa?

É um paradoxo.

Dizemos que amamos a Deus sobre todas as coisas. Desejamos agradá-lo. Queremos fazer a Sua vontade.

Mas não oramos.

Não lemos a Bíblia regularmente. Não frequentamos os cultos. Não dirigimos nossa atenção às coisas lá do alto.

Sem orar, nossa intimidade com Deus ficará comprometida. Ficaremos fracos espiritualmente. Tornar-nos-emos presas fáceis do pecado.

Ore todos os dias.

“A função da oração não é influenciar Deus, mas, especialmente, mudar a natureza daquele que ora”.
Soren Kierkegaard.

Rev. Renato Arbués.


terça-feira, 26 de junho de 2012

PRIORIDADES



Prioridades.

No mundo todo as pessoas têm pressa. Vive-se a dinastia do tempo. Que horas são? Tenho de correr? Estou atrasado! Sem dúvida, dentre as frases mais faladas por nós, essas encabeçam a lista. A questão é: “Precisa ser assim?”

Ora, Jesus era um homem extremamente ocupado. E público também. Desde seu batismo, não andava mais sozinho. Pessoas queriam vê-lo, tocá-lo, ouvi-lo. Enfermos queriam ser curados. Pobres, recompensados. Ricos, salvos. Excluídos queriam ser amados. E Jesus tinha tempo pra atender a todos.

Mas, incrível, Jesus também ficava sozinho. Quando se sentia cansado, pedia aos discípulos que o levassem de barco para um lugar distante, onde pudesse orar. E orava várias vezes ao dia.

Não conheço homens de Deus bem-sucedidos que não tenham sido ocupados. Envolvidos em diversas frentes, Lutero, Calvino, Knox, Whitefield, Spurgeon, entre tantos outros, jamais se permitiam passar longos períodos distantes de Deus.

É tudo questão de prioridade. Priorize Deus e você achará tempo para ter comunhão com Ele.

Priorize o seu casamento, e achará tempo para investir na sua relação conjugal.

Pense nisso.

Rev. Renato Arbués.