Rev. Paulo Brocco

Pregação no culto de encerramento do Presbitério Piratininga.

Batismo da irmã Raimunda Goveia"

"E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará"!

Fachada da IPC de Bonfim

Rua A Quadra A, nº 48, Casas Populares - Senhor do Bonfim - BA

Igreja em festa: Confraternização

IPC de Senhor do Bonfim em festa.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Deus esquecido!

O título remete ao apóstolo Paulo em Atenas. Enquanto esperava por Silas e Timóteo, dissertava na sinagoga e na praça todos os dias. Além de judeus e gentios piedosos, na platéia de Paulo encontravam-se também filósofos epicureus (buscavam prazeres moderados) e estóicos (propunham viver de acordo com a lei racional da natureza e aconselhavam a indiferença em relação a tudo o que é externo ao ser). Estes últimos levaram o apóstolo até o Areópago (Colina de Ares), um antigo tribunal, repleto de imagens de deuses. O texto bíblico relata o desconforto de Paulo ante a idolatria dominante na cidade (At. 17.16). Até que uma imagem chama a sua atenção.

Era a imagem dedicada ao Deus desconhecido (At. 17.23). No afã de agradar a todos os deuses, os gregos decidiram dedicar um monumento a uma possível divindade cujo nome lhes era desconhecido. Veja você, caro leitor, o zelo do povo que nos legou, entre outras coisas, a filosofia e a democracia, não lhes permitia ignorar um elemento vital da constituição humana: a alma.

Alma que anda muito negligenciada em nossos dias. As pessoas modernas não têm tempo pra essas bobagens de religião. Estão realizando projetos excelentes, estão construindo um futuro melhor, futuro este, ressalte-se, que propiciará banda larga de graça, estádios modernos, tv digital, educação de qualidade... Tudo sem a menor necessidade de Deus ou da “famigerada” religiosidade.

Já há setores trabalhando nisso. Veja uma novela, por exemplo. Você sabe qual o segredo de um personagem (às vezes, a bem da verdade, tem-se que esperar até o último capítulo), qual o sexo, quais as intenções, quais os amigos, onde mora, como mora, onde trabalha, quem são os inimigos, enfim, sabe tudo, menos a religião. Porque numa novela não há espaço para essas coisas de religião.

O apresentador Datena foi processado pela Associação dos Ateus por declarar que uma pessoa sem Deus é capaz de matar. Um pastor também foi processado, e condenado, junto com a rede TV, a indenizar pessoas que se sentiram ofendidas por declarações contra o ateísmo. Resultado: Ninguém mais pode falar o que nossos avós já diziam sobre quem não tem Deus. Você sabe bem, mas, tem coragem de dizer bem alto?

E assim vamos vivendo numa sociedade com tantos deuses e ao mesmo tempo sem deus nenhum. A arte, antes agente de divulgação das obras divinas, hoje trabalha para destruir ou apagar a imagem divina de nossas vidas.

E as igrejas? Haveria ainda igrejas que preservam o culto à divindade? Outro dia ouvi um pastor falar que odiava a Teologia da Prosperidade. Segundo ele, a Teologia da Prosperidade não oferece Deus para as pessoas. Na verdade, o que a Teologia da Prosperidade oferece, oferece ao homem natural. Quem precisa nascer de novo para querer ser rico ou prosperar? Quem precisa ter um novo coração (no sentido espiritual) para querer ter saúde? Ninguém. Pois é. Infelizmente, o deus oferecido nas igrejas de hoje está interessado na demanda do homem moderno, que quer tudo, menos Deus.

Fico pensando se, daqui a alguns anos, não teremos de erguer um monumento ao Deus que, a cada dia, vai ficando mais desconhecido.

Rev. Renato Arbués.


sábado, 5 de maio de 2012

Romanos 14.7-8


“Por que nenhum de nós vive para si mesmo, nem morre para si. Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. Quer, pois, vivamos ou morramos, somos do Senhor”.

O apóstolo Paulo está escrevendo suas últimas recomendações aos cristãos romanos. Ele estava preocupado com a tendência que os seres humanos têm de se separarem por qualquer motivo. Não era diferente naquela Igreja. Alguns cristãos simplesmente deixavam de relacionar-se com outros apenas por questões sobre o comer carne ou beber vinho ou guardar este ou aquele dia da semana.

O argumento de Paulo passa por frases marcantes como as dos versos 7-8: “Porque nenhum de nós vive para si mesmo, nem morre para si. Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. Quer, pois, vivamos ou morramos, somos do Senhor”. Quer dizer, somos parte de algo maior; somos parte de uma família, da família de Deus. E tudo que fazemos deve levar em conta essa relação harmoniosa e fraternal com os demais filhos de Deus.

De fato, a realidade que importa é a de que todos os crentes não pertencem a si mesmos, nem uns aos outros primeiramente: eles pertencem a Deus. Eles são do Senhor, quer estejam vivendo quer estejam morrendo!

Essas palavras de Paulo foram dadas para confortar e consolar  os filhos  de Deus que seriam perseguidos e teriam, dentro em breve, de enfrentar torturas e condenações. Essas palavras foram tão poderosas que, ao longo da história, elas amenizaram a dor e o sofrimento de diversos cristãos à beira da morte. Tal consolo, infelizmente, não é desfrutado pelos sábios e poderosos, pelos proeminentes e eruditos. Não, essas palavras são para os que fazem parte da família de Deus.

A escritora Rachel de Queiroz escreveu: “Morrer, só se morre só. O moribundo se isola numa redoma de vidro, ele e a sua agonia. Nada ajuda nem acompanha”. Coitada. Dá pra sentir a tristeza e a decepção dessa senhora quando escreveu essas palavras. Para que você, meu caro amigo, perceba a diferença de atitude ante a morte, vou citar um trecho de um discurso de Benjamin Franklin: “O homem fraco teme a morte, o desgraçado a chama; o valente a procura. Só o sensato a espera”.

Há um antigo e conhecido Catecismo da Igreja Protestante, o Catecismo de Heidelberg, que afirma: “O meu único conforto é que - corpo e alma, na vida e na morte – não pertenço a mim mesmo, mas ao meu fiel Salvador, Jesus Cristo, que, ao preço do seu próprio sangue pagou totalmente por todos os meus pecados e me libertou completamente do domínio do pecado...”.

Martinho Lutero, diante da dieta de Worms, foi pressionado a negar sua fé e acatar a antiga tradição que ele professava. Sua resposta, dada diante do imperador, de autoridades da Igreja, de soldados e de uma grande platéia, foi: “A não ser que os senhores me provem pela Escritura e pela razão que eu estou errado, não poderei e não me disporei a voltar atrás. Minha consciência está sujeita à Palavra de Deus. Ir contra a consciência não é direito nem seguro. Aqui fico. E que Deus me ajude. Amém”. Na noite anterior, Lutero não conseguira dormir, de tanta apreensão. Mas, naquele momento, foi tomado pela paz, pela certeza de vivo ou morto, ele era do Senhor.

Um outro reformador, inglês, Thomas Cranmer, o arcebispo de Henrique em Cantuária, foi preso pela rainha Maria, a Sanguinária. Foi condenado à fogueira com mais 330 protestantes ingleses. Foi colocado na prisão e torturado durante meses, até que concordou em escrever um documento no qual renunciava à fé. Os perseguidores prometeram que iriam soltá-lo. Mentira. Quando ele soube que seria morto, pediu papel e caneta e escreveu outro documento pedindo desculpas aos cristãos. Quando foi levado à fogueira, estendeu a mão direita na direção das chamas e gritou: “Posto que a minha mão ofendeu, escrevendo contrário ao meu coração, minha mão será punida primeiro por isso; pois seja eu levado ao fogo, será queimada primeiro”.

Você dirá: belos casos de heroísmo. Eu direi: Não foi apenas o heroísmo, mas a confiança em Deus que sustentou todos esses homens e continua sustentando o povo de Deus hoje.

Eu sei que muitos crentes deixaram de pensar em coisas como o céu ou o inferno. Eles estão interessados na vitória contra o desemprego, contra as crises, contra a solidão. Eles não estão dispostos mais a sofrer por Cristo, quanto mais a morrer por Ele. Que pena! O amor a Deus foi substituído pelo amor às coisas de Deus. Espero que você não enfrente nenhuma dessas situações, nem que precise ficar doente como Jó e perder todos os bens. Mas, se você, meu amigo, estiver enfrentado uma doença, se você estiver triste por algum problema, se você estiver chorando, sentindo-se pressionado pelas circunstâncias da sua vida, console-se nas palavras de Deus, ditas por meio do apóstolo Paulo: “Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. Quer, pois, vivamos ou morramos, somos do Senhor”.

Deus nos protege tão bem que, contra a vontade do Pai celestial, não perderemos sequer um fio de cabelo, porque tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus. Conheçamos a verdade, e a verdade nos libertará da ignorância, da tristeza, do medo.

Amém!

Rev. Renato Arbués.


quarta-feira, 2 de maio de 2012

INDIFERENÇA


Por muito tempo, acreditava-se que o contrário de amar seria odiar. Uma vez que o amor leva os homens a se aproximarem, a se ajudarem, a aprenderem a lidar com as suas diferenças de maneira civilizada e cortês, parecia evidente que, rompidos os laços que uniam um indivíduo ao outro, estabelecer-se-ia o ódio: O sentimento de aversão que separa mesmo os mais queridos irmãos, divide famílias, destrói casamentos, enfim, inviabiliza qualquer possibilidade de entendimento.
Depois de muita reflexão, os estudiosos da alma humana mudaram de opinião. Eles observaram que o ódio não separa, pelo contrário, aproxima ainda mais. Quem odeia quer saber o que se passa com o inimigo; quer tomar conhecimento de cada queda, de cada fracasso, de cada desilusão, afinal, como diz o adágio popular: “pimenta no olho do outro é refresco”. Ainda mais refrescante será quando o “outro” for um velho inimigo. Pois é. Ora, pra que se saiba o que se passa com quem se odeia, faz-se necessária certa aproximação. Indivíduos que se odeiam não conseguem viver longe um do outro. Eles “se precisam”. E - suprema ironia - eles se atraem.
Então odiar não é o contrário de amar.
E qual seria, pois, o sentimento contrário ao do amor? Bem, se aceitamos o fato de que o amor aproxima, o sentimento contrário ao amor deve afastar, deve erguer barreiras altas e grossas o bastante para separar velhos amigos. O que teria tanta força assim?

A indiferença!

É... O contrário do amor é a indiferença. Quando você se torna indiferente em relação a alguém, esse alguém já não existe como pessoa pra você. Sua dor não o incomoda, seu choro não o comove, suas perdas não o abalam, suas idéias não interessam, sua vida não importa mais a você. Morte em vida, é o que acontece a qualquer um que experimenta a indiferença de um semelhante.

A Sociologia preconiza que o indivíduo não se tornará humano quando distante do convívio com outros humanos. A Antropologia lembra-nos que nos realizamos e desenvolvemos em sociedade. A Teologia diz que fomos feitos para nos relacionarmos. Percebe que, seja pela ciência humana, seja pela ciência divina, a indiferença é algo abominável? Isso se dá porque ela afasta o homem do convívio social. Ela é contra qualquer tipo de lei. Aliás, o pior castigo aplicado a um detento é um período na “solitária”, no isolamento social, onde chorará e seu choro não fará diferença pra ninguém.

Por isso, meu irmão, a Palavra de Deus nos adverte tantas vezes contra esse comportamento: “Amai-vos uns aos outros”, ensinou-nos Jesus. “A ninguém deveis nada, exceto o amor”, gritava o apóstolo Paulo; “Tende intenso amor uns para com os outros”, são palavras do rude pescador Pedro. Amor é a essência da vida cristã!

O poeta Dante, na Divina Comédia, imaginou o centro do inferno como sendo de gelo puro. Satanás estaria “enterrado” pela metade nas rochas geladas, enquanto bate levemente suas asas e, com ela, conserva o frio daquele lugar terrível. Uma descrição exata. Na literatura bíblica, o “fogo” é símbolo do amor, porque é símbolo de Deus. Moisés viu o SENHOR numa sarça que “pegava fogo” e não se consumia. “O amor”, disse o poeta, “é fogo que arde sem se ver...”. Ora, se no centro do inferno está Satanás, é evidente que lá deve fazer um frio tremendo. Inferno é ausência de Deus. Inferno é frio. No inferno não haverá o conforto de um abraço nem o consolo de alguém a escutar os lamentos dos condenados.

Por tudo isso, ao cristão é vedada a indiferença veementemente. O cristão deve manifestar o amor de Deus amando ao próximo como a si mesmo. Pare por um momento de ler essa pastoral e olhe para o irmão do seu lado. O que você sabe sobre ele? Você já o visitou? Será que ele não está enfrentando uma provação terrível e você sequer tem orado por ele? Você já ouviu as histórias dele? Elas podem ser insignificantes para você, mas para ele são as histórias de sua vida!
Por vezes, entramos e saímos de casa (ou da igreja, do trabalho) sem olhar nos olhos de quem está do nosso lado, talvez precisando de migalhas de nossa atenção. Ou apenas precisando de um ouvido. Um ouvido!

Meu irmão, pense no SENHOR. Pare um pouco. Diminua o seu ritmo acelerado de todos os dias e demonstre amor por alguém. Visite um irmão, fale com outro, sorria pra alguém. Demore um pouco mais à porta da igreja, cumprimente o seu vizinho. Faça alguma coisa, enfim, para que os outros não se sintam esquecidos por você.

Jesus escolheu amar. E você?

Rev. Renato Arbués.