sábado, 7 de junho de 2014

Exceder os fariseus

Mateus 5.20: “Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus”.

Quando o Senhor Jesus pronunciou o sermão da montanha, estavam sentados em volta dele os seus discípulos, uma multidão de ouvintes que lhe seguiam e escutavam com prazer Suas palavras.

Era o começo da igreja. Ali estavam os apóstolos que um dia se sentarão em Seu reino em doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel. Porém, um deles era “um diabo”. Ali também havia uma multidão de seguidores, embora um pouco mais tarde, muitos deles também abandonariam Jesus quando suas esperanças de prosperidade e sucesso na terra fossem frustradas.

Mas, naquele momento, todos diziam crer em Jesus. E demonstravam isso através de sua presença ali e por sua atenção dedicada à pregação da Palavra.

Isso é precisamente o que ainda hoje vemos acontecer quando nos reunimos na igreja. Essa igreja, aqui e agora, esse grupo de pessoas, são o sal da terra e a luz do mundo (Mt. 5.14-15).

Então, para esses discípulos, para essa igreja e também para nossos filhos, Jesus acaba de falar sobre a justiça que deve haver entre eles, como prova de que aqui realmente se congregam futuros cidadãos do Reino dos Céus.

Não. Jesus não está ensinando que somos salvos mediante a justiça própria. Isso nos é totalmente impossível. Cristo é o Salvador. Somente Ele. E o homem é justificado pela fé em Cristo, e não por obras da Lei. Porém quem confessa que busca sua justiça em Jesus e que a encontra nEle, segundo suas firmes promessas; quem isso professa deve confirmar isso por frutos agora; e frutos abundantes, muito mais que os que eram produzidos pelos escribas e fariseus.

Trata-se de exigências enormes para aqueles judeus que rodeavam a Jesus no monte. Não havia ninguém então mais cumpridor da Lei do que os escribas e fariseus. Mas Jesus exige de pescadores e camponeses que mostrem uma justiça mais abundante que a dos doutores da Lei, e sob a ameaça de serem rechaçados como servos inúteis, caso não conseguissem.

Num sentido literal, os escribas e os fariseus tinham justiça. Mas era uma justiça externa, da porta pra fora, como diríamos. Se o mandamento dizia: “Não matarás”, eles o tomavam ao pé da letra e não matavam. Porém Jesus também toma estritamente o ódio ao irmão, manifestado em insultos e xingamentos, como parte desse mandamento também.

Os escribas e fariseus levavam a sério o mandamento que dizia: “Não adulterarás”. Eles não adulteravam. Mas Jesus proibiu também entre Seu povo olhares maldosos, cheios de cobiça, classificando tudo isso como adultério.

Os escribas e fariseus respeitavam grandemente a proibição de divorciar-se. Porém Jesus não queria permitir nenhuma carta de repúdio mais em Sua igreja. A “dureza de coração” devia ser quebrada pela pregação da Palavra e pelo Espírito Santo.

Escribas e fariseus sabiam amar e cuidar do próximo. Porém, na Igreja de Jesus, também se exige amor aos inimigos. É, pois, de se perguntar: “As regras na igreja de Jesus são mais rigorosas do que na igreja dos escribas e fariseus?”. Absolutamente não. Aqueles a quem Jesus perdoou uma dívida de 10.000 talentos não devem torturar a seus irmãos por 100 moedas.

O fato de os fariseus exigirem até o último centavo de seus devedores, não poderia ser de outra maneira, pois eles também davam a Deus o que pertencia a Ele até o último centavo. E sabemos que, quem é severo consigo mesmo também será com os outros. Mas aquele que sabe que vive pela graça, não pode fazer outra coisa senão mostrar graça e perdão.

Por isso, nossa justiça deve ser muito maior que a dos fariseus. Isso é possível. Pois nosso Senhor Jesus Cristo nunca exige de Sua igreja o que é totalmente impossível. Seu jugo é suave e sua carga é leve.

Nossa justiça será maior quando tivermos olhos para ver e praticar as obras que são fruto do Espírito Santo. Essa justiça existe onde vivem e trabalham os verdadeiros filhos de Deus.

A justiça que agrada a Deus é proveniente do coração. Deus julga nossos atos, sim. Mas Ele também considera nossos motivos. Não é o bastante fazer o bem; é importante considerar acerca do motivo que nos leva a praticá-lo.

Pessoas podem fazer coisas boas mesmo tendo um coração sujo. Hittler era incapaz de machucar um gato de estimação; ao mesmo tempo comandou o assassinato de milhões de judeus. Saddam Houssein era extremamente generoso com os netos, mas implacável com os filhos e netos de seus oponentes.

Portanto, a justiça do crente deve superar a dos hipócritas, dos fariseus. Isso será possível quando tivermos motivos nobres, razões verdadeiras, causas corretas. É possível viver assim. É possível cumprir a vontade de Deus. É possível entrar no Reino dos Céus.

Rev. Renato Arbués.


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