Mateus
5.20: “Porque vos digo que, se a vossa
justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no
reino dos céus”.
Quando o Senhor Jesus
pronunciou o sermão da montanha, estavam sentados em volta dele os seus
discípulos, uma multidão de ouvintes que lhe seguiam e escutavam com prazer
Suas palavras.
Era o começo da igreja. Ali
estavam os apóstolos que um dia se sentarão em Seu reino em doze tronos, para
julgar as doze tribos de Israel. Porém, um deles era “um diabo”. Ali também
havia uma multidão de seguidores, embora um pouco mais tarde, muitos deles
também abandonariam Jesus quando suas esperanças de prosperidade e sucesso na
terra fossem frustradas.
Mas, naquele momento, todos
diziam crer em Jesus. E demonstravam isso através de sua presença ali e por sua
atenção dedicada à pregação da Palavra.
Isso é precisamente o que
ainda hoje vemos acontecer quando nos reunimos na igreja. Essa igreja, aqui e
agora, esse grupo de pessoas, são o sal da terra e a luz do mundo (Mt.
5.14-15).
Então, para esses
discípulos, para essa igreja e também para nossos filhos, Jesus acaba de falar
sobre a justiça que deve haver entre eles, como prova de que aqui realmente se
congregam futuros cidadãos do Reino dos Céus.
Não. Jesus não está
ensinando que somos salvos mediante a justiça própria. Isso nos é totalmente
impossível. Cristo é o Salvador. Somente Ele. E o homem é justificado pela fé
em Cristo, e não por obras da Lei. Porém quem confessa que busca sua justiça em
Jesus e que a encontra nEle, segundo suas firmes promessas; quem isso professa
deve confirmar isso por frutos agora; e frutos abundantes, muito mais que os
que eram produzidos pelos escribas e fariseus.
Trata-se de exigências
enormes para aqueles judeus que rodeavam a Jesus no monte. Não havia ninguém
então mais cumpridor da Lei do que os escribas e fariseus. Mas Jesus exige de
pescadores e camponeses que mostrem uma justiça mais abundante que a dos doutores
da Lei, e sob a ameaça de serem rechaçados como servos inúteis, caso não
conseguissem.
Num sentido literal, os
escribas e os fariseus tinham justiça. Mas era uma justiça externa, da porta
pra fora, como diríamos. Se o mandamento dizia: “Não matarás”, eles o tomavam ao pé da letra e não matavam. Porém
Jesus também toma estritamente o ódio ao irmão, manifestado em insultos e
xingamentos, como parte desse mandamento também.
Os escribas e fariseus
levavam a sério o mandamento que dizia: “Não
adulterarás”. Eles não adulteravam. Mas Jesus proibiu também entre Seu povo
olhares maldosos, cheios de cobiça, classificando tudo isso como adultério.
Os escribas e fariseus
respeitavam grandemente a proibição de divorciar-se. Porém Jesus não queria
permitir nenhuma carta de repúdio mais em Sua igreja. A “dureza de coração”
devia ser quebrada pela pregação da Palavra e pelo Espírito Santo.
Escribas e fariseus sabiam
amar e cuidar do próximo. Porém, na Igreja de Jesus, também se exige amor aos
inimigos. É, pois, de se perguntar: “As
regras na igreja de Jesus são mais rigorosas do que na igreja dos escribas e
fariseus?”. Absolutamente não. Aqueles a quem Jesus perdoou uma dívida de
10.000 talentos não devem torturar a seus irmãos por 100 moedas.
O fato de os fariseus
exigirem até o último centavo de seus devedores, não poderia ser de outra
maneira, pois eles também davam a Deus o que pertencia a Ele até o último
centavo. E sabemos que, quem é severo consigo mesmo também será com os outros. Mas
aquele que sabe que vive pela graça, não pode fazer outra coisa senão mostrar
graça e perdão.
Por isso, nossa justiça deve
ser muito maior que a dos fariseus. Isso é possível. Pois nosso Senhor Jesus
Cristo nunca exige de Sua igreja o que é totalmente impossível. Seu jugo é suave
e sua carga é leve.
Nossa justiça será maior
quando tivermos olhos para ver e praticar as obras que são fruto do Espírito
Santo. Essa justiça existe onde vivem e trabalham os verdadeiros filhos de
Deus.
A justiça que agrada a Deus
é proveniente do coração. Deus julga nossos atos, sim. Mas Ele também considera
nossos motivos. Não é o bastante fazer o bem; é importante considerar acerca do
motivo que nos leva a praticá-lo.
Pessoas podem fazer coisas
boas mesmo tendo um coração sujo. Hittler era incapaz de machucar um gato de
estimação; ao mesmo tempo comandou o assassinato de milhões de judeus. Saddam
Houssein era extremamente generoso com os netos, mas implacável com os filhos e
netos de seus oponentes.
Portanto, a justiça do
crente deve superar a dos hipócritas, dos fariseus. Isso será possível quando
tivermos motivos nobres, razões verdadeiras, causas corretas. É possível viver
assim. É possível cumprir a vontade de Deus. É possível entrar no Reino dos
Céus.
Rev. Renato Arbués.
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