Rev. Paulo Brocco

Pregação no culto de encerramento do Presbitério Piratininga.

Batismo da irmã Raimunda Goveia"

"E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará"!

Fachada da IPC de Bonfim

Rua A Quadra A, nº 48, Casas Populares - Senhor do Bonfim - BA

Igreja em festa: Confraternização

IPC de Senhor do Bonfim em festa.

sábado, 30 de junho de 2012

Dois prefeitos do mesmo partido?


Ouvi dizer que um partido político em nossa cidade está dividido. Duas pessoas apresentaram candidatura ao cargo de prefeito. Uma tem o apoio do Diretório Municipal. Outra, afirma ter a aprovação do Diretório Estadual e Nacional. Nenhuma delas desiste. Segundo declarações de ambas, se preciso for, a última palavra será da Justiça.

Feliz é a cidade que desfruta do privilégio de ter pessoas tão comprometidas com o bem público, a ponto de esquecerem anos e anos de companheirismo. Quando os antigos gregos lançaram as bases da Democracia, tenho certeza de que pensavam em pessoas assim. “O homem é um animal político”, afirmava Aristóteles. Isso quer dizer que sua realização está não em seus desejos, sua ambição pessoal, mas, sim, no bem-estar coletivo, no progresso da pólis, na prosperidade dos habitantes de uma cidade.

Quando ouvirmos falar de crentes que priorizam o bem da congregação ao seu próprio, também teremos motivos de nos alegrarmos. Quando os homens entenderem que, para serem felizes, precisam fazer os outros felizes, a sociedade terá paz e prosperará. Nós, que somos filhos de Deus, precisamos aprender a cuidar do outro para que eles cuidem de nós, também. Temos de amar para sermos amados. Temos de compartilhar para conquistarmos.

Oxalá as motivações dos nossos políticos sejam as mais nobres.

E tomara que Deus nos faça entender a essência do evangelho: Amar a Deus e ao próximo!

Rev. Renato Arbués.




sexta-feira, 29 de junho de 2012

CONVERSA NA FOGUEIRA


Uma das características mais interessantes de Jesus era a Sua prontidão em conversar com as pessoas. Aqui e ali nos evangelhos, lemos diálogos interessantíssimos de Cristo com as pessoas comuns da Palestina. Mulheres viúvas, excluídos sociais, mendigos, sacerdotes, crianças, enfim, qualquer pessoa interessava a Jesus.

Eu me lembro da minha infância em fazendas no interior de Goiás. O dia de trabalho terminava por volta das 16h. Um pouco de brincadeiras, banho e jantar. Depois vinha a hora mais aguardada do dia: a fogueira no terreiro.

A expectativa não pela fogueira, claro, mas pelas conversas ao seu redor. Os mais velhos conversavam conosco. Contavam histórias. Histórias de terror, geralmente. O medo entorpecia, mas, era extremamente divertido. Ouvia meu pai, meu avô, meus tios, os vizinhos. Era uma Ágora sem a preocupação com o destino da cidade. Era simplesmente, o prazer de conversar.

Hoje, não há mais fogueiras. Há televisões. Cada vez mais modernas, elas é que falam. Contam histórias de romance, de terror, de aventura. Mas, falta alguma coisa, algum tempero especial foi perdido: a interação entre as pessoas. Somos meros espectadores, números do IBOPE.

Por que não conversamos mais?

Se Jesus estivesse entre nós fisicamente, será que Ele assistiria televisão ou prefereria uma boa conversa?

Rev. Renato Arbués.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

ORAÇÃO


Orar.

Por que será que alguns cristãos não conseguem desenvolver um hábito uma vida devocional significativa?

É um paradoxo.

Dizemos que amamos a Deus sobre todas as coisas. Desejamos agradá-lo. Queremos fazer a Sua vontade.

Mas não oramos.

Não lemos a Bíblia regularmente. Não frequentamos os cultos. Não dirigimos nossa atenção às coisas lá do alto.

Sem orar, nossa intimidade com Deus ficará comprometida. Ficaremos fracos espiritualmente. Tornar-nos-emos presas fáceis do pecado.

Ore todos os dias.

“A função da oração não é influenciar Deus, mas, especialmente, mudar a natureza daquele que ora”.
Soren Kierkegaard.

Rev. Renato Arbués.


terça-feira, 26 de junho de 2012

PRIORIDADES



Prioridades.

No mundo todo as pessoas têm pressa. Vive-se a dinastia do tempo. Que horas são? Tenho de correr? Estou atrasado! Sem dúvida, dentre as frases mais faladas por nós, essas encabeçam a lista. A questão é: “Precisa ser assim?”

Ora, Jesus era um homem extremamente ocupado. E público também. Desde seu batismo, não andava mais sozinho. Pessoas queriam vê-lo, tocá-lo, ouvi-lo. Enfermos queriam ser curados. Pobres, recompensados. Ricos, salvos. Excluídos queriam ser amados. E Jesus tinha tempo pra atender a todos.

Mas, incrível, Jesus também ficava sozinho. Quando se sentia cansado, pedia aos discípulos que o levassem de barco para um lugar distante, onde pudesse orar. E orava várias vezes ao dia.

Não conheço homens de Deus bem-sucedidos que não tenham sido ocupados. Envolvidos em diversas frentes, Lutero, Calvino, Knox, Whitefield, Spurgeon, entre tantos outros, jamais se permitiam passar longos períodos distantes de Deus.

É tudo questão de prioridade. Priorize Deus e você achará tempo para ter comunhão com Ele.

Priorize o seu casamento, e achará tempo para investir na sua relação conjugal.

Pense nisso.

Rev. Renato Arbués.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

PRIORIDADE: ESTUDAR E ENSINAR!

Você acredita que um professor, sem carteira assinada, sem vínculo com o Estado, dando aulas apenas em sua casa, dois dias por semana, pode ter um sálario de R$ 6.000,00? Não acredita? Então, preste atenção.

Uma professora resolveu deixar a sala de aula e oferecer aulas de reforço nas matérias de matemática, química e física. Seu público-alvo são alunos que cursam o 3º ano do Ensino Médio e batalham por um bom desempenho no Enem e por uma aprovação no vestibular. Ela dá aulas a 4 grupos, distribuidos assim. Cada grupo tem 10 alunos. Cada aluno paga R$ 150,00 por mês. Na segunda, ela reúne um grupo de manhã, das 9h às 12h, e outro, à tarde, das 14h às 15. Os outros dois grupos recebem aulas na quarta-feira.

Pode acreditar, é verdade.

O que ela faz de tão especial? Apenas percebeu a prioridade de 10 entre 10 famílias que têm filhos na escola: Vê-los em uma boa faculdade. Para isso, as crianças devem adquirir competências básicas nas mais diferentes matérias que compõem as exigências do Exame. Para o ENEM deste ano, estão inscritos 6.497.466 candidatos. Que público!

Assim, nossos filhos estudam Português, Matemática, Biologia, Química, Física, Literatura, Espanhol, Inglês, Redação, Geografia, História, além de lerem livros clássicos, conhecerem as discussões políticas atuais, e devem ser capazes de escrevem, e bem, sobre tudo isso. Haja fôlego.

O apóstolo Paulo também dava aulas particulares. Ele também aproveitava as prioridades das pessoas e concentrava sua atenção e seus recursos em cima disso. Foi assim que ele chegou em Éfeso, na Escola de Tirano.

O texto sagrado (At. 19.8) nos informa que Paulo, durante 3 meses, ensinou, discutiu, debateu com os principais da sinagoga. Mas, eles tinham outras prioridades (falar mal do Caminho). E Paulo também. O que Paulo fez?

Alugou a escola de Tirano e por 2 anos passou a ensinar a uns poucos discípulos, separados por ele, e que haviam elegido como prioridade aprender as verdades do Reino de Deus.

Por dois anos, Paulo dedicou sua sabedoria, seu conhecimento, seus esforços, toda a sua vida para preparar jovens e homens que queriam aprender sobre Deus. Eram pessoas inteligentes, que poderiam ter estudado qualquer disciplina. Podiam ter se tornado doutoras da Lei, ou filósofas. Mas não quiseram. Para elas, conhecer a Deus e ensinar sobre Ele aos perdidos, consituía a mais alta prioridade. E assim fizeram.

O texto de Atos informa o resultado desses dois anos de estudo: “dando ensejo a que todos os habitantes da Ásia ouvissem a Palavra do Senhor, tanto hebreus como gregos” (At. 19.10).

Dificilmente, Paulo escolheria hoje preparar alunos para o ENEM. Ele pensava maior. Nossos filhos precisam ser preparados para a vida. Não apenas para esta, pois é passageira, má e cheia de provações (Jó. 14.1). O que nossos filhos precisam é de uma perspectiva eterna, uma educação que vise à vida com Deus, que lhes permitam “buscar, primeiro, o reino de Deus, e a Sua justiça”.

As demais coisas – incluindo o ENEM – serão acrescentadas no tempo certo e da maneira certa.

Esqueça os R$ 6.000,00.

Pense na vida eterna.


Rev. Renato Arbués.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Aliança Política

Estive acompanhando algumas notícias sobre política. Os partidos estão se articulando, formando chapas, escolhendo nomes e elaborando estratégias para as eleições. Tudo na mais perfeita normalidade.

Só uma coisa, infelizmente, continua do mesmo jeito: Os critérios. A pergunta “Com quem vamos fazer aliança?” recebe diversas respostas, tais como:
1. Com quem nos der mais espaço no horário eleitoral;
2. Com quem abraçar nosso projeto político;
3. Com quem quiser.

Todo ano político é assim.

Será que um dia alguém vai eleger como primeiro critério as necessidades da sociedade?

É esperar pra ver.

Rev. Renato Arbués.


terça-feira, 12 de junho de 2012

Crer ou não crer?


Há alguns dias, conversava com uma professora a respeito de religião. Ela me questionou: “Pastor Renato, o senhor acredita em tudo o que está na Bíblia?” Respondi que sim. Ela insistiu: “Em tudo mesmo?” Então, brinquei: “Professora, ou tudo ou nada!”

Lembrei dessa história ontem, enquanto assistia a um debate sobre por que 58% dos jovens cristãos abandonam a fé quando entram numa universidade. Um dos entrevistados apontou algo curioso: existem vários jovens crentes na universidade que têm vergonha de declararem sua fé. Por quê?

Porque seria assumir a crença em doutrinas antigas e ultrapassadas que não podem ser corroboradas pela ciência. Pois é. Mas, será a ciência tão corroboradora assim da verdade? Sei não, tenho minhas dúvidas.

Contudo, não dúvido das palavras de Jesus: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo. 14.6). Sendo assim, como cristão, não temo a verdade, pelo contrário, eu a desejo cada vez mais. Não importa como ela venha. Pode ser pela história, pela biologia, pela química, pela geografia. Ela pode vir até pela boca de um mentiroso. Talvez eu tenha dificuldade para aceitá-la como verdade vinda de um mentiroso, mas, se for verdade, o meio não interessa muito. Ela será sempre bem-vinda.

Outro professor, meu amigo, me disse que a religião é cheia de argumentos circulares, por isso, não tem apelo às mentes mais esclarecidas. Pedi um exemplo. Ele disse que um dia perguntou a um presbiteriano quem seria salvo. A resposta: “Os eleitos.” Quem são os eleitos?, ele quis saber. “Ora, os que serão salvos”, foi a resposta. Taí, argumento circular. Na ciência, isso não acontece.

Pergunta: “Quais são os organismos que sobrevivem?”. Resposta: “Os mais aptos.” É? E quais são os mais aptos? “Ora, os que sobrevivem”. Ué, na ciência pode, mas na religião, não?

Outro dia, um professor da área das ciências disse que nutria muita simpatia pelas religiões orientais. Se alguma religião pode ser verdadeira, deve ser uma delas. Afinal, elas se preocupam muito com o próximo, com a evolução pessoal e coisas afins.

Ainda bem pra ele, e pra o seu emprego, que a cosmovisão cristã possibilitou a investigação do mundo criado por Deus. Se dependesse da visão panteísta das religiões orientais, o professor de ciências estaria desempregado. Aliás, haveria ciência? (Como estudariam um mundo que, para eles, é o próprio Deus?).

Enfim, não tenho vergonha do evangelho. Pois, como disse Paulo: “Ele é o poder de Deus”. E isso me basta.

Pense nisso.

Rev. Renato Arbués.


sábado, 9 de junho de 2012

O CRESCIMENTO DA IGREJA (2ª PARTE)


2. Não vem do conformismo
Creio que seja necessário termos métodos de trabalho, programas pré-estabelecidos. O que não podemos é priorizar o método em detrimento do conteúdo. A forma não é mais importante que a essência.

Entretanto, enquanto uma parte considerável da igreja é pragmática, há outra parte que tem se voltado para o outro extremo: o conformismo! Por conformismo, estamos nos referindo aquele comportamento ocioso, de quem acha que não há muito a fazer para cumprir a vontade de Deus.

Santo Agostinho disse uma vez: “Sem Deus, nada faremos; mas sem nós, Deus nada fará”. Ele não estava se referindo ao poder de Deus, mas ao Seu método de trabalho. Igrejas ociosas, que se escondem atrás de uma capa de “piedade”, de falsa espiritualidade, não poderão esperar crescimento, pois uma coisa morta não pode crescer.

A igreja primitiva começou firmada na doutrina dos apóstolos, como percebemos claramente no v. 42. Uma dessas doutrinas era justamente a “Predestinação”, conforme os vv. 38-39. Pedro sabia que os que receberiam o evangelho seriam os “chamados” de Deus, tanto que usa o verbo “convocar” ou “intimar”. A igreja, mesmo no seu início, não abriu mão da integridade doutrinária. E, mesmo assim, jamais foi ociosa.

Mas, por que falar isso? O motivo é simples: igrejas que são contra o pragmatismo, quase sempre, são conformistas. Elas têm uma boa doutrina, um bom sistema de governo, mas pouco ativismo. São orgulhosas, vaidosas, arrogantes, porém, labutam em erro tanto quanto as pragmáticas. Se queremos ver o crescimento de nossas igrejas, precisamos ser ativistas, praticantes da verdade.

Lucas, no v. 47, diz que aquela igreja louvava a Deus. E como? A estrutura da frase sugere que para Lucas, eles louvavam a Deus praticando as obras do v. 46. Quais eram essas obras? Numa palavra? Testemunho. Testemunhavam sobre o que acontece na vida daqueles que são salvos por Deus.

Os apóstolos jamais perdiam uma oportunidade para pregar. No capítulo 4.23-24, somos informados de que a igreja orava unanimemente. Os dispersos evangelizavam: 8.4. Paulo vai a Galácia (13-14); enfim, temos uma igreja dinâmica.

Todo o dinamismo dessa igreja estava na pregação e na vida cristã piedosa. Não estavam preocupados em promover programas para atrair jovens; não estavam preocupados com “noites de louvor” para conquistar membros; não conheciam campanhas da corrente da prosperidade, da noite da libertação... Tudo o que essa igreja fazia pelo seu crescimento era cumprir a ordem do Seu chefe máximo: At. 1.8.

Mais tarde, Paulo confirmaria que este é o único modo estabelecido e, portanto, legítimo, por Deus para a salvação: 1 Co. 1.21.

PREGAÇÃO é a palavra grega kerigma. Ela enfatiza tanto a mensagem quanto o método através do qual Deus escolheu salvar as pessoas, a proclamação do evangelho. Os que desejam colocar a dramatização, a música e outros meios mais sutis no lugar da pregação devem se lembrar disso: Deus escolheu a pregação para salvar o homem.

LOUCURA - O termo grego é moria, de onde, segundo o Dr. MacArthur, o idioma inglês tira a sua palavra moronic (imbecil). O instrumento que Deus utiliza para realizar a salvação é, literalmente, imbecil aos olhos da sabedoria humana.

Como vivia a igreja primitiva? Vivia, conforme At. 4.42-46 – perseverando na doutrina, perseverando na comunhão, perseverando na oração, tinham uma vida espiritual ativa, intensa. E qual o resultado? O Senhor operava o crescimento da igreja.

                        Assim,

Crescimento é uma obra de Deus, sem dúvida. É uma obra que Deus realiza entre aqueles que lutam por ela. E a única forma legítima de lutar por crescimento é trabalhar por ele: perseverar na doutrina, perseverar na comunhão/oração e jamais deixar de lado a pregação fiel da Palavra de Deus.

De acordo com o v. 47, apesar de contar com a simpatia do povo não era esse o interesse principal da igreja e, sim, a obediência a Deus. A igreja não existe para agradar as pessoas; existe para agradar a Deus, em primeiro lugar.

Rev. Renato Arbués.


quarta-feira, 6 de junho de 2012

A SANTA CEIA DO SENHOR E OS BENEFÍCIOS CONFERIDOS POR ELA

RESOLVI REPUBLICAR POR OCASIÃO DA SANTA CEIA NO PRÓXIMO DOMINGO. LEIA COM ATENÇÃO:

1. Porque Cristo instituiu a Ceia
Deus, depois de nos ter recebido em Sua família, não para servir-se de nós como criados, e sim para ter-nos no número de Seus filhos, a fim de conduzir-nos como um bom pai de família, que se preocupa com seus filhos e descendentes, e pensa no modo de sustentar-nos durante toda nossa vida. E não contente com isto, nos quis dar a segurança de Sua perpétua liberalidade para conosco, dando-nos um presente. Para este fim instituiu por meio de Seu Unigênito Filho outro sacramento; a saber; um banquete espiritual, no qual Cristo assegura que é o pão da vida (João 6:51) com o qual nossas almas são mantidas e sustentadas pela bem aventurada imortalidade.

E como é sobremodo necessário entender um tão grande mistério; e por ser tão profundo, requer uma explicação particular; e Satanás ao contrário, a fim de privar a Igreja deste inestimável tesouro, por muito tempo o manteve obscurecido, primeiramente com trevas, e depois com nuvens mais espessas; e, além disso tem suscitado discussões e disputas para desagradar aos homens. E posto que em nossos dias ele tem usado as mesmas armas e artifícios, me esforçarei em primeiro lugar para explicar o que se deve saber a respeito da Santa Ceia do Senhor, de uma forma que os ignorantes possam entender; e depois explicarei aquelas dificuldades nas quais Satanás tem procurado enlaçar o mundo.

O pão e o vinho são sinais de uma realidade espiritual. Antes de tudo, os sinais são o pão e o vinho; os quais representam o mantimento espiritual que recebemos do corpo e sangue de Cristo. Porque como no Batismo, ao regenerar-nos, Deus , nos incorpora a Sua Igreja e nos faz Seus por adoção, assim também temos dito que com este desempenha o papel de um zeloso pai de família proporcionando-nos continuamente o alimento com o qual nos conserva e mantém naquela vida que nos gerou com Sua Palavra; Agora bem, o único sustento de nossas almas é Cristo, e por isso nosso Pai Celestial nos convida para que venhamos a Ele, para que alimentados com este sustento possuamos dia após dia maior vigor até chegar por fim à imortalidade no céu. E como este mistério de nos unirmos com Cristo é por sua natureza incompreensível, Ele nos mostra a figura e imagem com sinais visíveis mui próprios de nossa débil condição. Mais ainda; como se nos desse um presente, nos dá tal segurança disso, como se O víssemos com os nossos próprios olhos; porque esta semelhança tão familiar: que nossas almas são alimentadas com Cristo, exatamente igual o pão e o vinho natural alimentam nossos corpos, penetra nos entendimentos, por mais rudes que sejam.

Vemos pois para que fim este sacramento foi instituído; a saber, para nos assegurar que o corpo do Senhor foi, uma vez por todas, sacrificados por nós, de tal maneira que agora o recebemos e ao recebermos sentimos em nós a eficácia deste único sacrifício. E desta forma, que Seu sangue de tal maneira tem sido derramado por nós, que nos possa servir de bebida perpetuamente. Isto é o que dizem as palavras da promessa, que ali se adicionam: ‘’Tomai, comei, este é o meu corpo, que é dado por vós” (Mt. 26:26; Mc 14:22; Lc 22:19; 1 Cor. 11;24). Assim, nos manda que tomemos e comamos o corpo que uma vez foi oferecido para nossa salvação, a fim de que tenhamos a plena confiança de que a virtude deste sacrifício se mostrará em nós. E por isso chama o cálice, pacto em seu sangue; porque de certa forma renova o pacto que uma vez fez com o Seu sangue, ou melhor dizendo, continua realizando no que concerne a confirmação de nossa fé, sempre que nos dá seu preciso sangue para que o bebamos.

2- Os frutos da Santa Ceia
Nossas almas podem obter deste sacramento grande fruto de confiança e doçura, pois temos testemunho de que:

* Jesus Cristo, de tal maneira é incorporado a nós, e nós a Ele, que tudo quanto é Seu podemos chamar de “nosso”. E tudo quanto é nosso, podemos dizer que é Seu. Por isso com toda segurança nos atrevemos a nos assegurar de que

* a vida eterna e o reino dos céus no qual Cristo entrou não pode deixar de ser nossos, assim com não pode deixar de ser dEle;

* Não podemos ser condenados pelos nossos pecados, posto que ele nos tem absolvido de todos, tomando-os sobre Si e desejando que lhes fossem imputados, como se Ele os houvesse cometido. Tal é a admirável troca e substituição que Ele, meramente por Sua infinita bondade, quis fazer conosco. Ele, aceitando toda nossa pobreza, nos tem transferido todas as suas riquezas, tomando sobre si nossas fraquezas, nos tem feito forte com Sua virtude e potência, recebendo em Si nossa morte, nos tem dado a Sua imortalidade;

* carregando todo o peso dos nossos pecados, debaixo dos quais estávamos em agonia, nos tem dado Sua justiça para que nos apoiemos n’Ele, descendo a terra nos tem aberto o caminho para chegar ao céu, fazendo-se filho do homem, nos tem feito filhos de Deus.

3- A Ceia demonstra nossa redenção e que Cristo é nosso
Todas estas coisas Deus nos tem prometido plenamente neste sacramento, que devemos estar certos e seguros que nos são simbolizadas nele, nem mais nem menos que se Cristo estivesse presente e o víssemos com os nossos próprios olhos, e o tocássemos com as nossas mãos. Porque Sua Palavra não pode falhar nem mentir: Tomai, comei, este é o meu corpo que é dado por vós; este é meu sangue que é derramado para a remissão de vossos pecados. Ao mandar que o tomem, dá a entender que é nosso ao ordenar que o comam e que bebam, mostra que se torna uma substância conosco. Quando diz: Este é o meu corpo, entregue por vós; este é o meu sangue, derramado por vós, nos declara e nos ensina que eles não são tão Seus como nossos, pois os têm tomado e deixado, não para Sua comodidade, e sim por amor a nós e para nosso proveito.

Devemos notar diligentemente, que quase toda virtude e força do sacramento consiste nestas palavras: que por vós é entregue; que por vós se derrama; porque de outra maneira não nos serviria de grande coisa que o corpo e o sangue do Senhor nos fosse servido agora, se não houvessem sido entregues de uma vez por todas para a nossa salvação e redenção. E assim nos são representados pelo pão e vinho, para que saibamos que não somente são nossos, e sim que também nos concedem a vida e o sustento espiritual. Já temos advertido que pelas coisas corporais que se propõem devemos dirigir-nos segundo uma certa proporção e semelhança, às coisas espirituais. E assim quando vemos que o pão nos é apresentado como um símbolo e sacramento do corpo de Cristo, devemos recordar em seguida a semelhança de que como o pão sustenta e mantém o corpo, de mesma maneira o corpo de Jesus Cristo é o único mantimento para alimentar e vivificar a alma.. Quando vemos que nos é dado o vinho como símbolo e sacramento do sangue, devemos considerar para que serve o vinho ao corpo e que bem este lhe faz, para que entendamos que o mesmo faz o sangue de Cristo em nós: nos confirma, conforta, regozija e alegra. Porque se considerarmos atentamente que proveito obtemos do fato de que o corpo sacrossanto de Cristo tenha sido entregue e Seu precioso sangue derramado por nós , veremos claramente , que o que se atribui ao pão e ao vinho lhes convém perfeitamente segundo a analogia e semelhança a que aludimos.

4. Cristo é nosso pão e nossa bebida de vida
Não é, pois, o principal do sacramento dar-nos simplesmente o corpo de Jesus Cristo; o principal é selar e firmar esta promessa na qual Jesus Cristo nos disse que Sua carne é verdadeira comida, e Seu sangue bebida, mediante os quais somos alimentados para a vida eterna, e nos assegura que Ele é o pão da vida, do qual o que tivesse comido, viverá eternamente. E para isto, quer dizer, para selar a mencionada promessa, o sacramento nos remite à cruz de Cristo, onde esta promessa tem sido de todo realizada e cumprida. Porque não comemos a Jesus Cristo de maneira apropriada, a menos que O tenhamos como tendo sido crucificado, enquanto com vívida apreensão, percebemos a eficácia de Sua morte. Porque Ele se chama pão da vida, não por causa do sacramento, como muitos falsamente têm entendido, mas porque nos tem sido dado como tal pelo Pai; e se nos mostra tal, quando se havendo feito partícipe de nossa condição humana mortal, nos fez participantes de sua divina imortalidade; quando se oferecendo em sacrifício, tomou sobre si toda nossa maldição, para encher-nos de Sua bênção; quando com Sua morte devorou e tragou a morte; quando em Sua ressurreição, ressuscitou com glória e incorrupção a nossa carne corruptível, da qual Ele se havia revestido.

5. Recebemos a Cristo, pão da vida, no Evangelho e na Ceia
Resta somente que tudo isto se torno nosso, por aplicação. Isto é feito por meio do evangelho, e mais claramente pela Santa Ceia, onde Cristo oferece a Si mesmo a nós, com todas as Suas bênçãos, e O recebemos em fé. O sacramento, portanto, não faz que Cristo se torne pela primeira vez o pão da vida; mas, ele nos recorda que Cristo foi feito o pão da vida, para que constantemente O comamos, ele nos dá o gosto e o sabor deste pão, e nos faz sentir sua eficácia. Porque nos assegura que tudo isto que Jesus Cristo fez e padeceu, foi para nos vivificar. E além do mais, que esta vivificação é eterna. Porque como Cristo não seria o pão da vida, se uma vez não houvesse nascido, morte e ressuscitado por nós, assim também é mister que a virtude destas coisas seja permanente e imortal, a fim de que recebamos o fruto das mesmas.

Isto o expõe mui bem em São João, quando disse: “Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo” (João 6:51); onde sem dúvida alguma, demonstra que Seu corpo havia de ser pão para dar a vida espiritual às nossas almas, em quanto o devia entregar à morte por nossa salvação. Porque Ele O deu uma vez por pão, quando O entregou para ser crucificado pela redenção do mundo; e O dá a cada dia, quando pela Palavra do Evangelho se oferece e apresenta, para que participemos dEle, visto que foi crucificado por nós; e, por conseguinte, sela um tal participação com o mistério de Sua Santa Ceia; e quando interiormente cumpre o que externamente significa.

Não despojemos os sinais de sua realidade. Comungar não é somente crer. Não há ninguém, a não ser que careça absolutamente de sentimentos religiosos, que não admita que Jesus Cristo é o pão da vida, com o qual os fiéis são sustentados para a vida eterna; porém, o que não estão de acordo, é no modo de se realizar tal participação.

Há alguns que numa palavra definem que comer a carne de Cristo e beber Seu sangue não é outra coisa, senão crer nEle. Porém, a mim me parece que o mesmo Cristo quis dizer, neste notável sermão, algo muito mais alto e sublime, ao recomendar-nos que comamos Sua carne; a saber, que somos vivificados pela verdadeira participação que nos dá nEle, a qual se significa pelas palavras comer e beber, a fim de que ninguém pensasse que consistia num simples conhecimento. Porque, como o comer e beber, e não o simplesmente mirá-lo, é o que dá sustento ao corpo, assim também é necessário que a alma seja verdadeiramente partícipe de Cristo, para ser mantida na vida eterna.

João Calvino.


domingo, 3 de junho de 2012

O CRESCIMENTO DA IGREJA!

Atos 2.42-47:
Conta-se que um homem visitava um hospício. O enfermeiro mostrava-lhe pacientemente os vários setores daquela casa. Intrigado com a flagrante desproporção entre o número de funcionários e o de enfermos ali internados, o visitante perguntou:
- Vocês não têm medo de que os internos se unam e agridam vocês? Afinal, eles são em número muito maior!
O enfermeiro respondeu:
- Oh! Não, ninguém precisa ficar com medo. Os loucos nunca se unem.
As palavras do enfermeiro parecem ser um diagnóstico de aplicação quase universal. A desunião está presente nos hospícios, nas empresas, nas escolas, nas famílias e nas igrejas. A desunião impede que as pessoas alcancem o máximo de seu potencial como grupo, porque isola os indivíduos. Sozinhos, não podemos muito. Aristóteles, um importante filósofo, observou que o homem é um ser político, quer dizer, o homem é um ser que se realiza em ações que envolvem a participação de outros homens.
Parece que a Igreja Primitiva trilhava um caminho semelhante. No trecho lido, temos um resumo dos elementos essenciais do discipulado cristão, com forte ênfase na comunidade, na comunhão uns com os outros.
É óbvio que nós vivemos época diferente daquela. Nossos contextos - social, cultural, eclesiástico – são bastantes diversos. Mas somos a mesma Igreja e servimos ao mesmo Deus. Isso significa que os deveres impostos por Deus àquela comunidade, são os mesmos deveres que pesam sobre os ombros da igreja atual.
No livro de Atos é dito que a igreja foi resgatada mediante um valor muito alto (At. 20.28). E em virtude desse resgate, da soberana escolha de Deus, da atuação do Espírito Santo, a igreja é preciosa para Deus. Ela é agente do reino de Deus.
Exatamente por isso, Deus tem normas específicas para esta igreja. Tais normas devem ser muito bem observadas por nós, pois nos é dito, também, que Deus é zeloso. Ele cuida e exige cuidados com a Sua igreja.
Todo esse zelo é efetivado por intermédio do E. S. É ele quem origina, acompanha, quem dá vida e sustenta a igreja. Até aqui tudo bem. Os crentes concordam com essas afirmações. O debate torna-se áspero quando o assunto se volta para temas como: crescimento, unidade, testemunho.
O livro de Atos retoma a narrativa de onde o evangelho de Lucas termina: com as aparições de Jesus após Sua ressurreição. Daí começa a registrar Sua ascensão, a vinda do Espírito Santo, o início e o progresso da igreja em Jerusalém.
Do ponto de vista teológico, o tema dominante é a atividade de Cristo, realizada pela atuação do Espírito Santo por meio dos apóstolos. A promessa do derramamento do Espírito Santo foi cumprida entre os discípulos judaicos no capítulo 2, e entre os crentes gentios, no capítulo 10; os apóstolos realizam sua missão no poder do Espírito; a aceitação do Evangelho pelos convertidos é possibilitada pela ação do Espírito Santo... Em suma, o Espírito é a personagem central da narrativa.
Uma das características de Lucas é utilizar-se de resumos da situação da igreja nas várias etapas do seu progresso. Outros resumos são encontrados nos capítulos 4.32-37 e 5.12-16.
No v. 42, Lucas nos brinda com a apresentação dos quatro elementos essenciais na prática religiosa da igreja cristã: a doutrina dos apóstolos, comunhão, o partir do pão e o louvor a Deus. Então, no v. 47, encontramos a conseqüência da prática desses elementos: O Crescimento da Igreja.
                Em um presbitério, participei de uma comissão que tinha a missão de formular estratégias para o crescimento da denominação. Essas estratégias seriam apresentadas no Sínodo que aconteceria no ano seguinte. Me lembro bem das discussões. De onde vem o crescimento? É legítimo empregar esse método? Fulano está fazendo isso e está dando resultados positivos na sua igreja! E coisas do gênero.
                Mas o que diz a Bíblia, afinal? Nosso texto afirma que o Senhor acrescentava à igreja os que iam sendo salvos.
                A Bíblia nos ensina que o crescimento de uma igreja:

1. Não vem do pragmatismo:
O pragmatismo é tido como a primeira filosofia originalmente americana. Seus fundadores são Charles Peirce e William James, segundo alguns, inspirados em Ralph Emerson.
O pragmatismo é uma doutrina filosófica que se baseia na verdade do valor prático, ou seja, se um método dá bons resultados, este é um bom método. Julga-se os meios pelos fins!
Desde há alguns anos, esta tem sido uma tendência avassaladora dentro do cenário evangélico. Métodos, campanhas, técnicas de marketing, tudo é válido na batalha pelo crescimento da igreja. O item mais importante do relatório pastoral é o que apresenta a estatística de sua igreja.
Mas será que o crescimento do qual acabamos de ser informados por Lucas seguiu técnicas pragmáticas? Era pragmático ser cristão naquela época?
Vejamos:
* A oposição à expansão do evangelho começa com a zombaria dirigida contra os apóstolos no Pentecoste (At. 2.13) ð estes homens haviam acabado de receber o Espírito Santo;

* Continua nos esforços do Sinédrio para impedi-los de pregar (At. 4.1-3);

* Os apóstolos são presos (At. 5.17-18);

* Estevão é morto por apedrejamento (At. 7.59-60);

* O rei Herodes ordena a morte de Tiago (At. 12.1-3);

* Paulo é apedrejado (At. 14.19)...

Se o pragmatismo julga as coisas pelo valor prático, uma conclusão nós podemos adiantar: não era nada pragmático ser cristão naquela época.
Ora, os apóstolos trabalhavam pelo crescimento da igreja. Eles faziam isso ensinando e estimulando a igreja a participarem das virtudes descritas no v. 42. Eles dariam a própria vida para alcançarem esse objetivo. Surge a questão: Eles não deveriam adotar um método mais eficaz de pregação? Um que trouxesse menos transtornos e mais convertidos? Qual foi a atitude deles?
Vejamos:

* Atos 2.40-41 ð testemunho e exortação. Resultado: quase 3.000 almas;
* Atos 4.1 ð Eles falaram: a palavra grega laléo (proclamar) Resultado: At. 4.4;
* Atos 5.40, 42 ð Eles pregavam. Resultado: At. 5.47;
* Atos 14.19 ð Eles pregavam. Resultado: At. 14.21

Diante disso: ou o pregador daquela época era um tremendo cabeça-dura ou essa história de métodos, técnicas, estratégias de crescer igrejas, não faz muito sentido. Porque os apóstolos, do início ao fim de sua era, utilizavam de um único método de evangelização: testemunho (vida cristã) e pregação, e o resultado está visível no nosso texto base: At. 2.47.
Se os apóstolos tivessem de seguir um método a fim de não serem perseguidos, agradar a todos e, ao mesmo tempo, produzir o crescimento da igreja, a única alternativa possível seria perverter o cristianismo, tornando-o mundano. A propósito, não é mundanismo o que vemos em muitas igrejas de “sucesso”?
Só existe um método legítimo deixado por Deus pelo qual devemos esperar o crescimento de nossas igrejas: a pregação e a vivência da Palavra de Deus.

(continua)
Rev. Renato Arbués.