sábado, 21 de junho de 2014

PODE FOFOCAR?

Por que as pessoas se preocupam tanto com a vida dos outros? Por que tantos comentários sobre os erros e acertos do próximo? Por que tanta investigação para saber os detalhes do que se passou com um irmão ou irmã?

Essas perguntas me ocorreram devido a quantidade de vezes que fui abordado com perguntas sobre esse ou aquele irmão, o que estaria acontecendo com essa ou aquela família, por que tal irmão está tão ausente?

Como membros da mesma família, é natural que certo interesse ocorra entre nós. É até esperado. Afinal, uma de minhas responsabilidades cristãs é orar pelo meu/minha irmão/irmã e procurar ajuda-lo nas suas dificuldades. Não há outra maneira de se fazer isso sem me aproximar do outro, sem saber algo a seu respeito, sem me inteirar de sua situação. As noites de reunião de oração são excelentes para isso. Na exposição de nossos pedidos, informamos a nossos irmãos algo sobre nossa vida. Os momentos sociais da igreja também permitem certa aproximação e, claro, há as visitas sociais que podemos e devemos manter como hábito saudável entre nós.

Contudo, parece haver entre os crentes uma curiosidade maldosa pela vida alheia. Um burburinho é facilmente percebido especialmente quando alguém está em apuros: “Você tá sabendo?”, “Me disseram que...”, “Estão dizendo...”. Frases como essas, a meu ver, estão longe de demonstrar piedade e preocupação com a vida do outro e, sim, revelam a pura malícia humana, na sua verve mais mesquinha.

A Bíblia adverte diversas vezes contra a postura de quem “adora” comentar o cotidiano do próximo: “Não andarás como mexeriqueiro (fofoqueiro) entre o teu povo...” (Lv. 19.16); “o mexeriqueiro (fofoqueiro) revela o segredo; mas o fiel de espírito o mantém em oculto” (Pv. 11.13). O Espírito Santo deixou clara a sua reprovação aos comentários maldosos ou não, feitos sem o consentimento do envolvido.

Pra mim, porém, a passagem que mais me instiga a evitar tal comportamento está na Primeira carta de Paulo aos coríntios: “Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado” (1 Co. 2.2). Com tanta coisa que ainda tenho para descobrir sobre a obra de Cristo, dificilmente teria tempo para me debruçar sobre as estripulias de alguém. Aliás, a menos que alguém queira compartilhar comigo algo de suas particularidades, procuro sempre me manter a distância dos eventos que se passam longe do meu teto.

Enfim, creio que saber por que há tanto interesse na vida alheia não é tarefa simples ou realizável nesta vida. Porém, é possível que tenhamos uma atitude mais positiva em relação ao nosso próximo. Ao invés de querer saber detalhes a respeito de nosso irmão, vamos orar por ele; antes de comentarmos erros, tentemos corrigir os nossos; no lugar de divulgarmos má fama de alguém, falemos do amor de Deus por pecadores IGUAIS a nós. E, sobretudo, vamos procurar saber mais de Cristo, e este crucificado. Sem dúvida, das maravilhas, está é e será sempre a maior.

Rev. Renato Arbués.

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