Por que as pessoas se
preocupam tanto com a vida dos outros? Por que tantos comentários sobre os
erros e acertos do próximo? Por que tanta investigação para saber os detalhes
do que se passou com um irmão ou irmã?
Essas perguntas me
ocorreram devido a quantidade de vezes que fui abordado com perguntas sobre
esse ou aquele irmão, o que estaria acontecendo com essa ou aquela família, por
que tal irmão está tão ausente?
Como membros da mesma
família, é natural que certo interesse ocorra entre nós. É até esperado.
Afinal, uma de minhas responsabilidades cristãs é orar pelo meu/minha
irmão/irmã e procurar ajuda-lo nas suas dificuldades. Não há outra maneira de
se fazer isso sem me aproximar do outro, sem saber algo a seu respeito, sem me
inteirar de sua situação. As noites de reunião de oração são excelentes para
isso. Na exposição de nossos pedidos, informamos a nossos irmãos algo sobre
nossa vida. Os momentos sociais da igreja também permitem certa aproximação e,
claro, há as visitas sociais que podemos e devemos manter como hábito saudável
entre nós.
Contudo, parece haver
entre os crentes uma curiosidade maldosa pela vida alheia. Um burburinho é
facilmente percebido especialmente quando alguém está em apuros: “Você tá sabendo?”, “Me disseram que...”,
“Estão dizendo...”. Frases como essas, a meu ver, estão longe de demonstrar
piedade e preocupação com a vida do outro e, sim, revelam a pura malícia
humana, na sua verve mais mesquinha.
A Bíblia adverte
diversas vezes contra a postura de quem “adora” comentar o cotidiano do
próximo: “Não andarás como mexeriqueiro (fofoqueiro) entre o teu povo...” (Lv.
19.16); “o mexeriqueiro (fofoqueiro) revela o segredo; mas o fiel de espírito o
mantém em oculto” (Pv. 11.13). O Espírito Santo deixou clara a sua reprovação
aos comentários maldosos ou não, feitos sem o consentimento do envolvido.
Pra mim, porém, a
passagem que mais me instiga a evitar tal comportamento está na Primeira carta
de Paulo aos coríntios: “Porque decidi
nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado” (1 Co. 2.2).
Com tanta coisa que ainda tenho para descobrir sobre a obra de Cristo,
dificilmente teria tempo para me debruçar sobre as estripulias de alguém.
Aliás, a menos que alguém queira compartilhar comigo algo de suas
particularidades, procuro sempre me manter a distância dos eventos que se
passam longe do meu teto.
Enfim, creio que saber
por que há tanto interesse na vida alheia não é tarefa simples ou realizável
nesta vida. Porém, é possível que tenhamos uma atitude mais positiva em relação
ao nosso próximo. Ao invés de querer saber detalhes a respeito de nosso irmão,
vamos orar por ele; antes de comentarmos erros, tentemos corrigir os nossos; no
lugar de divulgarmos má fama de alguém, falemos do amor de Deus por pecadores
IGUAIS a nós. E, sobretudo, vamos procurar saber mais de Cristo, e este
crucificado. Sem dúvida, das maravilhas, está é e será sempre a maior.
Rev. Renato Arbués.
0 comentários:
Postar um comentário