O mundo parou para ver a chaminé
colocada sobre a Capela Sistina. Se a fumaça fosse preta, decepção. Se fosse
branca, habemus papam. E assim, no
dia 13/3/2013, pela primeira vez a Igreja Católica tem um Papa oriundo do
continente americano. O argentino Jorge Mario Bergoglio foi eleito o 226º
mandatário da Igreja Romana, após 5 votações, um dos conclaves mais rápidos da
história.
O Papa escolheu o nome de Francisco.
Fomos informados que para os católicos romanos há pelo menos 9 santos com o nome
de Francisco. A escolha de Bergoglio foi em homenagem a Francisco de Assis, o
jovem italiano que aos 24 anos abriu mão da fortuna da família para se dedicar
aos pobres. Seu nome é sinônimo
de fraternidade e símbolo de humildade. São Franscisco de Assis é conhecido
como protetor dos animais.
O que nós, protestantes, temos com a
escolha de um novo Papa? Nada, seria a primeira resposta. Não estamos sob a
autoridade do Papa, não o reconhecemos como sucessor de Pedro e não somos
ligados à Igreja Católica Apostólica Romana. Portanto, se o Papa é argentino ou
brasileiro, se Francisco ou João Paulo, se conservador ou reformista, pra nós,
honestamente, não faz a menor diferença.
No entanto, há se de considerar que o
Papa é líder de uma igreja com mais de 1 bilhão de fiéis e que, para todos os
efeitos, é uma igreja cristã. Então, alguma coisa nós temos, sim, com ele. De
certa forma, o mundo o reconhece como um porta-voz legítimo do pensamento da
cristandade. Logo, o que o Papa diz, diz em nome de “todos” os cristãos. Pelo
menos é assim que governos, intelectuais e pessoas simples escutam as palavras
de Francisco.
E o que Francisco diz? Muito pouco.
Claro, o homem é Papa há menos de uma semana. Contudo, provavelmente, ele não
mudará de posição acerca de assuntos polêmicos, sobre os quais já se
posicionara, como o aborto e o homossexualismo. Sobre o aborto, ele afirma ser
crime. Sobre o outro tema, ele disse: “O
plano de Deus para a família é que ela seja feita a partir de um homem e de uma
mulher”.
Vê-se, por essas declarações, que
alguma coisa nós temos com o Papa. E não é a coragem nem a coerência. Alguns
cristãos reformados acham normal o casamento homossexual (é direito deles,
dizem) e não poucas mulheres defendem o direito ao aborto. Temos em comum com o
Papa a visão sobre o aborto e sobre a homossexualidade.
E daí? Pergunta você. Quer dizer que
por isso, a partir de agora, serei mais um defensor do Papa? Com certeza, não.
Continuamos sem ter nada que nos ligue com o papado romano. Mas, uma coisa
podemos aprender com ele: É preciso defender com mais veemência nosso
pensamento, nossa fé, nossa cosmovisão.
Será que, para o mundo conhecer o
pensamento cristão sobre temas polêmicos, precisaremos continuar dependendo da
proclamação Habemus Papam?
Deus queira que não.
Rev. Renato Arbués.