Rev. Paulo Brocco

Pregação no culto de encerramento do Presbitério Piratininga.

Batismo da irmã Raimunda Goveia"

"E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará"!

Fachada da IPC de Bonfim

Rua A Quadra A, nº 48, Casas Populares - Senhor do Bonfim - BA

Igreja em festa: Confraternização

IPC de Senhor do Bonfim em festa.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

SONHOS: O QUE FAZER COM ELES?


No livro “O Triste Fim de Policarpo Quaresma”, de Lima Barreto, o protagonista é traído e morto por sua maior paixão: o Brasil! Policarpo Quaresma era um patriota, no sentido mais exagerado da palavra. Ele idolatrava seu país. Idealizava uma era em que sua pátria seria o centro do mundo. Estudou, trabalhou, juntou recursos, deu a vida para ver concretizado o seu ideal. O que aconteceu? Ele foi tratado como louco, ridicularizado, desprezado, enxovalhado, preso e acabou morrendo sem desfrutar dos dias em que seu país se tornaria o melhor de todos. Coitado. Morreu sem ver o seu sonho se realizar.

A certa altura da sua vida, um pouco desiludido com o rumo que as coisas tomavam e já pensando em desistir de tudo, Policarpo Quaresma travou o seguinte diálogo com um amigo:

“- É bom sonhar. Sonhar consola” - disse Ricardo Coração dos Outros.

“- Consola, talvez; mas faz-nos também diferentes dos outros, cava abismo entre os homens” - respondeu o patriota.

Inevitavelmente, eu e você teremos que concordar com duas premissas desse diálogo: 1º) É bom sonhar - e todos nós sonhamos com alguma coisa e desejamos tornar reais nossos sonhos; e, 2º) Sonhar nos faz diferentes - a diferença entre mim e você, e entre você e as demais pessoas, é o modo como tratamos nossos sonhos. Uns lutam com todas as armas disponíveis para alcançar seus objetivos; outros, em algum ponto da jornada, desistem. São derrotados pelas circunstâncias.

Não precisávamos, a bem da verdade, de Policarpo Quaresma para chegar a essas conclusões. Antes dele, a Bíblia já falava sobre isso.

Jó, em um de seus momentos de reflexão, avalia a vida do homem e conclui: “o homem vive breve tempo, e cheio de inquietação” (Jó 14.1). Nossos dias são curtos. Mas nem por isso são tranquilos. São “cheios de inquietação”.

A princípio, sonhamos com nosso futuro, imaginando qual será nossa profissão, com quem vamos nos casar, onde viveremos etc. Temos, assim, um início de vida inquieto. Decisões precisam ser tomadas numa fase em que a maioria de nós não está preparada pra tanta responsabilidade.

Porém, ao mesmo tempo em que tudo isso nos angustia, também nos consola. Quando pensamos em como será nosso futuro, na bela casa que teremos, no bom profissional que nos tornaremos, enfim, esses pensamentos têm o poder de nos tranqüilizar. Vejam o que disse Salomão: “Nada há melhor para o homem do que comer, beber e fazer que a sua alma goze (desfrute) o bem do seu trabalho...” (Ec. 2.24). Sonhar pode consolar!

Entretanto, você já deve ter percebido como as pessoas têm projetos diferentes umas das outras. Eu, provavelmente, vejo o mundo sob uma perspectiva distinta da sua, pelo menos em alguma área. É esse fato que explica certas escolhas diversas que fazemos, os discursos opostos que eu e você aceitamos. Por isso, sonhar, enquanto consola, também cava abismos entre os homens.

E qual de nós pode dizer que alcançará todos os seus sonhos? O sábio rei Salomão disse um dia: “Se é amor ou se é ódio que está à sua espera, não o sabe o homem. Tudo lhe está oculto no futuro” (Ec. 9.1).
É aqui que os sonhos nos fazem diferentes, cavam abismos entre nós. Uns jamais desistem de seus projetos, embora as circunstâncias da vida lhes sejam contrárias; outros temem tanto as coisas ocultas do futuro que desistem dos seus sonhos em algum trecho da jornada.

Que pena! Quantos sonhos lindos foram abandonados pelo simples receio do desconhecido.
Imagine o que teria acontecido se Lutero tivesse desistido de seu sonho de reformar a Igreja? Se João Calvino, quando fracassou pela primeira vez, abandonasse o sonho de “reformar” Genebra? Se Martin Luther King não acalentasse sonhos de dias melhores (I have a dream).

A resposta é simples: se esses homens tivessem desistido de seus sonhos, as coisas boas que eles fizeram jamais teriam chegado até nós!

E você, o que você faz dos seus sonhos?

Permita-me, mais uma vez, fazer uso das palavras de Salomão: “Semeiapela manhã a tua semente e à tarde não repouses a mão, porque não sabes qual prosperará; se esta, se aquela ou se ambas igualmente serão boas” (Ec. 11.6).

Não seja tragado pelo abismo que nos leva a todos!

Rev. Renato Arbués.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

A TUA PRÓPRIA BOCA TESTIFICOU CONTRA TI

Davi estava em Ziclague, descansando da última batalha, acontecida há dois dias. Ao terceiro dia, chega um homem ao arraial “com as vestes rotas e terra sobre a cabeça”. Era um amalequita que havia conseguido fugir do arraial de Israel, devastado pelos filisteus. O homem trazia uma notícia: o rei Saul e seu filho, Jônatas, estavam mortos. Ele os havia matado.


A ironia da história fica por conta do desfecho. Ele aguardava ser recompensado por Davi. Afinal, com a morte de Saul, Davi poderia reinar sobre Israel tranquilamente, sem um rival. “Davi vai ficar tão feliz, que me presenteará com ouro, roupas finas e, quem sabe, um cargo no palácio”, deve ter pensado o amalequita. Ao invés disso, Davi chamou um de seus soldados e deu a seguinte ordem: “Vem, lança-te sobre esse homem”. O soldado feriu o mensageiro, e este morreu. Essa história pode ser lida no Segundo Livro de Samuel, capítulo 1.


O rei Davi não suportou a impertinência de um homem que havia acabado de matar o Ungido do Senhor e, ainda por cima, se vangloriava de tal fato. Quem conhece a história sabe que o amalequita estava mentindo. Saul havia cometido suicídio. O futuro rei de Israel ficou tão furioso que ordenou a morte do mentiroso. Foi então que Davi pronunciou as palavras que dão título a essa mensagem: “A tua boca testificou contra ti” (2 Sm. 1.16).


É impossível ler essa história e não meditar nas inconsequências de nossas palavras. Por razões diferentes das do amalequita, os homens têm falado coisas que testificam contra si mesmos. São promessas não cumpridas, votos desfeitos, compromissos ignorados, juras falsas, calúnias, mentiras, ofensas...

Não faz muito tempo, um senhor de meia-idade teve de ouvir de um comerciante a seguinte frase: “Você? Você se diz crente? Mentira!”. A indignação do comerciante se deveu ao não pagamento de uma dívida e à tentativa, por parte do “crente” de adquirir mais uns produtos.


“Você se diz crente?”, como deve ser constrangedor ouvir isso!


É bom que se afirme que vida cristã não é vida perfeita. Não se está defendendo aqui a absoluta necessidade de conduta perfeita a fim de evidenciar-se cristão. Isso seria uma mistura de legalismo com farisaísmo.


Como calvinistas, afirmamos as verdades bíblicas como as da Depravação Total e Pecaminosidade Humana. Além, claro, da maravilhosa doutrina da Graça Irresistível de Deus e da Santidade dos crentes. E como calvinistas cremos tanto na Soberania de Deus quanto na Responsabilidade dos Homens. Nossa santificação vem de Deus, mas isso não elimina nossa responsabilidade de buscá-la e vivê-la na obediência aos preceitos cristãos.


O apóstolo Paulo, como bom calvinista, equilibrava essas duas verdades com uma naturalidade desconcertante para alguns: “Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã; antes, trabalhei mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo” (1 Co. 15.10).


Os crentes de hoje estão no meio de uma guerra. Estamos, sim, combatendo o bom combate. Mas, quem são os nossos inimigos? Satanás, o mais forte deles; o mundo, o mais “tristemente prazeroso”; e, a carne (a natureza humana), a quem somos mais vulneráveis. Se empenharmos todas as nossas forças na luta contra um desses inimigos – Satanás, por exemplo – ficamos expostos aos outros dois. Logo, precisamos, como ensinou Jesus, “vigiar e orar, para que não entreis em tentação”.


Portanto, tomemos cuidado a fim de não sermos derrotados por nós mesmos, sim, pela nossa própria boca. Falemos sempre a verdade, cumpramos sempre a nossa palavra, sejamos leais e honestos, esforcemo-nos para sermos achados fiéis à Palavra que professamos.


Talvez se o amalequita tivesse vivido alguns anos mais tarde, nos dias de Salomão, e tivesse ouvido e obedecido os conselhos do Sábio Rei, quem sabe, não teria tido uma morte tão ingrata: “Não te precipites com a tua boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus [...]; Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo; porque não se agrada de tolos. Cumpre o voto que fazes. [...] Não consintas que a tua boca te faça culpado, nem digas diante do mensageiro de Deus que foi inadvertência...” (Ec. 5.1-6).

Rev. Renato Arbués.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

SE DEUS MANDOU, FAÇA!

Os defensores do vernáculo que me perdoem, mas eu gosto tanto da fala coloquial que me permiti usar uma frase muito comum aqui em Senhor do Bonfim para dar título a essa reflexão: “E você, é quem?”. A construção parece esquisita, mas simplesmente quer dizer “Quem é você? O que você faz? Como vive?”.

A Bíblia registra os feitos de grandes líderes do passado. No decorrer das narrativas, podemos saber com certo grau de precisão quem era cada um deles, como era sua personalidade, seus hábitos, seus medos – tudo a partir do modo como realizaram as missões confiadas a eles por Deus. Quero que você passe em revista comigo por alguns personagens do livro dos Juízes e, ao final, tente identificar com qual deles você se parece mais e responda a pergunta do título: “E você, é quem?”.

O primeiro é Baraque. Pouca gente já ouviu falar dele. Sua história está documentada no livro dos Juízes, capítulos 4-5. Os filhos de Israel estavam sendo oprimidos por Jabim, rei de Canaã. Baraque havia sido escolhido por Deus para livrar Israel. Mas não foi. Aí entra em cena a profetisa Débora. Ela manda chamar Baraque e lhe dá um “puxão de orelha”: “Porventura, o SENHOR, Deus de Israel, não de ordem, dizendo:vai, e leva consigo 10.000 homens... e livra a Israel? (Jz. 4.6-7, adaptado). Baraque estava acomodado.

Baraque, então, revela mais um pouco da sua personalidade. Já vimos que ele era desobediente a Deus. Ele diz: “Se fores comigo, irei; porém, se não fores comigo, não irei” (Jz. 4.8). Em outras palavras, ele disse: “Sozinho? Nem morto!”. Para Baraque, a ordem de Deus, a garantia divina, vista na palavra profética (e o darei nas tuas mãos), não eram suficientes. Ele precisava da companhia de alguém. Seus temores só seriam desfeitos se tivesse Débora ao seu lado.

É impressionante a semelhança entre Baraque e uma multidão de homens e mulheres cristãos. Eles têm à disposição as grandes promessas de Deus e a certeza de que não estarão sozinhos. Porém, preferem a comodidade e o conforto de seus lares a enfrentarem críticas e oposição. Preferem serem vistos sem serem notados a ter de desagradar a este ou aquele. Enfim, se contentam com as frutas caídas no chão porque têm medo dos espinhos na árvore.

São essas pessoas que devem ouvir a profetisa Débora. “Porventura, Deus não lhe confiou uma missão? Então, por que não a realiza? Como você pode ficar aí parado, tendo uma seara imensa pela frente? Por que não colocou a mão no arado ainda”. Na verdade, Baraque sabia que não estaria sozinho. Deus o acompanharia. No entanto, para uma pessoa insegura é mais fácil confiar em carros e cavalos do que no Deus que criou essas coisas!

Meu amigo, não se preocupe com críticas, oposição, desânimo ou qualquer coisa que o valha. Não se contente com uma zona de conforto, na qual você não tem “dor de cabeça” nenhuma. Fazer a obra de Deus exige tempo e dedicação total. Porém, a recompensa é certa. Haverá o dia do descanso eterno, mas até que ele chegue, trabalhemos, pois!

Rev. Renato Arbués.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

VIDAS TRANSFORMADAS TRANSFORMAM!


Estudo baseado em 1 Tessalonicenses 1.1-10

As cartas aos tessalonicenses são os únicos documentos do NT que declaram ter sido escritos por um grupo de pessoas para outro grupo de pessoas (1.1).

Por estar situada numa estrada principal romana, a Via Egnatia, Tessalônica, além de sede administrativa, se tornara um importante centro de comunicações e de comércio. Possuía cerca de 200 mil habitantes e ficava próxima do litoral. Esses fatores fizeram com que o apóstolo Paulo a visitasse em sua segunda viagem missionária, realizada por volta do ano 49 d. C., e registrada em Atos 15.39-18.22. Na visita à Tessalônica, narrada em Atos 17, a Igreja é fundada.

Os Tessalonicenses
Por ser capital da província da Macedônia e importante centro comercial, o custo de vida em Tessalônica era alto para os padrões da época. Os crentes daquela igreja também gozavam de boas condições financeiras e exerciam a hospitalidade para com os peregrinos. Eles eram, em sua maioria, gentios convertidos da idolatria para o cristianismo. A igreja, logo na sua origem, enfrentou forte oposição por parte dos judeus (At. 17.5.10).

Estrutura
O trecho que lemos está organizado da seguinte forma: Paulo louva a Deus pelo estado de glória dos tessalonicenses e conclui lembrando de onde eles saíram (da idolatria).

Saíram da Idolatria (v. 9):
A igreja, como sabemos, era composta predominantemente por gentios. Os gentios, por sua vez, naturalmente eram inclinados e seduzidos pela adoração a falsos deuses. A idolatria cega e escraviza o homem de tal forma que o impede de contemplar a bondade de Deus. O único antídoto eficiente contra a idolatria é a Palavra de Deus.

Receberam a Palavra (v. 6b):
Quando Paulo afirma que os tessalonicenses receberam a Palavra, ele tinha em mente uma ação efetuada totalmente, definitivamente. Ele expressa isso na língua grega.
Paulo fala de uma ação foi praticada em benefício próprio. Quando acolheram a Palavra, os tessalonicenses foram arrancados da idolatria e se converteram ao Deus vivo e verdadeiro.

Tornaram-se Imitadores da Virtude (v. 6a):
A Palavra de Deus nos transforma. Somos feitos novas criaturas quando ela muda a nossa vida. Veja o caso do publicano Zaqueu. Depois do encontro dele com Jesus, lemos:

“Entrementes, Zaqueu se levantou e disse ao Senhor: Senhor, resolvo dar aos pobres a metade dos meus bens; e, se nalguma cousa tenho defraudado alguém, restituo quatro vezes mais. Então, Jesus lhe disse: Hoje, houve salvação nesta casa, pois que também este é filho de Abraão” (Lucas 19.8-9).

É impossível continuar o mesmo quando se é alcançado pela Palavra.

Praticaram as Virtudes Cristãs (v. 3):
Os autores da carta se alegram muito por três coisas, que caracterizam a imitação deles de Jesus e dos apóstolos:

a. Operosidade da fé: Operosidade vem do grego ergon (lembra da bicicleta ergométrica?) e quer dizer “trabalho, ato, ação praticada de acordo com a orientação do patrão/senhor”.

Conheci um senhor, doente renal crônico, que foi orientado por um pastor a interromper o tratamento (hemodiálise) e ingerir água normalmente. O pastor, na ocasião, disse: “Tenha fé e a bote pra funcionar”. Opere a sua fé!

É impossível dizer que Paulo pensava dessa forma. Isso é tentar a Deus. Não é ter fé operosa ou operante. Operosidade da fé é agir de acordo com a orientação de Deus:

“Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas” (Efésios 2.10).

b. Abnegação do amor: A palavra grega usada por Paulo tem sua raiz nos vocábulos “golpe, batida, pancada”. É usada por Paulo no sentido de trabalho realizado com dificuldade, extremamente penoso. Um árduo labor.

Em suma, o amor que desiste ante a primeira dificuldade, não é amor abnegado. A única igreja que pôs em dúvida o ministério apostólico de Paulo foi Corinto. Depois de todo trabalho, do esforço, da dedicação do apóstolo, a retribuição foi a dúvida, a desconfiança. Mas Paulo tinha amor abnegado (2 Co. 6.4-11).

c. Firmeza na esperança: Firmeza (riponomês) quer dizer, “ficar debaixo, assentar sob, permanência, persistência”. Os tessalonicenses estavam “assentados” debaixo da “árvore” da esperança. Eles aguardavam persistentemente à vinda de Jesus.

 Os Efeitos do Testemunho:
O testemunho deles os fazia “modelos” para os demais crentes que tomavam conhecimento do estilo de vida deles. Eles eram padrões, exemplos:

1. Deus era louvado, glorificado pela vida deles: v. 2;

2. Eram amados de Deus: v. 4;

3. Tornaram-se modelos: v. 7

4. A Palavra repercutia: v. 8.


Lições:

I. A Palavra de Deus nos tira das trevas e nos transporta para a glória:
Os tessalonicenses saíram do nível mais baixo que um homem pode descer diante de Deus (idolatria) e se tornaram MODELOS para todos os filhos de Deus.

Portanto, independentemente de quem você tenha sido ou seja, a Palavra do Senhor pode mudar a sua vida.

II. A Palavra nos faz produtivos, evidenciando a nossa eleição:
Não somos chamados para a contemplação. Somos chamados para as boas obras preparadas por Deus para que andássemos. Façamos a diferença. Sejamos operantes e ativos na Seara do Senhor.

Amém!

Rev. Renato Arbués.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

NUNCA DESISTA!

Algúem comentou ontem que, infelizmente, perdeu a coragem. Já não tem mais ânimo para lutar, está cansado de tanto tentar sem conseguir jamais conquistar o que deseja, enfim, desânimo total. Que pena. Tentou tudo e de tantas maneiras, mas insiste em ignorar a única via possível de realização. "Deus, tu és o meu Deus, outro bem não possuo, senão a ti somente", escreveu o salmista (Sl. 16.2).Vou lutar sempre, como meu amigo aí da charge. O que tiver que virá, virá. Deus já o decretou, eu sei e acredito. Mas Ele, certamente, não decretou a ociosidade e o desânimo como possibilidades legítimas. Definitivamente, isso é coisa para os fracos. Quem são os fracos? Leia Provérbios 23.10.
Um abraço.

Rev. Renato Arbués.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

CRISTÃO MESMO?

Uma das sensações mais desagradáveis é a de ser enganado. Já aconteceu com você? Comprar um produto esperando uma coisa e descobrir que ele não faz nada do que lhe foi prometido? Casar-se com pessoa e conviver com outra? Enfim, é frustrante a sensação de ter comprado gato por lebre. Você conhece a expressão “dourar a pílula”? Antigamente as farmácias embrulhavam as pílulas em papel dourado, para melhorar os aspecto do remedinho amargo. Assim a expressão dourar a pílula, significa melhorar a aparência de algo.

Quantas vezes as pessoas melhoram a aparência de um produto para que pareçam melhor do que de fato são! Mas o pior é quando as pessoas cometem o pior tipo de engano: enganam a si mesmas.

Não é diferente no cristianismo. É comum homens e mulheres pensaram de si que são crentes quando, na verdade, não são. Há alguns testes que podem nortear a reflexão do crente sincero a esse respeito. Vejamos alguns deles:

1. Que lugar o seu cristianismo ocupa em seu coração?
Embora o ateísmo esteja ganhando novos adeptos, é fato que a maioria das pessoas crêem na existência de Deus. No entanto, não basta crer na verdade ou professá-la; não é suficiente que algumas vezes essa verdade produza emoções fortes no íntimo. Porque, o que importa é o que essa verdade produz no seu coração!

O verdadeiro cristianismo governa o coração, controla os sentimentos, orienta a vontade, direciona os gostos, as escolhas e as decisões. Essa mudança é tão evidente que o cristão dirá juntamente com Paulo: “logo, já sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim” (Gl. 2.20)!

Como é o seu coração? Do que ele gosta? Quem governa o seu coração: você ou Deus?

2. Como você encara o pecado?
Salomão escreveu em Pv. 14.9 que “apenas os loucos zombam do pecado”. Essa tem sido uma atitude comum em nossos dias. Fala-se de erro, de temperamento forte, de direito de escolha quando, na verdade, deveria se falar de pecado.

O homossexualismo tornou-se opção sexual; o egoísmo virou capricho; a vaidade é chamada de moda; a desobediência tornou-se natureza difícil e por aí vai. Os homens criam homem menos desagradáveis para o pecado.

A verdade é que o pecado é algo infeliz coloca os pecadores debaixo da ira de Deus e culpados, perdidos e sujeitos à condenação ao inferno. O pecado é a causa de toda a infelicidade do mundo, pois ele arruinou a boa criação de Deus. O profeta Isaías disse que: “os nossos pecados fazem separação entre nós e Deus” (Is. 59.2).

Como você encara o pecado? Quando você assiste uma novela em que o adultério, a mentira, o engano são incentivados você se sente mal ou indiferente? Você evita agir como um egoísta ou arrogante? Você evita a mentira?

3. Como você se sente em relação aos meios de graça?
Deus deixou-nos instrumentos para nosso crescimento espiritual. A maioria dos homens, porém, os ignora irresponsavelmente. Algumas pessoas ficam em casa no Dia do Senhor, quando deveriam estar na companhia dos outros filhos de Deus orando, adorando, servindo e ouvindo a Palavra. Não são poucos os homens que passam dias e dias sem se aproximarem da Bíblia e não se importam em ficar distantes da Santa Ceia do Senhor.

Pra você, essas coisas são importantes? Você ora em casa e faz a leitura da Bíblia? Você procura a comunhão dos filhos de Deus na Igreja? Você tem prazer no serviço de Deus? Você se agrada de ouvir a Palavra que pode transformar a vida do pecador?

Não se trata de ser uma pessoa boa, moralmente irrepreensível, honesta. Pílulas douradas por vezes escondem remédios amargos. Você pode parecer bem e bom para os padrões dos outros homens, mas você é realmente um cristão?

Cuidado. É ruim a sensação de ser enganado. Mas é eternamente pior enganar-se a si mesmo!

Rev. Renato Arbués.
Adaptado do livro “Fé Genuína”, de J. C. Ryle, editora Fiel.

Rev. Renato Arbués.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

QUE HISTÓRIA!

O estudo da história pode ser bastante útil. Ele permite que analisemos as escolhas feitas, as decisões tomadas, os conselhos ignorados, o sucesso e o fracasso daqueles que viveram antes de nós. Vê-se logo a utilidade. Podemos evitar tristezas sentidas por outros, como também podemos escolher caminhos que nos farão felizes, que foram vencedores.

Uma crítica que se faz à história é a de que ela sempre é escrita pelos vencedores, ou seja, ela é parcial. Na história, sempre prevalece o ponto de vista do vitorioso. Para alguns, isso é ruim; pra outros, não há nada de mais nesse fato.

Na Bíblia, encontramos várias histórias. O ponto de vista, claro, é do vencedor. Deus é o autor e o condutor da história. E o que Ele fez (e faz) tem sempre um propósito nobre e bom.

No NT, há um livro de história. Ele está incompleto, é verdade. Mas nele encontramos informações preciosas acerca dos primeiros passos da Igreja Cristã. A Igreja é uma obra divina e, portanto, é maravilhosa. Contudo, chama a atenção a maneira como Deus conduz a vida do Seu Povo Escolhido. Em meios a grandes homens, como Paulo e Pedro, há centenas de “homens simples”, alguns dos quais nem sabemos o nome (Hb. 11), mas foram tão fundamentais na construção e edificação da ekklesia.

Um exemplo é Barnabé. Nas poucas citações de seu nome nas Escrituras, sempre aparecem adjetivos como “bom”, “justo”, “cheio do Espírito”... No entanto, não foi um dos 12, não escreveu epístolas como Paulo, não teve visões como João, simplesmente serviu ao Seu Deus com o que tinha de melhor: sua vida!

Os seguidores de Cristo logo ganharam um apelido. Foram chamados de “cristãos”, uma típica zombaria daquela época. Não obstante o desprezo dos gentios, aquela Igreja cresceu e seu crescimento chegou aos ouvidos dos apóstolos lá em Jerusalém. Querendo saber qual era o real estado daquela comunidade, a igreja de Jerusalém resolveu enviar alguém para conferir e acompanhar aqueles novos convertidos. Quem foi o escolhido? Ele mesmo, Barnabé.

Quando os discípulos passaram a ser chamados cristãos, o primeiro líder a desfrutar do privilégio de receber essa honraria não foi Paulo nem Pedro. Foi Barnabé.

Se você “perder” um pouco do seu tempo para ler o encontro de Barnabé com a Igreja de Antioquia, você perceberá a alegria que ele sentiu ao se encontrar com outros irmãos. Sua alegria foi causada, segundo a Bíblia, por uma simples razão: “Porque era homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé. E muita gente se uniu ao Senhor” (At. 11.24).

Pois é. A história é escrita por Deus por meio de homens: ricos e pobres, famosos e anônimos, poderosos e fracos. Embora sejam diferentes entre si, uma característica é comum a todos eles: a vontade de obedecer a Deus.

É sempre bom estudar a história. Melhor ainda é estudar a história do povo de Deus e constatar que Ele usou pessoas como eu e você. Isso significa que eu e você somos úteis a Deus no avanço de Sua obra. Só é preciso que eu e você estejamos dispostos a ter a mesma característica de Barnabé e de tantos outros heróis da fé: o desejo ardente de fazer a vontade de Deus!

Rev. Renato Arbués.

domingo, 15 de setembro de 2013

É HOJE!

Os últimos dias têm sido difíceis. No trabalho, a rotina é dura. Tarefas quase impossíveis de serem cumpridas no prazo, pessoas insatisfeitas, chefe reclamando, acordar cedo, dormir tarde. Sem falar do salário! Antes do fim do mês, já se foi. Aí, aquele celular novo, aquela roupa nova, aquela viagem – tudo isso, infelizmente, se tornará em sonhos adiados.

Na família, a coisa também não anda lá essa beleza toda. Filhos desobedientes estão tirando o pouco de juízo que ainda resta. Outras vezes, não é a desobediência e, sim, a doença. É uma febre, uma gripe, probleminhas simples mas que, no frigir dos ovos, estraga o ambiente. O relacionamento conjugal está meio lá meio cá. A esposa “reclamona”. O esposo rabugento. Haja paciência!

Amigos? Bem, os poucos que se tem ou moram longe ou são tão ou mais ocupados do que nós. Nossos horários não batem. Daí porque as visitas não são regulares. De vez em quando, alguém liga ou passa uma mensagem virtual. Mas, pra falar a verdade, estamos cada vez mais distantes uns dos outros.

As finanças são um desafio à parte. Precisaríamos ganhar, no mínimo, duas ou três vezes mais. Faltam dias para que o mês termine e as contas já estão no vermelho.

Com a idade, chegam os problemas de saúde. Dor na coluna, na cabeça, nas pernas. A “vista” já não é lá essas coisas. Um pouco de surdez complica na hora de assistir as novelas ou os jogos. A circulação sanguínea incomoda. Como não temos plano de saúde, o negócio é enfrentar a fila do Casarão. Quando chega a nossa vez, não tem médico. Quando tem médico, ou o remédio está em falta ou é muito caro. Tá feia, a coisa.

Lazer? Os homens têm o baba de sábado. As mulheres têm o chá da SAFPC. O problema é que alguns homens estão “entrevados” demais para disputarem uma partida de futebol, enquanto algumas mulheres simplesmente esquecem o dia do chá.

Mas, hoje, tudo muda. Hoje não tem trabalho, problemas familiares, amizade, finanças, saúde ou lazer que roubem a alegria deste dia. O que está prometido pra hoje é certo e bom. Eu, por exemplo, não trocaria nada, absolutamente nada, pelo que poderei ganhar no dia de hoje.

Do que estou falando? De um presente dado pelo Criador às Suas criaturas. Trata-se de um presente que expressa toda a generosidade do Pai, além do Seu carinho e preocupação por nós. Ele foi tão atencioso que deixou esse presente por último. É o presente que abrilhanta todas as dimensões da nossa vida.

O presente, leitor amado, é o próprio dia! O dia de hoje foi uma dádiva divina dada a nós especialmente para que esquecêssemos de todas as lutas que a vida nos impõe, de todas as dificuldades, de todas as batalhas; até mesmo as coisas boas devem ser colocadas de lado em razão do dia de hoje. Porque “Este é o dia que o SENHOR fez; regozijemo-nos e alegremo-nos nele” (Sl. 118.24).

Não desfrutar do dia de hoje, irmão, não é apenas desobedecer a um mandamento divino: É demonstrar ingratidão. Ingratidão para com Aquele que nos amou de tal maneira que, juntamente com Seu Filho, deu-nos todas as bênçãos do reino celestial.

Pense Nisso e tenha um bom dia do SENHOR!

Vá à Igreja!

Rev. Renato Arbués.

sábado, 14 de setembro de 2013

A ARTE: EXCELENTE REFÚGIO!

A arte é um excelente refúgio. Nela, além da beleza, encontramos alento para as ansiedades e a agitação, constantes em nossa maneira de viver. Quem não se acalma ouvindo uma bela melodia clássica? Quem não viaja ao admirar um belo quadro? Enfim, a arte - todo tipo de boa arte – é um presente do bom Deus para a humanidade.

Na arte encontramos temas para reflexão também. A arte, embora não precise ter essa finalidade como principal função, pode transmitir valores morais, pode discutir temas complexos e atuais e, assim, servir-nos de consciência crítica. Para ficar num exemplo, cito o título de uma canção de Tom Jobim e Vinícius de Moraes: “Se todos fossem iguais a você”.  Conhece? Se não, aqui vai um trecho da letra:

Se todos fossem iguais a você
Que maravilha viver
Uma canção pelo ar [...]
Existiria a verdade,
Verdade que ninguém vê
Se todos fossem no mundo iguais a você”.

Ler essas palavras produz um efeito paradoxal em mim. De um lado, a admiração pela poesia, pelo capricho na escolha das palavras, pela simplicidade que diz muito, enfim, admiração pelo gênio do artista. Por outro lado, numa leitura mais objetiva, menos idealizada, surge a inquietação: “Se todos fossem iguais a mim seria uma maravilha viver?”.

Nós todos queremos viver bem. Queremos paz, trabalho, segurança, descanso, entre outras coisas. Para conseguir esse objetivo é que nos relacionamos com outras pessoas o tempo todo, no trabalho, em casa, na igreja, na escola, na rua. E aí nasce uma interrogação gigantesca: “Se todos nós queremos viver bem, se todos procuram os mesmos objetivos, por que, então, vivemos tão mal?”

Porque as pessoas são diferentes. Porque a minha idéia de felicidade diverge da sua. Porque sua maneira de analisar os fatos é diferente da minha. Porque vemos o mundo com “óculos” distintos. Às vezes andamos na mesma estrada esperando atingir destinos diferentes; outras vezes, trilhamos caminhos opostos e esperamos chegar no mesmo lugar. Impossível, não? Então é isso. Nossa vida não é uma maravilha porque somos diferentes.

Mas, e esse “mas” não tem intenção nenhuma de ser chato, se todos no mundo fossem iguais a você? É isso mesmo, e se todas as pessoas do mundo acordassem sendo iguaizinhas a você? Viveríamos maravilhosamente bem? O mundo seria melhor? Ou não?

Imagine se na hora do almoço todas as pessoas comessem como você come. Pense em como seria nosso trânsito se todos dirigissem da mesma forma que você dirige. Você é tímido? Imagine um mundo só de pessoas tímidas? Você fala alto? Imagine uma reunião em que todas as pessoas gritassem o tempo todo? Você é autoritário? Imagine um debate eleitoral em que todos – candidatos e eleitores – defendessem suas idéias e opções do mesmo jeito que você faz. Você é simpático e sorridente? Imagine um jogo de futebol em que os jogadores conversassem mais ou menos assim:

- Por gentileza, poderia tocar a bola pra mim?
- Naturalmente. Assim que conseguir driblar meu oponente e, claro, pedir a ele que não se ofenda com meu drible, passarei a bola para você, meu amigão!

Você conseguiria viver num mundo cheio de você?

Conceda-me o direito à franqueza: É claro que não seria um mundo maravilhoso. Não por todo o mundo ser igual a você, não é isso. É que, na verdade, para sermos felizes, nós precisamos do outro. E precisamos que outro seja diferente para nos completar. Para preencher o que falta em nós. Para corrigir nossos erros ou para ser corrigido. Precisamos do diferente para sermos atraídos por ele; precisamos do outro até para tentar explicar a razão dessa diferença. Enfim, precisamos do outro para vivermos maravilhosamente bem.

Só me resta, desconfortavelmente, pedir desculpa ao poeta – ou à sua memória – por discordar da sua canção. Se todos no mundo fossem iguais a você, o mundo não seria maravilhoso, seria tedioso. Mas que a canção é bonita, ah, isso é!

É maravilhosa essa tal de arte, não?

Rev. Renato Arbués.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

E intimidade, tem?

Somos uma nação evangélica. Pelo menos foi isso que os dados do Censo 2010 divulgados pelo IBGE disseram. Há 30 anos, os que se diziam católicos representavam 89% da população brasileira. Hoje, são 65%. Enquanto isso, nos anos 1980, 7% da população se dizia evangélica. Hoje esse índice está em 22%.

No Censo anterior, de 2000, os números eram bem parecidos. A população católica representava 73,8%; os evangélicos, 15,45%. No entanto, o terceiro grupo “religioso” significativo, era o dos sem religião, 7,3%.

Os sem religião formam uma categoria à parte. Geralmente, são jovens, filhos de pais crentes, que se afastaram do convívio da igreja mas, conforme dizem, continuam amando a Deus e seguindo Seus princípios. Do jeito deles, claro.

Esses números nos fazem pensar. Se somarmos os 65% de católicos com os 22% de evangélicos, teremos 87% da população brasileira praticante do cristianismo. É gente pra caramba.

Um estrangeiro cristão, ao ler esses números, deve pensar que o Brasil é uma maravilha. Pouca violência, famílias felizes, igualdade, muito amor e paz. Eu, porém, pergunto a você: Seu mundo é assim? Você se sente seguro andando pelas ruas da nossa cidade? Sente que há igualdade, em particular, no que diz respeito à distribuição da justiça?

Penso que vamos ficar chocados quando os números referentes aos sem religião forem divulgados. Seguramente, essa categoria já deve bater a casa dos dois dígitos. A julgar pelo que vemos, ou melhor, pelo que não vemos nos bancos das igrejas, o número cresceu. E muito.

Felizmente, o IBGE ainda não criou a categoria dos sem compromisso. Aí, nós, os 87% de cristãos que há no Brasil, ficaríamos reduzidos a ____ % (complete você).

Pense nisso.

Rev. Renato Arbués.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

O JEITO É FALAR!

Você sabe o que é alexitimia? Nunca ouviu falar? É provável. De acordo com a psiquiatria, alexitimia, do grego a (ausência), léxis (palavra) e thymós (emoção), é a falta de capacidade de falar das emoções. Viver com alguém portador desse distúrbio é ter a sensação de estar próximo a um robô, alguém que não possui qualquer sentimento.

Segundo Goleman (1995), as características clínicas que assinalam a alexitimia incluem dificuldades para descrever sentimentos – os próprios ou os de outrem – e um vocabulário emocional seriamente limitado. Eis o problema maior de se conviver com um alexitímico. Não é que eles não sintam, mas não sabem – e, sobretudo, não podem expressar em palavras – precisamente quais são seus sentimentos. É comum um parceiro de um portador de alexitimia pensar que seu/sua parceiro(a) não tem coração ou que possua um coração de gelo.

Infelizmente, o silêncio emocional de um alexitímico contagia os que estão à sua volta, transformando um ambiente, outrora feliz, num cemitério de vivos. Com o tempo, o distúrbio, se não for tratado, tende a se agravar, levando o paciente a somatizar os sintomas. Dores de cabeça, dores estomacais, perda de cabelo, aumento de peso, insônia, choro e, num extremo, câncer, são alguns dos efeitos que a incapacidade de verbalizar as emoções pode produzir. Terrível, não?

O rei Davi parece ter sido tomado pela alexitimia em pelo menos um episódio: O adultério com Bate-Seba e o assassinato de Urias (2 Sm. 11). Davi não falou com ninguém sobre isso. Silêncio total. O silêncio perdurou até o dia em que o profeta Natã o confrontou (2 Sm. 12.1-15). O que aconteceu com Davi durante o período que vai do crime à conversa com Natã?

Depois do arrependimento, o próprio rei nos responde essa pergunta. No Salmo 32.3, lê-se: “Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos todo o dia”. Davi quase sucumbiu ante o peso da sua consciência. O silêncio acerca dos seus pecados fazia os seus ossos “envelhecerem”. A ideia hebraica do termo “envelheceram” é que eles foram gastos pelo uso contínuo e excessivo. A expressão “ossos” pode ser “substância, essência”. O Salmo nos revela um Davi desconhecido. Um homem fraco, prestes a explodir. Talvez a expressão correta seja implodir, pois ele estava sendo destruído de dentro para fora. E tudo por não ser capaz de falar de uma emoção – no caso, a culpa – sentida.

Por nos conhecer tão bem, Deus, há muito tempo, ensinou-nos a cura para esse mal. Precisamos falar sobre o que sentimos. E precisamos falar para as pessoas que amamos. Deus quer que falemos sobre nossos sentimentos, nossas culpas e nossos desejos. A desobediência a esse princípio causará a nossa própria ruína.

Veja o que o filho de Davi ensinou a partir do que aprendera com o silêncio de seu pai:
* Lidando com a ansiedade: “A ansiedade no coração do homem o abate, mas a boa palavra o alegra” (Pv. 12.25). Se você guardar a ansiedade e tentar lidar com ela sozinho e calado, você será abatido! Fale com alguém e veja o resultado.

* Lidando com o pecado: “O que encombre as suas transgressões jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia” (Pv. 28.13). Pecados não devem ser escondidos em lugar nenhum. Muito menos em nosso íntimo. A graça perdoadora está ao alcance de nossa confissão. Deus disse isso.

Salomão sabia que fechar-se em si mesmo não é solução, ao contrário, é problema. Séculos depois do sábio rei, a psiquatria chegou à seguinte recomendação para os alexitímicos: “Se você conseguir colocar em palavras o que está sentindo, o sentimento fica sob seu controle”.

Não tem jeito. Comece a falar!

Rev. Renato Arbués.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

RIR OU CHORAR?

Foi trágico. E irônico. Mas, também foi revelador desses nossos tempos. Aliás, tempos confusos, esses! As agências de notícias deram destaque a um caso de traição. Coisa, a bem da verdade, corriqueira hoje em dia. Porém, o trágico está no fato de que uma mulher casada resolveu se prostituir. E pôs anúncio num jornal oferecendo seu corpo. O que leva uma mulher a se prostituir? Pior, o que leva uma mulher casada à prostituição? Trágico demais.

A tragédia não termina. Um homem casado procurou seus serviços. A mesma indignação deve ser direcionada contra esse senhor. Por que um homem comprometido com alguém pelos votos do matrimônio procuraria uma prostituta? Estarão os laços da casamento tão frágeis assim? As promessas feitas diante de Deus e dos homens, as juras de amor, os votos, perderam o valor? Ou nunca tiveram valor?

Mas foi irônico. O homem em questão, que ligou para uma profissional do sexo, não sabia que do outro lado da linha estava – pasmem – sua própria esposa! Pois é. Você vai dizer que os dois se merecem, não é mesmo? Na opinião do marido, é a esposa que não tem pudor nem vergonha. Ele tentou agredi-la com uma barra de ferro. Foi um escândalo em Blumenau, Santa Catarina.

Entrevistada, a mulher declarou que “não tinha sorte na vida”. Vou contextualizar à custa da redundância. Ela lamentava o fato de que, em duas tentativas, não conseguiu efetivar o adultério. Por isso, se considerava sem sorte. No caso, “sorte” ela teria se tivesse conseguido êxito na prostituição.

Você está entendendo? Em que mundo uma mulher que consegue trair o marido pode se considerar sortuda? Bem, de acordo com o apóstolo Paulo, este mundo existe. E, exatamente para nos proteger dele, foi que Deus nos orientou pelas Escrituras Sagradas. O que para nós é trágico e inusitado, para o Espírito Santo é próprio da natureza humana. Por isso, ele disse: “Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação, que vos abstenhais da prostituição; que cada um de vós saiba possuir o próprio coro em santificação e honra, não com o desejo de lascívia, como os gentios que não conhecem a Deus.” (1 Ts. 4.3-5).

De acordo com o Espírito Santo, a história dessa mulher não é trágica nem irônica. Ela é a pura confirmação do efeito do pecado na natureza humana. O pecado denigre a dignidade, a santidade, a imagem de Deus no homem. Uma mulher querer trair o marido ou um marido desejar enganar a esposa é fruto do pecado. É a tendência natural de todo homem que se encontra afastado de Deus e vendido à iniquidade.

O cristão é diferente, “porquanto Deus não nos chamou para a impureza e sim para a santificação” (1 Ts. 4.7). O homem temente a Deus vive em obediência a Ele, sabe respeitar os compromissos e honra a santidade do corpo, do seu e da esposa. Para ele, uma história dessa não tem graça.

Nenhuma.

Rev. Renato Arbués.

domingo, 8 de setembro de 2013

O Deus desconhecido!

O título remete ao apóstolo Paulo em Atenas. Enquanto esperava por Silas e Timóteo, dissertava na sinagoga e na praça todos os dias. Além de judeus e gentios piedosos, na platéia de Paulo encontravam-se também filósofos epicureus (buscavam prazeres moderados) e estóicos (propunham viver de acordo com a lei racional da natureza e aconselhavam a indiferença em relação a tudo o que é externo ao ser). Estes últimos levaram o apóstolo até o Areópago (Colina de Ares), um antigo tribunal, repleto de imagens de deuses. O texto bíblico relata o desconforto de Paulo ante a idolatria dominante na cidade (At. 17.16). Até que uma imagem chama a sua atenção.

Era a imagem dedicada ao Deus desconhecido (At. 17.23). No afã de agradar a todos os deuses, os gregos decidiram dedicar um monumento a uma possível divindade cujo nome lhes era desconhecido. Veja você, caro leitor, o zelo do povo que nos legou, entre outras coisas, a filosofia e a democracia, não lhes permitia ignorar um elemento vital da constituição humana: a alma.

Alma que anda muito negligenciada em nossos dias. As pessoas modernas não têm tempo pra essas bobagens de religião. Estão realizando projetos excelentes, estão construindo um futuro melhor, futuro este, ressalte-se, que propiciará banda larga de graça, estádios modernos, tv digital, educação de qualidade... Tudo sem a menor necessidade de Deus ou da “famigerada” religiosidade.

Já há setores trabalhando nisso. Veja uma novela, por exemplo. Você sabe qual o segredo de um personagem (às vezes, tem-se que esperar até o último capítulo), qual o sexo, quais as intenções, quais os amigos, onde mora, como mora, onde trabalha, quem são os inimigos, enfim, sabe tudo, menos a religião. Porque numa novela não há espaço para essas coisas de religião.

Há pouco tempo, o apresentador Datena foi processado pela Associação dos Ateus por declarar que “uma pessoa sem Deus é capaz de matar”. Um pastor também foi processado, e condenado, junto com a rede TV, a indenizar pessoas que se sentiram ofendidas por declarações contra o ateísmo. Resultado: Ninguém mais pode falar o que nossos avós já diziam sobre quem não tem Deus. Você sabe bem, mas, tem coragem de dizer bem alto?

E assim vamos vivendo numa sociedade com tantos deuses e ao mesmo tempo sem deus nenhum. A arte, antes agente de divulgação das obras divinas, hoje trabalha para destruir ou apagar a imagem divina de nossas vidas.

E as igrejas? Haveria ainda igrejas que preservam o culto à divindade? Outro dia ouvi um pastor falar que odiava a Teologia da Prosperidade. Segundo ele, a Teologia da Prosperidade não oferece Deus para as pessoas. Na verdade, o que a Teologia da Prosperidade oferece, oferece ao homem natural. Quem precisa nascer de novo para querer ser rico ou prosperar? Quem precisa ter um novo coração (no sentido espiritual) para querer ter saúde? Ninguém. Pois é. Infelizmente, o deus oferecido nas igrejas de hoje está interessado na demanda do homem moderno, que quer tudo, menos Deus.

Fico pensando se, daqui a alguns anos, não teremos de erguer um monumento ao Deus de Israel que, a cada dia, vai ficando mais desconhecido.

Rev. Renato Arbués.

sábado, 7 de setembro de 2013

Jovem rebelde ontem, adulto frustrado hoje

A rebeldia sempre foi associada ao espírito jovem. Se havia um “espaço” para que a atitude constestadora se manifestasse, sem dúvida nenhuma, esse seria a juventude. Não por acaso, o rock, rebelde por nascimento, tem nos jovens o seu maior público.

Acontece que, com o tempo, as reivindicações dos jovens rebeldes começaram a ser atendidas. Queriam sexo, inventaram a pílula anticoncepcional, o preservativo (masculino e feminino), a pílula do dia seguinte; queriam drogas, receberam o LSD, a cocaína, a maconha, o crack, tudo, com o perdão do trocadilho, a preço de farinha; queriam rock, deram-lhes o punk rock, estilo que exige basicamente 3 acordes e vocalistas desafinados, porém, com atitude (cabelos extravagantes, jaquetas de couro e calça jeans rasgadas). E agora, querem o quê?

Roger Moreira, músico dos anos 80, captou essa sensação de “satisfação”. Os jovens tinham tudo o que queriam. A música “Rebelde sem causa”, do Ultraje a Rigor, traz a seguinte letra (trechos): “Meus dois pais me tratam muito bem [...]. Meus dois pais me dão muito carinho [...]. Minha mãe até me deu essa guitarra, ela acha bom que o filho caia na farra. E o meu carro, foi meu pai quem me deu [...]. Meus pais não querem que eu fique legal. Meus pais não querem que eu seja um cara normal. Não vai dar, assim não vai dar. Como é que eu vou crescer sem ter com quem me revoltar. Não vai dar, assim não vai dar. Pra eu amadurecer sem ter com quem me rebelar”. Jovem sem rebeldia, de acordo com a música, não amadurece. Pronto, os jovens não tinham mais uma razão para viver.

Hoje, porém, aqueles jovens dos anos 80 cresceram. São pais. O dilema agora é outro. Eles continuam frustrados porque sentem que estão diante do mesmo vazio que o perseguiram durante a juventude. É o mesmo sentimento. Queriam uma família, conseguiram uma. E agora não se realizam mais com o cônjuge. Os filhos cresceram e dão mais preocupação que alegria. E se perguntam intimamente: Valeu a pena ter me casado? Vale a pena continuar casado?

E o vazio continua.

Não acham mais graça em nada do que fazem. Igreja, trabalho, estudo. Nada realiza, nada satisfaz, nada responde às inquietações de fim de noite. O que fazer? Por que fazer alguma coisa? Entra dia e sai dia, sempre a mesma coisa. Desistir? Alguns deixam tudo pra trás e recomeçam, de forma egoísta, a vida com outra pessoa; outros preferem a saída mais curta e vexatória, o suicídio.

Na verdade, a única pergunta que realmente importa não está sendo feita. Ou seja, você está disposto a fazer o necessário para vencer essa crise? Honestamente, é difícil acreditar que a resposta tenha sido um “sim”. Porque o necessário é simples e claro. E o que é necessário? O próprio Senhor Jesus Cristo responde: “Contudo, não quereis vir a mim para terdes vida” (Jo. 5.40).

A rebeldia é o melhor caminho para chegar ao desespero e à frustração. Jesus é o único caminho para superar essas enfermidades espirituais.

O que você quer?

Rev. Renato Arbués.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

AOS INCAUTOS NAVEGANTES

Incauto navegante! Segundo o Aurélio, incauto é um sujeito “imprudente, ingênuo”. Péssimas qualidades para um navegante. No hinário Novo Cântico, este hino é o de número 308 e é vinculado ao nome de Sarah Poulton Kalley. Considerando que essa senhora viveu de 1825 a 1907, fica ainda mais forte a força da expressão “incauto navegante”. Imagine uma viagem de barco cujo comandante fosse um sujeito reconhecidamente imprudente!

Ler essas palavras remete o pensamento quase que instantaneamente aos versos do conhecido poema de Fernando Pessoa: “Navegar é preciso; viver não é preciso”. Os historiadores nos lembram que, na verdade, essa frase foi dita pelo general romano Pompeu (106-48 a. C.) aos marinheiros que, amedrontados, se recusavam a viajar. “Navigare necesse; vivere non est necesse”, num latim caipira.

No hino de Sarah Kalley, a vida é descrita como cheia de tormentas. Os navegantes incautos são os homens que vivem sem considerarem o rumo para onde vão nem os perigos a que estão submetidos. A qualquer momento o barco da vida pode topar com um iceberg (lembra do Titanic?) ou com outro barco e afundar; ou, quem sabe, deparar-se com piratas, ou enfrentar uma tempestade e virar. Enfim, viver é algo perigoso, sobretudo se não temos uma boa bússola para nos mostrar a direção e o caminho mais seguro.

Na poesia de Fernando Pessoa, há quem diga que o “preciso” da frase deve ser entendido como “necessário”. Assim, o que importa não é viver, mas como viver! É preciso correr riscos, aventurar-se no bravio mar. Se a vida corre perigo, paciência! Afinal, viver não é necessário mesmo. Contudo, outros intérpretes dizem que no famoso verso, o sentido de “preciso” não é o de necessário, mas o de “exatidão, precisão”. Navegar, então, é algo mais seguro do que viver, pois na navegação dispomos de bússolas, astrolábio (esse é antigo!), computadores, mapas etc. Eu também, modestamente, acho que o “preciso” do poema tem o sentido de exatidão.

Bom, mas o que importa realmente pra esta pastoral é dizer pra você, leitor, que, se você for um navegante incauto, cuidado! São muitas as tormentas que podem naufragar levar o seu “barco” para o fundo do mar: a violência urbana, os males da alma, as doenças, o trânsito... Mas, o maior perigo a que você está exposto é o “das trevas do pecado”. Esse, além de fazê-lo naufragar, pode mandá-lo para uma fornalha bem quente, que consumirá lentamente toda a velha madeira de seu barquinho.

E se você, leitor, não for um viajante incauto, devo lembrá-lo do nosso dever: “resplandeçam nossas luzes através do escuro mar, pois nas trevas do pecado, almas podem naufragar!”. Pregue a Palavra. Seja luz. Salve os incautos que vivem com você. Não seja desobediente à ordem divina: “Sê tu uma bênção”.

Pense nisso!

Rev. Renato Arbués.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

PRIORIDADES!

No mundo todo, as pessoas têm pressa. Vive-se a dinastia do tempo. Que horas são? Tenho de correr? Estou atrasado! Sem dúvida, dentre as frases mais faladas por nós, essas encabeçam a lista. A questão é: “Precisa ser assim?”

Ora, Jesus era um homem extremamente ocupado. E público também. Desde seu batismo, não andava mais sozinho. Pessoas queriam vê-lo, tocá-lo, ouvi-lo. Enfermos queriam ser curados. Pobres, recompensados. Ricos, salvos. Excluídos queriam ser amados. E Jesus tinha tempo pra atender a todos.

Mas, incrível, Jesus também ficava sozinho. Quando se sentia cansado, pedia aos discípulos que o levassem de barco para um lugar distante, onde pudesse orar. E orava várias vezes ao dia.

Não conheço homens de Deus bem-sucedidos que não tenham sido ocupados. Envolvidos em diversas frentes, Lutero, Calvino, Knox, Whitefield, Spurgeon, entre tantos outros, apesar de todos os compromissos, jamais se permitiam passar longos períodos distantes de Deus.

É tudo questão de prioridade. Priorize Deus e você achará tempo para ter comunhão com Ele.

Pense nisso.

Rev. Renato Arbués.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

O Hino 108


Algumas pessoas parecem ter sido destinadas a uma vida de sofrimento, a fim de demonstrarem o amor de Deus. Jó, Jeremias, Lázaro, são exemplos que confirmam essa tese. Os três amavam a Deus sobre todas as coisas. Dedicaram suas vidas ao serviço divino, sofrendo graves provações para entrarem no reino. Os três foram amados por Deus, tendo sido livrados de todas as intempéries pela Divina Providência.

Não foram apenas os grandes personagens da Escritura que vivenciaram provações terríveis, não. Pessoas “comuns”, como eu e você também pagaram um alto preço para serem achados no Caminho. O advogado Horatio G. Spafford enfrentou, em minha opinião, um dos testes de fé mais difíceis de todos os tempos. E foi aprovado.

Spafford, como já escrevi, era advogado na cidade de Chicago, EUA. Chicago era o maior entreposto (espécie de armazém) de madeira do mundo. Prédios, casas e até mesmo ruas eram construídas na cidade com madeira. No verão de 1871, uma temporada sem chuva e extremamente seca criou o cenário propício para um grande incêndio. Dizem que começou num estábulo e espalhou-se rapidamente graças um forte vento e “engoliu” toda a cidade. Estima-se que o incêndio causou a morte de 300 pessoas, deixando 90.000 desabrigadas e causando mais de duzentos milhões de dólares em prejuízos.

Spafford perdeu quase tudo o que possuía nesse incêndio. Meses depois, um filho de Horatio morreu, deixando a família arrasada emocionalmente. Então, Horatio resolveu viajar para a Europa, a fim de se distanciar de todas aquelas lembranças dolorosas. Foi assim que, em 1873, ele, sua esposa e as quatro filhas embarcaram rumo à Europa, mais precisamente para a Inglaterra. O plano era retornar em novembro daquele ano para os EUA, a fim de “comemorarem” o Natal.

Infelizmente, Spafford não pôde retornar em novembro, pois enfrentava alguns reveses financeiros. Contudo, enviou sua esposa e as quatro filhas para os EUA no navio S. S. Ville de Havre. No dia 22 de novembro, uma tempestade em alto mar provocou o naufrágio daquela embarcação em apenas 12 minutos. Alguns poucos sobreviventes conseguiram alcançar o País de Gales. A esposa de Horario era um desses sobreviventes. Ela mandou um telegrama para o marido com as seguintes palavras: “SALVA, PORÉM SÓ”. As 4 filhas morreram naquele naufrágio.

Imediatamente, Spafford foi ao encontro da esposa. Enquanto viajava, foi informado pelo comandante que estavam passando pelo local onde dias antes havia acontecido o trágico naufrágio. Ele orou e escreveu a letra do hino n.º 108 (Sou Feliz). Depois, chorou.

Uma história dessas produz um sentimento de vergonha em muitos filhos de Deus. Filhos que tantas vezes reclamam da seca, do calor, de ter que acordar cedo e dormir tarde. Reclamam das “dificuldades” da vida, como se a vida que levam fosse realmente difícil!

Felizmente, a graça de Deus nos livrou de termos um nome conhecido como o de Jó, Jeremias, Lázaro e Horatio Spafford. Tomara que essa mesma graça continue a nos livrar.

Creio que a melhor maneira de terminar essa pastoral é convidando você pra cantar baixinho o belo hino 108 (Hinário Novo Cântico): “Se paz a mais doce me deres gozar, se dor a mais forte sofrer. Oh! Seja o que for, tu me fazes saber que feliz com Jesus sempre sou. Sou feliz com Jesus; sou feliz com Jesus, meu Senhor...”!

Rev. Renato Arbués.