Apesar do que os filmes nos fizeram acreditar, os piratas não costumavam
obrigar suas vítimas a caminharem sobre uma prancha para se afogarem ou serem
devoradas por tubarões. Oficialmente, há apenas um relato de um jornal de 1829
em que um prisioneiro foi condenado a caminhar sobre uma prancha e,
consequentemente, cair no mar. Isso de maneira alguma deve nos fazer pensar que
os piratas eram bonzinhos, pelo contrário, os castigos mais comuns que eles
infligiam eram a tortura, a queima e a mutilação. Pobre de quem caísse nas mãos
desses bárbaros do mar.
Não por acaso, alguns mestres da escrita costumam comparar as agruras da
vida com o tratamento que os corsários dispensavam às suas vítimas. Há momentos
em que sentimos que a nossa jornada está nos levando a uma queda da qual não
levantaremos mais. Sentimos como se fôssemos vítimas de um torturador, um
sádico, que pretende, antes de nos destruir, propiciar o máximo de sofrimento
que suportarmos. Não estamos sozinhos nesse ponto. Grandes homens de Deus
também experimentaram essa aflição corrosiva. Davi, por exemplo, teve a
convicção de que Deus havia se esquecido dele (Sl. 13). Jó, por 16 vezes,
perguntou a Deus por que estava passando por toda aquela calamidade (morte dos
filhos, perda dos bens e incompreensão da esposa) e não obteve resposta alguma.
Pra mim, o homem que mais exemplifica o sentimento de angústia e depressão foi
Elias, que pediu: “Basta; toma agora, ó
SENHOR, a minha alma, pois não sou melhor do que meus pais” (1 Rs. 19.4). A
vida é o pirata cruel que tortura qualquer um que ousar desafiá-lo.
Você já se sentiu – ou está se sentindo – assim?
As vítimas dos piratas
invariavelmente eram torturadas até à morte. Não havia esperança. Entretanto,
conosco não precisa ser assim. Aliás, não é assim. Nosso Senhor prometeu jamais
Se afastar de nós: “E eis que estou
convosco todos os dias até à consumação dos séculos” (Mt. 28.19).
Depreende-se dessa promessa de Jesus que você e eu nunca estaremos sozinhos. O
“depressivo” Davi venceu a tristeza firmando seu pensamento na verdade de que
Deus jamais Se afasta de Seu povo: “Ainda
que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo...” (Sl.
23.4). A mesma esperança salvou a vida de Jó e de Elias. Portanto, para nós, a
morte não é uma realidade a ser temida: “Na
verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me
enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida.”
(Jo. 5.24).
Mas, dirá você, e por que então tanto sofrimento, tanta aflição? Talvez
você não goste da resposta, no entanto, informo que não é minha, é do Espírito
Santo. O motivo de sermos provados tão intensamente enquanto neste mundo é um
só: Nossa alegria! Isso mesmo. Você chora, sente tristeza, medo, pensa em
fugir, desistir, tropeça, se envergonha (e envergonha os outros), sente culpa,
desespero, por uma razão apenas, a saber, ser feliz. Duvida?
Considere o que Tiago escreveu: “Meus
irmãos, tende por motivo de toda alegria
o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez
confirmada, produz esperança. Ora a perseverança deve ter ação completa, para
que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes” (Tg. 1.2-4). Você crê
na Bíblia? Se sua resposta for sim, atente a um último conselho: Jamais perca a
esperança! Deus nunca vai abandonar você.
Rev. Renato Arbués.