Oséias teve um ministério difícil. Não que haja ministérios mais fáceis que outros. Servir a Deus é sempre prazeroso e bom, porém, a meu
ver, há homens que receberam uma tarefa cujo fardo mostrou-se mais pesado que o
da maioria dos fiéis. Oséias é um exemplo desse tipo de servo.
Contemporâneo de Amós, Oséias denunciou os mesmos pecados que seu
companheiro combatia. Amós em Judá, Oséias em Israel e pecadores nos dois
países. Circunstâncias da política externa, levaram Israel e Judá a
formalizarem alianças com nações estrangeiras, o que era terminantemente
proibido por Yahwéh. Essa proximidade com povos pagãos, além de produzir uma
falsa noção de segurança, facilitou o mergulho do povo de Deus nas práticas da
idolatria, paganismo e erotismo, comuns aos aliados de ocasião. Oséias condenou
tal situação.
Depois da pregação do profeta, Israel esboçou um arrependimento, logo
denunciado como mentiroso por Deus: “Que
te farei, ó Efraim? Que te farei, ó Judá? Porque o vosso amor é como a nuvem da
manhã e como o orvalho da madrugada que cedo passa” (Os. 6.4). Israel não havia se arrependido verdadeiramente. Tinha
mais medo da disciplina do que amor a Deus. A cegueira espiritual impede que
vejamos a santidade divina se manifestar na disciplina que corrige, cura e
endireita.
O Rev. Hernandes Dias Lopes, comentando a passagem de Oséias 6, afirma que
a conversão de Israel foi falsa por várias razões, dentre elas, destaca-se que
“Israel queria livrar-se das consequências do pecado, e não do pecado”. Ou
seja, o medo era superior ao amor. O cinismo venceu a sinceridade.
A verdadeira conversão é composta de dois elementos: NEGATIVO:
Arrependimento; POSITIVO: fé. O arrependimento é o reconhecimento da culpa,
enquanto a fé é a volta para Deus para depositar nEle sua inteira confiança.
Os judeus estavam preocupados em serem curados, e não em ser purificados.
Viram a nação em dificuldades e queriam que Deus “consertasse” as coisas, mas
não se chegaram a Ele com o coração quebrantado e disposto a renunciar seus
pecados.
Queriam felicidade e não santidade, uma mudança de circunstâncias e não uma
mudança de caráter. Derramaram lágrimas de remorso por seu sofrimento, mas não
de arrependimento por seus pecados. Toda mudança de pensamento produz mudança
de comportamento. Israel mudou o comportamento, mas não o pensamento.
Resultado: Não conseguiu manter-se no caminho da santidade e, infelizmente,
estava prestes a ser julgado por Deus.
Eis a condição de boa parte dos cristãos de hoje. As igrejas estão cheias.
“Nunca antes na história deste país”, houve tantos crentes. Mas, ao que parece,
“nunca antes na história deste país”, houve tanta imoralidade, tanta corrupção,
tanta falta de poder espiritual. Bancos cheios, corações vazios.
Muitos crentes não mostram mudança genuína, não buscam a Deus para terem
vida, não mostram reverência pelo culto solene. Estão mais preocupados em
salvar a pele e a reputação, mostram paixão intensa pelas bênçãos de Deus e não
pelo Seu trono, dedicam-se ao que é supérfluo e artificial, enquanto suas almas
definham no limbo da indiferença com as coisas espirituais, o que, finalmente,
as levará para o inferno.
“Desperta, ó tu que dormes”! Não é hora de alianças com aqueles que
colocarão um jugo sobre nossos pescoços e darão de nossos filhos alimento para
o Diabo. É hora de congregarmos, de estudarmos, juntos, a Palavra de Deus, para
respondermos aos escarnecedores sobre a razão de nossa fé, enquanto calamos as
suas bocas malditas com o nosso testemunho.
A Igreja poucas vezes foi tão vilipendiada. O evangelho raramente foi tão
desrespeitado. Mas os ímpios sempre fizeram isso. Não há, pois, nenhuma
novidade nessa conduta. O que é novo, e a passividade da igreja de hoje. O que
nós estamos fazendo? Nós, que fomos amados de tal maneira que o Unigênito filho
de Deus teve de morrer na cruz para nos redimir, como temos honrado tão grande
sacrífico?
Oséias teve um ministério difícil, sim. Cumpre a nós mostrar que valeu a
pena! É difícil ser fiel e zeloso das coisas sagradas. Mas, é preciso. Lembre-se,
irmão, “um pendão real vos entregou o rei, a vós, soldados seus!”
Mostre a sua coragem!
Rev. Renato Arbués.
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