O cantor Cazuza um dia declarou: “Meus heróis morreram
de overdose”. Que herói morre de overdose? Considerando o autor da frase,
pode-se supor que ele se referia a músicos, cantores, artistas, pessoas que
compunham o meio em que ele se destacou. Mas, como e do que morrem os heróis?
Há alguns meses, duas mortes tiveram intensa repercussão.
Primeiro, fomos informados da morte de Hugo Chávez, presidente venezuelano, que
lutava contra um câncer havia dois anos. No dia seguinte, o cantor conhecido
como “Chorão”, líder da banda Charlie Brown Jr. Chávez tinha 58 anos;
Chorão, 42.
Hugo Chávez, em nome de um socialismo populista, aliou-se
às figuras mais sinistras da política atual, destacando Saddam Hussein, Mahmoud
Ahmadinejad e Bashar Assad.
Chorão, cantor de rock, estava deprimido por causa de um
divórcio recente. Fazia uso de medicamentos pesados e, suspeita-se, era usuário
de drogas.
A comoção tomou conta da população venezuelana. Pessoas
choravam, demonstrando desespero e desalento pela perda do “papai”. Líderes de
diversas nações manifestaram pesar com a perda dos venezuelanos. “Era um dos
principais líderes da região” (América do Sul), declarou a presidente Cristina
Kirchner. O corpo foi velado de terça à sexta-feira. Agora será embalsamado e
ficará em exposição “para sempre”.
Já o corpo do “Chorão”, encontrado morto na madrugada de
quarta-feira, foi sepultado no dia seguinte. Fãs choraram, apresentadores de
programas populares se revelaram admiradores das músicas da banda Charlie
Brown Jr. “Uma perda lastimável para o POP brasileiro”, disse um
comentarista de cultura da Globo News. Chorão era conhecido como poeta
de rua, devido a temática de suas músicas. Frases simples que descreviam
namoros, brigas, aventuras e skates. Tudo devidamente recheado com um monte de
palavrões. Porque palavrão, segundo dizem, é a linguagem da rua.
Não consegui evitar o paralelo com a morte de Abner.
Lembra dele? Ele era um dos soldados de confiança do rei Saul. Quando o rei
morreu, Abner declarou apoio ao filho de Saul, Is-Bosete. Numa luta entre as
forças de Is-Bosete contra o exército de Davi, Abner matou um irmão de Joabe,
general de Davi. Muito tempo depois, Abner se desentendeu com Is-Bosete e
procurou a Davi, a quem jurou lealdade. Por ser extremamente respeitado em
Israel, Abner representava uma ameaça ao ambicioso Joabe, que nunca o perdoara
pela morte do irmão. O que Joabe fez? Covardemente, atraiu Abner e o matou.
Quando essa história aconteceu, não existia TV, rádio ou
internet. A imprensa não repercutiu a perda de Israel. Porém, o Espírito Santo
fez questão de preservar as palavras do rei Davi sobre o ocorrido: “Então,
disse o rei aos seus homens: Não sabeis que, hoje, caiu em Israel um príncipe e
um grande homem?” (2 Sm. 3.38).
Antes de ser traído por Joabe, Abner recebeu de Davi a
missão de conseguir o apoio da tribo de Benjamim, numa tentativa de unir Israel
em torno do reinado davídico. Após a sua morte, Israel aceitou Davi como rei,
ou seja, Abner deu a vida por Seu povo.
Abner não foi presidente nem pop star. Foi apenas um
soldado fiel e temente a Deus. Para Davi e para o Espírito Santo, no entanto,
Abner foi um herói. E sua morte é digna de ser lembrada.
E seus
heróis, morrem de quê?
Rev. Renato Arbués.