Rev. Paulo Brocco

Pregação no culto de encerramento do Presbitério Piratininga.

Batismo da irmã Raimunda Goveia"

"E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará"!

Fachada da IPC de Bonfim

Rua A Quadra A, nº 48, Casas Populares - Senhor do Bonfim - BA

Igreja em festa: Confraternização

IPC de Senhor do Bonfim em festa.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Aos Incautos Navegantes...

Incauto navegante! Segundo o Aurélio, incauto é um sujeito “imprudente, ingênuo”. Péssimas qualidades para um navegante. No hinário Novo Cântico, este hino é o de número 308 e é vinculado ao nome de Sarah Poulton Kalley. Considerando que essa senhora viveu de 1825 a 1907, fica ainda mais nítida a força da expressão “incauto navegante”. Imagine uma viagem de barco cujo comandante fosse um sujeito reconhecidamente imprudente!

Ler essas palavras remete o pensamento quase que instantaneamente aos versos do conhecido poema de Fernando Pessoa: “Navegar é preciso; viver não é preciso”. Os historiadores nos lembram que, na verdade, essa frase foi dita pelo general romano Pompeu (106-48 a. C.) aos marinheiros que, amedrontados, se recusavam a viajar. “Navigare necesse; vivere non est necesse”, num latim caipira.


No hino de Sarah Kalley, a vida é descrita como cheia de tormentas. Os navegantes incautos são os homens que vivem sem considerarem o rumo para onde vão nem os perigos a que estão submetidos. A qualquer momento o barco da vida pode topar com um iceberg (lembra do Titanic?) ou com outro barco e afundar; ou, quem sabe, deparar-se com piratas, ou enfrentar uma tempestade e virar. Enfim, viver é algo perigoso, sobretudo se não temos uma boa bússola para nos mostrar a direção e o caminho mais seguro.

Na poesia de Fernando Pessoa, há quem diga que é o “preciso” da frase deve ser entendido como “necessário”. Assim, o que importa não é viver, mas como viver! É preciso correr riscos, aventurar-se no bravio mar. Se a vida corre perigo, paciência! Afinal, viver não é necessário mesmo. Contudo, outros intérpretes dizem que no famoso verso, o sentido de “preciso” não é o de necessário, mas o de “exatidão, precisão”. Navegar, então, é algo mais seguro do que viver, pois na navegação dispomos de bússolas, astrolábio (esse é antigo!), computadores, mapas etc. Eu também, modestamente, acho que o “preciso” do poema tem o sentido de exatidão.

Bom, mas o que importa realmente pra esta pastoral é dizer pra você, leitor, que, se você for um navegante incauto, cuidado! São muitas as tormentas que podem naufragar levar o seu “barco” para o fundo do mar: a violência urbana, os males da alma, as doenças, o trânsito... Mas, o maior perigo a que você está exposto é o “das trevas do pecado”. Esse, além de fazê-lo naufragar, pode mandá-lo para uma fornalha bem quente, que consumirá lentamente toda a velha madeira de seu barquinho.

E se você, leitor, não for um viajante incauto, devo lembrá-lo do nosso dever: “resplandeçam nossas luzes através do escuro mar, pois nas trevas do pecado, almas podem naufragar!”. Pregue a Palavra. Seja luz. Salve os incautos que vivem com você. Não seja desobediente à ordem divina: “Sê tu uma bênção”.

Pense nisso!




Rev. Renato Arbués.

quinta-feira, 12 de março de 2009

NINGUÉM ME VÊ!?


Antigamente se dizia que pra se sentir “homem ou mulher invisível” bastava morar em cidade grande. A correria, o atraso, as preocupações, enfim, o ritmo da cidade grande impedia às pessoas de se conhecerem, de observarem as roupas, de se olharem nos olhos, de saberem os nomes umas das outras. O cidadão metropolitano vive rodeado de milhares de outros cidadãos, porém, vive só. Ninguém o nota, a não ser que pratique algum ato que quebre a rotina da cidade grande.

Hoje, tristemente constatamos que morar no interior é a mesma coisa. Aqui estamos nos tornando cada vez mais individualistas, egoístas. Nossas casas vivem fechadas. Nosso rosto vive franzido. Estamos tensos. Com medo. E nos isolamos, e nos tornamos invisíveis.

José deve ter se sentido assim também. Ele estava preso há alguns meses quando recebeu a companhia de dois presidiários ilustres: o copeiro e o padeiro do rei. Ambos desagradaram ao rei e foram privados de sua dignidade. Na prisão, tiveram dois sonhos perturbadores. Contaram-nos a José, que os interpretou. O do copeiro era um sonho bom: seria reconduzido ao cargo e serviria a Faraó (Gn. 40.21). Já o sonho do padeiro era um sonho de morte: três dias depois, ele foi enforcado (Gn. 40.22).

Tão logo o copeiro recuperou seu status, o que ele fez? “O copeiro-chefe, todavia, não se lembrou de José, porém dele se esqueceu” (Gn. 40.23). Quem era José? Um preso qualquer, numa cela imunda, sem nome, sem importância. Invisível. Por dois anos, José continuou “desaparecido”, enfiado numa cela, não sendo ninguém. Até que Faraó teve um sonho.

Daqui pra frente você conhece a história. O único capaz de interpretar o sonho de Faraó foi José, que declarou fazer isso pelo poder de Deus (Gn. 41.15-16). Tomado de gratidão, o Faraó nomeou José como o segundo homem do Egito, honrando-o sobremaneira. Coisa que o padeiro não soube fazer.

E aqui está o ponto. Possivelmente, muitas pessoas já passaram pela nossa vida. Fomos importantes para algumas, para outras não. Fizemos o bem, nos dedicamos, colaboramos, fizemos o possível e o impossível para ajudar várias delas. O que recebemos em troca? Provavelmente nem um “obrigado”. O que fazer?

Nada. Como José, precisamos usar nossos dons e habilidades para ajudar os necessitados. O filósofo Aristóteles dizia que onde a necessidade de alguém se cruzasse com uma de nossas habilidades, nascia aí a vocação. É isso mesmo. Nossa vocação é fazer o bem. Nossa ordem é ir por todo o mundo e pregar o evangelho a toda criatura. Haveria algo melhor do que isso para se fazer aos homens perdidos?

O Evangelho, vezes demais, exige mais do que nossas palavras. Ele pede dedicação de nossos bens, de nosso tempo, de nossas habilidades. E quase sempre não vemos retorno algum. Ao contrário, somos esquecidos, ignorados, esnobados.

E daí? Padeiros não enxergam tão bem como os reis!

“Tu, porém, ao dares a esmola, ignore a tua mão esquerda o que faz a tua mão direita; para que a tua esmola fique em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará” (Mt. 6.3-4).