Apropriação do tempo
Eclesiastes 3.9-11
Nos versos anteriores, Salomão fala sobre o
tempo. “Há tempo para tudo”, diz ele, após considerar pacientemente cada uma
das principais atividades humanas. Depois disso, o pregador propõe uma questão
desconfortável: Qual o proveito de todas essas atividades? Por que dividimos
tão bem (?) o nosso tempo para conseguirmos executar nossas tarefas, se,
afinal, sequer termos certeza de que desfrutaremos do fruto de nosso trabalho?
De que adianta nascer se você eventualmente vai
morrer? De que adianta plantar se haverá um tempo em que arrancar será preciso?
Pra que colocar tanto empenho na árdua tarefa de ajuntar pedras a fim de
construir algo se quando chega a guerra ou as intempéries naturais tudo vai se
espalhar?
Homens reclamam que lavam o carro hoje e
amanhã já está sujo. As mulheres se queixam da rotina doméstica: lavam e passam
o tempo todo. E quando pensam que o serviço terminou... Surpresa: Há uma pilha
de louças e roupas esperando por elas.
O pregador disse que observou essas coisas: “Vi o trabalho que Deus impôs aos filhos dos
homens, para com ele os afligir” (3.10).
O que isso quer dizer? Em primeiro lugar significa que antes de reclamar
precipitadamente das coisas, precisamos considerar que essas coisas foram estabelecidas
por Deus. Portanto, elas cumprem um propósito, um objetivo santo e sábio. Deus
é que estabelece nossas atividades.
Você já considerou que lavar carros e pratos
pode ser um serviço para o Senhor? (Difícil acreditar, não?)
Ele tem feito cada coisa “ser no seu próprio
tempo” (3.11). A palavra traduzida
por "apropriado, formoso" é a
palavra hebraica para "lindo, bonito". Ela é usada para descrever a
beleza de Sara (Gn. 12.11, 14), Raquel (Gn. 29.17), Ester (Et. 2.7), e as
filhas de Jó (Jó 42.15). Também é usada para descrever tanto homens como
mulheres – José era descrito como um homem bonito (Gn. 39.6).
Então há algo a considerar. Nossas atividades
cumprem um propósito divino. E esse propósito divino é belo, formoso. Um lindo
projeto. Infelizmente, o pecado impossibilita que vejamos os desígnios de Deus
como belos e perfeitos. O pecado nos deixou tão incapacitados para as coisas
espirituais que nos faz tratar coisas importantes como lixo e o que é lixo como
algo importante nas nossas vidas.
Quer exemplos? Veja como sua família trata o
horário do culto doméstico. Agora compare com o horário da novela ou do jornal.
Quer mais? Observe como o seu esposo cuida do carro. Ele lava (ou manda lavar),
não deixa ficar sem gasolina, verifica o óleo, o extintor, manda alinhar... Agora compare com o cuidado que ele dispensa
à vida acadêmica de seus filhos. Ele lê o boletim? Vai à escola? Ensina e cobra
a lição? Mais exemplos? As mulheres gastam (elas diriam “investem”) um tempo razoável “fazendo” as unhas e o cabelo. É o
mesmo tempo empregado para preparar-se para uma reunião da SAFPC ou de oração?
O problema é que não conseguimos ver a
história inteira da nossa vida. E porque não vemos a história inteira, não
enxergamos a beleza de nossa história. Deus criou-nos com uma insatisfação para
essa vida "debaixo do sol". Deus nos fez para sempre desejar conhecer
a história completa. Ele também colocou a eternidade em nossos corações. Que é
a boa nova. A má notícia é que, não podemos dominar essa eternidade em nós - ,
sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até ao
fim.
Você nunca terá todas as respostas em sua
vida. E isto por desígnio divino. Deus estruturou assim o caminho: Ele colocou
a eternidade nos corações dos homens, sem que este possa descobrir as obras que
Deus fez desde o princípio até ao fim.
Qual o significado de Deus ter colocado a
eternidade em nosso coração? Isto significa que Deus deu-nos um senso da vida
eterna - um senso que nos faz pensar e imaginar uma vida além da nossa vida
curta. Isto também significa que o homem deseja a vida eterna.
Isto significa que o homem tem a vontade de
compreender o programa completo de Deus. O homem tem adotado a ciência e a
filosofia bem como a teologia na busca das respostas. Seria bom entendermos toda
criação. Mas, o máximo que temos conseguido é priorizar a criatura ao invés do
Criador.
"Nosso Pai
celestial providenciou estalagens deleitáveis para nossa longa jornada, mas ele
toma grande cuidado para que não confundamos tais estalagens com nossa casa” (C. S. Lewis).
Há um caminho longo para casa - uma profunda
chamada do espírito humano para uma vida melhor. Este desejo que nós não
conseguimos realizar é parte do plano de Deus. Falaremos dele depois.
Rev. Renato Arbués.
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