Rev. Paulo Brocco

Pregação no culto de encerramento do Presbitério Piratininga.

Batismo da irmã Raimunda Goveia"

"E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará"!

Fachada da IPC de Bonfim

Rua A Quadra A, nº 48, Casas Populares - Senhor do Bonfim - BA

Igreja em festa: Confraternização

IPC de Senhor do Bonfim em festa.

sábado, 30 de novembro de 2013

DIA DO SENHOR

Não são poucos os cristãos que cumprem fielmente as orientações escriturísticas a respeito da guarda do Dia do Senhor. Culto público, culto doméstico, leitura da Bíblia, orações, obras de necessidade e misericórdia. É tão estimulante encontrar a igreja cheia no domingo. Claro, Deus Se faz presente onde Seu nome é invocado, seja por um, dois ou três. No entanto, quando o rebanho do Bom Pastor está junto, a adoração é fervorosa, os hinos são mais belos e a voz do Senhor se faz ouvir mais poderosamente.

Louvemos ao Senhor no Dia do Senhor!

IPC de Senhor do Bonfim.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

DE ONDE VEM A SUA FORÇA?

Anteu. Filho de Poseidon (deus do mar) e Gaia (terra), Anteu era extremamente forte e quase invencível. Quase, porque, como todo bom herói, ele também tinha um ponto fraco. Bastava levantá-lo da terra e sua força diminuía consideravelmente. Por ser filho de Gaia (Terra), sempre que caía, Anteu recebia da mãe a força necessária para continuar lutando e vencer seus adversários. Assim, toda vez que alguém o jogava no chão, pensando em subjuga-lo, na verdade, o estava fortalecendo.



Super-Homem é outro ser quase invencível. Como Anteu, ele também tem um ponto fraco. Você pensou na kryptonita, não foi? Aquela pedra fictícia, verde, que tem o poder de minar a energia do homem de aço. Pois é, embora a kryptonita tenha o poder de enfraquecer o nosso herói, o que poucos sabem é que a sua força vem do sol. Mais precisamente do sol amarelo(?), o nosso sol. É dele que Clark Kent recebe o seu poder. Se algum vilão conseguir cobrir o sol, mata o Super-Homem. Um dia, Darkseid, um supervilão, deu um soco tão forte no homem de aço que este entrou em órbita. Resultado: Chegou perto do sol, recarregou a bateria e “pei”, acabou com as pretensões do inimigo.



E o Aquaman? A ficha dele registra a capacidade de se comunicar com a vida marinha, respiração debaixo d’água, resistência sobre-humana (pode levar tiros de metralhadora que não morre), pode nadar na velocidade de 3.000 m/s, ver na escuridão e ouvir qualquer som no fundo do mar. Só não pode ficar muito tempo longe da água, fonte de sua força, senão morre.



Talvez você não tenha lido essas histórias durante a infância ou, talvez, nem goste desses personagens. Mas, eu os citei com uma intenção clara de fazer uma analogia entre eles e nós, cristãos.



Não somos heróis, portanto, esse não é o elemento de comparação. Porém, assim como eles, fomos chamados para uma missão, uma grande missão, diga-se de passagem. E, também à semelhança deles, recebemos uma força, uma energia sobrenatural, que nos capacita a grandes realizações. Não é por acaso que os cristãos antigos são chamados de “heróis da fé”. Mais cedo ou mais tarde, eu e você, espero, também seremos chamados assim.



Um dos heróis da fé um dia declarou: “Eu te amo, ó SENHOR, força minha” (Sl. 18.1). Um outro, muito tempo depois, afirmou com confiança: “Que diremos, pois, à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm. 8.31). Resta claro que, para esses homens, a força deles tinha uma origem comum: Deus! Por isso, não se afastavam do SENHOR. Longe dEle, eles se enfraqueciam!



Você e eu não fomos chamados para fazer um trem parar com a palma da mão ou conversar com baleias no fundo do mar. Não obstante, nossa missão não é fácil: Ser luz para o mundo e pregar o evangelho a toda a criatura! Jamais teremos êxito se fraquejarmos. Assim, devemos permanecer firmes na fonte de nossa força: “Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão” (1 Co. 15.58).



Amém!

Rev. Renato Arbués.

domingo, 24 de novembro de 2013

Por onde você anda?

A pergunta do título foi feita pelo Senhor Criador. Um dia, ao passear pelo jardim do Éden, já à tardinha, Deus sentiu a ausência de Adão. Este não estava à espera do Senhor como sempre fazia. O local combinado, no qual sempre se encontravam, estava vazio. O que teria acontecido?

Ora, o resto (e o início) da história, você conhece bem. Adão e Eva desobedeceram ao Senhor. A desobediência trouxe um sentimento de culpa tão grande que eles fugiram da presença de Deus. Ou, pelo menos, tentaram.
É curioso constatar que tanto tempo depois, os filhos de Adão e Eva continuam mantendo o mesmo comportamento. Hereditariedade? Imitação? Qual será a razão para que as pessoas continuem a tentar fugir de Deus? Por que a Santa presença do Criador ainda incomoda tanto?

Uma boa razão é dada pelo profeta Isaías. Ele viveu há cerca de 700 anos antes de Cristo. Eram dias difíceis, em que a nação de Israel se rebelara contra o Senhor. Então, Isaías é chamado para “sacudir” aquele povo. Num dos momentos mais dramáticos de seu ministério, o profeta faz uma declaração avassaladora: “Eis que a mão do SENHOR não está encolhida, para que não possa salvar; nem surdo o seu ouvido, para não poder ouvir. Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça” (Isaías 59.1-2).


Que coisa, não? Se essas palavras fossem escritas num gigantesco outdoor, sem menção alguma sobre o autor e os destinatários, elas poderiam fazer referência a qualquer período da história humana, desde Adão até o fim dos tempos.


O ex(?)-papa Bento XVI, em visita a um antigo campo de concentração de judeus, perguntou: “Deus, onde estavas e por que permitiste que tudo isso acontecesse?” O papa fez um pergunta retórica, claro. Ele já sabia a resposta. Eu e você também sabemos. Deus estava (e está) onde sempre esteve: “No céu está o nosso Deus e tudo faz como lhe agrada” (Salmo 115.3).


Mas, o que aconteceu naqueles dias? Aconteceu a mesma coisa que acontece sempre que desobedecemos a “santa e perfeita” vontade de Deus: o homem fugiu da presença do Criador. Fugiu, por quê? Vergonha, remorso, culpa, tristeza, covardia... Sabe-se lá o que passa na cabeça de alguém em rebelião contra Deus!
No entanto, a fuga tem uma finalidade, um objetivo. Adão pensou que, se escondendo, evitaria a indignação divina. Não é o mesmo pensamento que passa na sua cabeça quando o pecado está à porta? Tentar esconder ou negar a culpa é uma atitude muito corriqueira.



O rei Davi também fez uma pergunta retórica. No Salmo 139 ele quer saber: “Para onde me ausentarei do Teu Espírito? Para onde fugirei da Tua face?” (Salmo 139.7). Davi estava orando. Que bela oração, não é mesmo? Não adianta fugir de Deus. É impossível. Ele está onde sempre esteve. O rei Salomão também afirmou: “Os olhos do Senhor estão em todo lugar, contemplando os maus e os bons” (Provérbios 15.3).
Você deve estar se perguntando: “Ora, se Deus sabe tudo, por que perguntou onde estava Adão?” Boa pergunta. E, no íntimo, você também sabe como respondê-la. Deus fez uma pergunta retórica. Ele sabia a resposta, mas queria ouvi-la de seu filho.


A história continua a se repetir. Você, por vezes, pode até pensar que, fugindo da presença de Deus, conseguirá viver bem com sua consciência. Não viverá! Santo Agostinho dizia a respeito dos homens: “Fomos criados por Deus e nossa alma só encontrará repouso nEle”.


Não fuja de Deus. Busque-o, aproxime-se dEle e Ele Se achegará a você. Creia nisso porque é uma promessa do Criador. Leia em sua Bíblia, na Carta de Tiago, no capítulo 4, verso 8.
E pare se tentar se esconder de Deus.

Rev. Renato Arbués.

sábado, 23 de novembro de 2013

JUSTIÇA FEITA?

O que significa fazer justiça? Essa dúvida me veio à mente depois do anúncio da prisão de pessoas importantes envolvidas no esquema de corrupção popularmente conhecido como “mensalão”. Enquanto ex-poderosos se entregavam à Polícia Federal, os repórteres se revezavam em narrativas patrióticas em que um mantra era repetido: “A justiça, finalmente, está sendo feita!”

Se entendi bem a opinião dos repórteres, a justiça é feita sempre que há prisões de pessoas condenadas pelos órgãos de justiça. Foi o que houve. Logo, assistimos ao vivo e no conforto de nossa casa, a justiça sendo feita a pessoas que, historicamente, estavam distantes de qualquer noção de justiça.

O que foi o mensalão? Em sua essência, o mensalão consistiu em um esquema bem simples de entender: desvio de recursos para a compra de apoio político e pagamento de dívidas. Que ninguém nos leia, mas, cá pra nós, você acha que esse esquema foi único? Será que em outros tempos e lugares esquemas assim não se multiplicam?

É isso que me deixa duvidoso em aceitar que a justiça foi feita. Talvez devêssemos falar de justiça sendo feita apenas naquele caso  específico, pois,  até onde  minha memória alcança,  não me recordo de políticos sendo presos da forma como aconteceu no último dia da Proclamação da República. Mas, insisto, a justiça foi mesmo feita?

Bem, entre a entrevista do então deputado Roberto Jefferson, detalhando o esquema, e a prisão dos mensaleiros, lá se foram 8 anos. Por oito anos, os corruptos levaram vida normal, viajaram, compraram, passearem, enfim, viveram como se nada tivesse acontecido. Se houve justiça, convenhamos, ela demorou um bocado!

O julgamento se deu no Supremo Tribunal Federal. As mais brilhantes (?) mentes do país analisaram detalhadamente o caso e emitiram o seu parecer. Alguns juízes se mostraram extremamente desconfortáveis em condenar alguns réus, não faltando juiz que até elogiasse a trajetória de condenados. Também fomos apresentados aos tais “embargos infringentes”, deferência aos nobres réus que tiveram no mínimo 4 votos a seu favor. Enfim, se houve justiça, foi aplicada com muita delicadeza.

A sensação é a de que todos são iguais perante a Lei, mas, uns são mais iguais que os outros. Resta, portanto, a fim de que não fique dúvida sobre a justiça, confiar nas palavras do salmista: “Ele mesmo julga o mundo com justiça; administra os povos com retidão” (Sl. 9.8).

A justiça de Deus, essa, sim, é imparcial. E não falha!

Rev. Renato Arbués.

domingo, 10 de novembro de 2013

E você, é quem?

Os defensores do vernáculo que me perdoem, mas eu gosto tanto da fala coloquial que me permiti usar uma frase muito comum para dar título a essa reflexão: “E você, é quem?”. A construção parece esquisita, mas simplesmente quer dizer “Quem é você? O que você faz? Como vive?”.

A Bíblia registra os feitos de grandes líderes do passado. No decorrer das narrativas, podemos saber com certo grau de precisão quem era cada um deles, como era sua personalidade, seus hábitos, seus medos – tudo a partir do modo como realizaram as missões confiadas a eles por Deus. Quero que você passe em revista comigo por alguns personagens do livro dos Juízes e, ao final, tente identificar com qual deles você se parece mais e responda a pergunta do título: “E você, é quem?”.

O primeiro é Baraque. Pouca gente já ouviu falar dele. Sua história está documentada no livro dos Juízes, capítulos 4-5. Os filhos de Israel estavam sendo oprimidos por Jabim, rei de Canaã. Baraque havia sido escolhido por Deus para livrar Israel. Mas não foi. Aí entra em cena a profetisa Débora. Ela manda chamar Baraque e lhe dá um “puxão de orelha”: “Porventura, o SENHOR, Deus de Israel, não de ordem, dizendo:vai, e leva consigo 10.000 homens... e livra a Israel? (Jz. 4.6-7, adaptado). Baraque estava acomodado.

Baraque, então, revela mais um pouco da sua personalidade, sim, porque já vimos que ele era desobediente a Deus. Ele diz: “Se fores comigo, irei; porém, se não fores comigo, não irei” (Jz. 4.8). Em outras palavras, ele disse: “Sozinho? Nem morto!”. Para Baraque, a ordem de Deus, a garantia divina, vista na palavra profética (e o darei nas tuas mãos), não eram suficientes. Ele precisava da companhia de alguém. Seus temores só seriam desfeitos se tivesse Débora ao seu lado.

É impressionante a semelhança entre Baraque e uma multidão de homens e mulheres cristãos. Eles têm à disposição as grandes promessas de Deus e a certeza de que não estarão sozinhos. Porém, preferem a comodidade e o conforto de seus lares a enfrentarem críticas e oposição. Preferem serem vistos sem serem notados à ter de desagradarem a este ou aquele rebelde. Enfim, se contentam com as frutas caídas no chão porque têm medo dos espinhos na árvore.

São essas pessoas que devem ouvir a profetisa Débora. “Porventura, Deus não lhe confiou uma missão? Então, por que não a realiza? Como você pode ficar aí parado, tendo uma seara imensa pela frente? Por que não colocou a mão no arado ainda”. Na verdade, Baraque sabia que não estaria sozinho. Deus o acompanharia. No entanto, para uma pessoa insegura é mais fácil confiar em carros e cavalos do que no Deus que criou essas coisas!

Meu amigo, não se preocupe com críticas, oposição, desânimo ou qualquer coisa que o valha. Não se contente com uma zona de conforto, na qual você não tem “dor de cabeça” nenhuma. Fazer a obra de Deus exige tempo e dedicação total. Porém, a recompensa é certa. Haverá o dia do descanso eterno, mas até que ele chegue, trabalhemos, pois!

Rev. Renato Arbués.

sábado, 9 de novembro de 2013

PENSAMENTO SOBRE UM CHEQUE DEVOLVIDO

O fato quase passou despercebido. Na verdade, pouca gente ficou sabendo que a Caixa Econômica Federal devolveu dois cheques da Câmara de Vereadores da Prefeitura de Senhor do Bonfim no valor total de R$ 540,00. Mas é verdade. Tudo documentado.

O documento que prova o acontecido foi divulgado pelo próprio banco. Um ofício direcionado à presidência da Câmara de Vereadores e publicado no blog www.maravilhanoticias.blogspot.com. No comunicado, a CEF revelou até o saldo da conta dos nossos ilustres edis. Exatos R$ 153.038,72.

O gerente geral da Caixa, que assina o documento, informou que “problemas tecnológicos” foram os responsáveis pelo lamentável episódio. Atitude bonita, a do gerente. Reconheceu o erro, explicou-o e fez questão de isentar o cliente de qualquer culpa.

Uma vez, eu também tive um cheque devolvido. Por um outro banco, claro. Vou poupar o leitor do constrangimento de ler os valores envolvidos. Posso garantir, entretanto, que o saldo na conta desse redator não chegava ao valor dos cheques que foram emitidos (e não pagos) pela Câmara. Apresso-me, porém, a esclarecer que o cheque que emiti era compatível com minha vocação de pastor e professor, não exigindo, em sua troca, sequer um peixe. Uma onça bastava. Nem peixe nem onça. O sistema (sempre ele) entendeu que não havia “provisão de fundos suficientes” e vupt! Devolveu!

Sabe como descobri? Tranquilo, estava eu a passear no comércio. Interessei-me por um objeto e quis comprá-lo. Se tem uma coisa que um pastor sabe fazer bem é “esperar pacientemente”. Então, pacientemente esperei que a moça do crediário consultasse meus dados, liberando a minha compra. Foi quando ouvi a frase e o sorriso amarelo da moça do crediário. Você conhece? O sorriso é impossível descrever com palavras, mas, a frase é mais ou menos assim: “ÉÉÉÉ, desculpe, senhor... Mas, o senhor está com uma restrição!”

Pensei: “Como assim restrição? Ainda ontem comi um mocotó com pimenta e estou bem! Corro, jogo futebol, leio. De que tipo de restrição essa moça está falando? Alimentar ou física, não é!”

Olhei pra ela e perguntei: “Sim, que restrição?” Ela: “Não sei, senhor. É melhor o senhor procurar o seu banco. Obrigada!”

Esqueci até o que eu queria comprar.

No banco, fui informado que o erro foi do sistema, mas que eles “iam estar resolvendo, num minuto. Pronto. Mais alguma coisa, Sr. Luiz?” Como a maioria dos brasileiros, naquela época eu também não conhecia um fenômeno atual chamado “processo”, deixei pra lá. E só.

Perdõe-me por molestá-lo contando essa história. É que foi inevitável não me lembrar dela, ao ler a notícia mencionada acima. Por que os bancos tratam os clientes de formas tão diferentes? Por que alguns recebem mais gentilezas que outros?

Na verdade, eu e você sabemos as respostas. E saber isso não conforta nem um pouco.

“Dois pesos diferentes e duas espécies de medida são abominação ao SENHOR, tanto um como o outro” (Pv. 20.10).

Rev. Renato Arbués.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

CRISTOFOBIA OU FRONEMOFOBIA?

Eu não sei você, mas, eu, honestamente, já estou me aborrecendo com essa história de homofobia, preconceito, PLC 122 e etc. Também já me cansei de ouvir os discursos inflamados do Exmo. Dep. Fed. Jean Wyllys, o mais notório defensor da causa gay no Brasil.

Afinal, o que está em pauta, na verdade? A todo momento, somos convidados a debater o casamento gay. Ótimo, vamos debatê-lo. Sob que perspectiva? Filosófica, antropológica, sociológica, teológica? Nenhuma! Nenhuma porque, se você ousar manifestar uma opinião contrária às pretensões gays, logo é taxado de preconceituoso, ignorante, estúpido, fundamentalista e coisa e tal. Ora, um debate em que se nega a uma das partes o contraditório é, no mínimo, um absurdo! Foge de qualquer definição aceitável de debate.

Que alguém queira defender um comportamento, uma ideia, um princípio, é perfeitamente compreensível e aceitável numa sociedade democrática. No entanto, não se pode classificar como defeito alheio o que, em nós, é virtude. Explico: Um cristão defendendo seu estilo de vida, embasado nas Escrituras Sagradas, é fundamentalista e preconceituoso. Já um homossexual, defendendo seu estilo de vida, embasado na sua ideologia, é intelectual e moderno. Não concordo. Dois pesos, duas medidas?

Um bom exemplo disso, podemos encontrar nas afirmações radicais a respeito da Bíblia por parte de alguns defensores da PL 122: “A Bíblia é ridícula!”, “A Bíblia é machista, arcaica e cheia de erros!”, “A Bíblia deve ser interpretada como mito”. A liberdade de expressão é um direito garantido pela nossa Constituição. Portanto, não há nenhuma ilegalidade nessas afirmações. Porém, se alguém diz que “o casamento gay é uma afronta à família”, “que a homossexualidade é ridícula e abominável”, logo terá negado o direito à liberdade de expressão, sendo imediatamente rotulado como “fomentador do ódio, do preconceito, do fundamentalismo”. Ou seja, a liberdade de expressão pertence a uns e a outros, não?  De novo, não concordo.

Citando um comentário do filósofo Olavo de Carvalho, declarações contra os homossexuais devem ser evitadas, porque todas as pessoas, independentes de qualquer coisa, merecem respeito. Porém, declarações contra cristãos também devem ser evitadas. O preconceito mata. E, se formos colocar os números no papel, não há dúvida de que os cristãos também sofreram muito mais ataques preconceituosos – incluindo o uso da violência – tanto quanto vários outros grupos perseguidos por suas posições.

Não se trata de uma cruzada. Trata-se, na verdade, do exercício de dois dos mais sagrados direitos humanos: O direito de pensar e de expressar o pensamento! Por que temos de aceitar que apenas um grupo tenha o direito de expressar-se? De acordo com Marilena Chauí, a democracia se distingue por ser “a única sociedade e regime que considera o conflito legítimo, como direito a ser reconhecido e respeitado”. O que se propõe hoje, no entanto, é negar o conflito, elegendo apenas um discurso como válido e legal. Mais uma vez, não concordo!

Como diz a Bíblia: “A boca do insensato é a sua própria destruição, e os seus lábios, um laço para a sua alma.” (Pv. 18.7).

Penso, logo digo!


PS: Cristofobia: Medo de Cristo ou do cristianismo; Fronemofobia: Medo de pensar.

Rev. Renato Arbués.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

DE QUE MORREM SEUS HERÓIS?

O cantor Cazuza um dia declarou: “Meus heróis morreram de overdose”. Que herói morre de overdose? Considerando o autor da frase, pode-se supor que ele se referia a músicos, cantores, artistas, pessoas que compunham o meio em que ele se destacou. Mas, como e do que morrem os heróis?

Há alguns meses, duas mortes tiveram intensa repercussão. Primeiro, fomos informados da morte de Hugo Chávez, presidente venezuelano, que lutava contra um câncer havia dois anos. No dia seguinte, o cantor conhecido como “Chorão”, líder da banda Charlie Brown Jr. Chávez tinha 58 anos; Chorão, 42.

Hugo Chávez, em nome de um socialismo populista, aliou-se às figuras mais sinistras da política atual, destacando Saddam Hussein, Mahmoud Ahmadinejad e Bashar Assad.

Chorão, cantor de rock, estava deprimido por causa de um divórcio recente. Fazia uso de medicamentos pesados e, suspeita-se, era usuário de drogas.

A comoção tomou conta da população venezuelana. Pessoas choravam, demonstrando desespero e desalento pela perda do “papai”. Líderes de diversas nações manifestaram pesar com a perda dos venezuelanos. “Era um dos principais líderes da região” (América do Sul), declarou a presidente Cristina Kirchner. O corpo foi velado de terça à sexta-feira. Agora será embalsamado e ficará em exposição “para sempre”.

Já o corpo do “Chorão”, encontrado morto na madrugada de quarta-feira, foi sepultado no dia seguinte. Fãs choraram, apresentadores de programas populares se revelaram admiradores das músicas da banda Charlie Brown Jr. “Uma perda lastimável para o POP brasileiro”, disse um comentarista de cultura da Globo News. Chorão era conhecido como poeta de rua, devido a temática de suas músicas. Frases simples que descreviam namoros, brigas, aventuras e skates. Tudo devidamente recheado com um monte de palavrões. Porque palavrão, segundo dizem, é a linguagem da rua.

Não consegui evitar o paralelo com a morte de Abner. Lembra dele? Ele era um dos soldados de confiança do rei Saul. Quando o rei morreu, Abner declarou apoio ao filho de Saul, Is-Bosete. Numa luta entre as forças de Is-Bosete contra o exército de Davi, Abner matou um irmão de Joabe, general de Davi. Muito tempo depois, Abner se desentendeu com Is-Bosete e procurou a Davi, a quem jurou lealdade. Por ser extremamente respeitado em Israel, Abner representava uma ameaça ao ambicioso Joabe, que nunca o perdoara pela morte do irmão. O que Joabe fez? Covardemente, atraiu Abner e o matou.

Quando essa história aconteceu, não existia TV, rádio ou internet. A imprensa não repercutiu a perda de Israel. Porém, o Espírito Santo fez questão de preservar as palavras do rei Davi sobre o ocorrido: “Então, disse o rei aos seus homens: Não sabeis que, hoje, caiu em Israel um príncipe e um grande homem?” (2 Sm. 3.38).

Antes de ser traído por Joabe, Abner recebeu de Davi a missão de conseguir o apoio da tribo de Benjamim, numa tentativa de unir Israel em torno do reinado davídico. Após a sua morte, Israel aceitou Davi como rei, ou seja, Abner deu a vida por Seu povo.

Abner não foi presidente nem pop star. Foi apenas um soldado fiel e temente a Deus. Para Davi e para o Espírito Santo, no entanto, Abner foi um herói. E sua morte é digna de ser lembrada.

E seus heróis, morrem de quê?

Rev. Renato Arbués.

domingo, 27 de outubro de 2013

O COMPLÔ II

Se você acha que o exame das minhas convicções cristãs terminou na reflexão sobre Marx, Nietzsche e Sartre está muito enganado. Há, ainda um outro ponto em que eu quase tropeço: Mitologia. Ouvi tanto que a Bíblia é um relato mitológico, em especial, o da Criação, que, assumo, resolvi aceitar esse ponto-de-vista.

Como fiz antes, decidi examinar mais detidamente a questão. Procurei ajuda, claro. Encontrei-a num artigo de Barboza (Fides Reformata, 2004), intitulado “Gênesis 1.1-2.3: Um texto mítico? Um estudo comparativo de gênero literário”. E o que encontrei?

Em primeiro lugar, definir o que é um mito é uma das tarefas mais divertidas para um filósofo, uma vez que não há consenso entre as escolas sobre esse assunto. A certa altura, lê-se no artigo que o “mito é uma realidade cultural extremamente complexa, que pode ser abordada e interpretada em perspectivas múltiplas e complementares”. E agora? Que perspectiva devo adotar?

Resolvi começar pelo pensamento dos próprios autores bíblicos. Escolhi dois autores do Novo Testamento, um bem diferente do outro: Paulo, filósofo, erudito; Pedro, pescador, homem simples.

Começando com Paulo, encontrei em 1 Tm. 1.4, a seguinte declaração: “nem se ocupem com fábulas e genealogias sem fim, que, antes, promovem discussões do que o serviço na fé”. De novo em Tt. 1.14: “E não se ocupem com fábulas judaicas, nem com mandamentos de homens desviados da verdade”.

Em 2 Pedro 1. 16: “Porque não vos demos a conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo seguindo fábulas engenhosamente inventadas, mas nós mesmos fomos testemunhas oculares da sua majestade”.

Em todos os textos, a expressão destacada “fábulas”, do grego, muthos -  mitos. Não sei se você ficou com a mesma impressão que eu, mas, parece que tanto Paulo quanto Pedro odiavam essas “histórias inventadas”, os tais mitos.

Conheço bem o apóstolo Paulo. Leio trechos de suas cartas desde os meus 10 anos. Tenho 41. Jamais pensei em Paulo como um hipócrita. Seus escritos não sugerem isso, a maneira como as pessoas que lidaram com ele o trataram também não dá brechas a esse tipo de diagnóstico. Ele foi espancado por sua fé, perdeu seu status, não pôde desfrutar da convivência familiar como outras pessoas fizeram, tudo por causa do evangelho. Penso que seja por isso que ele odiava pensar que alguém pudesse dar ouvidos a uma “história inventada”, ao invés da mais pura verdade, verdade pela qual ele daria sua vida.

Pedro é outro velho conhecido. Sua reputação é tão honrosa que há quem o tenha como o “substituto de Cristo”. Diz a tradição que ele foi condenado à crucificação. Peidu para ser crucificado de cabeça para baixo, porque não era digno de morrer como Jesus. Um camarada desses jamais aceitaria que comparassem suas histórias com fábulas criadas pela engenhosidade humana.

Penso que isso seja relevante: Os escritores bíblicos sabiam o que era mito e o que era verdade. Abominaram o primeiro e exaltaram a segunda. Aliás, morreram pela verdade. Não posso ignorar isso.

Seja o que um mito for, os escritores bíblicos sabiam que eram histórias bem diferentes das histórias bíblicas.

Continua.

Rev. Renato Arbués.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

O COMPLÔ I

Estive pensando a respeito de minha fé. Penso que todo homem, ao menos uma vez na vida, deveria examinar a base de suas convicções e, se preciso, substituí-las, ou confirmá-las definitivamente. Estive pensando sobre meu cristianismo. E resolvi aceitar que fui vítima de um complô.

O dicionário Houaiss define complô como “trama secreta combinada entre diversos indivíduos contra uma autoridade, um personagem público, uma instituição”. Como não sou autoridade nem personagem pública, fico com a segunda acepção do mesmo dicionário, que retrata um complô como “qualquer projeto tramado secretamente entre duas ou mais pessoas”.

Assim, decidi pensar que mentiram pra mim. Cristo não é o Filho de Deus, não morreu numa cruz para me salvar, não ressuscitou. Ele foi, na verdade, um bom judeu, cumpridor de seus deveres e que apresentou uma nova interpretação da Lei, pautada no amor a Deus e ao próximo como bens supremos.

Fiquei aliviado. Agora, certamente, seria aceito entre os intelectuais e os caras mais bacanas que há no mundo. Tanto tempo vítima de superstições de judeus que acabei perdendo o bom senso e a inteligência. Chega. A partir de agora, serei livre. Serei como Marx, Nietzsche, Sartre.

Depois da euforia de me sentir livre do erro, resolvi analisar meu novo estado. Comecei pelos meus novos heróis: Marx, Nietzsche e Sartre.

Marx era sustentado por Engels. Na maior parte do tempo, não obteve êxito com seus escritos. Passou fome, foi despejado algumas vezes. Honestamente, penso que não vale a pena defender uma ideia que fará de mim um parasita. Desisti desse herói.

Nietzsche, o professor mais famoso de toda a Europa, morreu babando, preso num quarto, dizendo-se ora Cristo, ora o Anticristo. Sua irmã chegou ao ponto de cobrar ingresso para quem quisesse vê-lo. Esse dinheiro ajudava no tratamento e sustento do meu ex-herói.

Sartre era homem fino. Amigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Taí um cara que vale a pena seguir! Mas, seguir pra onde? Ele mesmo dizia que não sabia para onde ia, que seu caminho era construído enquanto caminhava! “Casado” com uma filósofa, mantinha um relacionamento aberto, em que ambos tinham amantes. Como dizem os baianos, “não dá pra mim, não!” Caí fora.

Então, meu amigo, fiquei num mato sem cachorro. Desisti da minha fé por causa de grandes homens que, na verdade, de grande não tinham nada! Mas, se eles não eram ninguém, certamente, os inventores do cristianismo também não haveriam de ser.

Mateus, cobrador de impostos de segunda categoria. Marcos, discípulo de Pedro, e só. Lucas, médico, pesquisador. Esses três criaram os evangelhos. Dá pra confiar? Eles criaram um personagem fictício, atribuíram a ele diversos ensinamentos, deram-lhe uma família, um nome e inventaram que realizava milagres, incluindo ressurreição de mortos. Quanta bobagem!

Como fiz antes, fui analisar a vida desses caras. Como você sabe, criar um personagem não é fácil. Torná-lo conhecido, então, é difícil. Fazer as pessoas se identificarem com ele é muito raro. Levar leitores a manterem uma relação pessoal com um personagem a ponto de morrer por ele, impossível! Aí, a pulga que vive na minha orelha me incomodou. “Como um cobrador de impostos, um médico e um discípulo de alguém foram capazes da proeza de inventarem um personagem tão fascinante como Jesus?” Como fizeram isso? Dois mil anos e nunca foram contestados definitivamente! Ninguém provou que estavam errados, que Jesus não existiu, que tudo era uma farsa. Ao invés disso, o personagem que eles “criaram” mudou a vida de pessos simples e de reis, de nações ricas e pobres. Livrou viciados, restaurou famílias, consolou aflitos, amparou necessitados, acolheu os desamparados.

Então, comecei a ter dúvida sobre quem, de fato, estava promovendo um complô.

Continua!

Rev. Renato Arbués.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

SONHOS: O QUE FAZER COM ELES?


No livro “O Triste Fim de Policarpo Quaresma”, de Lima Barreto, o protagonista é traído e morto por sua maior paixão: o Brasil! Policarpo Quaresma era um patriota, no sentido mais exagerado da palavra. Ele idolatrava seu país. Idealizava uma era em que sua pátria seria o centro do mundo. Estudou, trabalhou, juntou recursos, deu a vida para ver concretizado o seu ideal. O que aconteceu? Ele foi tratado como louco, ridicularizado, desprezado, enxovalhado, preso e acabou morrendo sem desfrutar dos dias em que seu país se tornaria o melhor de todos. Coitado. Morreu sem ver o seu sonho se realizar.

A certa altura da sua vida, um pouco desiludido com o rumo que as coisas tomavam e já pensando em desistir de tudo, Policarpo Quaresma travou o seguinte diálogo com um amigo:

“- É bom sonhar. Sonhar consola” - disse Ricardo Coração dos Outros.

“- Consola, talvez; mas faz-nos também diferentes dos outros, cava abismo entre os homens” - respondeu o patriota.

Inevitavelmente, eu e você teremos que concordar com duas premissas desse diálogo: 1º) É bom sonhar - e todos nós sonhamos com alguma coisa e desejamos tornar reais nossos sonhos; e, 2º) Sonhar nos faz diferentes - a diferença entre mim e você, e entre você e as demais pessoas, é o modo como tratamos nossos sonhos. Uns lutam com todas as armas disponíveis para alcançar seus objetivos; outros, em algum ponto da jornada, desistem. São derrotados pelas circunstâncias.

Não precisávamos, a bem da verdade, de Policarpo Quaresma para chegar a essas conclusões. Antes dele, a Bíblia já falava sobre isso.

Jó, em um de seus momentos de reflexão, avalia a vida do homem e conclui: “o homem vive breve tempo, e cheio de inquietação” (Jó 14.1). Nossos dias são curtos. Mas nem por isso são tranquilos. São “cheios de inquietação”.

A princípio, sonhamos com nosso futuro, imaginando qual será nossa profissão, com quem vamos nos casar, onde viveremos etc. Temos, assim, um início de vida inquieto. Decisões precisam ser tomadas numa fase em que a maioria de nós não está preparada pra tanta responsabilidade.

Porém, ao mesmo tempo em que tudo isso nos angustia, também nos consola. Quando pensamos em como será nosso futuro, na bela casa que teremos, no bom profissional que nos tornaremos, enfim, esses pensamentos têm o poder de nos tranqüilizar. Vejam o que disse Salomão: “Nada há melhor para o homem do que comer, beber e fazer que a sua alma goze (desfrute) o bem do seu trabalho...” (Ec. 2.24). Sonhar pode consolar!

Entretanto, você já deve ter percebido como as pessoas têm projetos diferentes umas das outras. Eu, provavelmente, vejo o mundo sob uma perspectiva distinta da sua, pelo menos em alguma área. É esse fato que explica certas escolhas diversas que fazemos, os discursos opostos que eu e você aceitamos. Por isso, sonhar, enquanto consola, também cava abismos entre os homens.

E qual de nós pode dizer que alcançará todos os seus sonhos? O sábio rei Salomão disse um dia: “Se é amor ou se é ódio que está à sua espera, não o sabe o homem. Tudo lhe está oculto no futuro” (Ec. 9.1).
É aqui que os sonhos nos fazem diferentes, cavam abismos entre nós. Uns jamais desistem de seus projetos, embora as circunstâncias da vida lhes sejam contrárias; outros temem tanto as coisas ocultas do futuro que desistem dos seus sonhos em algum trecho da jornada.

Que pena! Quantos sonhos lindos foram abandonados pelo simples receio do desconhecido.
Imagine o que teria acontecido se Lutero tivesse desistido de seu sonho de reformar a Igreja? Se João Calvino, quando fracassou pela primeira vez, abandonasse o sonho de “reformar” Genebra? Se Martin Luther King não acalentasse sonhos de dias melhores (I have a dream).

A resposta é simples: se esses homens tivessem desistido de seus sonhos, as coisas boas que eles fizeram jamais teriam chegado até nós!

E você, o que você faz dos seus sonhos?

Permita-me, mais uma vez, fazer uso das palavras de Salomão: “Semeiapela manhã a tua semente e à tarde não repouses a mão, porque não sabes qual prosperará; se esta, se aquela ou se ambas igualmente serão boas” (Ec. 11.6).

Não seja tragado pelo abismo que nos leva a todos!

Rev. Renato Arbués.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

A TUA PRÓPRIA BOCA TESTIFICOU CONTRA TI

Davi estava em Ziclague, descansando da última batalha, acontecida há dois dias. Ao terceiro dia, chega um homem ao arraial “com as vestes rotas e terra sobre a cabeça”. Era um amalequita que havia conseguido fugir do arraial de Israel, devastado pelos filisteus. O homem trazia uma notícia: o rei Saul e seu filho, Jônatas, estavam mortos. Ele os havia matado.


A ironia da história fica por conta do desfecho. Ele aguardava ser recompensado por Davi. Afinal, com a morte de Saul, Davi poderia reinar sobre Israel tranquilamente, sem um rival. “Davi vai ficar tão feliz, que me presenteará com ouro, roupas finas e, quem sabe, um cargo no palácio”, deve ter pensado o amalequita. Ao invés disso, Davi chamou um de seus soldados e deu a seguinte ordem: “Vem, lança-te sobre esse homem”. O soldado feriu o mensageiro, e este morreu. Essa história pode ser lida no Segundo Livro de Samuel, capítulo 1.


O rei Davi não suportou a impertinência de um homem que havia acabado de matar o Ungido do Senhor e, ainda por cima, se vangloriava de tal fato. Quem conhece a história sabe que o amalequita estava mentindo. Saul havia cometido suicídio. O futuro rei de Israel ficou tão furioso que ordenou a morte do mentiroso. Foi então que Davi pronunciou as palavras que dão título a essa mensagem: “A tua boca testificou contra ti” (2 Sm. 1.16).


É impossível ler essa história e não meditar nas inconsequências de nossas palavras. Por razões diferentes das do amalequita, os homens têm falado coisas que testificam contra si mesmos. São promessas não cumpridas, votos desfeitos, compromissos ignorados, juras falsas, calúnias, mentiras, ofensas...

Não faz muito tempo, um senhor de meia-idade teve de ouvir de um comerciante a seguinte frase: “Você? Você se diz crente? Mentira!”. A indignação do comerciante se deveu ao não pagamento de uma dívida e à tentativa, por parte do “crente” de adquirir mais uns produtos.


“Você se diz crente?”, como deve ser constrangedor ouvir isso!


É bom que se afirme que vida cristã não é vida perfeita. Não se está defendendo aqui a absoluta necessidade de conduta perfeita a fim de evidenciar-se cristão. Isso seria uma mistura de legalismo com farisaísmo.


Como calvinistas, afirmamos as verdades bíblicas como as da Depravação Total e Pecaminosidade Humana. Além, claro, da maravilhosa doutrina da Graça Irresistível de Deus e da Santidade dos crentes. E como calvinistas cremos tanto na Soberania de Deus quanto na Responsabilidade dos Homens. Nossa santificação vem de Deus, mas isso não elimina nossa responsabilidade de buscá-la e vivê-la na obediência aos preceitos cristãos.


O apóstolo Paulo, como bom calvinista, equilibrava essas duas verdades com uma naturalidade desconcertante para alguns: “Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã; antes, trabalhei mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo” (1 Co. 15.10).


Os crentes de hoje estão no meio de uma guerra. Estamos, sim, combatendo o bom combate. Mas, quem são os nossos inimigos? Satanás, o mais forte deles; o mundo, o mais “tristemente prazeroso”; e, a carne (a natureza humana), a quem somos mais vulneráveis. Se empenharmos todas as nossas forças na luta contra um desses inimigos – Satanás, por exemplo – ficamos expostos aos outros dois. Logo, precisamos, como ensinou Jesus, “vigiar e orar, para que não entreis em tentação”.


Portanto, tomemos cuidado a fim de não sermos derrotados por nós mesmos, sim, pela nossa própria boca. Falemos sempre a verdade, cumpramos sempre a nossa palavra, sejamos leais e honestos, esforcemo-nos para sermos achados fiéis à Palavra que professamos.


Talvez se o amalequita tivesse vivido alguns anos mais tarde, nos dias de Salomão, e tivesse ouvido e obedecido os conselhos do Sábio Rei, quem sabe, não teria tido uma morte tão ingrata: “Não te precipites com a tua boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus [...]; Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo; porque não se agrada de tolos. Cumpre o voto que fazes. [...] Não consintas que a tua boca te faça culpado, nem digas diante do mensageiro de Deus que foi inadvertência...” (Ec. 5.1-6).

Rev. Renato Arbués.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

SE DEUS MANDOU, FAÇA!

Os defensores do vernáculo que me perdoem, mas eu gosto tanto da fala coloquial que me permiti usar uma frase muito comum aqui em Senhor do Bonfim para dar título a essa reflexão: “E você, é quem?”. A construção parece esquisita, mas simplesmente quer dizer “Quem é você? O que você faz? Como vive?”.

A Bíblia registra os feitos de grandes líderes do passado. No decorrer das narrativas, podemos saber com certo grau de precisão quem era cada um deles, como era sua personalidade, seus hábitos, seus medos – tudo a partir do modo como realizaram as missões confiadas a eles por Deus. Quero que você passe em revista comigo por alguns personagens do livro dos Juízes e, ao final, tente identificar com qual deles você se parece mais e responda a pergunta do título: “E você, é quem?”.

O primeiro é Baraque. Pouca gente já ouviu falar dele. Sua história está documentada no livro dos Juízes, capítulos 4-5. Os filhos de Israel estavam sendo oprimidos por Jabim, rei de Canaã. Baraque havia sido escolhido por Deus para livrar Israel. Mas não foi. Aí entra em cena a profetisa Débora. Ela manda chamar Baraque e lhe dá um “puxão de orelha”: “Porventura, o SENHOR, Deus de Israel, não de ordem, dizendo:vai, e leva consigo 10.000 homens... e livra a Israel? (Jz. 4.6-7, adaptado). Baraque estava acomodado.

Baraque, então, revela mais um pouco da sua personalidade. Já vimos que ele era desobediente a Deus. Ele diz: “Se fores comigo, irei; porém, se não fores comigo, não irei” (Jz. 4.8). Em outras palavras, ele disse: “Sozinho? Nem morto!”. Para Baraque, a ordem de Deus, a garantia divina, vista na palavra profética (e o darei nas tuas mãos), não eram suficientes. Ele precisava da companhia de alguém. Seus temores só seriam desfeitos se tivesse Débora ao seu lado.

É impressionante a semelhança entre Baraque e uma multidão de homens e mulheres cristãos. Eles têm à disposição as grandes promessas de Deus e a certeza de que não estarão sozinhos. Porém, preferem a comodidade e o conforto de seus lares a enfrentarem críticas e oposição. Preferem serem vistos sem serem notados a ter de desagradar a este ou aquele. Enfim, se contentam com as frutas caídas no chão porque têm medo dos espinhos na árvore.

São essas pessoas que devem ouvir a profetisa Débora. “Porventura, Deus não lhe confiou uma missão? Então, por que não a realiza? Como você pode ficar aí parado, tendo uma seara imensa pela frente? Por que não colocou a mão no arado ainda”. Na verdade, Baraque sabia que não estaria sozinho. Deus o acompanharia. No entanto, para uma pessoa insegura é mais fácil confiar em carros e cavalos do que no Deus que criou essas coisas!

Meu amigo, não se preocupe com críticas, oposição, desânimo ou qualquer coisa que o valha. Não se contente com uma zona de conforto, na qual você não tem “dor de cabeça” nenhuma. Fazer a obra de Deus exige tempo e dedicação total. Porém, a recompensa é certa. Haverá o dia do descanso eterno, mas até que ele chegue, trabalhemos, pois!

Rev. Renato Arbués.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

VIDAS TRANSFORMADAS TRANSFORMAM!


Estudo baseado em 1 Tessalonicenses 1.1-10

As cartas aos tessalonicenses são os únicos documentos do NT que declaram ter sido escritos por um grupo de pessoas para outro grupo de pessoas (1.1).

Por estar situada numa estrada principal romana, a Via Egnatia, Tessalônica, além de sede administrativa, se tornara um importante centro de comunicações e de comércio. Possuía cerca de 200 mil habitantes e ficava próxima do litoral. Esses fatores fizeram com que o apóstolo Paulo a visitasse em sua segunda viagem missionária, realizada por volta do ano 49 d. C., e registrada em Atos 15.39-18.22. Na visita à Tessalônica, narrada em Atos 17, a Igreja é fundada.

Os Tessalonicenses
Por ser capital da província da Macedônia e importante centro comercial, o custo de vida em Tessalônica era alto para os padrões da época. Os crentes daquela igreja também gozavam de boas condições financeiras e exerciam a hospitalidade para com os peregrinos. Eles eram, em sua maioria, gentios convertidos da idolatria para o cristianismo. A igreja, logo na sua origem, enfrentou forte oposição por parte dos judeus (At. 17.5.10).

Estrutura
O trecho que lemos está organizado da seguinte forma: Paulo louva a Deus pelo estado de glória dos tessalonicenses e conclui lembrando de onde eles saíram (da idolatria).

Saíram da Idolatria (v. 9):
A igreja, como sabemos, era composta predominantemente por gentios. Os gentios, por sua vez, naturalmente eram inclinados e seduzidos pela adoração a falsos deuses. A idolatria cega e escraviza o homem de tal forma que o impede de contemplar a bondade de Deus. O único antídoto eficiente contra a idolatria é a Palavra de Deus.

Receberam a Palavra (v. 6b):
Quando Paulo afirma que os tessalonicenses receberam a Palavra, ele tinha em mente uma ação efetuada totalmente, definitivamente. Ele expressa isso na língua grega.
Paulo fala de uma ação foi praticada em benefício próprio. Quando acolheram a Palavra, os tessalonicenses foram arrancados da idolatria e se converteram ao Deus vivo e verdadeiro.

Tornaram-se Imitadores da Virtude (v. 6a):
A Palavra de Deus nos transforma. Somos feitos novas criaturas quando ela muda a nossa vida. Veja o caso do publicano Zaqueu. Depois do encontro dele com Jesus, lemos:

“Entrementes, Zaqueu se levantou e disse ao Senhor: Senhor, resolvo dar aos pobres a metade dos meus bens; e, se nalguma cousa tenho defraudado alguém, restituo quatro vezes mais. Então, Jesus lhe disse: Hoje, houve salvação nesta casa, pois que também este é filho de Abraão” (Lucas 19.8-9).

É impossível continuar o mesmo quando se é alcançado pela Palavra.

Praticaram as Virtudes Cristãs (v. 3):
Os autores da carta se alegram muito por três coisas, que caracterizam a imitação deles de Jesus e dos apóstolos:

a. Operosidade da fé: Operosidade vem do grego ergon (lembra da bicicleta ergométrica?) e quer dizer “trabalho, ato, ação praticada de acordo com a orientação do patrão/senhor”.

Conheci um senhor, doente renal crônico, que foi orientado por um pastor a interromper o tratamento (hemodiálise) e ingerir água normalmente. O pastor, na ocasião, disse: “Tenha fé e a bote pra funcionar”. Opere a sua fé!

É impossível dizer que Paulo pensava dessa forma. Isso é tentar a Deus. Não é ter fé operosa ou operante. Operosidade da fé é agir de acordo com a orientação de Deus:

“Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas” (Efésios 2.10).

b. Abnegação do amor: A palavra grega usada por Paulo tem sua raiz nos vocábulos “golpe, batida, pancada”. É usada por Paulo no sentido de trabalho realizado com dificuldade, extremamente penoso. Um árduo labor.

Em suma, o amor que desiste ante a primeira dificuldade, não é amor abnegado. A única igreja que pôs em dúvida o ministério apostólico de Paulo foi Corinto. Depois de todo trabalho, do esforço, da dedicação do apóstolo, a retribuição foi a dúvida, a desconfiança. Mas Paulo tinha amor abnegado (2 Co. 6.4-11).

c. Firmeza na esperança: Firmeza (riponomês) quer dizer, “ficar debaixo, assentar sob, permanência, persistência”. Os tessalonicenses estavam “assentados” debaixo da “árvore” da esperança. Eles aguardavam persistentemente à vinda de Jesus.

 Os Efeitos do Testemunho:
O testemunho deles os fazia “modelos” para os demais crentes que tomavam conhecimento do estilo de vida deles. Eles eram padrões, exemplos:

1. Deus era louvado, glorificado pela vida deles: v. 2;

2. Eram amados de Deus: v. 4;

3. Tornaram-se modelos: v. 7

4. A Palavra repercutia: v. 8.


Lições:

I. A Palavra de Deus nos tira das trevas e nos transporta para a glória:
Os tessalonicenses saíram do nível mais baixo que um homem pode descer diante de Deus (idolatria) e se tornaram MODELOS para todos os filhos de Deus.

Portanto, independentemente de quem você tenha sido ou seja, a Palavra do Senhor pode mudar a sua vida.

II. A Palavra nos faz produtivos, evidenciando a nossa eleição:
Não somos chamados para a contemplação. Somos chamados para as boas obras preparadas por Deus para que andássemos. Façamos a diferença. Sejamos operantes e ativos na Seara do Senhor.

Amém!

Rev. Renato Arbués.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

NUNCA DESISTA!

Algúem comentou ontem que, infelizmente, perdeu a coragem. Já não tem mais ânimo para lutar, está cansado de tanto tentar sem conseguir jamais conquistar o que deseja, enfim, desânimo total. Que pena. Tentou tudo e de tantas maneiras, mas insiste em ignorar a única via possível de realização. "Deus, tu és o meu Deus, outro bem não possuo, senão a ti somente", escreveu o salmista (Sl. 16.2).Vou lutar sempre, como meu amigo aí da charge. O que tiver que virá, virá. Deus já o decretou, eu sei e acredito. Mas Ele, certamente, não decretou a ociosidade e o desânimo como possibilidades legítimas. Definitivamente, isso é coisa para os fracos. Quem são os fracos? Leia Provérbios 23.10.
Um abraço.

Rev. Renato Arbués.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

CRISTÃO MESMO?

Uma das sensações mais desagradáveis é a de ser enganado. Já aconteceu com você? Comprar um produto esperando uma coisa e descobrir que ele não faz nada do que lhe foi prometido? Casar-se com pessoa e conviver com outra? Enfim, é frustrante a sensação de ter comprado gato por lebre. Você conhece a expressão “dourar a pílula”? Antigamente as farmácias embrulhavam as pílulas em papel dourado, para melhorar os aspecto do remedinho amargo. Assim a expressão dourar a pílula, significa melhorar a aparência de algo.

Quantas vezes as pessoas melhoram a aparência de um produto para que pareçam melhor do que de fato são! Mas o pior é quando as pessoas cometem o pior tipo de engano: enganam a si mesmas.

Não é diferente no cristianismo. É comum homens e mulheres pensaram de si que são crentes quando, na verdade, não são. Há alguns testes que podem nortear a reflexão do crente sincero a esse respeito. Vejamos alguns deles:

1. Que lugar o seu cristianismo ocupa em seu coração?
Embora o ateísmo esteja ganhando novos adeptos, é fato que a maioria das pessoas crêem na existência de Deus. No entanto, não basta crer na verdade ou professá-la; não é suficiente que algumas vezes essa verdade produza emoções fortes no íntimo. Porque, o que importa é o que essa verdade produz no seu coração!

O verdadeiro cristianismo governa o coração, controla os sentimentos, orienta a vontade, direciona os gostos, as escolhas e as decisões. Essa mudança é tão evidente que o cristão dirá juntamente com Paulo: “logo, já sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim” (Gl. 2.20)!

Como é o seu coração? Do que ele gosta? Quem governa o seu coração: você ou Deus?

2. Como você encara o pecado?
Salomão escreveu em Pv. 14.9 que “apenas os loucos zombam do pecado”. Essa tem sido uma atitude comum em nossos dias. Fala-se de erro, de temperamento forte, de direito de escolha quando, na verdade, deveria se falar de pecado.

O homossexualismo tornou-se opção sexual; o egoísmo virou capricho; a vaidade é chamada de moda; a desobediência tornou-se natureza difícil e por aí vai. Os homens criam homem menos desagradáveis para o pecado.

A verdade é que o pecado é algo infeliz coloca os pecadores debaixo da ira de Deus e culpados, perdidos e sujeitos à condenação ao inferno. O pecado é a causa de toda a infelicidade do mundo, pois ele arruinou a boa criação de Deus. O profeta Isaías disse que: “os nossos pecados fazem separação entre nós e Deus” (Is. 59.2).

Como você encara o pecado? Quando você assiste uma novela em que o adultério, a mentira, o engano são incentivados você se sente mal ou indiferente? Você evita agir como um egoísta ou arrogante? Você evita a mentira?

3. Como você se sente em relação aos meios de graça?
Deus deixou-nos instrumentos para nosso crescimento espiritual. A maioria dos homens, porém, os ignora irresponsavelmente. Algumas pessoas ficam em casa no Dia do Senhor, quando deveriam estar na companhia dos outros filhos de Deus orando, adorando, servindo e ouvindo a Palavra. Não são poucos os homens que passam dias e dias sem se aproximarem da Bíblia e não se importam em ficar distantes da Santa Ceia do Senhor.

Pra você, essas coisas são importantes? Você ora em casa e faz a leitura da Bíblia? Você procura a comunhão dos filhos de Deus na Igreja? Você tem prazer no serviço de Deus? Você se agrada de ouvir a Palavra que pode transformar a vida do pecador?

Não se trata de ser uma pessoa boa, moralmente irrepreensível, honesta. Pílulas douradas por vezes escondem remédios amargos. Você pode parecer bem e bom para os padrões dos outros homens, mas você é realmente um cristão?

Cuidado. É ruim a sensação de ser enganado. Mas é eternamente pior enganar-se a si mesmo!

Rev. Renato Arbués.
Adaptado do livro “Fé Genuína”, de J. C. Ryle, editora Fiel.

Rev. Renato Arbués.