Rev. Paulo Brocco

Pregação no culto de encerramento do Presbitério Piratininga.

Batismo da irmã Raimunda Goveia"

"E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará"!

Fachada da IPC de Bonfim

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Igreja em festa: Confraternização

IPC de Senhor do Bonfim em festa.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Deus e as tragédias


“O Brasil está de luto”, essa frase foi dita em tom dramático pela presidente Dilma Roussef, assim que soube da tragédia ocorrida na cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Numa boate repleta de estudantes universitários, um incêndio destruiu a vida de 236 jovens, deixando outros tantos feridos em estado grave.

Muitas perguntas sem respostas. O que aconteceu? Como o incêndio começou? Quem é responsável? Por que não havia saídas de emergência? Quem permitiu aquela lotação?

Mas, uma pergunta insistiu em nos atormentar. Não se trata de uma pergunta original. Sempre que há uma tragédia, alguém a propõe. A pergunta é: “Onde Deus estava naquele momento?” Na verdade, o que se quer saber é: “Por que Deus não impediu que a tragédia acontecesse?”

Deus não precisa de advogados de defesa. E, se precisasse, certamente não me escolheria para tal função. No entanto, creio que podemos, com a orientação da Bíblia, tecer alguns comentários sobre essa tragédia e o papel de Deus na história humana.

Em primeiro lugar, precisamos compreender algo muito valioso ao falarmos de Deus. Ele diz em Ez. 33.11 que não tem prazer na morte do ímpio. Eis as Suas palavras: “Dize-lhes: Tão certo como eu vivo, diz o SENHOR Deus, não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois por que haveis de morrer, ó casa de Israel?”

Pra quem não está muito familiarizado com a linguagem da Bíblia, um esclarecimento. O adjetivo “ímpio” é o mesmo que “incrédulo”, “aquele que não vive de acordo com a vontade de Deus”, ao contrário, conduz a sua vida de acordo com seus desejos e preferências. Resumidamente, ser ímpio é não temer a Deus, não estudar a Bíblia, não orientar suas decisões de acordo com a Santa vontade do Senhor.

É muito fácil concluir que Deus não Se importa com quem não se importa com Ele. Aliás, não haveria nada de absurdo se Deus simplesmente ignorasse a situação de todos aqueles que o desprezam. Mas não é isso que Ele faz. Ele diz que não sente prazer quando um ser humano morre, seja esse ser humano crente ou não, amando a Deus ou não.

Portanto, que isso fique bem claro: Deus não sente prazer quando acontece uma tragédia. Ele também não fica feliz quando morre uma pessoa apenas. Não importa a quantidade: Todos os seres humanos foram criados por Deus e são portadores da Sua imagem e semelhança.

Mas, então, por que Ele não evitou que o acidente acontecesse? Essa pergunta exige uma reflexão séria, respeitosa e humilde. Nossa regra de conduta é a vontade revelada de Deus. Aquilo que Ele falou por meio dos profetas e apóstolos, nós podemos falar. Aquilo que Ele não revelou, pertence a Ele somente.

Assim, com base no que sabemos da natureza de Deus, tal qual revelada nas Escrituras, podemos refletir algumas coisas:

Deus não tem prazer na morte de ninguém, porém, ainda assim, as pessoas morrem. E não importa quais pessoas: tementes a Deus ou não, um dia, todos morrem. Homens morrem, mulheres morrem, velhos morrem, crianças morrem, jovens morrem. Vale lembrar que o próprio Filho de Deus morreu. E morreu tragicamente, pendurado numa cruz, nu e humilhado.

Isso significa que Deus não Se obrigou a proibir as coisas que Ele não gosta. Ele não tem prazer na morte dos humanos, mas os humanos morrem. Deus não tem prazer na mentira, mas tolera a mentira dos homens. Deus não tem prazer na inveja, mas permite que nós sejamos, em alguns momentos da vida, invejosos. Deus não se agrada da violência, mas os homens são violentos. Deus não tem prazer na traição, mas as pessoas são infiéis todos os dias.

Ou seja, Deus não é um Ser tirano, que controla as pessoas como marionetes. Não. Aliás, nenhum homem gosta de pensar em um Deus assim!

Como presbiteriano, eu creio que todas as coisas acontecem de acordo com a vontade de Deus. Ele é soberano sobre todas as coisas. Mas, ao defender essa minha crença diante de outras pessoas, sou logo retrucado: Mas, como Deus pode determinar todas as coisas? Não, o homem é livre e tem livre-arbítrio.

Respeito as opiniões diferentes da minha. Embora não consiga entendê-las. Acho curioso que o mesmo homem que se recusa a aceitar que Deus dirija a sua vida, é o mesmo homem que obrigue Deus a livrá-lo das consequências de suas escolhas. Funciona assim: Eu faço o que eu quero, sem considerar a vontade de Deus. Mas, toda vez que eu tiver em perigo, Deus tem a obrigação de me livrar, senão Ele não é Deus! Você, caro ouvinte, consegue entender isso?

Na verdade, somos pequenos demais para entender as coisas que Deus faz ou as coisas que Ele não faz. Num momento de dor como esse, não é hora de pensamos sobre o porque disso ou daquilo. Creio que o deveríamos fazer era buscar em Deus a única coisa que realmente pode ajudar aqueles pais que estão tristemente feridos, a saber, pedir o consolo de Deus.

A Bíblia diz assim em 2 Coríntios 1.3-4: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai de misericórdias e Deus de toda consolação! É Ele que nos conforta em toda a nossa tribulação, para podermos consolar os que estiverem em qualquer angústia, com a consolação com que nós mesmos somos contemplados por Deus”.

A morte chega a todos nós. Bons ou maus, ricos ou pobres, altos ou baixos. Todos morrem. Por isso, temos a necessidade de fazermos boas escolhas na vida. Escolher amar a Deus, amar as pessoas, viver bem com a família, fazer o bem.

No final de tudo, não levaremos nada para o outro mundo. Tragédias acontecem numa boate ou numa Igreja. Bendito seja Deus que nos livrou até agora de todo mal. E que esse mesmo Deus continue a nos livrar. Porém, se tivermos de passar por momentos difíceis, que Ele nos dê todo o consolo necessário. Assim como certamente Ele está consolando os familiares e amigos dos 235 jovens mortos no Rio Grande do Sul.


Rev. Renato Arbués.