Rev. Paulo Brocco

Pregação no culto de encerramento do Presbitério Piratininga.

Batismo da irmã Raimunda Goveia"

"E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará"!

Fachada da IPC de Bonfim

Rua A Quadra A, nº 48, Casas Populares - Senhor do Bonfim - BA

Igreja em festa: Confraternização

IPC de Senhor do Bonfim em festa.

sábado, 5 de setembro de 2009

A Sagrada Família

Nossa família está de luto. Essa pastoral foi escrita a fim de tentar, como se isso fosse possível, amenizar um pouco a nossa dor. Agradeço a todos pelas manifestações de carinho e solidariedade. Deus há de recompensar tanto amor.

Todo mundo já viu um quadro com esse título. José, Maria e Jesus são retratados como símbolos “perfeitos” da Trindade. A harmonia dessa família é um espelho da relação amorosa e íntima existente entre as três pessoas da Trindade.

Como símbolo, não há problema algum em se falar assim. A família, não há dúvida, foi “inspirada” no modelo trinitário. Ela deve ser reprodutora do padrão divino. Um padrão em que há amor, respeito, divisão do trabalho, objetivos comuns, conversas. Várias vezes no Evangelho lemos Jesus dizer que amava o Pai. Em outras ocasiões, Ele dizia que era preciso “ir” para o que o outro Consolador pudesse “vir” (respeito). Também é claro que, na nossa salvação, cada pessoa da Trindade realiza uma “tarefa” distinta (o Pai enviou o Filho; o Filho morreu na cruz; o Espírito aplica a obra redentora na vida do cristão). O objetivo? Ora, salvar o pecador, sim; mas, também, que toda a glória fosse oferecida a Deus. Por fim, desde o relato da Criação, encontramos passagens bíblicas que falam do “conselho”, do “conselho da Sua vontade”. Ora, “conselho” nada mais é do que uma decisão tomada em conjunto.

Assim, parece óbvio que não só a família de José, Maria e Jesus era um tipo da Trindade. A minha família também o é. A sua, idem. As famílias de todos os que serviram e servem a Deus são chamadas para refletir a beleza da relação trinitária. Não por acaso, Deus disse as benditas palavras à família de Abraão: “[...] em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn. 12.3). Que privilégio, pois, termos uma família que represente a Trindade! Que graça maravilhosa a de Deus, em não apenas nos dar o prazer de viver em comunhão, mas de abençoar essa comunhão de tal maneira que outros – que vivem em conflito ou que não têm família – sejam benditos em nós”.

Tal verdade deveria nos encher de alegria, gratidão e amor a Deus. Ainda mais considerando a situação do mundo que vivemos. Quantos há que não sabem o que significa “viver em família”? Quantos, neste momento em que você lê essas palavras podendo olhar para o lado e ver ser/sua esposo/esposa, abraçar o seu filho, quantos não podem fazer isso porque foram privados da comunhão familiar ou ainda não a puderam experimentar? Quantos estão de coração partido pela dor da perda de um ente querido?

Por isso, pense bem, meu irmão ou minha irmã, pense muito bem em como você vive sua vida familiar. O tempo passa muito rápido. Infelizmente, talvez não alcancemos todas as coisas que almejamos; muitos projetos serão deixados para trás nessa vida. O que parece tão certo e seguro hoje, amanhã pode se tornar “pó e cinza”.

Será que vale a pena “correr tanto atrás do vento” às custas de momentos de comunhão com nossa família? Será que dinheiro, títulos, diplomas, vão nos marcar tanto quanto uma conversa carinhosa com nosso filho?

Certamente, você não se lembra de quantas vezes já foi chamado de senhor ou senhora, de doutor, professor, chefe, patrão ou coisa que o valha ao longo da vida. Não se lembra porque muitas dessas vezes foram meras formalidades, palavras destituídas de sentimentos como carinho e respeito. Porém, nunca se esquecerá daquele momento singular em que seu filho o chamou de “papai ou mamãe” pela primeira vez!

O tempo passa. E você aprenderá de uma maneira muito dolorosa que a nossa sagrada família não dura para sempre. Que as palavras de Jesus – “até que a morte os separe” – também se referem a nós. E, então, quando esse dia chegar, você só terá duas coisas em que se apoiar: na certeza da ressurreição e, portanto do reencontro, e nas lembranças dos bons momentos vividos.

Pense nisso!

Rev. Renato Arbués.