Rev. Paulo Brocco

Pregação no culto de encerramento do Presbitério Piratininga.

Batismo da irmã Raimunda Goveia"

"E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará"!

Fachada da IPC de Bonfim

Rua A Quadra A, nº 48, Casas Populares - Senhor do Bonfim - BA

Igreja em festa: Confraternização

IPC de Senhor do Bonfim em festa.

domingo, 26 de outubro de 2014

AÉCIO OU DILMA?

Hoje, finalmente, elegemos o presidente do Brasil para os próximos quatro anos. A campanha, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foi uma das mais lastimosas dos últimos tempos. Acusações, denúncias e brigas marcaram o pleito deste ano. Apesar de não ser um bom critério de veracidade, tomo por princípio acreditar em tudo o que um diz sobre o outro. Acho que ambos se conhecem bem. A contagem de votos revelará que Aécio ou Dilma ganhou as eleições. Ao mesmo tempo, porém, as urnas mostrarão que perdemos todos nós ao elegermos alguém tão descomprometido com a honradez e a ética no trato com o próximo.

Como cristão, sei dos meus deveres em relação às autoridades instituídas por Deus: Orar, honrar, pagar impostos, obedecer. As Escrituras normatizam a obediência civil como dever cristão, até o ponto em que essa obediência não represente ato de desobediência a Deus. Ao professar a fé cristã, submeti livre e voluntariamente minha consciência à Palavra de Deus. Assim, no que me concerne, tenho procurado fazer isso, além de ensinar os mesmos valores à minha família e igreja. Pretendo estender essa deferência ao novo mandatário do nosso país e espero que os demais cristãos façam o mesmo, “por temor ao SENHOR”.

Contudo, devo admitir que não é fácil. Sem incorrer na temerária atitude de julgar os outros – no caso, os dois candidatos – a partir de informações que, pelo jeito, jamais serão dadas como verdadeiras, confesso que, pra mim, o dever cristão de prestar obediência ao(à) meu(minha) presidente é tão ou mais difícil do que lutar contra outros tantos pecados que me atormentam.

Por exemplo, não me sinto confortável em honrar uma pessoa que, sabidamente, tem em seu entorno colaboradores metidos em casos de desvio do dinheiro público (os dois candidatos, de acordo com denúncias públicas, têm.). Trata-se de uma parte do dinheiro que poderia, se bem aplicada, ter evitado que minha família tivesse de se humilhar anos atrás, tentando que bons médicos atendessem de graça ao meu irmão (vítima de toxoplasmose), porque o SUS não oferecia esse acompanhamento e o profissional – que mais tarde cuidou gratuitamente do meu irmão – só atendia em hospitais particulares.

Também não é simples pra mim ter de me submeter a alguém cuja política externa parece caminhar em direção aos Estados Unidos, colocando nossas riquezas em subserviência aos interesses do Tio Sam. Igualmente, faz-me sofrer a constatação de que essas mesmas riquezas, hoje, patrocinam portos em Cuba e obras na Venezuela e Bolívia. Em minha simplicidade, acredito que as riquezas de um país deveriam servir ao povo desse país.

Alguém disse que é possível conhecer o caráter de um homem a partir dos inimigos que ele tem. Aplicando esse critério ao nosso presidente (seja quem for), e considerando que os vencidos hoje serão, logicamente, os seus adversários (inimigos políticos), não me sinto nem um pouco animado em posicionar-me ferozmente em sua defesa, como os valentes de Davi fizeram por seu rei.

Claro, há coisas boas. O controle da inflação e o investimento de programas sociais são ganhos inegáveis. O pouco que estudei sobre Filosofia Política me fez entender que um presidente deveria ser punido se não domasse a inflação, pois ela corrói nosso patrimônio, fazendo nossas economias irem pelo ralo. O investimento no social, garantindo uma distribuição de renda, no mínimo, razoável, também é parte das atribuições do mandatário maior de um Estado. Logo, não é herói o presidente que controla a inflação ou promove o bem estar social. É apenas alguém que fez o que dele se esperava.

Enfim, está feito. Temos um/a novo/a presidente. O que fazer, então? Obedecer a Deus, orando pelo eleito de hoje, cumprindo nossos deveres de cidadãos e fazendo tudo o que estiver ao nosso alcance para vivermos bem e em paz, jamais esquecendo que “o amor é o vínculo da perfeição” (Cl. 3.14).

Rev. Renato Arbués.

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Por que ir à igreja é tão importante?

As pessoas estão cansadas. Estão cansadas do casamento, da escola, do trabalho, da vida. Por estarem cansadas, as pessoas têm procurado fugir de tudo isso que, antes, parecia dar sentido à vida. Não querem mais se casar, fogem da escola, evitam procurar emprego e, tristemente, atentam contra a própria vida.

Um discurso muito repetido é que as instituições estão falidas. Família, escola, trabalho, já não atendem mais às expectativas do homem moderno. Como o homem moderno há muito perdeu a paciência para reedificar muros caídos, acabou por escolher a via mais rápida, a da destruição. Explico-me. Restaurar um casamento demanda muito tempo e uma volumosa carga de energia emocional. Quem tem tempo pra isso? A opção mais prática, sem dúvida, é o divórcio. Tal raciocínio estende-se para todas as demais instituições.

Mas, e quanto à igreja? Por que as pessoas estão cansadas de irem à igreja? Será que a Casa de Deus também se tornou uma instituição falida e, por isso, descartável? Creio que não.

Porque na igreja, eu posso ouvir a Palavra de Deus sendo pregada. É claro que os pregadores não são perfeitos, nem na sua vida, nem na sua pregação. Porém, foram separados por Deus e reconhecidos pela igreja como porta-vozes do Senhor. Como pregadores não exercem seu ofício em bancos ou clubes, mas, sim, nas diversas igrejas espalhadas pela face da terra, é para uma delas que me dirijo sistematicamente a fim de ouvir as maravilhosas verdades de Deus para minha vida.

Na igreja, minha família é recebida por outras famílias. Meus filhos são tratados como filhos pelos meus irmãos em Cristo. E eu posso fazer o mesmo com os filhos deles. Na igreja, encontro homens que enfrentam lutas iguais ou diferentes das minhas, mas que buscam no mesmo Deus os recursos para serem vencedores. É para a igreja que o Senhor envia aqueles que Ele ama. E, claro, é pra lá que eu vou.

Mas na igreja há pessoas difíceis também. Há irmãos que torcem por times bem melhores que o meu. E eles riem de mim sempre que meu clube do coração perde (o que costuma acontecer com frequência). Mas, também, a bem da verdade, há irmãos que torcem por times piores que o meu, aí, óbvio, sou eu quem dá risada quando eles perdem. No entanto, podemos fazer isso sem o receio de que tal atitude vá provocar uma briga ou uma ruptura nas nossas relações. De forma nenhuma. O mesmo se dá na política. Cada um tem seu preferido e, lógico, alguém sempre vai perder. Mas há algo maior que nos une, o amor, que é o vínculo da perfeição. Nada – nem time, nem política – pode nos separar do amor de Deus e do amor fraternal.

Eu ando bem cansado fisicamente, mas disposto a ter mais cinquenta anos com minha família, na minha escola, no meu trabalho. E, por crer na vida eterna, anseio pela eternidade na companhia dos meus irmãos em Cristo, com os quais convivo semanalmente na minha igreja.

Que Deus me conceda essa alegria!

Rev. Renato Arbués.

sábado, 18 de outubro de 2014

DIFERENTES ATÉ NA DIFERENÇA!

Diferenças fazem parte do universo que habitamos. Os países são diferentes, suas culturas, faunas e floras são diferentes. As pessoas são diferentes. Com a diferença vem a separação. Os países são separados por fronteiras naturais, linguísticas, culturais. As pessoas se separam por ideologias, religiões e costumes. Enfim, não seríamos quem somos se não fôssemos diferentes.

Na igreja, que é a reunião de todos os que são chamados para a santidade, a diferença também se manifesta. Embora na ekklesia o papel da diferença não seja separar, mas permitir que as pessoas se completem umas com as outras, o que temos visto ao longo da história é que o corpo de Cristo muitas vezes tem se fragmentado em divisões espúrias e desonrosas.

No século II, os gnósticos, os judaizantes e os montanistas foram os grandes perturbadores da paz. A Igreja precisou combatê-los ferozmente. Os gnósticos ensinavam que algumas pessoas (eles) recebiam revelações especiais de Deus, revelações a que nem os escritores bíblicos tiveram acesso. Os montanistas eram chamados de os partidários da “Nova Revelação” ou “Nova Profecia”. Diziam falar línguas estranhas, afirmavam possuir diversos dons (você já viu esse filme, né?), expulsavam demônios, proibiam casamentos e relações sexuais e incentivavam jejuns rigorosíssimos. Novamente, a Igreja teve de ser dura com esse pessoal, provocando o que para alguns historiadores eclesiásticos foi o primeiro cisma organizacional dentro do cristianismo. Os últimos, os judaizantes, queriam que os cristãos guardassem os sábados, fossem circuncidados etc, etc, etc. Outra briga feia.

Em 1054, a Igreja entra numa nova divisão, provocada pela diferença de visão entre o mundo ocidental e o oriental. Foi desse rompimento que surgiu a Igreja Cristã Ortodoxa (Oriental).

E a Reforma? Outro cisma. E na Reforma? Lutero e Zwínglio deram origens a movimentos distintos porque os dois não concordavam na interpretação da Santa Ceia do Senhor. O primeiro dizia que o fiel “comia” o próprio corpo de Cristo juntamente com o pão (consubstanciação), enquanto o segundo ensinava que a prensença de Cristo apesar de real era espiritual, não física.

Menos de um século depois da Reforma, nos Sínodos de Dort, na Holanda, em 1618-1619, vemos a Igreja Protestante se separando mais uma vez devido a diferenças entre o pensamento calvinista e o arminiano. Os efeitos dessa briga perduram até hoje, grosso modo, tendo de um lado as igrejas presbiterianas, de tradição calvinista, e igrejas batistas e pentecostais (no Brasil, principalmente) representando a visão arminiana. Isso não quer dizer que você não encontrará presbiterianos que sejam arminianos e/ou batistas calvinistas. Vai, e muito.

Enfim, como vimos, o povo de Deus não é imune às diferenças que surgem entre eles. Pelo contrário, brigam e se apegam às suas opiniões, sendo conduzidos, muitas vezes, mais pela paixão do que pela racionalidade dos argumentos.

Nos nossos dias, as diferenças continuam separando os filhos de Deus. Mas, honestamente, duvido que um dia alguém tenha coragem de mencionar as brigas de hoje, sobretudo, as que são provocadas por paixão a Dilma ou Aécio.

Que pena!

Rev. Renato Arbués.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

NO ÉDEN E HOJE

De acordo com o Livro do Gênesis, havia duas árvores no jardim do Éden, a do conhecimento do bem e do mal e a árvore da vida. Se elas possuíam poderes mágicos e por quanto tempo não poderiam ser experimentadas por Adão e Eva, Moisés não nos informa. Só sabemos que estavam lá e que um dia teriam sua finalidade revelada pelo Criador.

A primeira árvore se chamava árvore do conhecimento do bem e do mal; a segunda, árvore da vida. É intrigante pensar sobre o motivo que levou Satanás a oferecer a Eva uma e não outra. Por que tentar nossos primeiros pais com a árvore do conhecimento ao invés de fazer isso com a árvore da vida? O desejo de conhecer é maior do que o de viver mais? O que você preferiria? Conhecimento ou longevidade?

Bem, Eva quis a árvore do conhecimento do bem e do mal. Adão também. Para os dois, conhecer aquilo que apenas Deus conhecia, saber os mistérios não revelados, desvendar o que não fora dito pelo Criador interessou-lhes mais do que viver para sempre. Assim, aceitaram a oferta do tentador e comeram. Depois de comerem do fruto proibido, “abriram-se lhe, então os olhos” (Gn. 3.7). Seu desejo foi realizado.

Eu acho que essa árvore devia se chamar apenas árvore do conhecimento do mal, pois, o bem eles já conheciam. Moravam no Éden, já haviam sido instruídos por Deus sobre o matrimônio e o cuidado com o mundo. Os animais lhe serviam. Enfim, conheciam o plano de Deus para a sua felicidade. O que lhes faltava era o conhecimento do mal.

Tão logo seus olhos foram abertos, perceberam-se nus (Gn. 3.7). Eles já estavam nus, porém, depois do conhecimento que obtiveram, sentiram vergonha e constrangimento. Era o mal lhes oferecendo seus primeiros frutos. A relação homem-mulher nunca mais seria a mesma. Seria marcada pela vergonha, sensualidade, falta de respeito, depravação.

O que era natural transformou-se em imoral. A árvore fez isso? Sim. Mas não fez sozinha. A árvore potencializou o que estava embrionariamente contido na atitude curiosa e desobediente de Adão e Eva. A semente do mal brotou no coração e na mente de Eva. Para que produzisse fruto, era questão de tempo.

E assim chegamos aos dias de hoje. Diferença? Não creio, afinal, a curiosidade por descobrir os segredos continua marcando a existência humana, a preferência pelo mal ainda é maior do que pela vida eterna e o relacionamento entre homem e mulher continua marcado pela sensualidade, luxúria, pornografia.

E por quê? Porque ao invés de escolherem a vida eterna os homens continuam preferindo conhecer o mal. E o mal é bom (com o perdão do paradoxo), mas não dura para sempre!

Rev. Renato Arbués.

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Difícil?

Oséias teve um ministério difícil. Não que haja ministérios mais fáceis que outros. Servir a Deus é sempre prazeroso e bom, porém, a meu ver, há homens que receberam uma tarefa cujo fardo mostrou-se mais pesado que o da maioria dos fiéis. Oséias é um exemplo desse tipo de servo.

Contemporâneo de Amós, Oséias denunciou os mesmos pecados que seu companheiro combatia. Amós em Judá, Oséias em Israel e pecadores nos dois países. Circunstâncias da política externa, levaram Israel e Judá a formalizarem alianças com nações estrangeiras, o que era terminantemente proibido por Yahwéh. Essa proximidade com povos pagãos, além de produzir uma falsa noção de segurança, facilitou o mergulho do povo de Deus nas práticas da idolatria, paganismo e erotismo, comuns aos aliados de ocasião. Oséias condenou tal situação.

Depois da pregação do profeta, Israel esboçou um arrependimento, logo denunciado como mentiroso por Deus: “Que te farei, ó Efraim? Que te farei, ó Judá? Porque o vosso amor é como a nuvem da manhã e como o orvalho da madrugada que cedo passa” (Os. 6.4). Israel não havia se arrependido verdadeiramente. Tinha mais medo da disciplina do que amor a Deus. A cegueira espiritual impede que vejamos a santidade divina se manifestar na disciplina que corrige, cura e endireita.

O Rev. Hernandes Dias Lopes, comentando a passagem de Oséias 6, afirma que a conversão de Israel foi falsa por várias razões, dentre elas, destaca-se que “Israel queria livrar-se das consequências do pecado, e não do pecado”. Ou seja, o medo era superior ao amor. O cinismo venceu a sinceridade.

A verdadeira conversão é composta de dois elementos: NEGATIVO: Arrependimento; POSITIVO: fé. O arrependimento é o reconhecimento da culpa, enquanto a fé é a volta para Deus para depositar nEle sua inteira confiança.

Os judeus estavam preocupados em serem curados, e não em ser purificados. Viram a nação em dificuldades e queriam que Deus “consertasse” as coisas, mas não se chegaram a Ele com o coração quebrantado e disposto a renunciar seus pecados.

Queriam felicidade e não santidade, uma mudança de circunstâncias e não uma mudança de caráter. Derramaram lágrimas de remorso por seu sofrimento, mas não de arrependimento por seus pecados. Toda mudança de pensamento produz mudança de comportamento. Israel mudou o comportamento, mas não o pensamento. Resultado: Não conseguiu manter-se no caminho da santidade e, infelizmente, estava prestes a ser julgado por Deus.

Eis a condição de boa parte dos cristãos de hoje. As igrejas estão cheias. “Nunca antes na história deste país”, houve tantos crentes. Mas, ao que parece, “nunca antes na história deste país”, houve tanta imoralidade, tanta corrupção, tanta falta de poder espiritual. Bancos cheios, corações vazios.

Muitos crentes não mostram mudança genuína, não buscam a Deus para terem vida, não mostram reverência pelo culto solene. Estão mais preocupados em salvar a pele e a reputação, mostram paixão intensa pelas bênçãos de Deus e não pelo Seu trono, dedicam-se ao que é supérfluo e artificial, enquanto suas almas definham no limbo da indiferença com as coisas espirituais, o que, finalmente, as levará para o inferno.

“Desperta, ó tu que dormes”! Não é hora de alianças com aqueles que colocarão um jugo sobre nossos pescoços e darão de nossos filhos alimento para o Diabo. É hora de congregarmos, de estudarmos, juntos, a Palavra de Deus, para respondermos aos escarnecedores sobre a razão de nossa fé, enquanto calamos as suas bocas malditas com o nosso testemunho.

A Igreja poucas vezes foi tão vilipendiada. O evangelho raramente foi tão desrespeitado. Mas os ímpios sempre fizeram isso. Não há, pois, nenhuma novidade nessa conduta. O que é novo, e a passividade da igreja de hoje. O que nós estamos fazendo? Nós, que fomos amados de tal maneira que o Unigênito filho de Deus teve de morrer na cruz para nos redimir, como temos honrado tão grande sacrífico?

Oséias teve um ministério difícil, sim. Cumpre a nós mostrar que valeu a pena! É difícil ser fiel e zeloso das coisas sagradas. Mas, é preciso. Lembre-se, irmão, “um pendão real vos entregou o rei, a vós, soldados seus!”

Mostre a sua coragem!

Rev. Renato Arbués.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

LIDANDO COM A HIPOCRISIA!

Já deve ter acontecido com você. O indivíduo está na sua frente, afirmando algo que você sabe ser mentira, porém, ele o afirma com tanta veemência que, por pouco, você não fica convencido da “verdade”. É a hipocrisia se manifestando.

Hipocrisia é fingimento. A palavra foi-nos legada do latim, significando “a representação de um ator”. Nos tempos dos teatros gregos, “hypocrités” era o nome das máscaras que os atores usavam de acordo com o papel que representavam. Por extensão, o termo hipócrita designa uma pessoa que oculta a realidade atrás de uma máscara de aparência (ver http://lillyessence.blog.com).

Keith Stanovich, cientista cognitivo que fez carreira estudando a hipocrisia, afirma que “as únicas pessoas que não são hipócritas são a minúscula e talvez não existente minoria que é tão santa que jamais se entrega a seus instintos mais básicos.” Para Stanovich, nenhum de nós seria capaz de cumprir as expectativas que nos são impostas ou tolerar os erros dos outros sem a possibilidade do fingimento. Assim, continua ele, ser hipócrita é uma necessidade básica, relacionada à existência do indivíduo. Sem ela, as relações pessoais seriam impossíveis. Você pode concordar ou não com isso (eu não concordo), porém, trata-se de uma perspectiva que incomoda e parece ter o peso da realidade a seu favor.

Como a religião não se dá fora do contexto humano, é natural que a hipocrisia encontre aconchego entre os que professam uma fé, especialmente, entre os cristãos. Especialmente, por quê? Porque Jesus Cristo, inúmeras vezes, alertou-nos contra o perigo da hipocrisia. Na passagem mais clássica, em que o Mestre aborda esse tema – a parábola do joio e do trigo (Mt. 13.24-29) – Ele afirma que o cristão autêntico (trigo) e o falso cristão (joio) crescem juntos, sendo separados apenas no dia da colheira, pelos encarregados da ceifa.

La Rochefoucauld disse que “a hipocrisia é a homenagem que o vício presta à virtude”. A ironia esconde o triste fato de que os homens amam o mal e o erro. Afinal, ninguém precisa fingir ter ódio ou desprezo por uma pessoa, enquanto o amor e a consideração pelas necessidades alheias exigem um esforço hercúleo de representação por parte de alguns. Quem nunca “leu” na expressão de um “amigo” a falsidade, das duas uma: Ou tem amigos perfeitos ou é muito distraído!

Enfim, lidar com a hipocrisia é lidar com o coração, “pois do coração saem os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as imoralidades sexuais, os roubos, os falsos testemunhos e as calúnias” (Mt. 15.19). O homem mais sábio de todos, Salomão, aconselhou seriamente aos seus leitores: “Acima de tudo, guarde o seu coração, pois dele depende toda a sua vida” (Pv. 4.23). Por fim, ainda citando as Escrituras, veja como orou o salmista: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece as minhas inquietações. Vê se em minha conduta algo te ofende, e dirige-me pelo caminho eterno” (Sl. 139. 23-24).

Portanto, caro leitor, a melhor maneira de lidar com a hipocrisia é cuidando do coração. Do seu coração!

Rev. Renato Arbués.