Tempos atrás, um rapaz de 22 anos cometeu suicídio. Mais um
na estatística sinistra de casos de suicídios em nossa região. Desde que
cheguei a Senhor do Bonfim, impressionou-me a quantidade de pessoas que
atentaram contra a própria vida em nossa cidade e em alguns outros municípios,
como Campo Formoso, Jaguarari, Filadélfia e Ponto Novo.
Não somos uma região rica. Não há indústrias nessas cidades.
As pessoas dependem do comércio, das prefeituras, de bicos e, claro, dos
programas assistenciais. Contudo, nosso padrão de vida é bem melhor do que
outras microrregiões nordestinas. Logo, é duvidoso atribuir à situação
econômica a causa de tantas tragédias.
Há poucas opções de lazer em nossa região. Os jovens, em
especial, reclamam bastante disso. Não há rios, cachoeiras, não há teatros ou
cinemas. Há um ou outro clube, nos quais se pode jogar futebol, nadar e
distrair-se um pouco. Mas, eu e você conhecemos lugares em que as opções de
lazer são ainda mais escassas e, de novo, não apresentam tantos suicídios como
em nossa região.
O senso comum indica que o índice de divórcios é bem alto por
aqui. Famílias são desfeitas com a mesma facilidade com que são formadas. No
entanto, desde que o mundo é mundo, há divórcios; e, a bem da verdade, outros
lugares apresentam taxas de separação ainda maiores que as nossas e nem por
isso as pessoas se matam tanto.
Afinal, qual a grande causa de tantos suicídios entre nós?
Solidão, desemprego, abandono, fracasso? Será que um desses itens pode causar
tanto desespero a ponto de alguém atentar contra sua própria existência? Será
que todos juntos podem causar a desesperadora decisão de acabar com uma vida?
Honestamente, creio que sim e que não. Sim, a solidão pode
levar alguém à morte. O desemprego também. Uma discussão áspera entre dois
amigos fez com que um deles entrasse num estado de abatimento tão grande que,
dois dias depois, enforcou-se. Antes, porém, escreveu um bilhete para o amigo
no qual afirmava não perdoá-lo pelas palavras duras que tivera de ouvir de alguém
tão querido.
Quando o espírito está fragilizado, qualquer desassossego
pode levar alguém ao suicídio. Não é bom, portanto, ignorar a tristeza contínua
em alguém que conhecemos. Salomão advertiu: “O
coração alegre é bom remédio, mas o espírito abatido faz secar os ossos” (Pv. 17.22).
Se alguém que você conhece vive triste, acabrunhado, pelos cantos, não custa
nada conversar, ouvi-lo, falar de Cristo, passear, enfim, fazer algo para
alegrá-lo.
Contudo, solidão, desemprego, fracasso, nada disso pode levar
uma pessoa ao suicídio, desde que ela esteja firme no Senhor. A comunhão com
Deus faz-nos fortes, alegres, saudáveis emocionalmente. E não custa nada. Orar
todos os dias, ler a Bíblia, frequentar a igreja, fazer o bem, perdoar. Aos que
fazem isso, jamais faltará o socorro do bom Deus. Como disse Davi: “O SENHOR sustém os que vacilam e apruma
todos os prostrados” (Sl. 145.14).
O suicídio é um mal em nossa região. É preciso fazer alguma
coisa para ajudar as pessoas que estão tentadas a cometer tal ato. Para isso, é
preciso, antes, cuidar da própria saúde espiritual. Cuide de si mesmo e procure
livrar “os que estão sendo levados para
morte e salvar os que cambaleiam indo para serem mortos” (Pv. 24.11).
Rev. Renato Arbués.