A palavra Eclesiastes significa “pregador, aquele que tem uma
mensagem”. O livro do Eclesiastes,
portanto, tem uma mensagem relevante para o leitor. Os estudiosos da Bíblia
afirmam que a principal questão tratada pelo pregador diz respeito ao sentido
da vida. Haveria algum? Se sim, qual? Como compreendê-lo?
Esse pregador,
autor do livro, foi o rei Salomão. Evidências internas e externas indicam que
ele produziu esse material por volta do ano 945 a. C. Isso mostra que o livro
foi escrito no fim da vida do sábio rei. Salomão é
considerado um dos maiores reis hebreus. Seu Reinado foi de paz e prosperidade.
Enquanto Davi, seu pai, venceu completamente as guerras, Salomão preservou a
paz. Entretanto, houve um lado escuro no seu reinado. Apesar da sua renomada
sabedoria, ele achou-se andando longe do Senhor. Fez isso gradualmente:
Casou-se com mulheres estrangeiras, fez alianças com países vizinhos (o que não
agradou a Deus), teve filhos com diversas esposas e acabou adotando e permitindo
o culto a deuses pagãos.
Assim, Eclesiastes é como a jornada
de um homem procurando pelo sentido da vida. Muito dessa busca é feito à parte
de Deus. E a conclusão do rei é que a vida longe de Deus é vã.
A primeira pergunta de Salomão é: “Que proveito tem o homem de todo o seu
trabalho, com que se afadiga debaixo do sol?” (Ec. 1.3). Em outras palavras, qual a vantagem de acordar cedo para
trabalhar? Para que estudar tanto? Por que ler tantos livros, construir casas,
vestir-se com roupas novas? Por que estamos aqui? Ora, você vai morrer mais
cedo ou mais tarde. O que sua obra vai significar pra você depois de sua
“partida”? Você tem diplomas? Ótimo, peça ao agente funerário para grudá-los na
tampa do seu caixão. Você tem um belo carro? Legal, mande alguém esconder as
chaves no meio das flores que cobrirão o seu corpo. Enfim, depois de algum
tempo, sua existência não vai fazer a mínima diferença!
Era Salomão um pessimista? Estaria o
rei lançando os fundamentos para a melancolia deprimente de Schopenhauer? Aliás,
num comentário que bem poderia ter sido feito por ocasião do texto de
Eclesiastes, o filósofo disse: “Quem concebe sua existência apenas como simples
efeito do acaso, sem dúvida, deve temer perdê-la pela morte”. Óbvio, não? Se
você não crê na eternidade, acha que tudo começa e termina aqui, que o ser
humano é apenas mais um animal dentre tantos outros, que “isso” é tudo o que
há... Desculpe perguntar: Que proveito há na sua vida?
Aqui está a ironia na pergunta de
Salomão: “Que proveito tem o homem de todo
o seu trabalho, com que se afadiga debaixo
do sol?” O rei está refletindo a respeito da cosmovisão daqueles
que só conseguem enxergar a vida terrena (debaixo do sol). Se a vida é vivida
somente na perspectiva terrena, então não há muito pelo que viver, por que você
realmente não faz muita diferença. Você nasce
em um hospital (na maioria dos casos) e morre
em outro hospital (também na maioria dos casos) e durante sua vida você fica em alguns hospitais. Mas
eventualmente você morre. E aí tudo acabou?
A questão olha para a vida cá
embaixo como sendo oposta à vida "do alto". Salomão olha para a vida
da perspectiva humana antes de encarar a perspectiva divina. Ele olha para a
vida "debaixo do sol" antes de olhar para a vida "além do sol".
Essa é a perspectiva cristã? Não!
Essa é uma perspectiva humanista. Quando você olha para essa vida somente, ela
não fará o menor sentido. Tudo é vaidade (vento, vazio). Mas, se você aceitar o
conselho de Paulo, certamente, encontrará esperança. Leia: “Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os
mais infelizes de todos os homens” (1 Co. 15.19).
Quer um conselho? Olhar
pra cima é bem melhor!
Rev. Renato Arbués.