Gostaria de compartilhar uma das coisas mais absurdas
já escritas. Pior, escrita por igrejas que pretendiam convidar pessoas para
assistirem a seus cultos. Trata-se de
um anúncio colocado em dois jornais que atendem à colônia brasileira da costa
leste dos Estados Unidos, o Brazilian
Voice e o Brazilian Times:
Desemprego, caminhos
fechados, dificuldades financeiras, depressão, vontade de suicidar, solidão,
casamento destruído, desunião na família, vícios (cocaína, crack, álcool, etc),
doenças incuráveis (câncer, aids, etc), dores constantes (de cabeça, coluna,
pernas), insônia, desejos homossexuais, perturbações espirituais (você vê
vultos, ouve vozes, tem pesadelos, foi vítima de bruxaria, macumba, inveja ou
olho grande), má sorte no amor, desânimo total, obesidade, etc... Nós! Sim, nós
temos a solução para você!
(Fonte: Revista Ultimato, janeiro de
93, p. 14).
Antes de ler o que a Palavra de Deus ensina sobre
isso, sinceramente, me responda: Há alguém que não tenha problemas com um ou
mais desses itens? Eu, por exemplo, sofro muitas dores de coluna e algumas
dificuldades financeiras...
“Teologias são criadas por teólogos”, disse alguém. O
óbvio ululante esconde uma crítica à diversidade de ensinamentos ministrados
que, na verdade, não passariam por um crivo de autenticidade se confrontados
com a Santa Palavra de Deus. Em matéria de fé, RARAMENTE o novo é melhor. No
entanto, igrejas inteiras resolveram abandonar as antigas doutrinas da graça e
abraçar doutrinas novas, estranhas; verdades reveladas a alguns iluminados que
gozam do suposto (e duvidoso) privilégio de serem iluminados.
O apóstolo Paulo, escrevendo aos gálatas, advertiu contra
essa tendência: “Há alguns que vos
perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós ou mesmo
um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado,
seja anátema (maldito). Assim, como já dissemos, e agora repito, se alguém vos
prega evangelho que vá além daquele que recebestes, seja anátema” (Gl.
1.7-9). Paulo diz que se ele mesmo ou um anjo vindo do céu ensinasse uma “verdade”
diferente daquela já ensinada, deveriam ser rejeitados!
E que evangelho foi pregado por Paulo? Leiamos 2 Co.
15.3-4: “Antes de tudo, vos entreguei o
que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as
Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as
Escrituras”. Esse é o evangelho bendito, revelado pelo Santo Espírito do
Senhor. Cristo morreu pelos nossos pecados, foi sepultado e ressuscitou ao
terceiro dia. E para quê? Ora, ouçamos a resposta dada pelo próprio Filho de
Deus: “Porque eu desci do céu, não para
fazer a minha própria vontade, e sim a vontade daquele que me enviou. E a
vontade de quem me enviou é esta: que nenhum eu perca de todos os que me deu;
pelo contraio, eu o ressuscitarei no último dia. De fato, a vontade de meu Pai
é que todo homem que vir o Filho e nele crer tenha a vida eterna; e eu o
ressuscitarei no último dia” (Jo. 6.38-40).
Hoje, as pessoas não estão mais interessadas em ouvir
o antigo e sublime evangelho. Elas estão à procura de novidade, de algo que
responda às suas questões mais urgentes e banais. É como diz a música: “Você tem fome de quê?”.
Os iluminados perceberam que as pessoas estão mais
interessadas em doutrinas que tragam alívio imediato para suas dores e soluções
para seus problemas, especialmente os financeiros. Então passaram ensinar outro
evangelho que não o apresentado com simplicidade e verdade pelas Escrituras
Sagradas.
Por exemplo, os filhos de Deus agora são chamados filhos
do Rei, e é nessa condição que devem viver. A perspectiva de uma vida cristã com
restrições, sofrimentos e tribulações por amor a Cristo não corresponde ao
verdadeiro plano de Deus para Seus filhos amados, dizem. Ao contrário, Ele
deseja que Seus filhos sejam em tudo bem-sucedidos, vitoriosos e triunfantes.
Afinal, toda espécie de mal – incluindo as doenças e a pobreza – é fruto da
ação direta de Satanás e, portanto, destinada apenas aos que se encontram sob o
seu domínio, nunca aos verdadeiros crentes.
Descobriu-se que a razão para existirem muitos crentes
que ainda padecem desses males é a sua ignorância quanto a seus direitos como
filhos de Deus e ao poder divino disponível nas palavras daqueles que conhecem
os segredos da confissão positiva. Méritos para um dos promotores dessa
pregação, o norte-americano Kenneth Hagin.
Eu creio com todas as minhas forças que Deus é o
Senhor do Universo e que pode todas as coisas. Eu oro para que Ele abençoe
minha família e supra todas as nossas necessidades, tanto materiais quanto as
espirituais. Quando alguém me pede (e mesmo sem pedir), eu oro a Deus para que, segundo a Sua santa vontade,
ajude a pessoa com quem estou tratando, e creio firmemente que Ele pode atender
à minha oração. Mas, daí a afirmar que Deus só demonstra o Seu amor para o Seu
povo quando Ele enriquece, cura e afasta qualquer tipo de mal de suas vidas, peraí...
É uma irresponsabilidade. É dizer o que a Bíblia não diz.
Prestem atenção a um trecho da história de Jacó,
registrada em Gn. 31. Jacó estava falando com Labão de onde veio a sua riqueza:
“Vinte anos eu estive trabalhando, as
tuas ovelhas e as tuas cabras nunca perderam as crias, e não como os carneiros
de teu rebanho. O que era despedaçado pelas feras, eu sofri o dano, da minha
mão o requerias. De maneira que eu andava, de dia consumido pelo calor, de
noite, pela geada; e o meu sono me fugia dos olhos” (Gn. 31.38-40). A
riqueza de Jacó não veio de palavras poderosas ou de bênçãos sobrenaturais:
veio do trabalho! Trabalho abençoado por Deus. Mas trabalho com muito esforço!
E quanto Ana? Uma mulher que não podia ter filhos. Ela
foi à igreja e orou, pedindo um filho ao Senhor. Quando recebeu, ela orou e
disse essas palavras sobre o Deus que a abençoou: “Não há santo como o SENHOR; porque não há outro além de ti; e Rocha
não há, nenhuma como o nosso Deus. O Senhor é quem tira a vida e a dá; faz
descer à sepultura e faz subir. O SENHOR
EMPOBRECE E ENRIQUECE; ABAIXA E TAMBÉM EXALTA” (1 Sm. 2.2, 6-7.
O apóstolo Paulo escreveu sobre as tribulações: “que ninguém se inquiete com as tribulações.
Porque vós mesmos bem sabeis que estamos destinados a isso” (1 Ts. 3.3).
Isso o quê Paulo? Tribulações!
Ou seja, as lutas, as tribulações, fazem parte da vida
do crente tanto quanto as vitórias e as alegrias. Deus nos dá tanto um quanto
outro. E ele continua sendo Deus! O nosso Deus!
Mas, e por que aquelas igrejas fazem anúncios daquela
maneira? Por que as pessoas anunciam que basta irem à igreja para terem seus
problemas resolvidos, suas doenças curadas, bastando apenas um “pequeno” gesto
de sacrifício, geralmente manifestado numa contribuição financeira. Sim, porque
o deus pregado hoje em dia é louco por dinheiro!
Mas, para responder a pergunta e finalizar essa
meditação, tenho a dizer que, igrejas anunciam solução para todos os tipos de
problemas em troca de uma ofertinha, simplesmente porque elas preferem dar
ouvidos às palavras do DIABO. Sim, Satanás foi bastante inteligente quando
disse uma coisa pra Deus. Acompanha comigo Jó 2.4: “Então, Satanás respondeu ao SENHOR: Pele por pele, e tudo quanto o
homem tem dará pela sua vida”. Respondido?
Rev. Renato Arbués.