A história você conhece: Paulo fora preso sob a acusação de ensinar a
“todos a serem contra o povo, contra e lei e contra este lugar (o templo);
ainda mais, introduziu até gregos no templo e profanou este recinto sagrado”
(At. 21.28). Antes, porém, de ser preso, Paulo apanhou bastante da multidão
ensandecida, sendo salvo pela intervenção do comandante dos soldados romanos. O
comandante ordenou ainda aos soldados que “Paulo fosse recolhido à fortaleza e
que, sob açoite, fosse interrogado para saber por que motivo assim clamavam
contra ele.” (At. 22.24). Enquanto era amarrado, Paulo questionou se era lícito
tratar daquela forma a um cidadão romano. Não era. E Paulo foi levado até o
governador Félix.
Agripa II, rei da Galiléia, acompanhado de sua irmã Berenice, visitava o
governador Festo. Este convidou os dois visitantes ilustres a assistirem ao
julgamento de Paulo. Lê-se em At. 26.1: “A
seguir, Agripa, dirigindo-se a Paulo, disse: É permitido que uses da palavra em
tua defesa. Então, Paulo, estendendo a mão, passou a defender-se nesses
termos:”. Cumpria-se, assim, a palavra de Deus, dita a Ananias, na
conversão de Paulo: “Mas o Senhor lhe
disse: Vai, porque este é para mim um instrumento escolhido para levar o meu
nome perante os gentios e reis, bem
como perante os filhos de Israel.” (At. 9.15).
Ao final do discurso, o apóstolo se dirige ao rei Agripa e o questiona:
“Acreditas, ó rei Agripa, nos profetas?” (At. 26.27). Agripa era um homem
letrado, conhecedor tanto da Lei dos judeus quanto da nova religião. Era de
família nobre e, portanto, versado nas várias áreas do conhecimento da época.
Portanto, muito provavelmente, nada do que Paulo falara, com exceção da
experiência pessoal de conversão do apóstolo, era novidade para o rei, que respondeu
assim ao questionamento: “Então, Agripa
se dirigiu a Paulo e disse: Por pouco me persuades a me fazer cristão.”
(At. 26.28).
Pobre Agripa.
Mas, excetuando as razões soberanas de Deus, talvez a maior dificuldade
para que Agripa aceitasse a pregação de Paulo fosse sua posição. Como
intelectual, era difícil a ele aceitar aquelas “superstições e crendices” de
judeus. Antes, Festo, o governador, havia dito que Paulo estava delirando. Como
um homem culto poderia abraçar uma religião de pescadores? Como aceitar que um
carpinteiro pudesse ser alguém importante? Sua mente não lhe permitiu render-se
àquela proposta de vida. Uma mente sábia deve continuar sempre aberta às
possibilidades, sem, contudo, comprometer-se com nenhuma. Esse tem sido o lema
dos sábios e entendidos deste mundo. Agripa era um deles.
Entretanto, o que poucos têm conseguido enxergar é a diferença entre uma
mente aberta e uma mente vazia. Continuar recusando aceitar uma verdade
demonstrada com fatos históricos, evidências arqueológicas, testemunhos de
pessoas e nações, não é ter uma mente aberta. É ter uma mente vazia. Para
continuar sendo educado, o intelectual de hoje afirma que respeita muito a
Jesus, que Ele foi um grande mestre, um grande professor (há quem o veja até
como o maior psicólogo que já existiu), um profeta, um sábio, qualquer coisa
muito importante, menos Deus. Novamente, a sabedoria desse mundo se mostra
falha, pois, como observou C. S. Lewis, se Cristo não é Deus, não poderia ter
sido um profeta exemplar ou um grande professor de moralidade, pois ele
afirmava ser Deus. Se não era quem dizia ser, então ele era um mentiroso ou um
lunático, e dificilmente um grande mestre de moral ou profeta.
Mas, o pessoal de mente aberta não liga para essas contradições. Eles
continuam, como Agripa, por pouco quase gostando do evangelho; por pouco quase
aceitando a Bíblia; por pouco sendo simpáticos à igreja.
Você já sabe aonde essa mente aberta vai dar!
Rev. Renato Arbués.