Um
dos homens mais fascinantes da história, pra mim, foi Moisés. Chamado por Deus
para representá-lo diante de Faraó, alegou não ser capaz de tal missão, pois,
segundo ele, “era pesado de língua”. Para muitos, isso significa que era gago.
Depois, recebeu a incumbência de liderar o povo. Quase ficou louco com tantos
problemas e reclamações. Foi preciso que seu sogro, Jetro, lhe orientasse a
dividir a responsabilidade com outros homens capazes de ajudá-lo. Foi elogiado
por ser o “homem mais manso do mundo”. Teve de fugir do Egito por matar um
soldado que estava discutindo com um hebreu. Era o principal líder religioso do
seu povo. Quase foi morto por Deus por não ter circuncidado seus filhos. Enfim,
Moisés era a contradição em pessoa.
Por
que Moisés era assim? É difícil fazer uma análise psicológica precisa de um
personagem que viveu há tanto tempo. Para esta pastoral, arriscarei uma
hipótese, dentre tantas outras já conhecidas: a estreiteza mental.
Acredito
que, por alguns momentos, Moisés foi vencido por uma reduzida visão de mundo. Ele
não se concentrou na grandeza da tarefa confiada a ele por Deus, preocupando-se
apenas com o seu esforço, sua responsabilidade, seu fardo, sua missão. Resultado: sempre que agiu assim, se deu mal e
fracassou.
No
caso de Moisés, Deus providenciou meios para que ele se livrasse da pequenez de
sua visão. O Senhor o fez passar 40 anos no Egito, estudando outra cultura,
outros saberes, interagindo com outras pessoas. Deu-lhe um sogro estrangeiro,
porém, sábio, que lhe ensinou lições preciosas sobre gerenciamento de pessoas e
de recursos. Por fim, presentou Moisés com um irmão eloquente, que lhe serviu
de porta-voz nas entrevistas com o Faraó. Isso resgatou Moisés da mediocridade
em que estava preso, devido a sua estreiteza cultural e, de quebra, ampliou
consideravelmente sua capacidade de liderança, tornando-o o homem que todos
admiramos.
Acredito
que algo parecido esteja acontecendo com um número considerável de pessoas.
Pessoas que vivem presas a seu pequeno universo, preocupadas com seus problemas e sofrendo apenas por suas angústias, estão lotando igrejas,
consultórios de psicanálise, sessões de terapia, além de enriquecerem
fabricantes e vendedores de medicamentos para ansiedade e depressão.
Como
ajudar pessoas assim? Em primeiro lugar, é preciso leva-las a Cristo. Ele
disse: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos
aliviarei.” (Mt. 11.28). A menos que elas deixem com Cristo a ansiedade, a
tristeza, as pressões do dia a dia, jamais encontrarão descanso.
Em
segundo lugar, creio que seria de grande ajuda o mesmo treinamento que Deus
infligiu a Moisés: sair de si, por meio do estudo, da leitura, da interação com
outras pessoas, de ouvir conselhos, de aprender algo novo ou um modo novo de
fazer uma coisa velha. Enfim, é fundamental que ajudemos alguém que padece de
estreiteza mental a alargar suas fronteiras culturais e inter-relacionais.
Pessoas
presas em seu próprio universo, jamais conseguirão ser sal e luz deste mundo.
Nunca serão capazes de “ir por todo o mundo, pregando o evangelho a toda a
criatura”. Elas passam a maior parte do tempo fechadas em si.
Moisés
sofre bastante para aprender. Mas aprendeu. E você?
Rev. Renato Arbués.