
Incauto
navegante! Segundo o Aurélio, incauto
é um sujeito “imprudente, ingênuo”. Péssimas qualidades para um navegante. No
hinário Novo Cântico, este hino é o
de número 308 e é vinculado ao nome de Sarah Poulton Kalley. Considerando que
essa senhora viveu de 1825 a 1907, fica ainda mais forte a força da expressão
“incauto navegante”. Imagine uma viagem de barco cujo comandante fosse um
sujeito reconhecidamente imprudente!
Ler
essas palavras remete o pensamento quase que instantaneamente aos versos do
conhecido poema de Fernando Pessoa: “Navegar
é preciso; viver não é preciso”. Os historiadores nos lembram que, na
verdade, essa frase foi dita pelo general romano Pompeu (106-48 a. C.) aos
marinheiros que, amedrontados, se recusavam a viajar. “Navigare necesse; vivere non est necesse”, num latim caipira.
No
hino de Sarah Kalley, a vida é descrita como cheia de tormentas. Os navegantes
incautos são os homens que vivem sem considerarem o rumo para onde vão nem os
perigos a que estão submetidos. A qualquer momento o barco da vida pode topar
com um iceberg (lembra do Titanic?)
ou com outro barco e afundar; ou, quem sabe, deparar-se com piratas, ou
enfrentar uma tempestade e virar. Enfim, viver é algo perigoso, sobretudo se
não temos uma boa bússola para nos mostrar a direção e o caminho mais seguro.
Na
poesia de Fernando Pessoa, há quem diga que o “preciso” da frase deve ser
entendido como “necessário”. Assim, o que importa não é viver, mas como viver!
É preciso correr riscos, aventurar-se no bravio mar. Se a vida corre perigo,
paciência! Afinal, viver não é necessário mesmo. Contudo, outros intérpretes
dizem que no famoso verso, o sentido de “preciso” não é o de necessário, mas o
de “exatidão, precisão”. Navegar, então, é algo mais seguro do que viver, pois
na navegação dispomos de bússolas, astrolábio (esse é antigo!), computadores,
mapas etc. Eu também, modestamente, acho que o “preciso” do poema tem o sentido
de exatidão.
Bom,
mas o que importa realmente pra esta pastoral é dizer pra você, leitor, que, se
você for um navegante incauto, cuidado! São muitas as tormentas que podem
naufragar levar o seu “barco” para o fundo do mar: a violência urbana, os males
da alma, as doenças, o trânsito... Mas, o maior perigo a que você está exposto
é o “das trevas do pecado”. Esse, além de fazê-lo naufragar, pode mandá-lo para
uma fornalha bem quente, que consumirá lentamente toda a velha madeira de seu
barquinho.
E
se você, leitor, não for um viajante incauto, devo lembrá-lo do nosso dever: “resplandeçam nossas luzes através do escuro
mar, pois nas trevas do pecado, almas podem naufragar!”. Pregue a Palavra.
Seja luz. Salve os incautos que vivem com você. Não seja desobediente à ordem
divina: “Sê tu uma bênção”.
Pense
nisso!
Rev. Renato Arbués.
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