Todo
mundo já viu um quadro com esse título. José, Maria e Jesus são retratados como
símbolos “perfeitos” da Trindade. A harmonia dessa família é um espelho da
relação amorosa e íntima existente entre as três pessoas da Trindade.
Como
símbolo, não há problema algum em se falar assim. A família, não há dúvida, foi
“inspirada” no modelo trinitário. Ela deve ser reprodutora do padrão divino. Um
padrão em que há amor, respeito, divisão do trabalho, objetivos comuns,
conversas. Várias vezes no Evangelho lemos Jesus dizer que amava o Pai. Em outras
ocasiões, Ele dizia que era preciso “ir” para o que o outro Consolador pudesse
“vir” (respeito). Também é claro que, na nossa salvação, cada pessoa da
Trindade realiza uma “tarefa” distinta (o
Pai enviou o Filho; o Filho morreu na cruz; o Espírito aplica a obra redentora
na vida do cristão). O objetivo? Ora, salvar o pecador, sim; mas, também,
que toda a glória fosse oferecida a Deus. Por fim, desde o relato da Criação,
encontramos passagens bíblicas que falam do “conselho”, do “conselho da Sua
vontade”. Ora, “conselho” nada mais é do que uma decisão tomada em conjunto.
Assim,
parece óbvio que não só a família de José, Maria e Jesus era um tipo da
Trindade. A minha família também o é. A sua, idem. As famílias de todos os que
serviram e servem a Deus são chamadas para refletir a beleza da relação
trinitária. Não por acaso, Deus disse as benditas palavras à família de Abraão:
“[...] em ti serão benditas todas as
famílias da terra” (Gn. 12.3).
Que privilégio, pois, termos uma família que represente a Trindade! Que graça
maravilhosa a de Deus, em não apenas nos dar o prazer de viver em comunhão, mas
de abençoar essa comunhão de tal maneira que outros – que vivem em conflito ou
que não têm família – sejam “benditos em
nós”.
Tal
verdade deveria nos encher de alegria, gratidão e amor a Deus. Ainda mais
considerando a situação do mundo que vivemos. Quantos há que não sabem o que
significa “viver em família”? Quantos, neste momento em que você lê essas
palavras podendo olhar para o lado e ver ser/sua esposo/esposa, abraçar o seu
filho, quantos não podem fazer isso porque foram privados da comunhão familiar
ou ainda não a puderam experimentar? Quantos estão de coração partido pela dor
da perda de um ente querido?
Por
isso, pense bem, meu irmão ou minha irmã, pense muito bem em como você vive sua
vida familiar. O tempo passa muito rápido. Infelizmente, talvez não alcancemos
todas as coisas que almejamos; muitos projetos serão deixados para trás nessa
vida. O que parece tão certo e seguro hoje, amanhã pode se tornar “pó e cinza”.
Será
que vale a pena “correr tanto atrás do vento” à custa de momentos de comunhão
com nossa família? Será que dinheiro, títulos, diplomas, vão nos marcar tanto
quanto uma conversa carinhosa com nosso filho?
Certamente,
você não se lembra de quantas vezes já foi chamado de senhor ou senhora, de
doutor, professor, chefe, patrão ou coisa que o valha ao longo da vida. Não se
lembra porque muitas dessas vezes foram meras formalidades, palavras
destituídas de sentimentos como carinho e respeito. Porém, nunca se esquecerá
daquele momento singular em que seu filho o chamou de “papai ou mamãe” pela
primeira vez!
O
tempo passa. E você aprenderá de uma maneira muito dolorosa que a nossa sagrada
família não dura para sempre. Que as palavras de Jesus – “até que a morte os
separe” – também se referem a nós. E, então, quando esse dia chegar, você só
terá duas coisas em que se apoiar: na certeza da ressurreição e, portanto do
reencontro, e nas lembranças dos bons momentos vividos.
Pense nisso!
Rev. Renato Arbués.
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