sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Como votar


Estamos vivendo dias empolgantes. Nossa cidade vive um autêntico frenesi no que concerne às eleições municipais. “É tempo de mudança!”, grita um candidato. “Precisamos continuar o bom trabalho”, responde o outro. “Diga não a tudo isso. O novo é melhor”, vocifera ainda um terceiro.

O entusiasmo é total. E contagiante, também. A ponto de alguns mais “exaltados” quase chegarem às “vias de fato” na defesa de seu candidato. Há os que, educados demais para trocarem socos e/ou empurrões, preferem ficar na esfera dos argumentos, a favor ou contra, mas sempre de forma cortês, educada.

É flagrante o fato de que se está considerando a disputa para prefeito. Tratássemos dos postulantes ao cargo de vereador e faltaria espaço nesta pastoral para enumerar metade dos slogans empregados na apresentação dos célebres concorrentes.

Se fiz você pensar que o assunto deste texto é eleição, perdoe-me, por favor. Não vou discuti-la sequer por um parágrafo. Não hoje. Hoje, pretendo avaliar a conduta descomedida de uma parte dos eleitores cristãos. Sim, ainda que a ação em pauta seja a escolha de um prefeito ou vereador, seja ela praticada por um filho de Deus, tratar-se-á de uma ação cristã. E como tal deve ser abalizada pelas Escrituras Sagradas.

Quanto à escolha de candidatos, o que dizem as Escrituras? Na época do registro do texto sagrado, claro, não havia eleições para escolha de mandatários. Pelo menos não nos moldes de hoje. Mas há na Bíblia princípios indicativos para que o cristão se posicione quanto esse aspecto importante de sua vida. Vamos a eles.

Escrevendo a Timóteo, o apóstolo Paulo orienta: “Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas, orações, intercessões, ações de graças, em favor de todos os homens, em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranquila e mansa, com toda piedade e respeito” (1 Tm. 2.1). O que essas palavras significam? Significam que nós, cristãos, devemos orar por nossas autoridades (prefeitos, vereadores...). Ora, a depender do critério utilizado na escolha de um candidato, o cristão jamais poderá pedir a Deus que abençoe o mandato de seu representante, caso eleito. Por quê?

Voto dado em troca de favores, trata-se, pela ética cristã, de voto “sujo”, desonesto, corrupto. Portanto, indigno de um filho de Deus. Então, com que cara um adorador pediria ao seu Senhor que abençoasse um homem que o corrompeu? Mais. Jesus ensinou que, aquele que não é fiel no pouco, também não o será no muito. Aplique esse princípio à situação que está sendo considerada. Um político que corrompe um crente ou uma igreja poderá, facilmente e sem escrúpulos, corromper uma cidade toda! Você, cristão, clamaria por bênção em favor de alguém potencialmente tão contrário aos ensinamentos bíblicos?

Em outra ocasião, o mesmo apóstolo Paulo mostrava-se indignado com alguns conflitos vistos dentro de uma igreja. Ele diz que divergência de opinião era até aceitável, uma vez que sua figura predileta para descrever a igreja é a de um corpo. O corpo humano, diz Paulo, tem vários órgãos e cada um com uma função específica. O conjunto de tão diferentes elementos é que dá vida ao ser humano. Essa analogia foi aplicada ao convívio social dos cristãos na cidade de Corinto. Eles estavam brigando. A igreja estava dividida em 3 ou 4 partes distintas! E como o velho apóstolo tratou desse problema? Ele disse: “Porquanto, havendo entre vós ciúmes e contendas, não é assim que sois carnais e andais segundo o homem?” (1 Co. 3.3).

É incrível como os cristãos de hoje simplesmente ignoram esse texto não o aplicando à realidade atual. Chega a ser uma cena “bisonha” a de dois crentes discutindo apaixonadamente sobre que candidato é melhor. A cena não é ridícula por discutirem a melhor opção para a cidade. Isso é legítimo e correto. A estranheza fica por conta de que tais disputas conseguem “separar” aqueles por quem Cristo morreu.

Você que lê esse texto, responda: É possível cultuar ao Santo Deus, estando irado com o irmão ao lado? E qual o motivo da ira? O simples fato de um votar em X e o outro, em Y. Que isso ocorra, é patético, desalentador, vergonhoso. Pior. É contrário ao que prescreveu Jesus: “Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta” (Mt. 5.23-24). Você consegue enxergar o ponto?

Vote. Procure saber qual o melhor nome para ocupar o cargo de prefeito da nossa cidade. Selecione um bom homem para receber seu voto para vereador. Informe-se, questione, interrogue, procure conhecer projetos e sua viabilidade, estude. Faça tudo o que se espera de um cidadão. Mas não se esqueça: Você é um cidadão cristão!

Pense nisso!


Rev. Renato Arbués.

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