sábado, 8 de setembro de 2012

Ídolos e Idolatria


Há duas semanas, morreu Neil Armstrong, o primeiro homem a pisar na Lua. Apesar do feito extraordinário, sabe-se que Armstrong era um homem modesto, avesso aos holofotes. Não gostava de aparecer em público, não dava autógrafos, detestava ser visto como herói. Para ele, o que fizera era parte de seu dever como oficial das forças aéreas americanas. Viveu assim, morreu do mesmo jeito.

Foi difícil para Armstrong ter sua vontade respeitada. Pagou um preço alto, o de ser considerado arrogante e prepotente. Se era, não sabemos. O que sabemos é que ele desejou intensamente o anonimato. Não conseguiu.

Neste ano, finalmente, depois de mais de 100 anos, o Corinthians ganhou um título. Internacional, claro. Milhares de pessoas choraram, gritaram, se emocionaram. Nas ruas, o que mais se ouvia eram frases de um idioma particular, da mesma família que o português: “Vai Curíntias”, “É nóis”, “Aí, Japão,  nóis tá aí em dezembro, mano”.

No meio de tanta euforia, chamou a atenção o tratamento dedicado ao jogador que fez os dois gols que deram o título ao time. "Iluminado”, “Guerreiro”, “Decisivo”, “Gênio”. E, quando chegou a vez do herói comentar a sua contribuição, foi modesto: “Fiz o meu. Toda a equipe ajudou.” O sorriso e a expressão desmentiam a humildade declarada.

Anos 2000. Depois de muito tentar, Luís Inácio Lula da Silva foi eleito presidente do Brasil. Segundo ele, recebeu uma “herança maldita” de Fernando Henrique Cardoso. Mas, conseguiu êxito na condução da política econômica, avançou – e muito – nas questões sociais e, quando deixou o governo, bateu o recorde de popularidade.

Dono de um carisma inigualável, aceitava de muito bom grado todos elogios. Quando não os tinha, sabia exatamente de quem era a culpa: dos preconceituosos, da elite conservadora, dos ricos. Não por acaso, seus discursos normalmente começavam assim: “Nunca na história desse país...” E lá vinha algum feito que só ele foi capaz de realizar.

Enfim, parece que os homens podem ser divididos em dois grandes grupos: ídolos e idólatras. Como seres humanos, precisamos ficar sempre alertas contra a tentação de construirmos ídolos e adorá-los ou, pior, de nos tornarmos ídolos e sermos adorados por supostas qualidades que manifestamos.

Contra isso, Tiago escreveu: “Quem entre vós é sábio e inteligente? Mostre em mansidão de sabedoria, mediante condigno proceder, as suas obras” (Tg. 3.13). A humildade cristã está na mansidão de sabedoria, no usar as virtudes doadas por Deus de forma a engrandecê-lO, a abençoar o próximo, a divulgar a mensagem real aos perdidos.

O antídoto contra a idolatria é um condigno proceder. Condigno significa proporcional ao mérito. Que méritos temos, a não ser os que nos são dados pela graça divina? “Pois quem é que te faz sobressair? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te vanglorias, como se o não tiveras recebido?” (1 Co. 4.6).

Cuidado com a vaidade. Foge da idolatria. Ama o Senhor Deus e faze o bem. Com humildade.

Rev. Renato Arbués.


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