Há duas semanas, morreu Neil Armstrong, o primeiro homem a
pisar na Lua. Apesar do feito extraordinário, sabe-se que Armstrong era um
homem modesto, avesso aos holofotes. Não gostava de aparecer em público, não
dava autógrafos, detestava ser visto como herói. Para ele, o que fizera era
parte de seu dever como oficial das forças aéreas americanas. Viveu assim,
morreu do mesmo jeito.
Foi difícil para Armstrong ter sua vontade respeitada. Pagou
um preço alto, o de ser considerado arrogante e prepotente. Se era, não
sabemos. O que sabemos é que ele desejou intensamente o anonimato. Não
conseguiu.
Neste ano, finalmente, depois de mais de 100 anos, o
Corinthians ganhou um título. Internacional, claro. Milhares de pessoas
choraram, gritaram, se emocionaram. Nas ruas, o que mais se ouvia eram frases
de um idioma particular, da mesma família que o português: “Vai Curíntias”, “É nóis”, “Aí, Japão,
nóis tá aí em dezembro, mano”.
No meio de tanta euforia, chamou a atenção o tratamento
dedicado ao jogador que fez os dois gols que deram o título ao time.
"Iluminado”, “Guerreiro”, “Decisivo”, “Gênio”. E, quando chegou a vez do
herói comentar a sua contribuição, foi modesto: “Fiz o meu. Toda a equipe ajudou.” O sorriso e a expressão
desmentiam a humildade declarada.
Anos 2000. Depois de muito tentar, Luís Inácio Lula da Silva
foi eleito presidente do Brasil. Segundo ele, recebeu uma “herança maldita” de
Fernando Henrique Cardoso. Mas, conseguiu êxito na condução da política
econômica, avançou – e muito – nas questões sociais e, quando deixou o governo,
bateu o recorde de popularidade.
Dono de um carisma inigualável, aceitava de muito bom grado
todos elogios. Quando não os tinha, sabia exatamente de quem era a culpa: dos
preconceituosos, da elite conservadora, dos ricos. Não por acaso, seus
discursos normalmente começavam assim: “Nunca
na história desse país...” E lá vinha algum feito que só ele foi capaz de
realizar.
Enfim, parece que os homens podem ser divididos em dois
grandes grupos: ídolos e idólatras. Como seres humanos, precisamos ficar sempre
alertas contra a tentação de construirmos ídolos e adorá-los ou, pior, de nos
tornarmos ídolos e sermos adorados por supostas qualidades que manifestamos.
Contra isso, Tiago escreveu: “Quem entre vós é sábio e inteligente? Mostre em mansidão de sabedoria,
mediante condigno proceder, as suas obras” (Tg. 3.13). A humildade cristã está na mansidão de sabedoria, no
usar as virtudes doadas por Deus de forma a engrandecê-lO, a abençoar o
próximo, a divulgar a mensagem real aos perdidos.
O antídoto contra a idolatria é um condigno proceder.
Condigno significa proporcional ao mérito. Que méritos temos, a não ser os que
nos são dados pela graça divina? “Pois
quem é que te faz sobressair? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o
recebeste, por que te vanglorias, como se o não tiveras recebido?” (1 Co. 4.6).
Cuidado com a vaidade. Foge da idolatria. Ama o Senhor Deus e
faze o bem. Com humildade.
Rev. Renato Arbués.
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