sábado, 11 de julho de 2015

Pensando sobre Prosperidade!

Estudar a Bíblia, comparando o que os homens dizem que elas ensinam, com o que, de fato, está escrito, é um exercício fascinante. Infelizmente, algumas ideias sobre Deus são demasiado humanas. Pior, algumas ideias, além de humanas, contradizem o relato bíblico.

Teologia da Prosperidade! É um movimento surgido dentro de algumas igrejas e que também é conhecido como “Confissão Positiva”. É comum ouvir da boca de pregadores e crentes da Teologia da Prosperidade coisas do tipo: “Você é filho do Rei, não tem por que ter uma vida derrotada” ou “Declare as bênçãos de Deus sobre sua vida” ou ainda: “o verdadeiro filho de Deus não fica doente; Deus honra seu povo”! E outras expressões afins.

Ser derrotado, para a Teologia da Prosperidade, pode ser sinônimo de ser pobre. O cristão – dizem – não pode passar dificuldades financeiras. Se isso acontece, das duas uma: a) ou ele não confia em Deus; b) ele está em pecado!

Pois bem, vamos ler as Escrituras Sagradas. Há um trecho que, creio eu, todos devem conhecer: A Parábola do Homem Rico e Lázaro. Está registrada em Lucas 16.19-23. Leia-a, por favor.

É preciso ter cuidado para não deduzir coisas que a parábola não ensina. Jesus não ensinou que todos os ricos vão para o inferno, nem que todos os pobres vão para o céu. Não há elogio nem desprezo à condição social de nenhum dos dois personagens.

Somos colocados diante de um quadro que ilustra bem as palavras de Salomão em Provérbios 13.7: “Uns se dizem ricos sem terem nada; outros se dizem pobres, sendo mui ricos”.

Como alguém escreveu: “Quando os bens materiais foram deixados para trás, quando o rico foi para o túmulo, onde essas coisas não têm valor algum, ele nada tinha para levar consigo à eternidade. Possuía riquezas na terra, mas nenhum tesouro no céu. Sendo rico, certamente ele tinha muitos amigos, mas não tinha O amigo e advogado à destra de Deus. Comia manjares e as mais nobres refeições, porém não teve direito ao Pão da vida. Sua riqueza não era verdadeira riqueza, pois estava sem Cristo, sem fé, sem perdão e sem santidade. Quando morreu foi para o inferno. Na verdade, o homem rico era desesperadamente pobre.”

Ora, se bens materiais não nos darão direito ao mais importante dos bens, a vida eterna; se riquezas na terra não nos garantirão um tesouro no céu; se saúde física não garantirá a saúde espiritual... Como viver em função dessas coisas? Como buscar a Deus a fim de apenas receber recompensas materiais, como: riqueza, prosperidade, saúde, abundância...?

Não estamos negando o valor dessas coisas. Nós as buscamos pelos meios estabelecidos por Deus: “Com o suor do teu rosto comerás...”, é a ordem divina! O trabalho é o meio deixado por Deus para conquistarmos o pão de cada dia.

O que estamos questionando é a incessante busca por parte dos crentes de bens e coisas, de felicidade na terra, de abundância de manjares, enquanto as “coisas lá do alto” são deixadas em segundo plano!

Lázaro não tinha nada neste mundo. Porém, no sentido mais elevado, Lázaro era rico. Era um filho de Deus, com uma herança no céu. Suas riquezas eram duradouras e verdadeiras. Lázaro se alimentava do Pão da Vida.

Ora, pelo critério de hoje, certamente alguns diriam que o “abençoado” era o rico; enquanto Lázaro deveria confiar mais em Deus, fazer um voto, preencher um envelope, colocar dinheiro dentro e esperar que Deus lhe respondesse!

O Pr. Francisco Belvedere Neto, da Igreja Metodista, escreveu que: “a teologia da prosperidade une o fútil ao desagradável, ou seja, é uma mistura de ganância e comodismo. Os adeptos da teologia da prosperidade acham que nós temos direito de reivindicarmos o que quisermos de Deus, esquecendo da soberania divina”.

É estranho distorcer a Palavra de Deus para fazê-la dizer o que nenhum dos santos profetas disse. Vamos à Bíblia:

Mt. 6.19-21: “Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam; porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração”.

Ora, se Jesus ensinou que não devemos “acumular” é fácil concluir que não devemos “procurar” também!

1 Tm. 6.6-10: “De fato, grande fonte de lucro é a piedade com o contentamento. Porque nada temos trazido para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele. Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes. Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor do dinheiro é a raiz de todos; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores”.

É quase possível ouvir algumas pessoas dizendo: “Mas, e o texto de Filipenses?”. Vamos lê-lo? Fp. 4.13: “tudo posso naquele que me fortalece”. Kenneth Hagin tem um livro muito famoso aqui no Brasil: O Nome de Jesus. Esse autor em outro texto escreveu que Paulo, nessa passagem, ensina que não há nada que Deus não possa fazer na vida dos que creem; que só é preciso ter fé, que tudo que você pedir, vai acontecer!

Depois de ler isso, concluímos uma de duas coisas sobre Kenneth Hagin: ou ele ensinava o que não fazia; ou ele não gostava de seus familiares. Sim, porque a pesquisadora de religiões Mary Schultz conta que o cunhado e a irmã de Kenneth Hagin morreram de câncer e que ele mesmo usou óculos até morrer! Se eu fosse maldoso, perguntaria: “Por que ele não declarou a cura para si mesmo e para os que ele amava?” Vai saber!

Mas voltemos a Fp. 4.13. Qualquer aluno da pré-escola sabe que antes do 13 vem o 12, e que antes do 12 vem o 11...  Afinal, do que Paulo tratou no capítulo 4 de Filipenses?

v. 10: “Alegrei-me, sobremaneira, no Senhor porque, agora, uma vez mais, renovastes a meu favor o vosso cuidado; o qual também já tínheis antes, mas vos faltava oportunidade” ð Paulo, em mais de uma ocasião, recebeu dinheiro daquela igreja para suprir as suas necessidades de comida e de abrigo.

vv. 11-12: “Digo isto não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez.”

Eis do que trata Paulo. Ele aprendeu a enfrentar QUALQUER situação, fosse riqueza, pobreza, saúde, doença... Tudo ele podia enfrentar naquele que fortalece o homem: Cristo.

Quando eu era seminarista em São Paulo, ouvi um testemunho impressionante: um rapaz crente havia ido buscar a noiva na porta do colégio quando foi abordado por dois assaltantes. Deram-lhe dois tiros: um na cabeça e outro no ombro. O rapaz sobreviveu e a igreja estava em festa porque ele estava ali dando aquele testemunho de fé!

Louvado seja Deus que nos livra da morte. Vários de vocês que leem esta pastoral podem contar coisas tão maravilhosas quanto essas: um livramento da morte certa; a cura de uma doença quase fatal; Deus restabelecendo um lar... Isso tudo é digno de louvores a Deus.

Mas, e quantos aos demais leitores que nunca levaram um tiro e nunca estiveram no leito de uma UTI? O que dizer de quem nunca teve de lutar contra uma doença grave? De quem nunca foi assaltado? Será que Deus também não foi bondoso com vocês?

Eu já fui assaltado. O bandido colocou a arma na minha cabeça e disse que ia atirar. Graças a Deus não o fez. Meu irmão vive em Brasília há mais de 10 anos. Nunca teve uma arma apontada para ele. E eu creio que o mesmo Deus que cuida de mim, cuida também do meu irmão!

Apesar de terem sido tão diferentes em suas vidas, tanto Lázaro como o homem rico chegaram ao mesmo fim. Ambos morreram. Este é o destino de todos os homens, e também será o seu e o meu. A morte é o grande inimigo que ninguém pode vencer. Ela não poupa pessoa alguma; e não esperará até que você esteja pronto. A morte virá na hora estabelecida por Deus.

Todos os homens conhecem esses fatos, os que creem na Teologia da Prosperidade e os que não creem. Porém, a maioria não os percebe como realidade. Se os percebessem, fariam algo a respeito.

Por isso, não coloquem seus corações neste mundo agonizante. Você pode até ganhá-lo, mas perderá a sua alma! Vale o preço?

Rev. Renato Arbués.

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