quarta-feira, 22 de julho de 2015

Pensando sobre fast food, teologia, oferta...

Há algum tempo, um anúncio interessante foi publicado em dois jornais que atendem a colônia brasileira da costa leste dos Estados Unidos, o Brazilian Voice e o Brazilian Times: “Desemprego, caminhos fechados, dificuldades financeiras, depressão, vontade de suicidar, solidão, casamento destruído, desunião na família, vícios (cocaína, crack, álcool, etc.), doenças incuráveis (câncer, aids etc.), dores constantes (de cabeça, coluna, pernas), insônia, desejos homossexuais, perturbações espirituais (você vê vultos, ouve vozes, tem pesadelos, foi vítima de bruxaria, macumba, inveja ou olho grande), má sorte no amor, desânimo total, obesidade, etc... Nós! Sim, nós temos a solução para você! (Fonte: Revista Ultimato, janeiro de 93, p. 14).
               
Era um anúncio feito por igrejas convidando pessoas para assistirem a um culto. Antes de ler o que a Palavra de Deus ensina sobre isso, sinceramente, reflita: há alguma pessoa que não tenha problemas com um desses itens? Eu, por exemplo, sofro muitas dores de coluna e algumas dificuldades financeiras... (rsrs).

A partir do século XX, surgiram algumas “teologias” curiosas, tipo um fast food doutrinário. Essas “teologias” acabaram influenciando denominações inteiras. Já se disse isso em algum, e eu repito: em matéria de fé, RARAMENTE o novo é melhor. No entanto, igrejas inteiras resolveram abandonar as antigas doutrinas da graça e abraçaram doutrinas novas, estranhas; verdades reveladas a alguns “iluminados” que gozam do suposto e duvidoso privilégio de revelações particulares.

O apóstolo Paulo, escrevendo aos gálatas, advertiu contra essa tendência. Ele disse: “Há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema (maldito). Assim, como já dissemos, e agora repito, se alguém vos prega evangelho que vá além daquele que recebestes, seja anátema” (Gl. 1.7-9). Paulo diz que se ele mesmo ou um anjo vindo do céu ensinasse uma verdade diferente daquela já ensinada, deveria ser considerados malditos!

E que evangelho foi pregado por Paulo? Leiamos 2 Co. 15.3-4: “Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras”. Esse é o evangelho bendito, revelado pelo Santo Espírito do Senhor. Cristo morreu pelos nossos pecados, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia. E para quê? Ora, ouçamos a resposta dada pelo próprio Filho de Deus: “Porque eu desci do céu, não para fazer a minha própria vontade, e sim a vontade daquele que me enviou. E a vontade de quem me enviou é esta: que nenhum eu perca de todos os que me deu; pelo contraio, eu o ressuscitarei no último dia. De fato, a vontade de meu Pai é que todo homem que vir o Filho e nele crer tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo. 6.38-40).

Hoje, vemos tristemente que as pessoas não estão mais tão interessadas em ouvir o antigo e puro evangelho. Elas estão à procura de novidade, de algo que responda às suas questões mais urgentes e banais. É como diz a música: “Você tem fome de quê?”.

Os iluminados perceberam que as pessoas estão mais interessadas em doutrinas que tragam alívio imediato para suas dores e soluções para seus problemas, especialmente os financeiros. Então passaram ensinar outro evangelho que não o apresentado com simplicidade e verdade pelas Escrituras Sagradas.

Por exemplo, os filhos de Deus agora são chamados filhos do Rei, e é nessa condição que devem viver. A perspectiva de uma vida cristã repleta de restrições, sofrimentos e tribulações por amor a Cristo não corresponde ao verdadeiro plano de Deus para Seus filhos amados. Ao contrário, dizem que Ele deseja que Seus filhos sejam em tudo bem-sucedidos, vitoriosos e triunfantes. Afinal, toda espécie de mal – incluindo as doenças e a pobreza – é fruto da ação direta de Satanás e, portanto, destinada apenas aos que se encontram sob o seu domínio, nunca aos verdadeiros crentes.

Descobriu-se que a razão para existirem muitos crentes que ainda padecem desses males é a sua ignorância quanto a seus direitos como filhos de Deus e ao poder divino disponível nas palavras daqueles que conhecem os segredos da confissão positiva. Os méritos dessa descoberta são reivindicados pelo norte-americano Kenneth Hagin.

Eu creio com todas as minhas forças que Deus é o Senhor do Universo e que pode todas as coisas. Eu oro para que Ele abençoe minha família e supra todas as nossas necessidades, tanto materiais quanto as espirituais. Quando alguém pede minha ajuda, eu oro a Deus para que, segundo a Sua santa vontade, ajude a pessoa com quem estou tratando, e creio que Ele pode atender à minha oração. Mas, daí a afirmar que Deus só demonstra o Seu amor para o Seu povo quando Ele enriquece, cura e afasta qualquer tipo de mal de suas vidas, isso não se pode fazer. É uma irresponsabilidade. É ir contra a Palavra de Deus.

Prestem atenção a um trecho da história de Jacó, registrada em Gn. 31. Jacó estava falando com Labão de onde veio a sua riqueza: “Vinte anos eu estive trabalhando, as tuas ovelhas e as tuas cabras nunca perderam as crias, e não como os carneiros de teu rebanho. O que era despedaçado pelas feras, eu sofri o dano, da minha mão o requerias. De maneira que eu andava, de dia consumido pelo calor, de noite, pela geada; e o meu sono me fugia dos olhos” (Gn. 31.38-40). A riqueza de Jacó não veio de palavras poderosas ou de bênçãos sobrenaturais: veio do trabalho! Trabalho abençoado por Deus. Mas trabalho com muito esforço!

E quanto Ana? Uma mulher que não podia ter filhos. Ela foi à igreja e orou, pedindo um filho ao Senhor. Quando recebeu, ela orou e disse essas palavras sobre o Deus que a abençoou: “Não há santo como o SENHOR; porque não há outro além de ti; e Rocha não há, nenhuma como o nosso Deus. O Senhor é quem tira a vida e a dá; faz descer à sepultura e faz subir. O SENHOR EMPOBRECE E ENRIQUECE; ABAIXA E TAMBÉM EXALTA (1 Sm. 2.2, 6-7.

O apóstolo Paulo escreveu sobre as tribulações: “que ninguém se inquiete com as tribulações. Porque vós mesmos bem sabeis que estamos destinados a isso” (1 Ts. 3.3). Isso o quê Paulo? Às tribulações! Ou seja, as lutas, as tribulações, fazem parte da vida do crente tanto quanto as vitórias e as alegrias. Deus nos dá tanto um quanto outro. E ele continua sendo Deus! O nosso Deus!

Mas, e por que aquelas igrejas fazem anúncios daquela maneira? Por que as pessoas anunciam que basta irem à igreja para terem seus problemas resolvidos, suas doenças curadas, bastando apenas um “pequeno” gesto de sacrifício, geralmente manifestado numa contribuição financeira? (Você já percebeu que o deus pregado hoje em dia é louco por dinheiro?)

Mas, para finalizar essa meditação, tenho a dizer que, igrejas anunciam solução para todos os tipos de problemas em troca de uma ofertinha, simplesmente porque elas preferem dar ouvidos às palavras do DIABO. Sim, Satanás foi bastante inteligente quando disse uma coisa pra Deus. Acompanha comigo Jó 2.4: “Então, Satanás respondeu ao SENHOR: Pele por pele, e tudo quanto o homem tem dará pela sua vida”.

Quem duvida que as pessoas estão dando tudo o que tem pela sua vida?

Espero que estejam fazendo o mesmo para cuidarem de suas almas!

Rev. Renato Arbués.

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