Um tema recorrente nos círculos
evangélicos é a comunhão entre os santos. Fala-se dela como o resultado de
muito esforço e tolerância por parte dos cristãos. Existem centenas de
denominações – dizem – mas somos um só povo. Não precisamos viver desunidos.
Esforcemo-nos, pois, para refletirmos o amor de Cristo em nossas relações.
Concordo que, às vezes, a
impressão que passamos para os que são de fora é de completa animosidade. A
maneira desrespeitosa como evangélicos criticam evangélicos que mantêm práticas
e doutrinas diferentes beira ao ódio. É como se o principal inimigo de um
cristão fosse outro cristão, membro de uma igreja diferente.
Apesar de reconhecer que essa
postura é muito comum, não creio que sejamos desunidos. Doutrinária e misticamente
não somos. Estamos em Cristo e, portanto, somos membros uns dos outros. Como
escreveu Barclay: “Ninguém pode caminhar
desunido com seu semelhante e ao mesmo tempo estar unido a Cristo. Se a pessoa
tiver a Cristo como companheiro de caminhada, inevitavelmente é companheiro de
todo caminhante.” Eu estou em
Cristo, você está em Cristo. Estamos os dois no mesmo lugar. Eu completo você
tanto quanto você me completa. Aliás, não seria um cristão pleno se não tivesse
comunhão com você e com os demais filhos de Deus. Em essência, portanto, temos
a mais íntima e perfeita comunhão.
Infelizmente, devido ao pecado, à
imaturidade, ao mundanismo, é que nas nossas relações agimos tão díspares.
Deixamos a beleza da comunhão mística ser sufocada por questões secundárias,
como a forma do batismo, práticas litúrgicas e outras tantas coisas de somenos
importância. Cremos em Deus Pai, Todo Poderoso? Cremos em Jesus Cristo, Seu
Único Filho? Cremos na morte e ressurreição do Filho de Deus? Cremos no
Espírito Santo? Cremos na Igreja? Ora, então cremos nas mesmas coisas! Se isso
é assim, o que nos diferencia? 5 litros de água? Cantar de olhos fechados?
Richard Tatlock escreveu: “O inferno é a condição eterna dos que
fizeram da relação com Deus e com seus semelhantes algo impossível porque
destruíram em suas vidas o amor... O céu e, por outro lado, a condição eterna
dos que acharam verdadeira vida numa relação de amor com Deus e seus
semelhantes.”
Em Jesus, somos um. E não vários.
Rev. Renato Arbués.
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