sábado, 18 de julho de 2015

E o amanhã?

No livro “Alice no País das Maravilhas”, há uma cena em que Alice chega a uma bifurcação na estrada. Um pânico gelado toma conta da menina, enquanto ela fica paralisada pela indecisão. Ela levanta os olhos ao céu, procurando uma direção. Seus olhos não encontram resposta, mas somente o gato Cheshire sorrindo para ela de seu galho numa árvore.

Alice pergunta: “Por qual caminho devo ir?”. “Isso depende...” disse o gato, fixando um sorriso sardônico na confusa garota. “Depende de quê?”, quer saber Alice. “Ora, depende do seu destino. Para onde você está indo?”. “Eu não sei”, hesitou Alice. “Então, não importa que caminho seguir, não é verdade”?

Esse trecho é bastante revelador do que acontece com muitas pessoas hoje em dia. Elas se sentem confusas, sem saber que caminho seguir, para que direção devem conduzir suas vidas. Mas, se alguém fizer a elas, a mesma pergunta que o gato fez a Alice, elas também responderão como a garota. Estão perdidas, não sabem para onde ir e, consequentemente, não sabem que caminho escolher.

Para o filho de Deus, tanto o destino como o caminho são importantes. Cada um de nós tem um destino no reino de Deus. Somos, como ensinou o apóstolo Pedro, um povo peregrino, um povo que se move. Mas sabemos para onde nos movemos. Estamos a caminho da Terra Prometida, do lugar que Jesus conseguiu para nós, por meio da Sua morte na cruz.

Mas, embora saibamos para onde estamos indo e temos a certeza de não caminharmos sozinhos, a verdade é que alguns aspectos do nosso futuro pessoal são desconhecidos para nós.

Eu sei o que o futuro me reserva: um lar celestial. Mas o que dizer do amanhã? É natural que nos sintamos tão ansiosos pelo futuro próximo como as outras pessoas.

A preocupação excessiva com o destino oculto pode encher uma pessoa de medo. O poder paralisador da preocupação, conforme escreveu R. C. Sproul, pode obstruir nossas ansiedades. Se a prostituição é a mais velha das profissões, certamente a previsão da sorte está em segundo lugar.

Pessoas que dizem ser capazes de ler a sorte ganham muito dinheiro e disputam a fama com as celebridades. Há algum tempo, um programa de televisão apresentou uma senhora que diz ser capaz de adivinhar o futuro a partir da borra do café, deixado na xícara. Outras pessoas têm examinado entranhas de lagartos, peles de cobra, ossos de coruja, búzios, o horóscopo diário e predições diversas – tudo para ganhar uma pequena margem de segurança contra um futuro desconhecido.

E quanto ao cristão? Ora, o cristão deve fazer apenas uma pergunta: “Qual é a vontade de Deus para a minha vida?”.

Os pregadores antigos nos advertem quanto a esse assunto. Buscar a vontade de Deus pode ser um exercício de piedade ou de impiedade, um ato de humilde submissão ou um ato de ultrajante arrogância – dependendo de que vontade de Deus nós estamos procurando.

Procurar descobrir aquilo que Deus não tem desejado revelar é interferir nas coisas sagradas que estão fora dos limites. Moisés escreveu: “As coisas encobertas pertencem ao SENHOR, nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem, a nós e a nossos filhos, para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei” (Dt. 29.29). João Calvino coloca desta maneira: “Onde Deus cerrou Sua santa boca, eu desistirei de inquirir”.

Por outro lado, é um prazer para Deus ouvir as orações do Seu povo quando eles perguntam: “Senhor, o que queres que eu faça?”. O cristão busca a Deus procurando suas ordens, querendo saber que curso de ação é agradável a eles. Esta busca da vontade de Deus é uma busca santa – que deve ser conduzida com vigor pela pessoa piedosa.

Rev. Renato Arbués.

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