sábado, 23 de novembro de 2013

JUSTIÇA FEITA?

O que significa fazer justiça? Essa dúvida me veio à mente depois do anúncio da prisão de pessoas importantes envolvidas no esquema de corrupção popularmente conhecido como “mensalão”. Enquanto ex-poderosos se entregavam à Polícia Federal, os repórteres se revezavam em narrativas patrióticas em que um mantra era repetido: “A justiça, finalmente, está sendo feita!”

Se entendi bem a opinião dos repórteres, a justiça é feita sempre que há prisões de pessoas condenadas pelos órgãos de justiça. Foi o que houve. Logo, assistimos ao vivo e no conforto de nossa casa, a justiça sendo feita a pessoas que, historicamente, estavam distantes de qualquer noção de justiça.

O que foi o mensalão? Em sua essência, o mensalão consistiu em um esquema bem simples de entender: desvio de recursos para a compra de apoio político e pagamento de dívidas. Que ninguém nos leia, mas, cá pra nós, você acha que esse esquema foi único? Será que em outros tempos e lugares esquemas assim não se multiplicam?

É isso que me deixa duvidoso em aceitar que a justiça foi feita. Talvez devêssemos falar de justiça sendo feita apenas naquele caso  específico, pois,  até onde  minha memória alcança,  não me recordo de políticos sendo presos da forma como aconteceu no último dia da Proclamação da República. Mas, insisto, a justiça foi mesmo feita?

Bem, entre a entrevista do então deputado Roberto Jefferson, detalhando o esquema, e a prisão dos mensaleiros, lá se foram 8 anos. Por oito anos, os corruptos levaram vida normal, viajaram, compraram, passearem, enfim, viveram como se nada tivesse acontecido. Se houve justiça, convenhamos, ela demorou um bocado!

O julgamento se deu no Supremo Tribunal Federal. As mais brilhantes (?) mentes do país analisaram detalhadamente o caso e emitiram o seu parecer. Alguns juízes se mostraram extremamente desconfortáveis em condenar alguns réus, não faltando juiz que até elogiasse a trajetória de condenados. Também fomos apresentados aos tais “embargos infringentes”, deferência aos nobres réus que tiveram no mínimo 4 votos a seu favor. Enfim, se houve justiça, foi aplicada com muita delicadeza.

A sensação é a de que todos são iguais perante a Lei, mas, uns são mais iguais que os outros. Resta, portanto, a fim de que não fique dúvida sobre a justiça, confiar nas palavras do salmista: “Ele mesmo julga o mundo com justiça; administra os povos com retidão” (Sl. 9.8).

A justiça de Deus, essa, sim, é imparcial. E não falha!

Rev. Renato Arbués.

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