sábado, 9 de novembro de 2013

PENSAMENTO SOBRE UM CHEQUE DEVOLVIDO

O fato quase passou despercebido. Na verdade, pouca gente ficou sabendo que a Caixa Econômica Federal devolveu dois cheques da Câmara de Vereadores da Prefeitura de Senhor do Bonfim no valor total de R$ 540,00. Mas é verdade. Tudo documentado.

O documento que prova o acontecido foi divulgado pelo próprio banco. Um ofício direcionado à presidência da Câmara de Vereadores e publicado no blog www.maravilhanoticias.blogspot.com. No comunicado, a CEF revelou até o saldo da conta dos nossos ilustres edis. Exatos R$ 153.038,72.

O gerente geral da Caixa, que assina o documento, informou que “problemas tecnológicos” foram os responsáveis pelo lamentável episódio. Atitude bonita, a do gerente. Reconheceu o erro, explicou-o e fez questão de isentar o cliente de qualquer culpa.

Uma vez, eu também tive um cheque devolvido. Por um outro banco, claro. Vou poupar o leitor do constrangimento de ler os valores envolvidos. Posso garantir, entretanto, que o saldo na conta desse redator não chegava ao valor dos cheques que foram emitidos (e não pagos) pela Câmara. Apresso-me, porém, a esclarecer que o cheque que emiti era compatível com minha vocação de pastor e professor, não exigindo, em sua troca, sequer um peixe. Uma onça bastava. Nem peixe nem onça. O sistema (sempre ele) entendeu que não havia “provisão de fundos suficientes” e vupt! Devolveu!

Sabe como descobri? Tranquilo, estava eu a passear no comércio. Interessei-me por um objeto e quis comprá-lo. Se tem uma coisa que um pastor sabe fazer bem é “esperar pacientemente”. Então, pacientemente esperei que a moça do crediário consultasse meus dados, liberando a minha compra. Foi quando ouvi a frase e o sorriso amarelo da moça do crediário. Você conhece? O sorriso é impossível descrever com palavras, mas, a frase é mais ou menos assim: “ÉÉÉÉ, desculpe, senhor... Mas, o senhor está com uma restrição!”

Pensei: “Como assim restrição? Ainda ontem comi um mocotó com pimenta e estou bem! Corro, jogo futebol, leio. De que tipo de restrição essa moça está falando? Alimentar ou física, não é!”

Olhei pra ela e perguntei: “Sim, que restrição?” Ela: “Não sei, senhor. É melhor o senhor procurar o seu banco. Obrigada!”

Esqueci até o que eu queria comprar.

No banco, fui informado que o erro foi do sistema, mas que eles “iam estar resolvendo, num minuto. Pronto. Mais alguma coisa, Sr. Luiz?” Como a maioria dos brasileiros, naquela época eu também não conhecia um fenômeno atual chamado “processo”, deixei pra lá. E só.

Perdõe-me por molestá-lo contando essa história. É que foi inevitável não me lembrar dela, ao ler a notícia mencionada acima. Por que os bancos tratam os clientes de formas tão diferentes? Por que alguns recebem mais gentilezas que outros?

Na verdade, eu e você sabemos as respostas. E saber isso não conforta nem um pouco.

“Dois pesos diferentes e duas espécies de medida são abominação ao SENHOR, tanto um como o outro” (Pv. 20.10).

Rev. Renato Arbués.

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