O
fato quase passou despercebido. Na verdade, pouca gente ficou sabendo que a
Caixa Econômica Federal devolveu dois cheques da Câmara de Vereadores da
Prefeitura de Senhor do Bonfim no valor total de R$ 540,00. Mas é verdade. Tudo
documentado.
O
documento que prova o acontecido foi divulgado pelo próprio banco. Um ofício
direcionado à presidência da Câmara de Vereadores e publicado no blog
www.maravilhanoticias.blogspot.com. No comunicado, a CEF revelou até o saldo da
conta dos nossos ilustres edis. Exatos R$ 153.038,72.
O
gerente geral da Caixa, que assina o documento, informou que “problemas
tecnológicos” foram os responsáveis pelo lamentável episódio. Atitude bonita, a
do gerente. Reconheceu o erro, explicou-o e fez questão de isentar o cliente de
qualquer culpa.
Uma
vez, eu também tive um cheque devolvido. Por um outro banco, claro. Vou poupar
o leitor do constrangimento de ler os valores envolvidos. Posso garantir,
entretanto, que o saldo na conta desse redator não chegava ao valor dos cheques
que foram emitidos (e não pagos) pela Câmara. Apresso-me, porém, a esclarecer
que o cheque que emiti era compatível com minha vocação de pastor e professor,
não exigindo, em sua troca, sequer um peixe. Uma onça bastava. Nem peixe nem
onça. O sistema (sempre ele) entendeu que não havia “provisão de fundos
suficientes” e vupt! Devolveu!
Sabe
como descobri? Tranquilo, estava eu a passear no comércio. Interessei-me por um
objeto e quis comprá-lo. Se tem uma coisa que um pastor sabe fazer bem é
“esperar pacientemente”. Então, pacientemente esperei que a moça do crediário
consultasse meus dados, liberando a minha compra. Foi quando ouvi a frase e o
sorriso amarelo da moça do crediário. Você conhece? O sorriso é impossível
descrever com palavras, mas, a frase é mais ou menos assim: “ÉÉÉÉ, desculpe, senhor... Mas, o senhor
está com uma restrição!”
Pensei:
“Como assim restrição? Ainda ontem comi um mocotó com pimenta e estou bem!
Corro, jogo futebol, leio. De que tipo de restrição essa moça está falando?
Alimentar ou física, não é!”
Olhei
pra ela e perguntei: “Sim, que
restrição?” Ela: “Não sei, senhor. É
melhor o senhor procurar o seu banco. Obrigada!”
Esqueci
até o que eu queria comprar.
No
banco, fui informado que o erro foi do sistema, mas que eles “iam estar resolvendo, num minuto. Pronto.
Mais alguma coisa, Sr. Luiz?” Como a maioria dos brasileiros, naquela época
eu também não conhecia um fenômeno atual chamado “processo”, deixei pra lá. E
só.
Perdõe-me
por molestá-lo contando essa história. É que foi inevitável não me lembrar dela,
ao ler a notícia mencionada acima. Por que os bancos tratam os clientes de
formas tão diferentes? Por que alguns recebem mais gentilezas que outros?
Na
verdade, eu e você sabemos as respostas. E saber isso não conforta nem um
pouco.
“Dois pesos diferentes e duas espécies de medida são
abominação ao SENHOR, tanto um como o outro” (Pv. 20.10).
Rev. Renato Arbués.
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