sexta-feira, 1 de novembro de 2013

DE QUE MORREM SEUS HERÓIS?

O cantor Cazuza um dia declarou: “Meus heróis morreram de overdose”. Que herói morre de overdose? Considerando o autor da frase, pode-se supor que ele se referia a músicos, cantores, artistas, pessoas que compunham o meio em que ele se destacou. Mas, como e do que morrem os heróis?

Há alguns meses, duas mortes tiveram intensa repercussão. Primeiro, fomos informados da morte de Hugo Chávez, presidente venezuelano, que lutava contra um câncer havia dois anos. No dia seguinte, o cantor conhecido como “Chorão”, líder da banda Charlie Brown Jr. Chávez tinha 58 anos; Chorão, 42.

Hugo Chávez, em nome de um socialismo populista, aliou-se às figuras mais sinistras da política atual, destacando Saddam Hussein, Mahmoud Ahmadinejad e Bashar Assad.

Chorão, cantor de rock, estava deprimido por causa de um divórcio recente. Fazia uso de medicamentos pesados e, suspeita-se, era usuário de drogas.

A comoção tomou conta da população venezuelana. Pessoas choravam, demonstrando desespero e desalento pela perda do “papai”. Líderes de diversas nações manifestaram pesar com a perda dos venezuelanos. “Era um dos principais líderes da região” (América do Sul), declarou a presidente Cristina Kirchner. O corpo foi velado de terça à sexta-feira. Agora será embalsamado e ficará em exposição “para sempre”.

Já o corpo do “Chorão”, encontrado morto na madrugada de quarta-feira, foi sepultado no dia seguinte. Fãs choraram, apresentadores de programas populares se revelaram admiradores das músicas da banda Charlie Brown Jr. “Uma perda lastimável para o POP brasileiro”, disse um comentarista de cultura da Globo News. Chorão era conhecido como poeta de rua, devido a temática de suas músicas. Frases simples que descreviam namoros, brigas, aventuras e skates. Tudo devidamente recheado com um monte de palavrões. Porque palavrão, segundo dizem, é a linguagem da rua.

Não consegui evitar o paralelo com a morte de Abner. Lembra dele? Ele era um dos soldados de confiança do rei Saul. Quando o rei morreu, Abner declarou apoio ao filho de Saul, Is-Bosete. Numa luta entre as forças de Is-Bosete contra o exército de Davi, Abner matou um irmão de Joabe, general de Davi. Muito tempo depois, Abner se desentendeu com Is-Bosete e procurou a Davi, a quem jurou lealdade. Por ser extremamente respeitado em Israel, Abner representava uma ameaça ao ambicioso Joabe, que nunca o perdoara pela morte do irmão. O que Joabe fez? Covardemente, atraiu Abner e o matou.

Quando essa história aconteceu, não existia TV, rádio ou internet. A imprensa não repercutiu a perda de Israel. Porém, o Espírito Santo fez questão de preservar as palavras do rei Davi sobre o ocorrido: “Então, disse o rei aos seus homens: Não sabeis que, hoje, caiu em Israel um príncipe e um grande homem?” (2 Sm. 3.38).

Antes de ser traído por Joabe, Abner recebeu de Davi a missão de conseguir o apoio da tribo de Benjamim, numa tentativa de unir Israel em torno do reinado davídico. Após a sua morte, Israel aceitou Davi como rei, ou seja, Abner deu a vida por Seu povo.

Abner não foi presidente nem pop star. Foi apenas um soldado fiel e temente a Deus. Para Davi e para o Espírito Santo, no entanto, Abner foi um herói. E sua morte é digna de ser lembrada.

E seus heróis, morrem de quê?

Rev. Renato Arbués.

1 comentários:

Nilo Pabulo disse...

Olá Professor Renato.

Infelizmente atualmente a nossa sociedade define atos heroico a talento musicais ou de dramaturgia.