segunda-feira, 2 de setembro de 2013

O Hino 108


Algumas pessoas parecem ter sido destinadas a uma vida de sofrimento, a fim de demonstrarem o amor de Deus. Jó, Jeremias, Lázaro, são exemplos que confirmam essa tese. Os três amavam a Deus sobre todas as coisas. Dedicaram suas vidas ao serviço divino, sofrendo graves provações para entrarem no reino. Os três foram amados por Deus, tendo sido livrados de todas as intempéries pela Divina Providência.

Não foram apenas os grandes personagens da Escritura que vivenciaram provações terríveis, não. Pessoas “comuns”, como eu e você também pagaram um alto preço para serem achados no Caminho. O advogado Horatio G. Spafford enfrentou, em minha opinião, um dos testes de fé mais difíceis de todos os tempos. E foi aprovado.

Spafford, como já escrevi, era advogado na cidade de Chicago, EUA. Chicago era o maior entreposto (espécie de armazém) de madeira do mundo. Prédios, casas e até mesmo ruas eram construídas na cidade com madeira. No verão de 1871, uma temporada sem chuva e extremamente seca criou o cenário propício para um grande incêndio. Dizem que começou num estábulo e espalhou-se rapidamente graças um forte vento e “engoliu” toda a cidade. Estima-se que o incêndio causou a morte de 300 pessoas, deixando 90.000 desabrigadas e causando mais de duzentos milhões de dólares em prejuízos.

Spafford perdeu quase tudo o que possuía nesse incêndio. Meses depois, um filho de Horatio morreu, deixando a família arrasada emocionalmente. Então, Horatio resolveu viajar para a Europa, a fim de se distanciar de todas aquelas lembranças dolorosas. Foi assim que, em 1873, ele, sua esposa e as quatro filhas embarcaram rumo à Europa, mais precisamente para a Inglaterra. O plano era retornar em novembro daquele ano para os EUA, a fim de “comemorarem” o Natal.

Infelizmente, Spafford não pôde retornar em novembro, pois enfrentava alguns reveses financeiros. Contudo, enviou sua esposa e as quatro filhas para os EUA no navio S. S. Ville de Havre. No dia 22 de novembro, uma tempestade em alto mar provocou o naufrágio daquela embarcação em apenas 12 minutos. Alguns poucos sobreviventes conseguiram alcançar o País de Gales. A esposa de Horario era um desses sobreviventes. Ela mandou um telegrama para o marido com as seguintes palavras: “SALVA, PORÉM SÓ”. As 4 filhas morreram naquele naufrágio.

Imediatamente, Spafford foi ao encontro da esposa. Enquanto viajava, foi informado pelo comandante que estavam passando pelo local onde dias antes havia acontecido o trágico naufrágio. Ele orou e escreveu a letra do hino n.º 108 (Sou Feliz). Depois, chorou.

Uma história dessas produz um sentimento de vergonha em muitos filhos de Deus. Filhos que tantas vezes reclamam da seca, do calor, de ter que acordar cedo e dormir tarde. Reclamam das “dificuldades” da vida, como se a vida que levam fosse realmente difícil!

Felizmente, a graça de Deus nos livrou de termos um nome conhecido como o de Jó, Jeremias, Lázaro e Horatio Spafford. Tomara que essa mesma graça continue a nos livrar.

Creio que a melhor maneira de terminar essa pastoral é convidando você pra cantar baixinho o belo hino 108 (Hinário Novo Cântico): “Se paz a mais doce me deres gozar, se dor a mais forte sofrer. Oh! Seja o que for, tu me fazes saber que feliz com Jesus sempre sou. Sou feliz com Jesus; sou feliz com Jesus, meu Senhor...”!

Rev. Renato Arbués.

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