Eu amo os hinos cristãos. Sou
tradicional nesse ponto. Aliás, tradicionalíssimo. Prefiro cantar “Mais perto quero estar” a “como Zaqueu quero subir...”. Não há
nada de sagrado nos hinos clássicos. São letras e músicas compostas por
cristãos sinceros e dedicados, mas que, de maneira nenhuma, estavam livres de
cometerem erro. O mesmo se pode afirmar dos “cânticos espirituais” hodiernos.
No entanto, eu prefiro os hinos. São mais inteligentes, tocam mais
profundamente a alma e conseguem nos fazer pensar mais detidamente nas “Maravilhas
Divinas” (Hino n.º 33).
Como exemplo, vejamos a maneira como
alguns hinos falam do amor sacrificial de Jesus. Cristo deu a Sua vida por mim,
é a mensagem do evangelho. Às vezes, meditando no que levou o Deus eterno a me
amar de tal maneira a dar o Seu único Filho em meu lugar, eu me pego
cantarolando: “Meu Deus que amor! Meu
Deus que antigo amor!” (Hino n.º 88).
Sobre esse antigo amor de Deus por mim,
aprendi com minha mãe. Ainda criança, eu a ouvia ler “A história de Jesus”, “O
anjo Gabriel”, “A fuga para o Egito”. Hoje, sou eu quem conta essas histórias
para minha filha. Mas, sempre que ouço a congregação cantando “conta-me a velha história, que fala ao
coração, de Cristo e Sua glória, de Cristo e seu perdão!” (Hino n.º 227), me bate uma saudade dos
tempos de infância. Tive o privilégio de ouvir excelentes pregadores,
entretanto, a “velha história” foi minha mãe que me contou.
Obviamente, mesmo sabendo do amor de
Deus por mim, de vez em quando sinto abatimento em meio às crises. Nessas
horas, como um desabafo e reconhecimento de minha pequenez, declaro: “De ti, Senhor, careço! Do teu amparo,
sempre! Oh! Dá-me tua bênção! Aspiro a ti” (Hino n.º 120). Penso que o autor dessas letras experimentava a
mesma sensação que eu. Ele deu voz poética à minha necessidade de proteção.
Proteção essa que se renova a cada vez
que entoo: “Oh! Não temas! Oh! Não temas!
Pois eu contigo sempre serei. Oh! Não temas! Oh! Não temas! Porque eu nunca te
deixarei! (Hino n.º 146). Não
poderia deixar de mencionar a paz sentida ao ouvir um irmão me lembrando que “Deus cuidará de ti! Na tua dor, com todo
amor, jamais te deixará! Deus cuidará de ti!” (Hino n.º 165).
Cantar hinos também me faz lembrar do
tempo em que eu, com dezessete anos, matriculei-me pela primeira vez como aluno
numa Escola Bíblica Dominical, lá em Barra do Garças, no estado do Mato Grosso.
O presb. Sandoval, que servia como nosso pastor, “sacramentalizou” que, o
encerramento da EBD devia ser obrigatoriamente com o Hino 400: “Grande Deus! Em
paz, agora, despedimo-nos, Senhor. Certos de fruir as bênçãos que provêm do teu
amor. Dá-nos forças, dá-nos forças, neste mundo de amargor”. Se por alguma
“negligência”, alguém terminasse a EBD sem cantar esses versos, à noite,
durante o sermão, ouvíamos protestos do Sr. Sandoval: “Cuidado com a
modernidade entrando na igreja!”. “Os jovens de hoje só querem fazer as coisas
do seu jeito” etc, etc, etc. Imagine o que aconteceria se o Sr. Sandoval
soubesse que hoje a igreja não quer mais saber dos hinos!
Enfim, eu amo os hinos. Não consigo
descrever para você, caro leitor, a sensação que senti quando, num culto
doméstico, minha filha mais nova, Luísa, pediu para cantarmos o Hino 110-A (com ênfase no A), pois, ela
disse, “eu amo esse hino, papai”.
Se você escrevesse essa pastoral,
certamente, os hinos citados seriam outros. Se eu escrever outra pastoral com a
mesma temática, os hinos que citarei também serão outros. Uma constatação,
porém, continuaria rigorosamente igual: Como é bom cantar os hinos! A essa
altura, seria bom pedir para os irmãos que subiram em árvores, “como Zaqueu”,
que desçam delas, abram seus hinários e cantem com os anjos: “Oh! Que belos hinos cantam lá no céu...”
(Hino n.º 335).
Rev. Renato Arbués.
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