sábado, 31 de maio de 2014

DEBAIXO OU ACIMA?

A palavra Eclesiastes significa “pregador, aquele que tem uma mensagem”.  O livro do Eclesiastes, portanto, tem uma mensagem relevante para o leitor. Os estudiosos da Bíblia afirmam que a principal questão tratada pelo pregador diz respeito ao sentido da vida. Haveria algum? Se sim, qual? Como compreendê-lo?

Esse pregador, autor do livro, foi o rei Salomão. Evidências internas e externas indicam que ele produziu esse material por volta do ano 945 a. C. Isso mostra que o livro foi escrito no fim da vida do sábio rei. Salomão é considerado um dos maiores reis hebreus. Seu Reinado foi de paz e prosperidade. Enquanto Davi, seu pai, venceu completamente as guerras, Salomão preservou a paz. Entretanto, houve um lado escuro no seu reinado. Apesar da sua renomada sabedoria, ele achou-se andando longe do Senhor. Fez isso gradualmente: Casou-se com mulheres estrangeiras, fez alianças com países vizinhos (o que não agradou a Deus), teve filhos com diversas esposas e acabou adotando e permitindo o culto a deuses pagãos.

Assim, Eclesiastes é como a jornada de um homem procurando pelo sentido da vida. Muito dessa busca é feito à parte de Deus. E a conclusão do rei é que a vida longe de Deus é vã.

A primeira pergunta de Salomão é: “Que proveito tem o homem de todo o seu trabalho, com que se afadiga debaixo do sol?” (Ec. 1.3). Em outras palavras, qual a vantagem de acordar cedo para trabalhar? Para que estudar tanto? Por que ler tantos livros, construir casas, vestir-se com roupas novas? Por que estamos aqui? Ora, você vai morrer mais cedo ou mais tarde. O que sua obra vai significar pra você depois de sua “partida”? Você tem diplomas? Ótimo, peça ao agente funerário para grudá-los na tampa do seu caixão. Você tem um belo carro? Legal, mande alguém esconder as chaves no meio das flores que cobrirão o seu corpo. Enfim, depois de algum tempo, sua existência não vai fazer a mínima diferença!

Era Salomão um pessimista? Estaria o rei lançando os fundamentos para a melancolia deprimente de Schopenhauer? Aliás, num comentário que bem poderia ter sido feito por ocasião do texto de Eclesiastes, o filósofo disse: “Quem concebe sua existência apenas como simples efeito do acaso, sem dúvida, deve temer perdê-la pela morte”. Óbvio, não? Se você não crê na eternidade, acha que tudo começa e termina aqui, que o ser humano é apenas mais um animal dentre tantos outros, que “isso” é tudo o que há... Desculpe perguntar: Que proveito há na sua vida?

Aqui está a ironia na pergunta de Salomão: “Que proveito tem o homem de todo o seu trabalho, com que se afadiga debaixo do sol?” O rei está refletindo a respeito da cosmovisão daqueles que só conseguem enxergar a vida terrena (debaixo do sol). Se a vida é vivida somente na perspectiva terrena, então não há muito pelo que viver, por que você realmente não faz muita diferença. Você nasce em um hospital (na maioria dos casos) e morre em outro hospital (também na maioria dos casos) e durante sua vida você fica em alguns hospitais. Mas eventualmente você morre. E aí tudo acabou?

A questão olha para a vida cá embaixo como sendo oposta à vida "do alto". Salomão olha para a vida da perspectiva humana antes de encarar a perspectiva divina. Ele olha para a vida "debaixo do sol" antes de olhar para a vida "além do sol".

Essa é a perspectiva cristã? Não! Essa é uma perspectiva humanista. Quando você olha para essa vida somente, ela não fará o menor sentido. Tudo é vaidade (vento, vazio). Mas, se você aceitar o conselho de Paulo, certamente, encontrará esperança. Leia: “Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens” (1 Co. 15.19).

Quer um conselho? Olhar pra cima é bem melhor!

Rev. Renato Arbués.

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