terça-feira, 30 de junho de 2015

Agripa, o mente "aberta"

A história você conhece: Paulo fora preso sob a acusação de ensinar a “todos a serem contra o povo, contra e lei e contra este lugar (o templo); ainda mais, introduziu até gregos no templo e profanou este recinto sagrado” (At. 21.28). Antes, porém, de ser preso, Paulo apanhou bastante da multidão ensandecida, sendo salvo pela intervenção do comandante dos soldados romanos. O comandante ordenou ainda aos soldados que “Paulo fosse recolhido à fortaleza e que, sob açoite, fosse interrogado para saber por que motivo assim clamavam contra ele.” (At. 22.24). Enquanto era amarrado, Paulo questionou se era lícito tratar daquela forma a um cidadão romano. Não era. E Paulo foi levado até o governador Félix.

Agripa II, rei da Galiléia, acompanhado de sua irmã Berenice, visitava o governador Festo. Este convidou os dois visitantes ilustres a assistirem ao julgamento de Paulo. Lê-se em At. 26.1: “A seguir, Agripa, dirigindo-se a Paulo, disse: É permitido que uses da palavra em tua defesa. Então, Paulo, estendendo a mão, passou a defender-se nesses termos:”. Cumpria-se, assim, a palavra de Deus, dita a Ananias, na conversão de Paulo: “Mas o Senhor lhe disse: Vai, porque este é para mim um instrumento escolhido para levar o meu nome perante os gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel.” (At. 9.15).

Ao final do discurso, o apóstolo se dirige ao rei Agripa e o questiona: “Acreditas, ó rei Agripa, nos profetas?” (At. 26.27). Agripa era um homem letrado, conhecedor tanto da Lei dos judeus quanto da nova religião. Era de família nobre e, portanto, versado nas várias áreas do conhecimento da época. Portanto, muito provavelmente, nada do que Paulo falara, com exceção da experiência pessoal de conversão do apóstolo, era novidade para o rei, que respondeu assim ao questionamento: “Então, Agripa se dirigiu a Paulo e disse: Por pouco me persuades a me fazer cristão.” (At. 26.28).

Pobre Agripa.

Mas, excetuando as razões soberanas de Deus, talvez a maior dificuldade para que Agripa aceitasse a pregação de Paulo fosse sua posição. Como intelectual, era difícil a ele aceitar aquelas “superstições e crendices” de judeus. Antes, Festo, o governador, havia dito que Paulo estava delirando. Como um homem culto poderia abraçar uma religião de pescadores? Como aceitar que um carpinteiro pudesse ser alguém importante? Sua mente não lhe permitiu render-se àquela proposta de vida. Uma mente sábia deve continuar sempre aberta às possibilidades, sem, contudo, comprometer-se com nenhuma. Esse tem sido o lema dos sábios e entendidos deste mundo. Agripa era um deles.

Entretanto, o que poucos têm conseguido enxergar é a diferença entre uma mente aberta e uma mente vazia. Continuar recusando aceitar uma verdade demonstrada com fatos históricos, evidências arqueológicas, testemunhos de pessoas e nações, não é ter uma mente aberta. É ter uma mente vazia. Para continuar sendo educado, o intelectual de hoje afirma que respeita muito a Jesus, que Ele foi um grande mestre, um grande professor (há quem o veja até como o maior psicólogo que já existiu), um profeta, um sábio, qualquer coisa muito importante, menos Deus. Novamente, a sabedoria desse mundo se mostra falha, pois, como observou C. S. Lewis, se Cristo não é Deus, não poderia ter sido um profeta exemplar ou um grande professor de moralidade, pois ele afirmava ser Deus. Se não era quem dizia ser, então ele era um mentiroso ou um lunático, e dificilmente um grande mestre de moral ou profeta.

Mas, o pessoal de mente aberta não liga para essas contradições. Eles continuam, como Agripa, por pouco quase gostando do evangelho; por pouco quase aceitando a Bíblia; por pouco sendo simpáticos à igreja.

Você já sabe aonde essa mente aberta vai dar!

Rev. Renato Arbués.

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