Você ainda deve se lembrar da definição de livre-arbítrio. Em todo caso,
vou repeti-la, a fim de deixar o argumento desta pastoral bem evidente: Livre-arbítrio é a
capacidade de todo pecador de escolher igualmente entre a salvação e a perdição,
entre crer e descrer de Cristo. Por
favor, não confunda livre-arbítrio com escolha, vontade ou liberdade. Afinal,
você tem toda a liberdade de fazer suas escolhas de acordo com sua natureza.
Quando você escolhe vestir uma blusa vermelha está agindo de acordo com sua
natureza. Da mesma maneira, quando escolhemos entre uma refeição salgada ou
doce, assistirmos ou praticarmos esportes, vermos uma novela ou lermos um
livro, estamos agindo de acordo com nossa natureza. A questão que resta é
entender um pouco sobre a nossa natureza. Para isso, creio que não há ninguém melhor do que Aquele que a criou para
nos ajudar. O Senhor Deus diz sobre a nossa natureza: “Viu o SENHOR que a maldade do homem se havia multiplicado na terra e
que era continuamente mau todo o desígnio do seu coração” (Gn. 6.5); “Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a
Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem,
não há nem um sequer.” (Rm. 3.10-12).
Que bela natureza nós temos, não?
Avançando
mais um ponto, devo ressaltar que livre-arbítrio também não é o mesmo que
liberdade. Claro que o homem é livre! E ser livre é poder agir de acordo com
sua natureza, caso contrário, não há liberdade. Pense comigo, se você faz algo de
que não gosta, não está agindo livremente, mas coagido. Quando um preguiçoso,
lutando contra sua natureza, decide fazer exercícios, ele está sendo
impulsionado pelo desejo de emagrecer, de melhorar sua capacidade aeróbica, de
combater os efeitos da obesidade. Em qualquer dos casos, ele não age
livremente, mas forçado pela necessidade de trocar o sedentarismo por uma
rotina saudável. Ora, quanto à saúde espiritual, o homem age da mesma forma:
Mesmo sabendo o que deve fazer para ser espiritualmente saudável, a menos que
uma força maior o obrigue a fazê-lo, jamais conseguirá: “O meu povo está louco, já não me conhece; são filhos néscios e não
inteligentes; são sábios para o mal e não sabem fazer o bem” (Jr. 4.22), disse o SENHOR.
E quem
fez isso com o homem? Quem dotou o homem com uma natureza tão bruta, irracional
e maldita, a ponto de desejar o mal ao bem? De quem é a culpa por sermos assim?
De
Deus? Não. Porque “eis o que tão-somente
achei: que Deus fez o homem reto, mas ele (o homem) se meteu em muitas
astúcias.” (Ec. 7.29). Ao criar
o homem, Deus o fez perfeito, à Sua imagem e semelhança. Portanto, essa
limitação na natureza humana não veio de Deus. Então, vem de quem?
Do
próprio homem! Quando decidiu pelo pecado, o homem traiu a si mesmo e não
apenas a Deus. O homem trocou a sua pureza, sua perfeição, sua dignidade, pelo
pecado (Gn. 3). E continua fazendo
isso. A mensagem é pregada, o evangelho é oferecido a todos os homens, “contudo, não quereis vir a mim para terdes
vida”, diz Jesus (Jo. 5.40). O
livre-arbítrio tornou o homem escravo de si mesmo, de seus desejos maus, de sua
natureza corrupta, de seu coração cheio de malícia: “E, por haverem desprezado o conhecimento de Deus, o próprio Deus os
entregou a uma disposição mental e reprovável, para praticarem coisas
inconvenientes, cheios de toda injustiça, malícia, avareza e maldade; possuídos
de inveja, homicídio, contenda, dolo e malignidade; sendo difamadores,
caluniadores, aborrecidos de Deus, insolentes, soberbos, presunçosos,
inventores de males, desobedientes aos pais, insensatos, pérfidos, sem afeição
natural e sem misericórdia.” (Rm. 1.28-31).
Que beleza de livre-arbítrio, hein?
Rev. Renato Arbués.
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