sábado, 21 de fevereiro de 2015

De peixe pra peixe

Um homem é preso sob a acusação de ter arquitetado a morte da namorada e de seus filhinhos gêmeos. Testes revelarão se as crianças – um menino e uma menina – eram filhas dele. Um policial atira contra pessoas dentro de um carro, matando um rapaz, como desfecho de uma discussão ocorrida momentos antes. No povoado da Tiquara, um homem disparou cinco tiros contra outro. Enquanto recarregava sua arma, os amigos da vítima o lincharam. O que está acontecendo?

A disciplina que estuda a dinâmica das relações pessoais é a Sociologia. Desde que Augusto Comte, no século XIX, incutiu que era possível descrever as leis que regem a sociedade da mesma forma que os físicos descrevem as leis da natureza, pensadores têm se revezado nessa árdua missão. Destaco Émile Durkheim (1858-1917). Durkheim foi um dos responsáveis por tornar a Sociologia uma ciência. Sua obra é extensa e interessante, proveitosa em muitos aspectos. Ele também discutiu a violência.

Émile Durkheim elaborou o conceito de anomia, uma “desorganização tal da sociedade que enfraqueceria a integração dos indivíduos que não sabem que normas devem seguir” (Dressler e Willis Jr, 1980). Mais adiante, os autores citados afirmam que “quando as regras sociais e os valores que guiam as condutas e legitimam as aspirações dos indivíduos se tornam in­certos, perdem o seu poder ou, ainda, tornam-se incoerentes ou contraditórios devido às rápidas transformações da sociedade; resulta daí um quadro de desarranjo social denomi­nado anomia.”

Etimologicamente, a palavra anomia significa “ausência de lei” (a = não, sem + nomos = lei, norma). Portanto, quando as pessoas perdem qualquer referência de valores, passando a conduzir suas vidas de acordo com suas motivações e aspirações pessoais, faz-se o estado de anomia.

Durkheim acerta o diagnóstico, porém, erra o remédio. Sua descrição do problema do homem, a meu ver, beira à perfeição. Mas não há Deus em sua sociologia. O que ele propõe é uma (re)adequação às normas. Como fazer isso? Ele não pode dizer. Nesse ponto, não consigo evitar a comparação com Paulo Freire e seu discurso acalorado em favor da “libertação” do homem. Freire insiste em que o homem se liberte das opressões da sociedade, do capital, das ideologias... Como? Pela educação. Educação formulada por quem? Baseada em quais princípios? Ora, os princípios e a base são aqueles construídos pelo próprio homem! Soa como se alguém dissesse a um peixe que, para se livrar da condição de peixe, deveria recorrer aos conselhos de outros peixes. Não por acaso, alguém chamou Paulo Freire de “o teólogo sem Deus”.

O ponto é que Durkheim e Freire não conheceram o Espírito Santo. O problema do homem não é falta de normas ou de educação. É falta de Deus: “Contudo, não quereis vir a mim para terdes vida” (Jo. 5.40). A violência habita o mundo desde o dia em que Adão e Eva desobedeceram ao conselho divino. Caim matou Abel por desobediência e distanciamento de Deus. O que acontece hoje, infelizmente, é a mesma coisa: O homem se afastou de Deus!

Leia Durkheim e Freire e veja o quanto o homem está perdido e precisando desesperadamente de ajuda. Leia a Bíblia e veja quão maravilhosa fonte de ajuda está disponível aos miseráveis pecadores que, tristemente, preferem ouvir os peixes.

Rev. Renato Arbués.

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