quarta-feira, 2 de maio de 2012

INDIFERENÇA


Por muito tempo, acreditava-se que o contrário de amar seria odiar. Uma vez que o amor leva os homens a se aproximarem, a se ajudarem, a aprenderem a lidar com as suas diferenças de maneira civilizada e cortês, parecia evidente que, rompidos os laços que uniam um indivíduo ao outro, estabelecer-se-ia o ódio: O sentimento de aversão que separa mesmo os mais queridos irmãos, divide famílias, destrói casamentos, enfim, inviabiliza qualquer possibilidade de entendimento.
Depois de muita reflexão, os estudiosos da alma humana mudaram de opinião. Eles observaram que o ódio não separa, pelo contrário, aproxima ainda mais. Quem odeia quer saber o que se passa com o inimigo; quer tomar conhecimento de cada queda, de cada fracasso, de cada desilusão, afinal, como diz o adágio popular: “pimenta no olho do outro é refresco”. Ainda mais refrescante será quando o “outro” for um velho inimigo. Pois é. Ora, pra que se saiba o que se passa com quem se odeia, faz-se necessária certa aproximação. Indivíduos que se odeiam não conseguem viver longe um do outro. Eles “se precisam”. E - suprema ironia - eles se atraem.
Então odiar não é o contrário de amar.
E qual seria, pois, o sentimento contrário ao do amor? Bem, se aceitamos o fato de que o amor aproxima, o sentimento contrário ao amor deve afastar, deve erguer barreiras altas e grossas o bastante para separar velhos amigos. O que teria tanta força assim?

A indiferença!

É... O contrário do amor é a indiferença. Quando você se torna indiferente em relação a alguém, esse alguém já não existe como pessoa pra você. Sua dor não o incomoda, seu choro não o comove, suas perdas não o abalam, suas idéias não interessam, sua vida não importa mais a você. Morte em vida, é o que acontece a qualquer um que experimenta a indiferença de um semelhante.

A Sociologia preconiza que o indivíduo não se tornará humano quando distante do convívio com outros humanos. A Antropologia lembra-nos que nos realizamos e desenvolvemos em sociedade. A Teologia diz que fomos feitos para nos relacionarmos. Percebe que, seja pela ciência humana, seja pela ciência divina, a indiferença é algo abominável? Isso se dá porque ela afasta o homem do convívio social. Ela é contra qualquer tipo de lei. Aliás, o pior castigo aplicado a um detento é um período na “solitária”, no isolamento social, onde chorará e seu choro não fará diferença pra ninguém.

Por isso, meu irmão, a Palavra de Deus nos adverte tantas vezes contra esse comportamento: “Amai-vos uns aos outros”, ensinou-nos Jesus. “A ninguém deveis nada, exceto o amor”, gritava o apóstolo Paulo; “Tende intenso amor uns para com os outros”, são palavras do rude pescador Pedro. Amor é a essência da vida cristã!

O poeta Dante, na Divina Comédia, imaginou o centro do inferno como sendo de gelo puro. Satanás estaria “enterrado” pela metade nas rochas geladas, enquanto bate levemente suas asas e, com ela, conserva o frio daquele lugar terrível. Uma descrição exata. Na literatura bíblica, o “fogo” é símbolo do amor, porque é símbolo de Deus. Moisés viu o SENHOR numa sarça que “pegava fogo” e não se consumia. “O amor”, disse o poeta, “é fogo que arde sem se ver...”. Ora, se no centro do inferno está Satanás, é evidente que lá deve fazer um frio tremendo. Inferno é ausência de Deus. Inferno é frio. No inferno não haverá o conforto de um abraço nem o consolo de alguém a escutar os lamentos dos condenados.

Por tudo isso, ao cristão é vedada a indiferença veementemente. O cristão deve manifestar o amor de Deus amando ao próximo como a si mesmo. Pare por um momento de ler essa pastoral e olhe para o irmão do seu lado. O que você sabe sobre ele? Você já o visitou? Será que ele não está enfrentando uma provação terrível e você sequer tem orado por ele? Você já ouviu as histórias dele? Elas podem ser insignificantes para você, mas para ele são as histórias de sua vida!
Por vezes, entramos e saímos de casa (ou da igreja, do trabalho) sem olhar nos olhos de quem está do nosso lado, talvez precisando de migalhas de nossa atenção. Ou apenas precisando de um ouvido. Um ouvido!

Meu irmão, pense no SENHOR. Pare um pouco. Diminua o seu ritmo acelerado de todos os dias e demonstre amor por alguém. Visite um irmão, fale com outro, sorria pra alguém. Demore um pouco mais à porta da igreja, cumprimente o seu vizinho. Faça alguma coisa, enfim, para que os outros não se sintam esquecidos por você.

Jesus escolheu amar. E você?

Rev. Renato Arbués.

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