Por muito tempo, acreditava-se que o contrário de amar seria
odiar. Uma vez que o amor leva os homens a se aproximarem, a se ajudarem, a
aprenderem a lidar com as suas diferenças de maneira civilizada e cortês,
parecia evidente que, rompidos os laços que uniam um indivíduo ao outro,
estabelecer-se-ia o ódio: O sentimento de aversão que separa mesmo os mais
queridos irmãos, divide famílias, destrói casamentos, enfim, inviabiliza
qualquer possibilidade de entendimento.
Depois de muita reflexão, os estudiosos da alma humana
mudaram de opinião. Eles observaram que o ódio não separa, pelo contrário,
aproxima ainda mais. Quem odeia quer saber o que se passa com o inimigo; quer
tomar conhecimento de cada queda, de cada fracasso, de cada desilusão, afinal,
como diz o adágio popular: “pimenta no
olho do outro é refresco”. Ainda mais refrescante será quando o “outro” for
um velho inimigo. Pois é. Ora, pra que se saiba o que se passa com quem se
odeia, faz-se necessária certa aproximação. Indivíduos que se odeiam não
conseguem viver longe um do outro. Eles “se precisam”. E - suprema ironia -
eles se atraem.
Então odiar não é o contrário de amar.
E qual seria, pois, o sentimento contrário ao do amor?
Bem, se aceitamos o fato de que o amor aproxima, o sentimento contrário ao amor
deve afastar, deve erguer barreiras altas e grossas o bastante para separar
velhos amigos. O que teria tanta força assim?
A indiferença!
É... O contrário do amor é a indiferença. Quando você
se torna indiferente em relação a alguém, esse alguém já não existe como pessoa
pra você. Sua dor não o incomoda, seu choro não o comove, suas perdas não o
abalam, suas idéias não interessam, sua vida não importa mais a você. Morte em
vida, é o que acontece a qualquer um que experimenta a indiferença de um
semelhante.
A Sociologia preconiza que o indivíduo não se tornará
humano quando distante do convívio com outros humanos. A Antropologia
lembra-nos que nos realizamos e desenvolvemos em sociedade. A Teologia diz que
fomos feitos para nos relacionarmos. Percebe que, seja pela ciência humana,
seja pela ciência divina, a indiferença é algo abominável? Isso se dá porque
ela afasta o homem do convívio social. Ela é contra qualquer tipo de lei.
Aliás, o pior castigo aplicado a um detento é um período na “solitária”, no
isolamento social, onde chorará e seu choro não fará diferença pra ninguém.
Por isso, meu irmão, a Palavra de Deus nos adverte
tantas vezes contra esse comportamento: “Amai-vos
uns aos outros”, ensinou-nos Jesus. “A
ninguém deveis nada, exceto o amor”, gritava o apóstolo Paulo; “Tende intenso amor uns para com os outros”,
são palavras do rude pescador Pedro. Amor é a essência da vida cristã!
O poeta Dante, na Divina
Comédia, imaginou o centro do inferno como sendo de gelo puro. Satanás
estaria “enterrado” pela metade nas rochas geladas, enquanto bate levemente
suas asas e, com ela, conserva o frio daquele lugar terrível. Uma descrição
exata. Na literatura bíblica, o “fogo” é símbolo do amor, porque é símbolo de
Deus. Moisés viu o SENHOR numa sarça que “pegava fogo” e não se consumia. “O
amor”, disse o poeta, “é fogo que arde sem se ver...”. Ora, se no centro do
inferno está Satanás, é evidente que lá deve fazer um frio tremendo. Inferno é
ausência de Deus. Inferno é frio. No inferno não haverá o conforto de um abraço
nem o consolo de alguém a escutar os lamentos dos condenados.
Por tudo isso, ao cristão é vedada a indiferença
veementemente. O cristão deve manifestar o amor de Deus amando ao próximo como
a si mesmo. Pare por um momento de ler essa pastoral e olhe para o irmão do seu
lado. O que você sabe sobre ele? Você já o visitou? Será que ele não está
enfrentando uma provação terrível e você sequer tem orado por ele? Você já
ouviu as histórias dele? Elas podem ser insignificantes para você, mas para ele
são as histórias de sua vida!
Por vezes, entramos e saímos de casa (ou da igreja, do
trabalho) sem olhar nos olhos de quem está do nosso lado, talvez precisando de
migalhas de nossa atenção. Ou apenas precisando de um ouvido. Um ouvido!
Meu irmão, pense no SENHOR. Pare um pouco. Diminua o
seu ritmo acelerado de todos os dias e demonstre amor por alguém. Visite um
irmão, fale com outro, sorria pra alguém. Demore um pouco mais à porta da
igreja, cumprimente o seu vizinho. Faça alguma coisa, enfim, para que os outros
não se sintam esquecidos por você.
Jesus escolheu amar. E você?
Rev. Renato Arbués.
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