sexta-feira, 18 de maio de 2012

Deus esquecido!

O título remete ao apóstolo Paulo em Atenas. Enquanto esperava por Silas e Timóteo, dissertava na sinagoga e na praça todos os dias. Além de judeus e gentios piedosos, na platéia de Paulo encontravam-se também filósofos epicureus (buscavam prazeres moderados) e estóicos (propunham viver de acordo com a lei racional da natureza e aconselhavam a indiferença em relação a tudo o que é externo ao ser). Estes últimos levaram o apóstolo até o Areópago (Colina de Ares), um antigo tribunal, repleto de imagens de deuses. O texto bíblico relata o desconforto de Paulo ante a idolatria dominante na cidade (At. 17.16). Até que uma imagem chama a sua atenção.

Era a imagem dedicada ao Deus desconhecido (At. 17.23). No afã de agradar a todos os deuses, os gregos decidiram dedicar um monumento a uma possível divindade cujo nome lhes era desconhecido. Veja você, caro leitor, o zelo do povo que nos legou, entre outras coisas, a filosofia e a democracia, não lhes permitia ignorar um elemento vital da constituição humana: a alma.

Alma que anda muito negligenciada em nossos dias. As pessoas modernas não têm tempo pra essas bobagens de religião. Estão realizando projetos excelentes, estão construindo um futuro melhor, futuro este, ressalte-se, que propiciará banda larga de graça, estádios modernos, tv digital, educação de qualidade... Tudo sem a menor necessidade de Deus ou da “famigerada” religiosidade.

Já há setores trabalhando nisso. Veja uma novela, por exemplo. Você sabe qual o segredo de um personagem (às vezes, a bem da verdade, tem-se que esperar até o último capítulo), qual o sexo, quais as intenções, quais os amigos, onde mora, como mora, onde trabalha, quem são os inimigos, enfim, sabe tudo, menos a religião. Porque numa novela não há espaço para essas coisas de religião.

O apresentador Datena foi processado pela Associação dos Ateus por declarar que uma pessoa sem Deus é capaz de matar. Um pastor também foi processado, e condenado, junto com a rede TV, a indenizar pessoas que se sentiram ofendidas por declarações contra o ateísmo. Resultado: Ninguém mais pode falar o que nossos avós já diziam sobre quem não tem Deus. Você sabe bem, mas, tem coragem de dizer bem alto?

E assim vamos vivendo numa sociedade com tantos deuses e ao mesmo tempo sem deus nenhum. A arte, antes agente de divulgação das obras divinas, hoje trabalha para destruir ou apagar a imagem divina de nossas vidas.

E as igrejas? Haveria ainda igrejas que preservam o culto à divindade? Outro dia ouvi um pastor falar que odiava a Teologia da Prosperidade. Segundo ele, a Teologia da Prosperidade não oferece Deus para as pessoas. Na verdade, o que a Teologia da Prosperidade oferece, oferece ao homem natural. Quem precisa nascer de novo para querer ser rico ou prosperar? Quem precisa ter um novo coração (no sentido espiritual) para querer ter saúde? Ninguém. Pois é. Infelizmente, o deus oferecido nas igrejas de hoje está interessado na demanda do homem moderno, que quer tudo, menos Deus.

Fico pensando se, daqui a alguns anos, não teremos de erguer um monumento ao Deus que, a cada dia, vai ficando mais desconhecido.

Rev. Renato Arbués.


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