Romanos 14.7-8:
“Por que nenhum de nós vive para si mesmo, nem morre para si. Porque, se
vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. Quer,
pois, vivamos ou morramos, somos do Senhor”.
O apóstolo Paulo está escrevendo suas
últimas recomendações aos cristãos romanos. Ele estava preocupado com a
tendência que os seres humanos têm de se separarem por qualquer motivo. Não era
diferente naquela Igreja. Alguns cristãos simplesmente deixavam de
relacionar-se com outros por questões sobre o comer carne, beber vinho ou guardar este ou aquele dia da
semana.
O argumento de Paulo passa por frases
marcantes como as dos versos 7-8: “Porque nenhum de nós vive para si mesmo,
nem morre para si. Porque, se vivemos,
para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. Quer, pois, vivamos
ou morramos, somos do Senhor”. Quer dizer, somos parte de algo
maior; somos parte de uma família, da família de Deus. E tudo que fazemos deve
levar em conta essa relação harmoniosa e fraternal com os demais filhos de
Deus.
De fato, a realidade que importa é a
de que todos os crentes não pertencem a si mesmos, nem uns aos outros
primeiramente: eles pertencem a Deus. Eles são do Senhor, quer estejam vivendo
quer estejam morrendo!
Essas palavras de Paulo foram dadas
para confortar e consolar os filhos de Deus que seriam perseguidos e teriam,
dentro em breve, de enfrentar torturas e condenações. Essas palavras foram tão
poderosas que, ao longo da história, elas amenizaram a dor e o sofrimento de
diversos cristãos à beira da morte. Tal consolo, infelizmente, não é desfrutado
pelos sábios e poderosos, pelos proeminentes e eruditos. Não, essas palavras
são para os que fazem parte da família de Deus.
A escritora Rachel de Queiroz
escreveu: “Morrer, só se morre só. O moribundo se isola numa redoma de vidro,
ele e a sua agonia. Nada ajuda nem acompanha”. Coitada. Dá pra sentir a
tristeza e a decepção dessa senhora quando escreveu essas palavras. Para que
você, meu caro amigo, perceba a diferença de atitude ante a morte, vou citar um
trecho de um discurso de Benjamin Franklin: “O homem fraco teme a morte, o
desgraçado a chama; o valente a procura. Só o sensato a espera”.
Há um antigo e conhecido Catecismo da
Igreja Protestante, o Catecismo de
Heidelberg, que afirma: “O meu único
conforto é que - corpo e alma, na vida e na morte – não pertenço a mim mesmo,
mas ao meu fiel Salvador, Jesus Cristo, que, ao preço do seu próprio sangue
pagou totalmente por todos os meus pecados e me libertou completamente do
domínio do pecado...”.
Martinho Lutero, diante da dieta de
Worms, foi pressionado a negar sua fé e acatar a antiga tradição que ele
professava. Sua resposta, dada diante do imperador, de autoridades da Igreja,
de soldados e de uma grande platéia, foi: “A
não ser que os senhores me provem pela Escritura e pela razão que eu estou
errado, não poderei e não me disporei a voltar atrás. Minha consciência está
sujeita à Palavra de Deus. Ir contra a consciência não é direito nem seguro.
Aqui fico. E que Deus me ajude. Amém”. Na noite anterior, Lutero não
conseguira dormir, de tanta apreensão. Mas, naquele momento, foi tomado pela
paz, pela certeza de vivo ou morto, ele era do Senhor.
Você dirá: belos casos de heroísmo.
Eu direi: Não foi apenas o heroísmo, mas a confiança em Deus que sustentou
todos esses homens e continua sustentando o povo de Deus hoje.
Eu sei que muitos crentes deixaram de
pensar em coisas como o céu ou o inferno. Eles estão interessados na vitória
contra o desemprego, contra as crises, contra a solidão. Eles não estão
dispostos mais a sofrer por Cristo, quanto mais a morrer por Ele. Que pena! O amor a Deus foi substituído pelo amor às
coisas de Deus. Espero que você não enfrente nenhuma dessas situações, nem
que precise ficar doente como Jó e perder todos os bens. Mas, se você, meu
amigo, estiver enfrentado uma doença, se você estiver triste por algum
problema, se você estiver chorando, sentindo-se pressionado pelas
circunstâncias da sua vida, console-se nas palavras de Deus, ditas por meio do
apóstolo Paulo: “Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o
Senhor morremos. Quer, pois, vivamos ou morramos, somos do Senhor”.
Deus nos protege tão bem que, contra
a vontade do Pai celestial, não perderemos sequer um fio de cabelo, porque tudo
coopera para o bem daqueles que amam a Deus. Conheçamos a verdade, e a verdade
nos libertará da ignorância, da tristeza, do medo. Amém!
Rev. Renato Arbués.
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