Sob o título “vida cristã” pode-se falar de diversas coisas: testemunho, mordomia, fidelidade, evangelizar etc. A expressão é carregada de sentidos e, não por acaso, é uma das preferidas no meio eclesiástico, servindo a toda e qualquer situação: “Precisamos viver a vida cristã plenamente”, “É necessário cuidado com a vida cristã”, “A vida cristã é uma bênção de Deus”.
Pra mim, o problema com essa expressão é que, na verdade, ela não quer dizer nada. Pelo menos, não do jeito que é utilizada pelos evangélicos de nossos dias. Enquanto é dita em tom solene e grave, no fundo, no fundo, serve apenas para dar algum tipo de satisfação a muitas consciências presas a um estilo de vida que pode ser designado por diversos títulos, menos aquele que dá título a esta pastoral.
Paulo afirma que aquele que está em Cristo é nova criatura (2 Co. 5.7). Um pouco antes, em Rm. 6.4, o apóstolo exorta-nos a vivermos em “novidade de vida”, uma vez que fomos sepultados com Cristo no batismo. Assim, fica claro que por vida cristã, o escritor bíblico não está se referindo à “vida perfeita”; mas, a uma vida nova, um modo de viver caracterizado pela tentativa de aproximação ao estilo de vida do Mestre.
Sinceramente, não consigo ver na maioria das pessoas o sincero desejo e a motivação real de amoldar o seu estilo de música, de vestir-se, de falar, de brincar – enfim, seu estilo de vida ao estilo de vida de Cristo. É irônico, portanto, ler (e ouvir) que a Igreja Cristã tem se desenvolvido sobremaneira, que o número de crentes aumenta consideravalmente a cada ano, enquanto, ao mesmo tempo, os divórcios têm aumentado, a imoralidade é consumida passivamente nos lares por meio de novelas e programas que “vendem” o estilo de vida mundano e obsceno; filhos não respeitam os pais, maridos não amam suas esposas e estas, por sua vez, não agem com sabedoria e decoro para ganharem os esposos incrédulos... Ou seja, que vida cristã é essa que não produz fruto digno do nome do Senhor?
Falar muito sem dizer nada, eis a principal característica dos demagogos. Geralmente, eles eram encontrados na política, hoje, porém, podem ser achados em igrejas cristãs espalhadas por nossas cidades.
E você, meu caro irmão, como está a sua vida cristã?
Rev. Renato Arbués.
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