quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Esses cristãos...

Em Atos 11.26 os seguidores de Jesus são chamados pela primeira vez de cristãos. Eles estavam em Antioquia, onde Paulo e Barnabé pregaram durante um ano e foram o instrumento divino para a conversão de vários gentios.

Foi um ano intenso. Pregação e testemunho coerente foram os “métodos” desses dois homens na evangelização. O trabalho missionário prosperou de tal maneira que “alguns profetas de Jerusalém desceram para Antioquia” (At. 11.27). O esperado era que membros da igreja de Antioquia fossem para Jerusalém, a fim de ouvirem os profetas.

Chamo a sua atenção para o contraste entre a simplicidade do método e o efeito produzido. Barnabé e Paulo não formaram grupos pequenos de discípulos, não organizaram escolas dominicais, não fundaram sociedades internas nem nomearam ministérios. Nada disso foi feito. O que fizeram foi tão simples e tão eficiente que chega a ser surpreendente: pregaram e testemunharam!

Novidade? Nenhuma. Mas, por que razão, para a igreja de hoje esse método soa tão inadequado? Por que a igreja atual precisa gastar metade do tempo de discipulado ensinando aos novos convertidos como funciona a instituição? Por que precisamos de tantos programas, tantos recursos, tantas reuniões, tantas comissões, tanta coisa... E nossos resultados ficam tão distantes do desejado?

Atribuo isso às duas partes responsáveis pela edificação e pelo crescimento da igreja: liderança e membresia.

Os líderes estão se perdendo em meio a estratégias, dicas, segredos, e passos para o crescimento da igreja. Só para conhecer as últimas novidades nessa área, é preciso ler dois ou três livros. Depois, é necessário convencer algumas pessoas sobre a eficácia da “visão”. Isso leva tempo, tempo que a igreja não tem. Tempo que poderia ser investido em uma pregação melhor, mais fiel, mais preparada. Tempo para viver em meio à comunidade e testemunhar para ela. O pastor tem de mostrar com a prática o que ensina durante horas ao longo da semana. Mas, como fazer isso se estão preocupados no último programa de crescimento da igreja, na última autoproclamação de mais um apóstolo?

E a membresia? Muitos estão lutando para não perderem o emprego, outros estão desesperados com a vida conjugal. Não faltam os que vivem crises existenciais, os que estão com dúvidas quanto à fé. Os que não têm tempo para a igreja e o que já não se lembram da última vez que leram a Bíblia ou oraram formam uma categoria à parte.

Enfim, o que é simples, e funciona, não atrai os “atarefados” pastores nem ocupa a mente dos “sofridos” cristãos de nossos dias.

É isso. Ainda bem que “pela graça sois salvos, e isso não de vós, é dom de Deus” (Ef. 2.8).

Rev. Renato Arbués.

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